25 Um Número Muito Louco - Romance Harém Reverso
img img 25 Um Número Muito Louco - Romance Harém Reverso img Capítulo 2 2
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Capítulo 2 2

GEMMA

"O q-quê cê tá f-fazendo a-aqui?"

Cara me encara boquiaberta, com horror nos olhos, enquanto me observa desde a calça de pijama felpuda com estampa de peru até a boca cheia de sorvete de chocolate duplo que cometi o enorme erro de colocar segundos antes de ela invadir minha casa.

"Isto é pior do que eu pensava." Ela olha para as calças novamente.

"Muito pior."

Antes que eu tenha a chance de me defender uma dama deveria poder se comportar como um monstro no conforto da sua própria casa ela se vira nos calcanhares e sai furiosa pelo corredor em direção ao quarto. Com uma sensação de desconforto, levanto-me rapidamente para segui-la.

Eu realmente não deveria me surpreender quando ela abre a porta mais próxima e recua visivelmente. "Gemma?"

Engulo o resto do meu sorvete. "Sim?"

"Por que o seu armário cheira como o interior de uma cueca de atleta?"

Droga. Eu devia ter trazido o sorvete para poder encher a boca de novo e evitar ter que responder a essa pergunta. Ela continua me olhando com expectativa, então sei que não vou escapar sem dar alguma resposta.

Confesso, meio envergonhada. "Disse ao Hank que o ajudaria com a roupa depois que ele usasse alvejante nos seus calções de treino." Pela segunda vez este ano.

Cara massageia as têmporas e respira fundo, tentando se acalmar, mas parece se arrepender quase que instantaneamente. Ela tosse por um segundo antes de soltar um longo suspiro e me encarar como se estivesse prestes a me dar uma bronca daquelas. E considerando que Cara é provavelmente a pessoa menos séria que conheço, minhas bochechas coram de forma antecipada.

"Gem." Ela sabe que eu detesto quando me chamam assim. Parece nome de menino-Jim. "Lavar a roupa dos jogadores não é meio que uma... coisa de namorada?"

"O Hank não tem namorada." Aliás, não me lembro da última vez que algum deles teve uma namorada séria.

"Esse não é o ponto principal."

Ela balança a cabeça como se não tivesse tempo para isso, mesmo tendo sido ela quem tocou no assunto. Ela tinha todo o direito de ignorar o cheiro de roupa suja de homem que emanava do meu armário. Aliás...

"Por que você está no meu armário?"

Tento contorná-la para fechar a porta, mas ela me impede com um olhar penetrante e um beliscão no meu antebraço.

"Ai!" Protesto.

"Não vamos icar nessa de icar deprimida." Ela aponta para a minha calça. "Talvez por um Tom Hanks, mas não para um cara chamado Colin Seaman." Abro a boca, pronta para defendê-lo como sempre, mas ela levanta a mão. "Seaman, Gemma."

"Tudo bem, é um nome infeliz, eu entendi", admito, na esperança de que isso a faça calar. E apenas mais um item na longa lista de argumentos que Cara usa contra Colin. Mas, na verdade, não importa se ela gosta dele ou não, porque eu gosto.

"Gemma Seaman", ela diz, com a maior naturalidade.

Meus ombros enrijecem quando ela pronuncia o nome como se fosse um conceito totalmente estranho, algo que jamais aconteceria. Estou com Colin há dois anos, então a ideia de me casar com ele um dia não me parece tão absurda.

"Onde está aquele vestido vermelho?" A ouço murmurar para si mesma enquanto mergulha de volta no meu closet.

"Cara, não. Esta não é uma noite para usar vestido vermelho."

Ela reaparece com o vestido erguido triunfantemente em uma das mãos. "Querida, se esta não é uma noite para usar vestido vermelho, então eu não sei o que é. A vida não pode ser tão cruel a ponto de alguém com a sua bunda icar sozinha em casa o im de semana inteiro."

"E quarta-feira."

Ela ignora minha correção enquanto en ia o vestido nas minhas mãos. E um vestido vermelho justo, com decote coração, que realça todas as minhas curvas. E o mesmo vestido que a Cara sempre quer que eu use quando o Colin cancela os planos, porque ela jura que é o vestido que vai 'convencer alguém muito, muito mais gato' (palavras dela, não minhas) a me roubar.

