A Esposa de Sapatos Rotos do Bilionário
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Capítulo 5

Ponto de Vista de Flora Mendes:

O ar na suíte privativa do Campos Elíseos era denso com um cheiro que eu não conseguia identificar – sândalo e algo metálico. A iluminação era baixa, estrategicamente posicionada para obscurecer rostos. Meu coração pulsava, uma batida nervosa no meu peito. Eu não conseguia distinguir os traços do cliente, apenas uma silhueta alta e imponente sentada em uma poltrona de pelúcia.

"Jasmim", uma voz profunda e calma ressoou das sombras. "Obrigado por vir."

Eu assenti, minha garganta apertada. "O prazer é meu." A resposta ensaiada parecia vazia.

"Entendo que você é... comprometida", ele começou, sua voz surpreendentemente gentil, mas direta. Não havia julgamento, apenas uma curiosidade desapegada.

Minha respiração engasgou. Como ele sabia? "Sim", confessei, minha voz mal passando de um sussurro. "Sou casada."

"E, no entanto, você está aqui", ele observou, não como uma pergunta, mas como uma constatação. "Posso perguntar por quê?"

O silêncio se estendeu, pesado com perguntas não ditas. Eu poderia mentir. Poderia inventar uma história de desejos fugazes ou uma necessidade de emoção. Mas algo em sua presença, uma intensidade silenciosa, me impulsionou à honestidade.

"Preciso de dinheiro", eu disse, as palavras cruas. "E preciso... de uma saída." Minha voz quebrou um pouco. "Meu marido controla tudo. Minha vida, minhas escolhas, minhas finanças. Não vejo outra maneira de escapar."

Ele ficou em silêncio por um longo momento. Preparei-me para um comentário mordaz, uma rejeição enojada. Mas nunca veio. Em vez disso, ele simplesmente assentiu, como se minha confissão fosse a coisa mais natural do mundo.

"Eu entendo", ele finalmente disse, sua voz mais suave agora. "Esta noite, vamos apenas conversar."

E nós conversamos. Por horas. Ele perguntou sobre meus sonhos, minhas paixões, as coisas que eu havia abandonado. Ele ouviu. Realmente ouviu. Foi uma experiência estranha e perturbadora. Sem exigências, sem expectativas, apenas conversa.

Quando a noite chegou ao fim, Clara entrou, colocando discretamente um envelope na mesa. Ele se levantou então, e eu finalmente tive um vislumbre de seu rosto na luz suave. Ele era impressionante, com olhos aguçados e inteligentes, mas uma bondade pairava ali.

"Isto é pelo seu tempo, Jasmim", ele disse, gesticulando para o envelope. "E eu tenho uma proposta. Preciso de uma acompanhante, exclusivamente. Por um período significativo. Você seria compensada generosamente. Mas você seria minha, e somente minha, durante nossos encontros."

Meus olhos se voltaram para o envelope. Era grosso. Muito grosso. Eu o abri, meus dedos tremendo. A quantia dentro fez minha cabeça girar. Era cinco vezes o que eu havia ganhado na noite anterior. O suficiente para cobrir quase metade da dívida.

Minha, e somente minha. As palavras ressoaram, um eco estranho da possessividade de Heitor, mas isso parecia diferente. Isso parecia uma escolha, um caminho para a liberdade acelerada.

"Eu aceito", eu disse, minha voz firme.

Ele sorriu então, um sorriso genuíno e caloroso. "Excelente. Estou ansioso pelo nosso próximo encontro, Jasmim."

Saí do Campos Elíseos atordoada, o envelope firmemente apertado na minha mão. As ruas da cidade pareciam diferentes, mais brilhantes, cheias de possibilidades. Era isso. Minha chance. Meu caminho rápido para a liberdade.

Meu celular vibrou. Uma mensagem de Heitor. Esteja em casa ao meio-dia. A Letícia quer ir às compras, e eu exijo que você a acompanhe.

Um nó frio de raiva se apertou no meu estômago. Exijo. Sempre exigindo. Eu era uma empregada glorificada, uma personal shopper para o seu verdadeiro amor. O pensamento fez o sangue pulsar em meus ouvidos.

