O Beijo de Despedida de Cinco Milhões de Dólares
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Capítulo 5

Larissa o encarou, sua mente girando. "Você sabia?"

"Sim." O aperto em sua mão se intensificou. Ele olhou para ela, os olhos cheios de uma sinceridade dolorosa e desesperada. "Lari, você tem que entender. A Jéssica... ela não é como você. Ela foi mimada a vida toda. Ela precisa ser tratada com cuidado. Ela precisa vencer."

As palavras pairaram no ar, frias e afiadas.

"Então eu preciso que você seja a pessoa mais madura", ele continuou, a voz suplicante. "Seja a madura. Apenas... deixe ela ter essa. Por mim."

Ele estava pedindo que ela engolisse o veneno para que ele não precisasse. Ele sabia que Jéssica a havia atacado, havia mentido, e estava pedindo que ela protegesse sua agressora. Para ser "compreensiva".

Ela mordeu o lábio, com força, até sentir o gosto de sangue. Não havia fim para o que ele pediria a ela? Ela tinha que sangrar, se quebrar, morrer um pouco mais a cada dia apenas para provar seu amor?

"Você pediria a ela para fazer o mesmo por mim?", Larissa perguntou, a voz perigosamente baixa.

Bernardo desviou o olhar. "Isso é diferente. Ela não..." Ele parou, mas ela ouviu as palavras não ditas. Ela não entenderia. Ela é importante demais para ser solicitada a sacrificar qualquer coisa.

Uma tigela de sopa quente estava na mesa de cabeceira. Larissa a alcançou, seus dedos roçando na cerâmica quente. Ela nem sentiu a queimadura.

Ele tirou a tampa da sopa e pegou a colher. "Aqui, deixe-me te dar na boca. Você está fraca."

Assim que ele levantou a colher, a porta se abriu novamente. Jéssica estava lá, a própria mão enfaixada, o rosto um retrato de remorso.

"Larissa, eu sinto muito, muito mesmo", disse ela, correndo para a beira da cama. "Eu estava tão estressada com o caso. Não deveria ter descontado em você."

Ela tirou uma pequena caixa de veludo da bolsa. "Por favor, deixe-me compensá-la." Ela a abriu para revelar um par de brincos de diamante deslumbrantes. "Eu queria te dar estes."

Antes que Larissa pudesse reagir, Jéssica pegou um dos brincos. "Deixe-me ajudá-la a colocá-los."

"Bernardo, diga a ela para aceitar", disse Jéssica, olhando para ele com olhos grandes e suplicantes. "Por favor."

"Apenas deixe, Lari", disse Bernardo, a voz cansada.

Larissa ficou congelada enquanto Jéssica pegava seu lóbulo da orelha. Então, uma dor aguda e lancinante. Jéssica havia enfiado o pino do brinco diretamente em seu lóbulo não furado.

"Meu Deus!", Jéssica ofegou, recuando. "Você não tem as orelhas furadas! Eu não fazia ideia! Sinto muito!"

Sangue escorria da orelha de Larissa.

Larissa não sentiu nada. Ela levantou a mão e tocou a orelha, seus dedos saindo ensanguentados. Ela olhou para o choque cuidadosamente fingido de Jéssica, para o suspiro frustrado de Bernardo.

"Tudo bem", disse ela, a voz monótona. "Não importa."

Bernardo começou a se mover em direção a ela, um lampejo de preocupação em seus olhos.

"Bernardo, olhe", disse Larissa, apontando um dedo trêmulo para Jéssica. "O curativo da sua namorada está se soltando."

Sua atenção se voltou para Jéssica imediatamente. "Deixe-me ver." Ele se preocupou com o arranhão insignificante de Jéssica, de costas completamente viradas para Larissa e o sangue escorrendo por seu pescoço. Ele pegou Jéssica no colo. "Vou te levar para refazer esse curativo."

Eles saíram. Larissa estava sozinha novamente.

Ela olhou para a queimadura vermelha e irritada na ponta dos dedos da embalagem de sopa. Sem um pingo de emoção, ela pressionou a bolha até estourar.

Bernardo a buscou no hospital no dia seguinte. No caminho para casa, Jéssica ligou.

"Larissa! Que bom que você saiu! Alguns amigos meus vão se reunir hoje à noite, você tem que vir! Será minha festa de desculpas para você."

Antes que Larissa pudesse recusar, Bernardo já havia respondido por ela. "Nós estaremos lá."

A festa era em uma cobertura luxuosa com vista para a cidade. Todos eram lindos, ricos e esbanjando desprezo.

"Então, quem é ela?", uma mulher de maçãs do rosto salientes sussurrou alto para sua amiga, olhando para o vestido simples de Larissa.

Jéssica, sempre a anfitriã graciosa, aproximou-se. "Pessoal, esta é a Larissa. Ela é... uma prima distante do Bernardo, de fora da cidade."

Uma prima distante. Era isso que ela era agora.

O grupo a olhou de cima a baixo, seus olhares desdenhosos. "Uma cozinheira? Que pitoresco", um deles zombou.

Bernardo franziu a testa ligeiramente, mas Jéssica apenas riu, guiando a conversa para um tópico mais adequado: a recente viagem deles a Mônaco.

Larissa desapareceu no fundo, encontrando um assento em um canto escuro. Ela os observava, uma matilha de lobos brilhantes e bonitos. Esta era a vida dele agora. Ela não tinha lugar nela.

Bernardo começou a caminhar em sua direção, mas seu telefone tocou. "É o meu sogro", ele articulou para Jéssica, referindo-se a Dantas de Almeida. Ele deu um olhar a Jéssica. Vigie-a. Então ele saiu para a varanda.

No momento em que ele se foi, o comportamento de Jéssica mudou. Ela e suas amigas se agruparam, ignorando Larissa completamente, a conversa uma cascata de nomes de marcas e resorts de luxo.

Larissa se sentiu pequena e maltrapilha, uma erva daninha em um jardim de rosas perfeitas.

"Esse vestido é de brechó?", uma das amigas de Jéssica, uma loira chamada Tiffany, perguntou em voz alta, apontando para Larissa.

Larissa congelou. O vestido era um presente de Bernardo, de uma época em que ele ainda a via.

"Oh, Tiffany, seja legal", repreendeu Jéssica, embora seus olhos dançassem com malícia. "Ela não pode pagar por grifes. Provavelmente é uma imitação."

O círculo de mulheres riu. O som era como vidro quebrando. Larissa cerrou os punhos, as unhas cravando em suas palmas. Ela olhou para suas mãos, calejadas e com cicatrizes de anos de trabalho duro. Ela olhou para as mãos delas, perfeitamente cuidadas, macias e inúteis.

Bernardo voltou, o rosto sombrio. As mulheres imediatamente se calaram.

Alguém sugeriu um jogo. "Vamos jogar Verdade ou Desafio!"

            
            

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