O Sacrifício Dela, O Ódio Cego Dele
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Capítulo 7

Um suspiro coletivo percorreu a sala.

Cora sentiu cem pares de olhos pousarem sobre ela. Ela ergueu o olhar e encontrou o de Augusto. Era um olhar de fúria tão assassina que fez seu sangue gelar.

Com um rugido de fúria, Augusto pegou uma cadeira e a arremessou na tela do projetor. Ela se estilhaçou, e o vídeo obsceno desapareceu.

Helena explodiu em soluços altos e teatrais, enterrando o rosto no peito de Augusto.

"Está tudo bem, querida, está tudo bem," ele murmurou, sua voz carregada de veneno enquanto olhava para Cora. Ele pegou Helena nos braços.

"Eu já volto," ele disse para a sala, sua voz uma ameaça baixa. Ao passar por Cora, seus olhos eram como lascas de gelo. "Você vai pagar por isso."

Ele se foi.

As mãos de Cora suavam. Ela procurou em sua bolsa e seus dedos se fecharam em torno do objeto que Helena havia plantado lá.

Um pequeno pen drive.

Ela tinha que limpar seu nome. Correu para fora da sala, em direção ao escritório de segurança do hotel para pegar as filmagens de vigilância.

Seu telefone tocou. Era um número desconhecido.

"Cora Salazar," disse uma voz distorcida. "Estamos com seus pais."

O mundo girou em seu eixo. "O quê? Quem é?"

"Se quiser vê-los vivos novamente, traga o arquivo de vídeo original para o topo do canteiro de obras da Torre Ortega. Agora."

A linha ficou muda.

Seu telefone tocou imediatamente de novo. Desta vez, era Augusto.

"Recebeu a mensagem?" ele perguntou, sua voz assustadoramente calma. "Seus pais pelo vídeo. Uma troca simples."

"Augusto, seu desgraçado!" ela gritou, sua voz quebrando em histeria. "Eles não têm nada a ver com isso! Não fui eu!"

"Poupe-me," ele zombou. "Você causou isso a si mesma quando decidiu humilhar a Helena. Agora você tem uma hora."

Ele desligou.

Ela estava impotente. Ele tinha todas as cartas. A verdade não importava.

Ela correu para o canteiro de obras, um arranha-céu inacabado perfurando o céu noturno. No telhado, ela os viu.

Sua mãe e seu pai, amarrados e amordaçados, estavam pendurados em um guindaste de construção enferrujado, balançando sobre a beirada do prédio, a centenas de metros acima das ruas da cidade.

"Mãe! Pai!" ela gritou, correndo em direção a eles, mas dois dos seguranças de Augusto bloquearam seu caminho.

O vento uivava ao redor deles, fazendo as cordas rangerem e balançarem ameaçadoramente.

Ela se virou para Augusto, que estava ali observando, seu rosto impassível. "Por favor, Augusto, deixe-os ir! Eu faço qualquer coisa!" ela soluçou, sua voz rasgada pelo terror cru.

"O pen drive," ele disse, estendendo a mão.

Ela não tinha o original. Só tinha o que Helena plantou nela. Mas era tudo o que ela tinha.

Ela o entregou a ele, suas mãos tremendo. "Por favor, Augusto. Eles são sua família também."

Ele pegou o pen drive e, sem nem mesmo olhar para ele, o esmagou sob o calcanhar. "Não se atreva a chamá-los de minha família," ele sibilou. "Agora, peça desculpas à Helena. De joelhos."

Ele se virou e foi embora com seus homens, deixando-a sozinha no telhado com seus pais.

Cora correu para os controles do guindaste, seus dedos desajeitados mexendo nas alavancas, tentando trazê-los de volta para cima.

O vento soprou violentamente. As cordas velhas e puídas balançaram descontroladamente.

Ela rezou, seu coração batendo forte contra as costelas.

Então ela ouviu um som que a assombraria pelo resto de sua curta vida.

Um estalo alto e agudo.

A corda se partiu.

Seus pais despencaram na escuridão.

Suas mãos congelaram nos controles. Sua mente ficou completamente em branco. Uma eternidade passou em um único segundo.

Então ela olhou para baixo.

Ela viu a mancha carmesim se espalhando na calçada abaixo.

Um grito rasgou sua garganta, um som de pura agonia animal que foi engolido pelo vento.

*É minha culpa. Eu os matei.* O pensamento era um golpe de martelo implacável em sua alma.

Seu telefone tocou novamente. Era ele.

Ela atendeu, a mão dormente. Uma dor lancinante atravessou seu peito.

"Já aprendeu sua lição?" a voz de Augusto veio pelo telefone, fria e presunçosa. "Está pronta para se desculpar?"

Ela não conseguia falar. O gosto de sangue encheu sua boca novamente.

"Qual é o problema? O gato comeu sua língua?" ele zombou.

Uma calma estranha e aterrorizante tomou conta dela. A dor em seu corpo e alma convergiu para um único ponto de clareza.

"Augusto," ela disse, sua voz um sussurro morto e oco. "Eu não te devo mais nada."

"O quê?" ele perguntou, franzindo a testa. O vento estava forte do lado dela.

Ela respirou fundo, o ar queimando seus pulmões.

"Eu disse... estamos quites," ela repetiu, um pouco mais alto. "E Augusto? Eu te odeio."

Ele riu, um som cruel e feio. "Me odeia? Ótimo. Sinta-se à vontade para pular desse telhado se dói tanto. Seria um final apropriado para você."

"Ok," ela sussurrou.

E então, Cora Salazar se soltou. Ela deu um passo para fora da beirada do prédio, em direção ao ar vazio.

                         

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