Capítulo 6

Ignorei a mensagem. Era de Arthur, perguntando se eu iria à sua festa de dezoito anos. Meu silêncio foi minha resposta.

Os dias seguintes se transformaram em um ciclo monótono de trabalho, exaustão e o zumbido silencioso do meu quarto vazio. Continuei minha rotina, esfregando a sujeira da vida de outras pessoas, tentando esfregar as memórias que se agarravam a mim como sujeira teimosa.

Uma semana depois, eu estava curvada sobre uma pilha de tijolos em uma obra, minhas costas gritando em protesto enquanto eu movia outra carga pesada. O algodão barato da minha camisa estava encharcado de suor, meus músculos queimando. Foi quando o vi.

Arthur. Ele estava lá, sozinho desta vez, sua figura um contraste gritante com a poeira e os escombros do local. Ele havia crescido tanto, mais alto que eu agora, sua estrutura esguia irradiando uma energia juvenil que eu não possuía mais. Suas pernas, antes tortas e frágeis, pareciam quase normais, um testemunho das terapias caras que eu lutei com unhas e dentes para conseguir para ele.

Ele parecia sem jeito, as mãos enfiadas nos bolsos. "Mãe?" Sua voz era áspera, desacostumada com a palavra, mas o som dela ainda me atravessou.

Eu não respondi. Apenas levantei outro saco pesado de cimento no ombro, o peso um fardo familiar. Passei por ele, meu olhar fixo no carrinho de mão à frente, me forçando a ser surda, cega, entorpecida.

"Mãe, espera!" Ele correu para frente, sua mão agarrando meu braço, seu aperto surpreendentemente forte. Desesperado. "Mãe, por favor. A Catarina e... o Caio... todos nós sentimos muito a sua falta." Ele fez uma pausa, respirando fundo. "Você não respondeu à minha mensagem. É meu aniversário hoje. Por favor, só venha. Só desta vez." Sua voz falhou, e ele juntou as mãos, seus olhos suplicantes, cheios de uma culpa crua e inegável.

Exatamente como quando ele quebrava um vaso, ou saía escondido para uma aventura noturna. Aquele mesmo olhar. O que costumava derreter meu coração.

Eu fiquei ali, o saco de cimento pesado cravando no meu ombro, a poeira se assentando ao nosso redor. O mundo parecia prender a respiração. Eu olhei para ele, olhei de verdade para ele, pela primeira vez em sete anos. O menino que eu salvei, criei, amei mais que a própria vida. O menino que me traiu.

"Tudo bem," eu disse, a única palavra um arranhão na minha garganta.

Ele piscou, o alívio inundando seu rosto. Ele me levou a um carro preto e elegante, estacionado discretamente longe dos trabalhadores da construção. A viagem foi silenciosa, pontuada apenas pelas tentativas nervosas de Arthur de falar, cada uma recebida com meu silêncio de pedra. Eu apenas olhava pela janela, observando as luzes da cidade se tornarem um borrão, me preparando para o ato final.

Quando chegamos, o hotel brilhava, um farol de opulência na noite. O grande salão de festas, no entanto, não estava decorado como uma festa de dezoito anos. Era um pedido de casamento. Tudo gritava romance extravagante, rosas brancas, iluminação suave e um anel de diamante exibido em uma almofada de veludo.

O rosto de Arthur se fechou, uma sombra cruzando suas feições. Ele ficou ao meu lado, menor agora, quase se encolhendo, como se a grande exibição fosse uma acusação.

Meus olhos varreram para o centro do salão. Caio, de joelhos, segurando um anel cintilante para Catarina, que sorria radiante, a mão pressionada contra sua barriga de grávida.

Uma festa de aniversário. Eu quase ri, um som seco e sem humor que ficou preso na minha garganta. O décimo oitavo aniversário do meu filho era meramente um pano de fundo, uma nota de rodapé para a grande declaração de amor deles. O verdadeiro show, o evento principal, era essa farsa doentia.

                         

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