Meu Coração Ficou de Pedra Por Ele
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Capítulo 4

Ponto de Vista: Alice Drummond

Os olhos de Caio, geralmente guardados, agora ardiam com uma fúria fria e aterrorizante. Ele parecia um predador que acabara de avistar sua presa escapando. O segurança, embora ainda segurando meu braço, pareceu murchar sob seu olhar.

"Solte-a," Caio ordenou, sua voz baixa, um ronco perigoso que vibrou pelo asfalto. O guarda me soltou imediatamente, recuando como se estivesse queimado.

Peguei minha bolsa do chão, apertando-a contra o peito como um escudo. Meu coração martelava, mas me recusei a mostrar medo. "O que você quer?" eu cuspi, minha voz carregada de veneno. "A Bianca finalmente se recuperou o suficiente para você vir terminar o serviço?"

Seu maxilar se contraiu, um músculo saltando em sua bochecha. Ele ignorou minha provocação. "Para onde você vai, Alice?" Sua voz era enganosamente calma, mas o gelo em seus olhos ameaçava se estilhaçar.

"Não é da sua conta," eu retruquei, tentando passar por ele em direção ao táxi que esperava. Mas ele se moveu mais rápido, bloqueando meu caminho, uma parede sólida de poder controlado.

"É da minha conta," ele disse, sua mão se estendendo, seus dedos se fechando em volta do meu pulso. Seu aperto era firme, não violento, mas totalmente inflexível. "Você é minha esposa."

"Não por muito tempo," eu retorqui, tentando me afastar. "Eu pedi o divórcio. Meu pai já concordou."

Seu aperto se intensificou, seus olhos brilhando. "Seu pai não tem voz nisso." Ele praticamente me arrastou em direção à sua SUV, seus movimentos rápidos e decisivos.

"Me solta, seu desgraçado!" eu gritei, lutando contra ele. Minhas unhas arranharam seu antebraço, mas ele nem sequer se abalou. Ele simplesmente ignorou meus protestos, puxando-me com uma força que parecia impossível de combater.

Ele me empurrou para o banco de trás, depois deslizou para o meu lado, prendendo-me contra a porta. O segurança pulou para o banco do motorista, e a SUV partiu em alta velocidade, deixando o motorista do táxi olhando perplexo.

"O que você pensa que está fazendo?" eu fervi, meu corpo pressionado contra o couro frio, meu rosto a meros centímetros do dele. Meu peito subia e descia com raiva e indignação.

"Levando você para casa," ele disse, seu hálito roçando minha orelha. Seu cheiro, uma mistura de colônia cara e algo unicamente dele, de repente pareceu sufocante.

"Casa? Aquela gaiola dourada? Aquela prisão que você construiu para mim?" eu zombei. "Não vou voltar para lá. Não com você. Nunca mais."

Ele não respondeu, apenas estendeu a mão e segurou meu queixo, forçando meu olhar a encontrar o dele. Seus olhos estavam escuros, intensos, e em suas profundezas, vi uma fome crua que enviou um arrepio de um tipo diferente pela minha espinha. E então, sem aviso, sua boca se chocou contra a minha.

Não foi um beijo de ternura ou afeto. Foi um beijo de posse, de raiva, de controle desesperado. Seus lábios eram duros, exigentes, saqueando os meus com uma força brutal que roubou meu fôlego. Eu me debati contra ele, minhas mãos empurrando seu peito, mas ele era imovível. Seus braços me envolveram, puxando-me com mais força contra seu corpo inflexível, aprofundando o beijo até minha cabeça girar.

Quando ele finalmente se afastou, eu arquejei por ar, meus lábios machucados, meu corpo tremendo com uma mistura de fúria e algo que me recusei a nomear. "Seu animal!" eu engasguei, limpando a boca com as costas da mão, lágrimas ardendo em meus olhos. "Como ousa?"