Antes, eu teria corrido para casa, aterrorizada com sua raiva. Agora, o pensamento de sua convocação, seu descaso casual, apenas alimentava meu desafio. Ele me via como uma coisa, uma ferramenta. Mas em breve, eu estaria livre.

Entendido, digitei de volta, meus dedos se movendo lentamente, deliberadamente.

Mas eu não fui para casa. Ainda não. Eu tinha merecido isso. Entrei em uma pequena boutique na Rua Oscar Freire, um lugar que eu só tinha admirado de longe. Um vestido na vitrine chamou minha atenção – um verde esmeralda vibrante, fluido e elegante, diferente de tudo que Heitor jamais me permitiria usar. Ele preferia tons suaves, coisas que não desviassem a atenção dele.

Lembrei-me do meu último aniversário. Eu tinha dado a entender que queria um vestido azul simples e elegante que tinha visto. Ele zombou. "Isso? Flora, você é minha esposa. Você se veste para impressionar, não para se misturar ao fundo. Quer um vestido? Eu compro o melhor para você, mas eu escolho." Ele me comprou um vestido rígido e brilhante que parecia uma fantasia, não um vestido. Era branco puro, uma zombaria distorcida da pureza, e coçava terrivelmente.

Entrei na boutique, de queixo erguido. "Gostaria de experimentar o vestido verde", disse à vendedora.

Serviu perfeitamente. O tecido fluía ao meu redor, me fazendo sentir viva, livre. Eu o comprei. Com meu próprio dinheiro.

Então, vi uma pequena confeitaria. Meu verdadeiro aniversário tinha passado semanas atrás, despercebido por Heitor. Entrei e comprei um bolo pequeno e delicado. Carreguei-o, com cuidado, para a rua, o cheiro de baunilha e açúcar enchendo o ar.

Encontrei um banco tranquilo em um pequeno parque. Abri a caixa, o pequeno bolo um símbolo da minha alegria roubada. Mas quando levantei o garfo, uma onda de náusea me atingiu. Meu estômago, ainda delicado da minha doença, se rebelou. Eu não consegui comer.

Uma pontada de decepção, mas então uma ideia diferente floresceu. Olhei ao redor. Um grupo de gatos de rua se amontoava sob um arbusto, seus olhos arregalados e famintos. Aproximei-me, quebrei pedaços do bolo e os coloquei no chão. Eles se aproximaram com cautela, depois devoraram o doce com gosto.

Observando-os, um calor se espalhou por mim. Isso era liberdade. A liberdade de escolher, de gastar meu dinheiro como eu quisesse, de dar sem pedir permissão.

Olhei para o vestido verde, ainda na sacola. Era lindo, mas um pouco ousado demais para minha nova vida tranquila. Vi uma jovem, sentada sozinha em um banco, olhando com nostalgia para a vitrine da boutique. Ela provavelmente não podia pagar por um vestido como aquele.

Aproximei-me. "Com licença", eu disse, oferecendo-lhe a sacola. "Isto é para você. Não serviu muito bem." Uma pequena mentira, mas gentil.

Seus olhos se arregalaram, depois se encheram de lágrimas. "Você está falando sério? Obrigada! Muito obrigada!"

Sua alegria genuína foi um presente. Parecia melhor do que usar o vestido eu mesma.

Voltei para a mansão, com um passo leve. O sol estava se pondo, pintando o céu em tons de laranja e roxo.

Ao me aproximar dos portões, vi o carro de Heitor. E ao lado dele, uma ambulância. E uma equipe de profissionais médicos. Meu estômago despencou.

Heitor estava lá, o rosto sombrio. Ele me viu me aproximando. Seus olhos, geralmente tão frios, ardiam com uma intensidade indecifrável.

"Flora", ele disse, sua voz baixa e perigosa. "Onde você esteve?" Ele não esperou por uma resposta. "Tire a roupa." Sua voz era seca, desprovida de emoção, mas carregava o peso de um comando absoluto.

            
            

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