A Vingança da Herdeira: Um Coração Traído
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Capítulo 7

Ponto de Vista: Alice Medeiros

O ar da noite estava fresco, carregando o zumbido distante da cidade que eu estava lentamente aprendendo a reivindicar como minha. Helena havia insistido em um jantar tranquilo em casa, um breve respiro antes do "evento importante" que ela havia insinuado. Mas minha mente era um turbilhão das postagens presunçosas de Karla e da exibição pública doentia de paternidade de Davi.

"Eles estão zombando de mim", eu disse, empurrando o garfo delicado pelo meu prato de comida intocada. "Exibindo sua felicidade roubada."

Helena, elegante mesmo em um simples vestido preto, ergueu os olhos de seu próprio prato. "Deixe-os. Quanto mais alto eles voam, mais dura é a queda. A arrogância deles será sua ruína."

"Mas meu bebê, mãe", sussurrei, a dor um nó cru na minha garganta. "Eles levaram meu bebê."

Seu olhar se suavizou, uma expressão rara e terna cruzando suas feições. "Eu sei, meu amor. E por isso, não há perdão. Garantiremos que eles paguem por cada lágrima, cada grama de dor." Sua voz endureceu novamente, a matriarca ressurgindo. "Mas você não deve deixar as ações deles te consumirem. Canalize essa dor, Alice. Transforme-a em poder."

Mais tarde, enquanto a estilista pessoal de Helena trabalhava em meu cabelo e maquiagem, me transformando em alguém que eu mal reconhecia, meu novo celular vibrou novamente. Era uma notificação de um site de fofocas de celebridades. A festa de aniversário oficial de Karla Magalhães. Transmitida ao vivo, é claro. O artigo incluía uma citação sarcástica de Karla sobre "deixar o passado para trás" e "abraçar conexões genuínas".

Ignorei, permitindo que os profissionais fizessem sua mágica. Eu não era mais a gerente de projetos ingênua que meticulosamente rastreava cada detalhe da vida de Davi. Eu era Alice Medeiros, e minha atenção agora estava focada em um tipo diferente de projeto: a destruição deles.

Enquanto isso, no "The Zenith", um local exclusivo na cobertura, a festa estava a todo vapor. Davi, com aparência impecável, estava ao lado de Karla, forçando um sorriso para as câmeras. Mas seus olhos corriam nervosamente pela sala, uma ruga na testa.

"Relaxe, querido", ronronou Karla, notando seu desconforto. "É meu aniversário! Sorria para as câmeras! Mostre a eles como estamos felizes!"

Davi conseguiu um sorriso tenso, mas seu desconforto persistiu. Ele pegou o celular, rolando por seus contatos. Encontrou meu número antigo. Tentou. Direto para a caixa postal. Tentou meu novo número temporário, que a equipe de Helena de alguma forma havia vinculado aos contatos dele. Nenhuma resposta.

"Ainda tentando falar com sua 'velha amiga'?", a voz de Karla estava cheia de veneno. "Ela provavelmente ainda está se afogando em autopiedade em seu apartamento patético, chorando por seu bebê imaginário."

"Ela não é patética, Karla", retrucou Davi, um lampejo de defensiva em seus olhos. "Ela foi... ela foi boa para mim."

"Boa?", zombou Karla. "Ela era um capacho! Uma ninguém! Você só a manteve por perto porque era conveniente. Agora você me tem. Alguém com contatos reais, influência real!" Ela apertou o braço dele, forçando-o a sorrir para outra rodada de fotos. "Lembre-se, querido, nossa imagem é tudo."

Davi assentiu mecanicamente, mas seu olhar ainda varria a multidão, um nó de ansiedade se apertando em seu estômago. Onde estava Alice? Esse silêncio repentino dela era perturbador.

A melhor amiga de Karla, Tiffany, uma influenciadora perpetuamente egocêntrica, aproximou-se deles, com um olhar de falsa preocupação no rosto. "Karla, querida, você está bem? Você parece um pouco... pálida." Ela sussurrou conspiratoriamente: "É o bebê?"

