A Vingança da Herdeira: Um Coração Traído
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Alice Medeiros

O quarto do hospital parecia sufocante. Cada respiração era uma nova pontada de dor, um lembrete do que eu havia perdido. Mas a dor física não era nada comparada ao vazio no meu peito, aos chutes fantasmas de uma vida que nunca seria. Depois que o médico saiu, Helena sentou-se ao lado da minha cama, sua presença uma âncora firme na minha tempestade.

"Você precisa descansar, minha querida", disse ela, sua voz suave, mas firme. "Temos recursos ilimitados. O melhor atendimento médico. Tudo o que você precisar."

"Descansar?", zombei, o som cru e sem humor. "Como posso descansar quando meu bebê se foi? Quando sei quem fez isso?" Meus dedos traçaram a cicatriz fraca no meu baixo-ventre, um monumento cruel.

"E eles vão pagar, Alice. Eu te prometo." O maxilar de Helena estava cerrado, seus olhos esmeralda brilhando com uma fúria fria que eu reconheci como minha. "Mas correr para a batalha antes de estar totalmente recuperada não ajuda ninguém. Especialmente você."

Ela estava certa. A imagem do sorriso triunfante de Karla, as palavras desdenhosas de Davi, ainda queimavam em minha mente. O ódio era uma coisa viva, uma serpente enrolada em meu estômago. Mas eu precisava ser forte. Mais forte do que eu já tinha sido.

"Eu preciso vê-lo", eu disse, minha voz seca. "O Davi."

Helena hesitou. "Tem certeza? Pode ser... doloroso."

"Doloroso?", soltei uma risada seca e amarga. "Ele me tirou tudo. Meu amor, meu futuro, meu filho. Que mais dor ele pode infligir?"

Ela assentiu lentamente. "Muito bem. Eu vou providenciar. Mas lembre-se de quem você é agora, Alice. Você não é a garota que ele conhecia. Você é uma Medeiros. Aja de acordo."

Na manhã seguinte, Davi entrou no meu quarto de hospital, um buquê de lírios brancos genéricos na mão. Ele parecia desgrenhado, seu terno caro amassado, seu cabelo despenteado. Uma performance. Eu sabia. O conhecia.

"Alice! Graças a Deus você está bem!" Ele correu para a minha cama, tentando pegar minha mão. Eu recuei, puxando meu braço como se seu toque queimasse.

"Eu não estou bem, Davi." Minha voz estava calma, quase distante. "Nem perto disso."

Sua testa se franziu, um olhar praticado de preocupação em seu rosto. "Amor, sinto muito pelo acidente. Fiquei tão preocupado. A Karla me disse que você estava apenas... confusa. Que você disse algumas coisas malucas."

"Confusa?", repeti uniformemente. "Ou histérica? Foi isso que você disse para ela dizer?"

Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. "Olha, eu sei que as coisas parecem ruins agora. Mas podemos consertar isso. Você é minha Alice. Minha rocha. E eu sei que você tem estado sob muito estresse com o trabalho. A startup..."

"A startup que construímos juntos, Davi? Aquela em que eu derramei minha vida, minhas habilidades, meu coração e alma, enquanto você secretamente planejava seu noivado com a Karla?" Cada palavra era um caco de gelo.

Ele se contorceu, evitando meu olhar. "Não foi assim. A Karla... ela precisava de mim. Ela passou por muita coisa. E para a empresa, as conexões dela, a influência dela... é inestimável. Uma aliança estratégica, você entende?"

"Uma aliança estratégica", ecoei, um gosto amargo na boca. "E eu era... o quê? Sua mão de obra não remunerada? Seu saco de pancadas emocional conveniente?"

"Não! Claro que não!" Ele soou genuinamente indignado, mas soou falso. "Você sempre foi importante para mim, Alice. Minha melhor amiga. Minha parceira."

"Sua parceira? Meu parceiro não fica noivo de outra pessoa enquanto estou carregando o filho dele." As palavras pairaram no ar, pesadas e condenatórias.

