De Amante Secreto a Estrela Brilhante
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Capítulo 5

O banheiro era um santuário estéril de azulejos brancos e cromo, com um leve cheiro de limpador de limão. Joguei água fria no rosto, tentando acalmar a queimação por trás dos meus olhos, mas as lágrimas continuavam a vir. Dez anos. Dez anos dando tudo de mim, apenas para ser dispensada, desumanizada e, por fim, descartada. A dor pela minha mãe, a traição de Arthur, a sabotagem profissional - tudo girava dentro de mim, um coquetel tóxico de dor e raiva.

Deslizei contra a pia fria, minha testa pressionada no espelho, meu corpo tremendo com soluços silenciosos. A injustiça de tudo aquilo era sufocante. Eu tinha sido tão leal, tão trabalhadora, tão cega.

De repente, vozes abafadas vieram de fora da porta do banheiro. Meus colegas. Suas vozes, geralmente alegres, estavam baixas, conspiratórias. Gelei, ouvindo.

"Você ouviu?", era a voz de Sara, baixa, mas animada. "A Beatriz está saindo! E adivinha? A Alina deveria pegar o cargo dela, mas foi bloqueada de novo!"

"Eu sei, né?", respondeu Marcos, sua voz incrédula. "É uma loucura! Ela é brilhante. O próprio Arthur costumava elogiar o trabalho dela. Ele até disse que um dia ela estaria chefiando um departamento."

Uma risada amarga me escapou, silenciosa e oca. Os elogios vazios de Arthur, suas falsas promessas. Sempre fora de alcance.

"Bem, é bem óbvio o porquê", uma terceira voz interveio, fria e afiada. Diana Weber. Meu sangue gelou. "A Alina simplesmente não tem perfil para gestão. Ela é muito emocional, muito... mole. O Arthur concordou. Eu pessoalmente o aconselhei contra a promoção dela várias vezes."

Minha respiração falhou. Meu corpo inteiro ficou tenso.

"Mas ainda assim", insistiu Sara, "ela fez tanto por esta empresa. As campanhas dela são lendárias. E ela tem sido tão dedicada. Ela merece mais do que um cargo júnior."

A risada de Diana foi arrepiante. "Merece? Minha querida, ninguém merece nada. Você conquista. E a Alina, coitadinha, simplesmente não tem estômago para o verdadeiro mundo cruel do avanço corporativo. É por isso que eu garanti que ela ficasse exatamente onde está nos últimos dez anos. E por que seus bônus de fim de ano muitas vezes pareciam misteriosamente... menores do que o esperado. A mantém humilde, sabe? Impede que ela fique muito ambiciosa."

As palavras me atingiram como uma saraivada de golpes físicos. Isso não era apenas especulação. Era uma confissão. Diana. Todos esses anos. As promoções bloqueadas, a carreira estagnada, os bônus inexplicavelmente baixos que tornaram impossível para mim economizar qualquer dinheiro de verdade. Não era apenas a indiferença de Arthur. Era a sabotagem calculada e maliciosa de Diana.

E o dinheiro. O dinheiro que eu precisava para minha mãe. O dinheiro que eu não tinha, precisamente por causa das maquinações insidiosas de Diana. Minha mente correu, conectando os pontos de uma conspiração de uma década. A morte da minha mãe. O atraso. O custo. Tudo levava a ela. A Diana. À sua mão cruel e ciumenta.

Um grito primal arranhou minha garganta, mas eu o sufoquei. Ódio, puro e incandescente, surgiu através de mim, eclipsando tudo o mais. Afastei-me da pia, meus olhos em chamas, e saí correndo do banheiro, ignorando os suspiros assustados de Sara e Marcos. Diana estava lá, de costas para mim, deleitando-se em sua confissão distorcida.

"Sua!", gritei, minha voz crua, despojada de toda compostura. Diana se virou, seu rosto registrando um momento fugaz de choque antes de endurecer em uma máscara de compostura. "Você reteve meus bônus? Você bloqueou deliberadamente minhas promoções? Por dez anos?"

Seu queixo se ergueu, um lampejo de desafio em seus olhos. "Alina, você está sendo irracional. Eu estava apenas fazendo meu trabalho, aconselhando Arthur sobre questões de pessoal."

"Seu trabalho?" Avancei sobre ela, minhas mãos tremendo de fúria liberada. "Minha mãe morreu, Diana! Ela morreu porque eu não tinha o dinheiro para a cirurgia dela! Dinheiro que você deliberadamente me negou! Por quê? Por que eu? Se você queria tanto o Arthur, por que não foi atrás dele diretamente em vez de jogar esses jogos nojentos e mesquinhos?"

