Uma razão para viver
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Capítulo 4 Capitulo 4

Capítulo 4

Ísis achou que era um pouco cedo para dormir, então puxou uma poltrona confortável e a posicionou ao lado da cama. Sentou-se com um suspiro, tirou os sapatos e apoiou os pés cansados perto dos dele, que estavam cobertos pelo cobertor macio.

Olhou para ele por um instante. Seu rosto parecia mais tranquilo agora, embora carregasse as marcas do tempo e da dor.

Pegou o livro que havia visto na prateleira da sala mais cedo, a capa gasta, o título em letras douradas meio apagadas, e o abriu no primeiro capítulo.

Virou-se levemente em direção a ele e, com um sorriso gentil, perguntou:

- O senhor gosta de aventura?

Esperou alguns segundos. Sabia que ele não responderia, mas mesmo assim queria conversar, preencher o silêncio.

- Esse aqui fala de um viajante que se perde no deserto e acaba encontrando um vilarejo misterioso, cheio de segredos... parece interessante.

Ela começou a ler em voz baixa, num tom suave, mantendo o ritmo. Mesmo que ele não entendesse, mesmo que parecesse alheio, algo dentro dela acreditava que, em algum lugar lá dentro, ele a ouvia.

Ísis mergulhou na história. A cada página virada, sentia-se mais envolvida pelas aventuras do protagonista perdido no deserto. Sua voz fluía com naturalidade e de vez em quando até sorria com alguma reviravolta ou frase bem escrita.

Passou-se mais de uma hora assim. Quando fez uma pausa para beber um gole de água, levantou os olhos em direção a Leon e então parou.

Os olhos dele estavam fechados.

Ela franziu levemente o cenho, tentando decifrar se ele estava dormindo ou apenas repousando, como já fizera antes. Observou o peito dele subindo e descendo num ritmo lento e constante, a expressão relaxada.

Talvez estivesse dormindo. Pelo horário, fazia sentido.

Ísis fechou o livro com cuidado, sem fazer barulho, e o colocou sobre a mesinha ao lado. Ficou mais alguns segundos observando-o antes de se levantar em silêncio. Pegou os sapatos e atravessou o quarto.

Na sua cama, deitou-se com um suspiro pesado. Mexeu um pouco no celular, respondeu algumas mensagens e rolou o feed distraída.

Mas não durou muito. Seus olhos começaram a pesar, o corpo parecia afundar no colchão com um cansaço diferente. Ela não soube dizer por quê, só sabia que estava exausta.

E antes mesmo de perceber, adormeceu.

No dia seguinte, Ísis acordou cedo. Às seis em ponto, abriu os olhos e, com cuidado, desligou o despertador antes que o som pudesse despertar Leon. Olhou em direção à cama e o viu dormindo tranquilamente, respirando de forma regular e serena.

Levantou-se e caminhou até o banheiro. Abriu a torneira, lavou o rosto e prendeu os cabelos em um coque alto. Observou seu reflexo no espelho por alguns segundos, os olhos estavam um pouco inchados, os ombros tensos e suspirou desanimada. Sentia-se cansada, mesmo tendo dormido. Talvez fosse o acúmulo dos últimos dias, a preocupação, ou aquele sentimento silencioso que não conseguia nomear.

Assim que entrou no quarto, Ísis viu a enfermeira ao lado de Leon, ajeitando os lençóis e verificando os sinais vitais com atenção. Trocaram um sorriso cordial, e a profissional a cumprimentou com um aceno de cabeça.

- Bom dia, Ísis. Ele dormiu bem.

- Que bom - respondeu, se aproximando.

Sem precisar dizer muito, começou a ajudá-la com os cuidados. Trabalharam em sintonia, trocando o soro, verificando os curativos e ajeitando os travesseiros para garantir o conforto de Leon. Aos poucos, ele começou a despertar, com os olhos ainda pesados.

- Bom dia, dorminhoco - disse Ísis com suavidade, sorrindo para ele.

Leon olhava diferente para o teto naquela manhã, parecia mais receptivo.

Depois, o colocaram com cuidado na cadeira de rodas. A enfermeira saiu. Ísis o cobriu com uma manta fina, o ajeitou na cadeira e passou a mão nos cabelos dele, arrumando a franja atrás da orelha com carinho.

- Pronto, agora vamos pegar um pouco de ar fresco, que tal? - sugeriu, animada, olhando nos olhos dele. - Já que está todo bonitão nessa cadeira.

Ísis sentiu o coração aquecer.

Caio observava da porta, encostado no batente com os braços cruzados, enquanto Ísis ajudava Leon a se acomodar na cadeira de rodas. Um leve sorriso surgiu em seus lábios quando ouviu a cuidadora chamá-lo de "bonitão".

Aquilo o pegou de surpresa, não pela ousadia, mas pela ternura espontânea. Sem saber exatamente o porquê, sentiu uma pontada de esperança crescer dentro de si. Talvez... talvez ela fosse a mulher certa para o irmão.

- Quem sabe... - murmurou baixinho, quase para si mesmo.

Ísis se virou nesse momento, ainda sorrindo para Leon, mas parou ao vê-lo ali. Ficou visivelmente sem jeito, como se tivesse sido flagrada em algo íntimo demais.

- Ah, senhor Caio... Desculpe, não o vi aí. - ajeitou rapidamente os cabelos, tentando disfarçar o embaraço.

- Eu vou levá-lo até a sala. Queria conversar um pouco com ele, se não se importar. Pode ir até a cozinha tomar seu café - completou ele, com um tom mais leve. - É merecido.

- Cla... claro, senhor. Obrigada - ela disse, visivelmente aliviada, antes de sair discretamente.

Caio empurrou a cadeira de rodas com cuidado até a sala. Ele ajudou Leon a se acomodar no sofá largo, apoiando melhor as almofadas e ajustando a manta sobre suas pernas. Depois, sentou-se em uma poltrona em frente a ele, cruzando as pernas.

- E então? - começou, com um meio sorriso. - O que está achando dela?

Leon não respondeu, mas Caio já estava acostumado com o silêncio. Mesmo assim, insistiu, olhando para o irmão como quem conversa com alguém que só precisa de tempo para voltar a falar.

- Eu sei que ela é jovem... talvez até jovem demais pra você - disse com sinceridade. - Mas... não sei, Leon. Eu olho pra vocês dois juntos e fico com a sensação de que, se houvesse um universo paralelo onde tudo fosse possível, vocês dariam certo. Você seria um pai perfeito. Um homem novo.

Leon continuava imóvel, mas seus olhos pareciam mais vivos, atentos. Caio percebeu e sorriu de lado.

Antes que pudesse continuar, uma das empregadas entrou discretamente com uma bandeja. Entregou-lhe uma xícara de café recém-passado, fumegante, e saiu tão silenciosamente quanto entrou.

            
            

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