Usei esse vestido há apenas algumas semanas-ironicamente, a última vez que a Cara me arrastou para uma balada depois de eu ter levado um bolo-e só me lembrei de buscá-lo na lavanderia há alguns dias. Um pânico nervoso começa a me invadir ao perceber quantas vezes minha melhor amiga tem me obrigado a usar esse vestido ultimamente.

Como é que eu não percebi o quão ruim as coisas icaram com o Colin?

Tento imaginar o que meu pai vai dizer quando eu contar para ele... porque eu vou. Sempre tento. Depois da Cara, meu pai é meu melhor amigo. Mas ele ainda é pai. Ele vai ser ainda menos compreensivo do que a Cara com o Colin furando mais um encontro.

"Vou ligar o babyliss", oferece Cara com um sorriso ino e cúmplice enquanto eu ico ali segurando o vestido sem protestar mais.

Pelo menos, se eu sair hoje à noite, poderei dizer ao meu pai que não iquei sentada sem fazer nada. Ou pior, melhor dizendo, admitir que passei o dia de pijama mais feio, comendo sorvete direto do pote e debatendo se era muito cedo para começar a assistir ilmes de Natal.

Respiro fundo, já tendo esquecido por que aquilo era um erro. Com uma crise de tosse, fecho a porta do armário com força, na esperança de que o cheiro ique contido sem contaminar todas as minhas roupas antes de eu ir lavar as roupas do Hank neste im de semana.

Por que eu sequer concordei em lavar a roupa fedorenta dele?

Me lembro do brilho nos seus olhos cor de avelã, enquanto me olhava esperançosamente quando perguntou se eu tinha alguma sugestão. O Hank é um pouco... safado. Mas ele tem olhos de tirar o fôlego. E eu? Sou apaixonada pelo time.

Não tem jeito. Tenho muita di iculdade em dizer não para qualquer um dos caras. Nos tornamos amigos ı́ntimos nesses dois anos desde que o time foi formado. E tudo bem, talvez eu seja um pouco permissiva com os jogadores. Mas peça para qualquer mulher tentar negar um pedido de um time de jogadores de rúgbi incrivelmente atraentes e veja como ela se sai.

Cara coloca a cabeça para fora do banheiro. "Por que você ainda não se vestiu?"

"Estou trabalhando nisso", resmungo enquanto me dirijo à cômoda. Se vou sair com esse vestido, preciso encontrar uma calcinha melhor do que essa de algodão que estou usando por baixo da minha calça festiva de peru.

Ela desaparece novamente enquanto troco minha calcinha de dormir por um sutiã tomara que caia reforçado e uma calcinha de renda que sei ser a favorita do Colin. E o único ato de rebeldia que tenho no momento: vestir a calcinha favorita dele quando sei que ele não vai vêla.

Essa atitude passiva-agressiva tem que parar.

As coisas eram diferentes quando nos conhecemos. Eu estava terminando a faculdade quando Colin era apenas um advogado iniciante no escritório do pai. Jantamos juntos muitas vezes até tarde da noite, conversando sobre nossas ambições e o futuro.

Eu achava que bastava que, de modo geral, parecı́amos querer as mesmas coisas na vida. Estabilidade. Reconhecimento. Sucesso. Agora já não tenho tanta certeza.

Enquanto visto o vestido vermelho, me preparando para o que Cara tiver reservado para nós esta noite, afasto os pensamentos sobre Colin. O estável e viciado em trabalho Colin não é o tipo de homem em quem uma garota quer pensar quando chega a noite do vestido vermelho.

Duas horas

Foi esse o tempo que passamos na balada chique para onde a Cara me arrastou, antes de eu icar muito, muito mais bêbada do que estive em muito tempo. Os shots que tomamos lá em casa antes do nosso carro chegar não ajudaram. E nem o luxo constante de caras me oferecendo bebidas, que a Cara vem incentivando a noite toda.

"Você nunca sabe onde o prı́ncipe encantado pode aparecer", ela me lembra quando eu rejeito mais um cara sem rodeios.