Karla colocou a mão na barriga, um sorriso forçado no rosto. "Apenas um pouco sobrecarregada, querida. Todo esse amor! É simplesmente demais!" Ela olhou para Davi, mas os olhos dele ainda estavam varrendo a sala, uma carranca preocupada no rosto.

Tiffany se aproximou mais, sussurrando. "Tem certeza de que ela não vem? A, você sabe, a ex? Todo mundo tem falado dela. Aquela cena no escritório..."

Os olhos de Karla se estreitaram. "Claro que ela não vem! Ela sabe o lugar dela! Ela provavelmente está com muita vergonha de mostrar o rosto aqui." Um lampejo de medo cruzou seu rosto, rapidamente mascarado por um sorriso predatório. "A menos que... a menos que ela esteja aqui para causar problemas. Mas então, ela não conseguiria entrar, não é? A segurança é rigorosa."

Uma ideia surgiu na mente de Karla, um brilho malicioso em seus olhos. "Davi, querido", disse ela, sua voz doce como açúcar. "O broche de esmeralda antigo da minha avó. Deixei no lounge VIP. É insubstituível! Eu simplesmente preciso dele para minha grande entrada."

Davi olhou para ela, distraído. "Um dos funcionários não pode pegar?"

"Oh, não, querido! É precioso demais! Só você sabe exatamente onde está. E estou delicada demais agora." Ela deu a ele um suspiro dramático. "É o bebê, sabe. Tão emotiva."

Davi, sempre ansioso para agradar, assentiu. "Claro, amor. Eu vou pegar."

Karla deu a Tiffany uma piscadela cúmplice enquanto Davi se afastava. "Agora", disse ela, sua voz baixando, "tenho uma ideia ainda melhor. Tiffany, querida, vá dizer a todos que o broche está faltando! E que precisamos que todos procurem por ele. Especialmente nas áreas 'só para funcionários'. Sabe, onde os 'convidados indesejados' podem estar à espreita." Ela deu uma risada sinistra. "Vamos ver se nossa pequena Alice aparece, afinal."

Os olhos de Tiffany se iluminaram com malícia. "Oh, Karla, você é brilhante!" Ela correu, ansiosa para espalhar a fofoca.

Os sussurros começaram a se espalhar pelo opulento salão de festas. "O broche da Karla sumiu! Uma herança inestimável!" "Poderia ser... um intruso?" A atmosfera mudou de comemorativa para tensa, cheia de uma deliciosa corrente de escândalo.

Karla observava, um sorriso triunfante no rosto. Ela conhecia Alice. Ela sabia que Alice não resistiria ao impulso de causar problemas, de buscar vingança. E agora, ela havia armado uma armadilha perfeita. Ela imaginou Alice, pega em flagrante, humilhada na frente de toda a cidade. Seria a vingança final.

Davi voltou, o broche de esmeralda em sua mão. "Peguei, amor. Está tudo bem."

"Oh, você é um herói, querido!", exclamou Karla, beijando sua bochecha. Seus olhos, no entanto, estavam fixos na entrada do salão de festas. Sua armadilha estava armada. Ela só precisava que sua presa entrasse nela.

De repente, um silêncio caiu sobre a multidão. Todos os olhos se voltaram para a grande escadaria, geralmente reservada para os principais apresentadores da noite. Uma figura começou a descer, banhada por uma luz suave e etérea. Não a celebridade de sempre, não um rosto familiar. Mas inegavelmente, de tirar o fôlego, magnífica.

Minha silhueta apareceu no topo da escadaria de mármore, banhada pelo brilho suave dos lustres. Eu era uma visão em um vestido azul-safira, feito sob medida, brilhando como o luar na água. Meu cabelo, penteado em ondas elegantes, emoldurava um rosto que era ao mesmo tempo real e etéreo. Meus olhos, antes opacos de tristeza, agora brilhavam com um fogo perigoso e emocionante. Eu me portava com uma graça inegável, um poder silencioso que irradiava de dentro.

Todas as cabeças se viraram. Todas as conversas morreram. Uma onda de silêncio atônito tomou conta da sala. Desci as escadas, cada passo uma declaração deliberada e desafiadora. Eu não estava apenas entrando em uma festa. Eu estava voltando para minha vida. E eu estava vindo para pegar tudo o que eles levaram.

            
            

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