Ele congelou. Seu rosto ficou pálido. "O que... do que você está falando? Que filho?"

"Não se faça de bobo, Davi. Você me ouviu no telefone. Você me dispensou. Você me chamou de histérica enquanto eu sangrava, enquanto eu perdia nosso bebê." Minha voz subiu, um tremor percorrendo-a apesar dos meus esforços para controlá-la.

"Alice, eu juro, eu não sabia que você estava grávida! A Karla... ela disse que você estava apenas chateada. Que você estava tentando me manipular." O pânico cru em seus olhos era real, mas não era por mim. Era por ele mesmo, por suas mentiras cuidadosamente construídas se desfazendo.

"Manipulação? É assim que você chama? Querer compartilhar minha vida com o homem que eu amava? Acreditar no futuro que planejamos juntos?" Minha voz era um rosnado baixo agora. "Você quer saber o que é manipulação, Davi? É enganar alguém por oito anos, usando seu talento e lealdade para construir seu império, tudo enquanto você tinha um 'amor verdadeiro' esperando nos bastidores. Isso é manipulação."

Ele tentou protestar. "Mas eu ia te contar! Depois do lançamento da empresa! Depois do investimento inicial da Karla. Poderíamos ter resolvido. Ainda podemos, Alice. Podemos encontrar um jeito." Ele alcançou minha mão novamente, seu toque repulsivo.

Eu me afastei bruscamente. "Não existe 'nós', Davi. Não mais. Nunca mais."

Ele parecia genuinamente chocado, como se realmente acreditasse que eu o aceitaria de volta. "Mas... estamos juntos há tanto tempo. Você é sempre tão compreensiva. Tão... sensata."

"Sensata", repeti, uma risada amarga escapando dos meus lábios. "É assim que você chama? Ser um capacho? Ser uma tola que acreditou em suas promessas vazias?" Minha determinação se solidificou em um bloco de gelo. Eu não seria mais sensata. Eu não seria compreensiva. Eu não seria um capacho.

"Acabou, Davi." Minha voz estava fria, seca. "Acabou com você. Acabou com suas mentiras. Acabou com sua empresa."

Ele me encarou, a boca ligeiramente aberta. "Mas... e o seu emprego? Seus projetos?"

"Eu me demito." Tomei a decisão naquele momento, as palavras parecendo uma libertação. "Com efeito imediato. Envie minha carta de demissão por fax para o RH."

Ele parecia verdadeiramente perplexo. "Alice, não seja precipitada. Você está chateada. Podemos conversar sobre isso quando você estiver mais calma. Eu volto hoje à noite, pedimos sua comida favorita e resolvemos tudo isso, ok? Como nos velhos tempos." Ele realmente sorriu, uma tentativa patética de charme.

"Não haverá um hoje à noite, Davi", eu disse, meu olhar inabalável. "E não há mais 'velhos tempos'. Você os destruiu."

Nesse momento, o celular dele vibrou. Ele olhou e eu vi o nome de Karla piscar na tela. Um olhar de aborrecimento, depois preocupação, cruzou seu rosto. Ele hesitou, olhando do celular para mim.

"É a Karla", ele murmurou, como se estivesse explicando. "Ela está... ela está tendo um surto por alguma coisa. Preciso atender." Ele realmente se levantou, virando-se de costas para mim.

Eu o observei ir, um profundo sentimento de distanciamento me invadindo. Era isso. O corte final e definitivo. Ele a escolheu. Ele sempre a escolheu. Mesmo na minha hora mais sombria, ele a escolheu.

Peguei a pequena caixa ornamentada na minha mesa de cabeceira. Dentro, estava o medalhão que Helena me dera. Era um símbolo. Um símbolo de quem eu era e de quem eu estava prestes a me tornar.

Eu o segurei com força, sentindo o peso da minha nova identidade. O passado era um sonho despedaçado. O futuro não estava escrito, mas eu o escreveria com fogo e gelo.

            
            

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