"Aquele cara era mais Tom Selleck do que Tom Hanks na era das comédias românticas."

Ela olha com saudade na direção em que o cara desapareceu. "Ei, nunca menospreze um cara com um bigode grosso. Imagina quanta testosterona ele deve ter correndo nessas veias!"

"Não é assim que funciona a barba", consigo dizer, sem arrastar as palavras a ponto de icar incompreensı́vel. "Além disso, eu recebo bastante testosterona quando estou no trabalho. Testosterona quente e máscula."

Cara cai na gargalhada como se eu tivesse acabado de contar a piada mais engraçada do mundo. Tento me lembrar do que acabei de dizer, mas meu cérebro, afetado pelo álcool, não colabora.

Eu não deveria ter tomado aqueles últimos shots.

"Ei, olha!" Cara grita de repente por cima da música, apontando para a minha esquerda.

Eu me viro e olho duas vezes ao ver um rosto familiar. Meu cérebro me diz para desviar o olhar e agir como se não o tivesse visto. E é o que eu faço.

Cerca de trinta segundos depois, ouço alguém me chamando pelo nome.

Ah, merda.

Não é como se o time nunca tivesse me visto beber antes-sou presença constante nas noites de cerveja e asas de frango com eles- mas eu nunca ico bêbada com eles. O que de initivamente estou agora. Muito bêbada.

"Gemma."

Sinto a mão grande e quente de André pousar no meu ombro enquanto ele chama meu nome novamente.

Me viro com o que tenho certeza ser o sorriso mais sem graça de todos os tempos enquanto tento dizer, entre "Oi" e "Aloha", sem conseguir pronunciar as palavras certas. Sinceramente, não sei qual delas saiu da minha boca.

Por falar em pelos faciais...

Meus olhos percorrem o maxilar de André e a barba bem cuidada que ele mantém. Leva um minuto inteiro para eu perceber que ele está falando comigo. Quando inalmente percebo, ele já está em silêncio, com um olhar estranho. Estou bêbada demais para interagir com alguém que é praticamente um colega de trabalho. Olho para o lado procurando por Cara, mas de repente ela sumiu.

"Você está bem?" Pergunta André, e desta vez estou prestando atenção o su iciente para saber o que ele disse.

Assinto com um entusiasmo muito maior do que o necessário enquanto junto as mãos atrás de mim, desejando de repente ter outra bebida só para ter algo para fazer com as mãos. Só não percebo a tempo que juntar as mãos dessa forma tem o efeito colateral de curvar meu corpo, fazendo com que meu peito se projete na direção dele.

Os olhos de André percorrem meu corpo de cima a baixo.

"Se eu não te conhecesse, diria que você está me secando", deixei escapar com uma risada nervosa.

Seus olhos se arregalam ao me encarar enquanto ele diz, com muita solenidade: "Eu jamais faria isso."

Embora sua voz seja séria, seus olhos escuros brilham com divertimento. Ele olha ao redor como se estivesse esperando alguém, e meu estômago se revira ao perceber que ele provavelmente está procurando seu encontro ou algo do tipo.

"Devo ir procurar-"

"Seu namorado", ele completa por mim.

Eu faço uma careta. "Eu ia dizer que deveria ir procurar a Cara."

"Pensei que você tivesse um encontro hoje à noite?" Ele parece tão confuso quanto eu, sabendo que ele sequer sabia que eu tinha um encontro hoje à noite. Não sei por que isso me surpreende. O time já provou diversas vezes que tem uma capacidade estranhamente boa de se lembrar de detalhes que eu mal me lembro de ter mencionado.

Assim como o fato de eu preferir rosas amarelas às vermelhas.

Dou de ombros em resposta, sem querer admitir em voz alta que levei um bolo, de novo. Não importa, seus olhos brilham como se ele soubesse mesmo sem eu dizer uma palavra.

"Vamos dançar." Ele estende a mão para mim e eu a encaro como uma cobra pronta para atacar. "Vamos lá", ele insiste com uma piscadela, "eu não mordo a menos que você peça."

