A Esposa de Sapatos Rotos do Bilionário
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Capítulo 6

Ponto de Vista de Flora Mendes:

A palavra pairou no ar, fria e afiada. Tire a roupa. Minha respiração engasgou. Minha mente girou, tentando processar o comando, a humilhação pública.

"O quê?" consegui dizer, minha voz mal passando de um guincho.

Heitor se aproximou, sua sombra caindo sobre mim. A equipe médica, vestida com seus jalecos brancos estéreis, ficou rigidamente atrás dele, seus rostos impassíveis. Célia estava um pouco de lado, um sorriso presunçoso brincando em seus lábios.

"Não se faça de desentendida, Flora", ele rosnou, seus olhos ardendo. "Você disse que estava em casa. Você não estava. Eu sei que você mentiu. Agora, quero saber onde você estava e com quem estava." Seu olhar varreu meu rosto, depois demorou-se em meu pescoço, minhas mãos, procurando.

"Eu... eu estava apenas andando pela cidade", gaguejei, minha mente procurando uma desculpa plausível. "Precisei limpar a cabeça. Fui ao parque." As mentiras pareciam frágeis, transparentes.

Ele riu, um som áspero e sem humor. "Ao parque? Por horas? E você espera que eu acredite que você, minha esposa, estava simplesmente 'andando'?" Seus olhos se estreitaram. "Eu vi o jeito que você olhou para aquele vestido na vitrine, Flora. Eu te conheço. Você não iria simplesmente 'passar' por ele."

Ele deu mais um passo, sua voz baixando para um sussurro perigoso. "Eu pedi para você tirar a roupa. Agora." Seus olhos eram como lascas de gelo, inflexíveis. "Ou eu tenho que te obrigar?"

Meu coração batia forte, um tambor frenético contra minhas costelas. Os olhos da equipe médica, o sorriso de Célia, todos eram testemunhas da minha degradação pública. Isso era uma violação, uma afirmação brutal de sua propriedade.

Minhas mãos tremeram enquanto eu alcançava o zíper do meu vestido. Cada movimento parecia uma traição ao meu próprio corpo, à minha própria dignidade. O tecido deslizou para baixo, acumulando-se ao redor dos meus pés. Depois minha anágua, minha calcinha. Fiquei ali, nua, exposta, sob o brilho frio dos postes de luz e o olhar ainda mais frio de Heitor Almeida.

A brisa da noite, geralmente uma carícia bem-vinda, agora parecia mil pequenas facas contra minha pele. A vergonha, quente e espinhosa, queimava através de mim. Eu era um espécime, um objeto sob exame, despida de toda a humanidade. Minha pele se arrepiou.

Lágrimas, quentes e silenciosas, escorreram pelo meu rosto. Eu não me importava mais com quem visse. A humilhação era absoluta. Eu era uma coisa quebrada, de pé, nua, no meu próprio jardim da frente, minha dignidade estilhaçada em um milhão de pedaços.

Assim que o médico principal, um homem de rosto severo, se adiantou com um par de luvas, Heitor latiu: "Pare."

Todos congelaram. Até o sorriso de Célia desapareceu, substituído por um lampejo de surpresa.

Heitor me encarou, seus olhos indecifráveis. Ele caminhou em minha direção, depois pegou meu vestido do chão. Ele o colocou sobre meus ombros, seu toque inesperadamente gentil, quase hesitante.

"Vista-se", ele ordenou, sua voz ainda fria, mas sem o veneno anterior. "Todos vocês. Saiam. Agora." Ele gesticulou para a equipe médica e Célia. "E você", ele disse, seus olhos fixos em mim, "nunca mais minta para mim, Flora. Você entendeu?"

Eu assenti, minha garganta apertada. "Sim, Heitor." Minha voz era um sussurro rouco.

Ele os observou desaparecer, depois se virou e entrou na casa sem outra palavra.

Vesti-me rapidamente, minhas mãos ainda tremendo. A raiva, a vergonha, a profunda sensação de violação, tudo se misturou em um coquetel tóxico no meu estômago.

Quando voltei para a casa vazia, meu celular vibrou novamente. O grupo de WhatsApp.

Isa: Alguém viu a Flora Mendes sendo revistada por médicos na frente da casa dela? O que foi aquilo?

Sofia: Provavelmente verificando se ela pegou alguma DST depois da sua 'caminhadinha'. Sabe como é esse tipo de gente.

Bia: Ouvi dizer que ela tentou sair escondida para um emprego. O Heitor provavelmente a colocou no lugar dela kkkk.

Isa: Que mau gosto. E depois que o Heitor deu a ela mais mil reais mais cedo! Ela é tão ingrata.

Ingrata. Mil reais. Meu sangue gelou, depois ferveu. Ele tinha enviado aquele dinheiro logo depois que eu desliguei a ligação. Ele sabia, ou suspeitava. Esta era a sua maneira de me lembrar quem era o dono de mim.

Desliguei meu celular, a tela ficando preta, assim como a esperança no meu coração.

Retirei-me para o meu quarto, meu santuário de solidão. Peguei meu livro-caixa.

Ganhos atuais: R$ 2.550.000

Meta de pagamento da dívida: R$ 5.000.000

A meio caminho. O número era um farol na escuridão sufocante. Eu conseguiria. Eu tinha que conseguir.

O cansaço finalmente me venceu. Caí em um sono agitado, meus sonhos cheios de imagens fugazes de vestidos verdes e olhos frios e acusadores.

Em algum momento no meio da noite, eu me mexi. Heitor. Ele estava ao meu lado, o braço sobre minha cintura, o rosto enterrado no meu cabelo. Seu toque era possessivo, exigente, mesmo dormindo. Ele estava traçando padrões na minha pele. Sua respiração era pesada, quente contra minha orelha.

"Tiago", sussurrei, ou pensei ter sussurrado, presa na névoa de um sonho meio esquecido. Um nome que trouxe um calor fugaz ao meu peito, um nome de um tempo antes desta gaiola dourada.

Heitor enrijeceu. Seu braço apertou ao meu redor, quase dolorosamente.

"Quem é Tiago?" Sua voz era afiada, cortando a escuridão.

Meus olhos se abriram. Eu estava totalmente acordada agora, e aterrorizada. "Ninguém", menti, minha voz tremendo. "Apenas um... um sonho. Um personagem de um livro que li."

Ele se afastou, sentando-se abruptamente. Seus olhos, mesmo na penumbra, estavam frios e duros. "Um sonho? Um personagem? Você chama o nome de outro homem enquanto dorme, Flora, e espera que eu acredite que é 'ninguém'?"

Ele agarrou meu braço, seus dedos cravando na minha carne. "Não minta para mim. Quem é ele?"

"Não estou mentindo, Heitor", insisti, lágrimas brotando em meus olhos. "Foi só um sonho. Não conheço ninguém chamado Tiago."

Seu aperto se intensificou, depois ele me soltou, me empurrando de volta para a cama. "Tudo bem. Tenha seus segredos." Sua voz estava carregada de nojo. "Mas não imagine por um segundo que eu me importo, Flora."

Ele se virou, de costas para mim. Mas então, com um movimento brusco e repentino, ele me puxou para ele novamente. Seu corpo pressionado contra o meu, exigente, forte. O ato foi rápido, brutal, uma afirmação crua de poder. Fiquei ali, entorpecida, meu corpo um recipiente, minha mente a um milhão de quilômetros de distância. Minha pele parecia machucada, meu espírito estilhaçado.

Quando acabou, ele ficou parado por um momento, sua respiração pesada. Então, ele sussurrou, sua voz mal audível: "Me desculpe."

                         

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