Seus olhos ainda ardiam, sua respiração irregular. "Eu ouso, Alice. Você é minha. E você não vai simplesmente ir embora." Seu polegar roçou meu lábio inchado, um gesto possessivo que fez minha pele arrepiar. "Eu avisei. Eu disse que toleraria suas palhaçadas. Mas desafio? Fugir? Isso não é uma opção."

"Desafio é minha única opção quando sou casada com um mentiroso!" eu gritei, as palavras rasgando minha garganta. "Você me jurou, Caio! Você jurou que não havia ninguém! E todo esse tempo, você estava me usando! Por ela! Pela Bianca!"

Seu rosto endureceu então, uma máscara familiar de controle impenetrável voltando ao lugar. "A saúde da Bianca é delicada. Ela precisava de ajuda. Seu pai tinha os meios. Foi um arranjo necessário."

"Um arranjo necessário?" eu ri, um som áspero e quebrado. "Então eu sou apenas um meio para um fim? Uma dispensadora de remédios glorificada? É só isso que eu sou para você?" Minha voz falhou, traindo a ferida crua que suas palavras haviam reaberto.

Ele não respondeu diretamente. Em vez disso, ele puxou minhas mãos, prendendo-as acima da minha cabeça contra o encosto do banco. Ele se inclinou novamente, seu hálito quente contra minha bochecha. "Você queria paixão, Alice? Você queria fogo? Você queria que eu te visse?" Sua voz era um rosnado baixo, carregado de algo sombrio e perigoso. "Eu te vejo. Cada faísca desafiadora. Cada tentativa desesperada de escapar. E isso só me faz querer te manter mais perto."

Ele me beijou de novo, mais devagar desta vez, mas não menos possessivo. Era uma dança aterrorizante de poder e desespero, um eco sombrio de nossa união forçada. Meu corpo enrijeceu, resistindo, mesmo quando uma parte traiçoeira de mim sentiu um lampejo de algo, uma necessidade desesperada por algum tipo de conexão, por mais distorcida que fosse.

"Não," eu engasguei, virando a cabeça, forçando as palavras a passarem pelos meus lábios machucados. "Não vou deixar. Não serei seu peão. Vou lutar com você a cada passo do caminho."

Ele se afastou, seus olhos ainda ardendo, mas um toque de outra coisa brilhou ali – dor? Arrependimento? Eu não sabia dizer. "Você está cansada, Alice," ele disse, sua voz surpreendentemente gentil, desmentindo o controle rígido em seu aperto. "Você está machucada. Vamos apenas para casa. Conversaremos mais tarde." Ele não soltou minhas mãos.

"Machucada?" eu ofeguei, uma risada amarga me escapando. "Você acha que isso é 'machucada'? Você não tem ideia, Caio. Você não tem ideia do que é ser uma criança, vendo sua mãe ser arrastada por homens de terno, enquanto seu pai assiste, impassível, calculando o custo de seus honorários advocatícios!" A memória, crua e vívida, me atravessou. Minha mãe, minha linda, artística e frágil mãe, internada, porque ela não se conformava com o mundo do meu pai. Ele não lutou por ela. Ele calculou. Assim como ele calculou meu casamento.

Os olhos de Caio se arregalaram, um lampejo de choque genuíno em suas profundezas. Seu aperto em meus pulsos afrouxou ligeiramente. Ele não sabia nada do meu passado, das feridas que eram mais profundas do que qualquer arranhão no dedo.

"Sua mãe?" ele perguntou, sua voz mais suave agora, quase hesitante.

"Sim, minha mãe!" eu chorei, a represa finalmente se rompendo. "A mulher que amava a arte mais do que o dinheiro, que me amava mais do que a sociedade. Meu pai a trancou quando ela se tornou muito inconveniente. Muito 'frágil'. Muito 'selvagem'. Assim como ele tentou fazer comigo!"

Ele me encarou, seu rosto uma tela de emoções conflitantes. Mas então, mudou. O choque desapareceu, substituído por uma resolução endurecida. Ele apertou seu aperto novamente. "Alice, você não entende. Não vou deixar isso acontecer com você. Você não vai acabar como ela." Sua voz era firme, resoluta. "Você precisa de estabilidade. Você precisa de proteção. Você precisa de mim."