Sinto meu corpo todo corar com a insinuação dele, enquanto minha mão parece se estender sozinha para pegar a dele. Isso é uma péssima ideia. A parte bêbada de mim, porém, acha que é uma ideia muito, muito boa, então deixo André me puxar para o meio da pista de dança lotada.

E só dançar. Não há nada de errado nisso.

Mas um sinal de alerta começa a soar na minha cabeça quando chegamos ao centro da pista, e André me vira de forma que minhas costas iquem coladas ao peito dele. Eu também adoro dançar, então, quando ele começa a se mover no ritmo animado que preenche a boate, me pego começando a me mover com ele, ignorando aqueles sinais de alerta que pareciam tão importantes momentos antes.

E a primeira vez que passo um tempo realmente a sós com o André -ou com qualquer um dos caras, na verdade. Normalmente, tudo é uma atividade em grupo.

Desta vez não.

Eu me esfrego nele enquanto uma música emenda na outra, as batidas se misturando e nossos corpos se sincronizando. Fico esperando que ele peça para dançar com outra garota. Deus sabe, tem tanta garota bonita por perto que ele poderia se entreter por horas, mas ele continua dançando comigo como se não houvesse mais ninguém.

Dançamos por um longo tempo até que minha garganta esteja tão seca que mal consigo articular as palavras para dizer que preciso beber algo. Agua, se eu quiser ter alguma esperança de sobreviver ao dia de trabalho amanhã.

Enquanto André me guia até o bar, sinto o ambiente começar a girar. Me agarro nele para me equilibrar, e ele me olha com preocupação. Estávamos nos divertindo dançando, mas até ele precisa perceber que esta noite acabou para mim. Ele me ajuda a sentar em um banco no outro extremo do balcão.

"Acho que vi sua amiga lá atrás. Fique aqui, que eu a chamarei para você." As palavras estão certas, mas a expressão dele está completamente errada.

Parece que a última coisa que ele quer fazer é terminar a noite.

Não que eu o culpe. Esta tem sido a experiência mais divertida que tive em muito tempo, e estamos aqui há pouco tempo-dou uma olhada no meu relógio, mas aı́ me lembro que não estou usando meu relógio.

Não tenho ideia de que horas são.

Passam-se alguns minutos até que eu não aguente mais a tontura. Fecho os olhos e pressiono a mão na testa para tentar fazê-la parar. Não sei quanto tempo iquei sentada ali antes de sentir as mãos de André novamente, desta vez me ajudando a levantar enquanto eu o encarava com os olhos semicerrados. Eu havia me esquecido de quão alto ele era no intervalo entre ele me sentar e reaparecer.

Ele me abraça pela cintura enquanto tento me irmar no chão. Depois de um segundo, desisto e me inclino para o seu lado.

Cara aparece de repente na minha frente. "Não está feliz por eu ter feito você sair?" Pergunta ela com um enorme sorriso no rosto.

Em resposta, emito uma espécie de grunhido, a rotação é tão intensa que não consigo fazer mais nada. Percebo que vou me arrepender amargamente de todas aqueles shots que tomei quando chegar a hora de acordar para trabalhar.

André começa a andar, segurando irme em mim para que eu o acompanhe. Cara se posiciona do meu outro lado, perto o su iciente para que eu sinta sua presença, mas não tão perto a ponto de nos tocarmos. E um pouco estranho, no entanto, já que estou tão acostumada a ver Cara tão bêbada quanto eu quando saı́mos. Por que ela não precisa de ajuda para ir até o carro que está esperando?

Estou tão distraı́da com meus pensamentos e as voltas intermináveis que a princı́pio não percebo que André está falando em voz baixa e suave.

"Era só uma dança", ouvi-o dizer, e eu queria estar lúcida o su iciente para dizer que sei. Não tenho certeza por que ele achou necessário esclarecer isso. Perdi alguma coisa?

Mas percebo que ele não está falando comigo quando Cara responde: "Claro, amigo. Diga o que quiser para si mesmo."

A última coisa que ouço antes da minha cabeça bater no encosto do banco do carro é a risada dele. E então meu último pensamento da noite me ocorre: quando foi a última vez que ouvi meu namorado rir?

            
            

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