Rejeitado pelo Ômega: O Arrependimento do Alfa
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Helena

O sol nasceu, uma zombaria de calor contra a geada que se instalava em minha medula.

Não trouxe luz ao meu mundo. Eu não tinha dormido. Passei a noite encarando o teto, sentindo o laço de companheirismo em meu peito murchar como uma folha morrendo, enrolando-se em si mesmo até que apenas cinzas restassem.

Quando a manhã finalmente raiou, entrei no Salão do Conselho. O ar estava pesado com o cheiro de pergaminho velho, madeira antiga e a poeira de séculos de tradição.

O Ancião Silas, avô de Caio, sentou-se à cabeceira da mesa de mogno. Ele ergueu os olhos, piscando surpreso ao me ver entrar.

"Helena, criança? O que a traz aqui tão cedo?"

"Estou rompendo o noivado."

Minha voz estava calma. Inquietantemente calma. Não parecia a voz de uma garota de coração partido; parecia a de uma estranha. Isso me assustou.

Silas deixou cair sua pena. Ela bateu ruidosamente na madeira. "Romper? Você é a Companheira do Alfa. Isso não é um casamento humano do qual você pode simplesmente se afastar."

"É um acordo de negócios", corrigi, meu tom nítido. "Um contrato. Um que o Alfa Caio violou pública e flagrantemente."

Não esperei por uma resposta. Coloquei um arquivo grosso sobre a mesa entre nós.

"Minha família fornece sessenta por cento do minério de prata desta Alcateia. Nós controlamos as rotas comerciais para o Norte. Se eu sou meramente uma 'necessidade política', como seu neto tão eloquentemente colocou, então estou retirando meus ativos políticos."

Os olhos de Silas se arregalaram. Ele era um lobo de lógica, não de emoção. Ele sabia que a economia da Alcateia dependia da linha de vida que minha família fornecia.

"Você cortaria o suprimento?", ele perguntou, sua voz baixando. "Por uma briga de casal?"

"Pela minha dignidade", eu disse. "Vou cortar o suprimento. Vou deixar essa Alcateia morrer de fome de prata até que vocês implorem. A menos que o noivado seja anulado, e eu esteja livre para encontrar uma nova Alcateia."

Silas olhou para mim - realmente olhou para mim - pela primeira vez em anos. Ele não via mais uma garota complacente; ele viu o aço em minha espinha.

"Eu... eu vou falar com o Conselho", ele gaguejou, ajeitando-se em sua cadeira. "Não podemos nos dar ao luxo de perder as rotas comerciais."

Saí, sentindo uma estranha e oca leveza no peito. Mas o universo ainda não tinha terminado de me testar.

Virei uma esquina e quase colidi com Lia.

Ela vinha da direção do quarto de Caio. O ar ao redor dela estava denso com o cheiro dele - almíscar, pinho e o inegável e enjoativo cheiro de sexo.

Ela sorriu, uma curva doentia e doce de seus lábios que não alcançou seus olhos. Ela enganchou o braço no meu com uma familiaridade fingida.

"Oh, Helena! Bom dia. Dormiu bem? Caio me manteve acordada a noite toda falando sobre os negócios da Alcateia. Ele é tão dedicado."

Negócios da Alcateia. Certo.

Meu estômago se revirou violentamente. O cheiro dela, misturado com o dele, era revoltante.

"Não me toque", eu disse bruscamente.

Puxei meu braço. Não a empurrei. Mal a toquei.

Mas Lia ofegou. Ela se jogou para trás, agitando os braços teatralmente, e desabou no caminho de pedra.

"Ah!", ela gritou, agarrando o tornozelo. Lágrimas instantaneamente brotaram em seus olhos, uma performance perfeita. "Helena! Por que você me empurrou?"

Em segundos, o som de passos pesados nos cercou. Membros da alcateia, guerreiros, servos - eles nos circularam, seus olhos arregalados e julgadores.

"Ela a empurrou", alguém sussurrou. "Eu vi. O ciúme é uma coisa feia."

Então, a pressão do ar caiu.

Alfa.

Caio abriu caminho pela multidão. Ele nem mesmo olhou para mim. Foi direto para Lia, ajoelhando-se ao lado dela na poeira. Seus olhos estavam cheios de uma ternura que ele nunca, nem uma vez, me mostrou.

"Lia? Você está machucada?"

"Ela... ela não quis, Caio", Lia soluçou em seu peito, enterrando o rosto em sua camisa. "Ela só está chateada porque você passou um tempo comigo."

Caio olhou para mim. Seus olhos eram de obsidiana fria, vazios de qualquer reconhecimento.

Chega.

Sua voz ecoou em minha cabeça através do elo mental. O Comando do Alfa.

Meus joelhos cederam, batendo na pedra com um estalo doloroso. Meus músculos se contraíram contra minha vontade, forçando-me à submissão. Foi humilhante.

"Você é a futura Luna", Caio cuspiu, levantando-se e puxando Lia com ele, protegendo-a de uma ameaça que não existia. "Aja como tal. Pare de intimidar os mais fracos que você."

Ele passou um braço protetor ao redor de Lia e se afastou. A Alcateia o seguiu, deixando-me ajoelhada sozinha na poeira.

Eles achavam que eu era fraca. Eles achavam que eu estava quebrada.

Olhei para a figura que se afastava do homem que deveria ser minha alma gêmea.

"Alfa Caio", sussurrei ao vento, um voto tomando forma em meus lábios. "O favor que você concede hoje será a sua ruína amanhã."

            
            

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