Antes que eu pudesse pensar, antes que as palavras sequer se registrassem, minha mão voou. Um som agudo e estalado ecoou pelo escritório silencioso enquanto minha palma atingia em cheio a bochecha de Diana. Ela cambaleou para trás, seus olhos arregalados de choque, uma marca vermelha vívida florescendo em sua pele pálida.

Por uma fração de segundo, uma satisfação feroz e triunfante surgiu em mim. Mas rapidamente se dissolveu em incredulidade quando Diana, com um suspiro dramático, caiu de joelhos, segurando a bochecha. Lágrimas, instantâneas e teatrais, brotaram em seus olhos.

"Oh, Alina, por favor!", ela choramingou, sua voz de repente frágil, patética. "Eu sei que errei! Sinto muito! Eu vou me demitir! Vou sair da empresa! Só... por favor, não me machuque mais."

Sua transformação súbita, de manipuladora presunçosa a vítima aterrorizada, foi chocante. Fiquei olhando, momentaneamente atordoada por sua performance teatral.

"O que está acontecendo aqui?!", uma voz furiosa bradou do corredor. Arthur. Minha cabeça se virou bruscamente. Ele estava caminhando em nossa direção, seu rosto uma nuvem de tempestade, seus olhos ardendo de fúria.

Ele nem sequer olhou para mim. Seu olhar estava fixo em Diana, ainda de joelhos, seus ombros tremendo com soluços fingidos. Ele correu para o lado dela, o paletó de seu terno caro se abrindo. Ele a ajudou a se levantar gentilmente, seu toque terno, sua expressão carregada de preocupação.

"Diana, você está bem?", ele murmurou, sua voz suave, algo que eu não ouvia direcionado a mim há anos. "Ela te machucou? Vamos para o hospital agora mesmo."

Diana, sempre a atriz, enterrou o rosto em seu peito, seus soluços se intensificando. "Arthur, ela... ela acabou de me agredir! Eu tentei dizer a ela que sentia muito, que eu me demitiria porque neguei a promoção dela, mas ela simplesmente... ela simplesmente me atacou!" Ela afastou a cabeça, seus olhos ainda lacrimejantes, e olhou para ele, sua voz trêmula. "Eu sei que não deveria ter feito isso, Arthur, mas ela sempre foi tão rude, tão agressiva! Ela ameaçou a Beatriz, exigiu sua promoção, disse que exporia todos os segredos da sua empresa se não conseguisse o que queria!"

O rosto de Arthur, já sombrio, ficou negro. Ele olhou para mim então, seus olhos cheios de uma raiva fria e enojada. "Alina", ele rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. "Isso é verdade? Você ameaçou a Beatriz? Você acha que pode simplesmente agredir minha assistente executiva? Minha funcionária de maior confiança?" Ele acariciou gentilmente o cabelo de Diana, depois voltou toda a sua fúria para mim. "Quem você pensa que é? Você é uma coordenadora de marketing júnior, pelo amor de Deus! Você não é nada! Você sempre foi nada! Você honestamente acredita que eu me casaria com alguém como você? Alguém tão comum, tão impulsiva, tão... pobre? Você é apenas uma interesseira que pensou que poderia se aproveitar de mim." Ele zombou, seu lábio se curvando em desprezo. "Eu te encontrei trabalhando em uma cafeteria imunda, lembra? Eu te dei um emprego, uma casa, uma vida. E é assim que você me retribui? Sua vagabunda atrevida! Saia! Saia da minha empresa, da minha vida, agora mesmo! Você está demitida! E nem pense em voltar para a cobertura. Vou mandar embalar suas coisas e deixá-las do lado de fora até o final do dia."

Suas palavras, brutais e desumanizadoras, pairaram no ar, ecoando no silêncio atordoado do escritório. Ele me chamou de vagabunda. Ele me chamou de interesseira. Ele zombou da minha pobreza, das minhas origens, de todo o meu ser. Ele havia arrancado cada último resquício da minha dignidade, da minha autoestima, na frente dos meus colegas.

Mas em vez de me despedaçar, algo dentro de mim estalou. Uma clareza feroz e fria. Ele estava certo. Ele nunca me amou. Ele me usou, me controlou, me diminuiu. E eu, em minha esperança patética, permiti. Ele sempre me viu como "nada".

Uma pequena risada sem alegria me escapou. Começou como um tremor, depois cresceu, um som que era metade soluço, metade raiva contida. Meus olhos, secos agora, fixaram-se em seu rosto arrogante. "Demitida?", repeti, minha voz calma, quase desapegada. "Você não precisa me demitir, Arthur. Eu já me demiti. E quanto à cobertura... pode ficar com ela. E com a Diana. Vocês dois se merecem."

            
            

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