Promessas Quebradas, O Retorno de um Coração Vingativo
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Capítulo 9

Ponto de Vista: Analu Moretti

Três dias depois de enterrarmos minha avó, eu estava do outro lado da rua do prédio da PF, um copo de café frio ficando ainda mais frio em minhas mãos. Eu estava esperando por ele. Estava esperando há uma hora.

Um carro preto parou, e Caio saiu. Ele parecia impecável, como sempre. Um momento depois, Isabela emergiu do lado do passageiro, rindo de algo que ele havia dito, e o beijou de despedida. A imagem da felicidade doméstica.

Minha mão tremeu, e o café derramou sobre a borda do copo, manchando minha blusa de seda branca. Desviei o olhar, meu olhar caindo na pequena televisão no canto do café. Eles estavam exibindo uma reportagem sobre a morte da minha avó. Seu rosto gentil e sorridente preencheu a tela.

As palavras do médico ecoaram em minha mente. "Um evento coronário massivo, desencadeado por estresse emocional extremo." Um ataque cardíaco.

A governanta me disse que ela havia desmaiado logo após ver as notícias em seu celular. O vídeo. O meu vídeo. A vergonha, a degradação pública, literalmente partiu o coração da minha avó. Minhas ações, distorcidas e manipuladas por Caio e Isabela, mataram a pessoa que eu mais amava no mundo.

A dor era uma coisa física, um peso esmagador no meu peito. Foi tudo culpa dele. Dele e dela.

Joguei o copo de café no lixo e atravessei a rua, meus saltos batendo um ritmo determinado no asfalto. Eu tinha que vê-lo. Tinha que fazê-lo entender o que ele havia feito.

Os guardas na recepção bloquearam meu caminho. "O Delegado Mendonça não está recebendo ninguém."

Esperei nos degraus, a chuva começando a cair novamente, uma garoa fria e miserável que encharcou minhas roupas. Meu telefone tocou. Era meu pai.

"Analu", disse ele, sua voz soando cansada, quebrada. "O que vamos fazer?"

"Vou dissolver a organização", disse eu, a decisão se formando em meus lábios enquanto eu falava. "Pagar a todos o que lhes é devido e fechar tudo. Acabou."

Era o que minha avó queria. Era a única maneira de proteger o que restava da minha família - meu pai.

"Faça o que tiver que fazer", disse ele, uma nota de resignação em sua voz. "Estou cansado, Analu. Tão cansado."

Esperei por três horas. Finalmente, ele apareceu, Isabela mais uma vez agarrada ao seu braço, seu rosto uma máscara de alegria triunfante.

"Caio", disse eu, minha voz rouca pelo frio e pelas lágrimas não derramadas. "Estou acabando com tudo. Estou dissolvendo tudo. Apenas me dê um tempo. Por favor."

Ele olhou para mim, um sorriso frio e desdenhoso no rosto. "É tarde demais para isso, Analu." Ele ergueu sua pasta. "Eu tenho tudo que preciso bem aqui. Mandados estão sendo assinados enquanto falamos. A família Moretti está acabada."

Olhei para ele, minha última esperança se desfazendo em pó. "Você me odeia tanto assim?", sussurrei.

"Isso não é sobre ódio", disse ele, sua voz desprovida de toda emoção. "É sobre limpar a cidade. Um trabalho que levo muito a sério."

Ele se virou para sair com Isabela, que me lançou um olhar de pura e venenosa satisfação por cima do ombro.

Eu estava me afogando. Cada escolha que fiz, cada sacrifício, foi em vão. Eu perdi meu filho, minha avó, o legado da minha família e o homem que eu amei tola e tragicamente. Ele não era mais o garoto da academia. Ele era um monstro, e estava apaixonado por outra mulher. Eu não era nem mesmo um brinquedo para ele agora; eu era apenas lixo a ser varrido das ruas.

Fui embora, um fantasma na minha própria cidade. No dia seguinte, enquanto caminhava em direção ao prédio do escritório para começar o doloroso processo de desmantelar o império do meu pai, meu telefone tocou novamente. Era ele.

Sua voz estava diferente. Mais suave. Quase gentil. "Analu", disse ele. "Esses anos foram difíceis para você?"

A inesperada gentileza foi quase mais dolorosa do que sua crueldade. Congelei, minha mão na porta de vidro do prédio. "O que você quer dizer?"

"Forçá-la a deixar a academia", disse ele, sua voz cheia de um arrependimento que eu nunca tinha ouvido antes. "Mantê-la longe... dele. Do Mendonça. Você me odeia por isso?"

Eu não conseguia falar. Uma premonição estranha e fria me invadiu. "Pai? Onde você está? Você está em casa?"

"Não", disse ele, sua voz ainda estranhamente calma. "Estou aqui. No seu escritório."

Meu coração parou. Olhei para o imponente arranha-céu de vidro.

"Pai, não se mova. Estou subindo agora mesmo."

"Analu", disse ele, sua voz um adeus final e gentil. "Vou ficar com sua mãe agora. Você... viva uma boa vida. Viva na luz."

A linha ficou muda.

Tentei ligar de volta, meus dedos desajeitados de pânico.

Então, uma sombra caiu sobre mim. Uma forma escura, despencando do céu.

Atingiu o asfalto a poucos metros na minha frente com um baque doentio e final.

Uma poça de carmesim começou a se espalhar pelo concreto. E no meio dela, um rosto que eu conhecia tão bem quanto o meu. Meu pai.

            
            

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