"Eu preciso de liberdade!" eu gritei, as palavras um rugido primal. "Eu preciso ser eu! Não sua esposa, não seu sistema de entrega de remédios, não seu projeto! E eu nunca, jamais, submeterei uma criança a uma vida como esta. Nem um filho seu, nem um filho nosso."

Seus olhos escureceram, seu rosto uma máscara de fúria fria. "Você me dará um herdeiro, Alice. Você terá meus filhos. E eles terão uma vida melhor do que qualquer um de nós teve." Suas palavras eram um comando de aço, um decreto absoluto.

"E você acha que eu traria uma criança para este pesadelo distorcido e manipulador?" eu zombei, minha voz pingando desdém. "Você acha que eu criaria outro refém, outro peão para homens como você e meu pai brincarem? Você está delirando."

Ele olhou para mim então, seu olhar penetrante, algo parecido com desespero em seus olhos, mas foi rapidamente mascarado. "Você vai mudar de ideia. Eu vou fazer você mudar de ideia."

De repente, o carro desviou violentamente. O motorista praguejou baixinho. Estávamos quase na cobertura. E agora? Quando entramos na garagem subterrânea, uma figura saiu de trás de um pilar, diretamente em nosso caminho.

"Caio! Não!" A voz de uma mulher, aguda e frenética, cortou o silêncio tenso do carro.

Bianca.

Ela estava parada ali, pálida e desgrenhada, o braço ainda enfaixado, os olhos arregalados de terror. Ela de alguma forma encontrou o caminho até aqui. Ela nos viu, viu a mão de Caio ainda no meu braço, viu a intensidade crua entre nós.

Seus olhos se arregalaram de horror. "Caio? O que você está fazendo com ela?" Sua voz era um soluço quebrado.

A cabeça de Caio se virou para ela, seu rosto perdendo toda a cor. Seu aperto no meu braço afrouxou completamente. Ele empurrou a porta, praticamente saltando do carro. "Bianca! O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar fora!" Sua voz estava cheia de uma preocupação desesperada que nunca foi para mim. Nunca.

Ela olhou dele para mim, depois de volta para ele, seu rosto se desfazendo. "Eu... eu pensei... eu pensei que você estava com ela." Ela apontou um dedo trêmulo para mim, lágrimas escorrendo por seu rosto. "Você me prometeu, Caio! Você prometeu que tomaria cuidado!"

Caio correu para ela, sua mão se estendendo para firmá-la. Ele parecia totalmente perturbado, dividido entre nós duas, mas sua lealdade era clara. "Eu estava apenas trazendo a Alice para casa," ele murmurou, tentando acalmá-la. "Está tudo bem. Você está segura."

"Não! Ela não é segura!" ela gritou, desabando em seus braços. "Eu a vi! Ela estava gritando com você! Ela é cruel, Caio! Ela não se importa com você!"

Ele a segurou com força, seus olhos ainda fixos em mim, mas não estavam mais furiosos. Estavam cheios de uma estranha mistura de arrependimento e... pena. "Leve a Alice para dentro. Certifique-se de que ela esteja acomodada. Estarei lá em breve," ele ordenou ao seu segurança, sua voz plana, desprovida de qualquer calor. Então, ele voltou toda a sua atenção para Bianca, conduzindo-a lentamente, cuidadosamente, seu braço em volta de seus ombros frágeis, murmurando palavras tranquilizadoras.

Eu os observei ir, uma dor fria e vazia se espalhando pelo meu peito. Ele me deixou. De novo. Ele a escolheu. De novo. A rebelde indomável, aquela que ele deveria domar, foi deixada sozinha, um objeto esquecido na garagem opulenta. A ilusão não estava apenas estilhaçada; estava pulverizada. E desta vez, eu sabia que não havia volta.

            
            

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