O Cientista Oculto: A Vingança da Esposa Traída
img img O Cientista Oculto: A Vingança da Esposa Traída img Capítulo 6
6
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Capítulo 6

O grande salão de festas do Palácio Tangará brilhava com a nata dos mundos da tecnologia e farmacêutico. Lustres gotejavam cristais, refletindo em pisos de mármore polido. Uma orquestra sinfônica tocava suavemente ao fundo, um zumbido luxuoso para o murmúrio de conversas educadas. Guilherme, resplandecente em um terno sob medida, segurava meu braço com um aperto possessivo, um sorriso falso estampado em seu rosto.

Não estávamos no salão há cinco minutos quando um homem de aparência distinta, seu cabelo prateado impecavelmente penteado, se aproximou de nós. "Elisa Morton! Minha querida, há quanto tempo!" ele exclamou, seus olhos se iluminando com um calor genuíno. "Ouvi dizer que você se afastou da pesquisa direta da fundação. Uma grande perda para o campo, devo dizer. Seu trabalho sobre regeneração celular foi revolucionário."

Meu coração deu um pequeno solavanco. Dr. Arruda. Um ex-colega, alheio à minha identidade assumida de "estudante de pós-graduação". Guilherme enrijeceu ao meu lado, seu aperto se intensificando.

"Dr. Arruda", respondi, forçando um sorriso educado. "É bom vê-lo."

"Uma pesquisa tão promissora", continuou o Dr. Arruda, balançando a cabeça. "Pensar que, antes de você se afastar, estava à beira de algo verdadeiramente inovador. A mais jovem pesquisadora principal do Instituto Morton, se bem me lembro. Tanto talento, sacrificado por... bem, por seja lá o que for isso." Seu olhar percorreu Guilherme, uma pitada de desaprovação em seus olhos.

O rosto de Guilherme era uma máscara de irritação, rapidamente disfarçada. Ele pigarreou. "Elisa tem estado muito ocupada com seus próprios estudos, Dr. Arruda."

O Dr. Arruda apenas cantarolou, um brilho conhecedor em seus olhos, depois se afastou para cumprimentar outros convidados. Guilherme me lançou um olhar furioso. "O que foi tudo aquilo? Pesquisadora principal mais jovem? Instituto Morton? Que mentiras você anda contando, Elisa?"

Antes que eu pudesse responder, um silêncio caiu sobre o salão. Todos os olhos se voltaram para a grande escadaria. Keyla Neves descia, uma visão em um vestido prateado cintilante, seu cabelo perfeitamente penteado, seu sorriso deslumbrante. Ela parecia uma deusa grega, radiante e confiante. Era o vestido que Guilherme me comprara no Natal passado, aquele que eu considerara "extravagante demais". Ela parecia exatamente como eu pareceria, se não tivesse escolhido me esconder.

Minha mente voltou a um ano atrás, véspera de Natal. Guilherme me presenteara com o vestido, seus olhos brilhando de expectativa. "Isso será perfeito para nossa gala de aniversário, Elisa", ele dissera, sua voz cheia de orgulho. "Você será a mulher mais bonita lá." Eu sorri, tocada por seu gesto, e guardei o vestido com cuidado, optando por uma roupa mais simples e menos ostensiva. Agora, vendo Keyla nele, banhando-se no brilho do olhar adorador de Guilherme, a ironia era uma pílula amarga.

Guilherme, alheio à minha turbulência interna, observava Keyla descer, seus olhos brilhando com admiração aberta. Ele apertou meu braço. "Olhe para ela, Elisa. Não é magnífica? Ela realmente sabe como comandar um salão." Ele me puxou, movendo-se em direção ao palco onde um pódio e microfones estavam montados.

"A propósito", ele sussurrou, um sorriso triunfante no rosto. "Fiz alguns arranjos especiais para nosso aniversário na semana que vem. Uma surpresa, meu amor. Só para nós." Ele se inclinou mais perto. "E Keyla, sendo a mente brilhante que é, se juntará à equipe de pesquisa para implementar algumas de suas descobertas revolucionárias. Vou anunciar isso esta noite. Não é fantástico?"

"Fantástico", ecoei, minha voz plana. Meu coração parecia uma ameixa seca no peito. Ele a estava anunciando como parte da minha equipe. No meu instituto.

Guilherme não percebeu o sarcasmo. Ele apenas sorriu, olhando para mim com um tipo de orgulho possessivo que me deu arrepios. "Bom. Eu sabia que você entenderia. Ela é uma visionária, Elisa. Vocês duas se darão muito bem."

Eu não respondi. As palavras pareciam um peso físico, me pressionando. Ele esperava que eu recebesse a mulher que roubara meu marido, que me atacara, que se gabara de arruinar minha carreira, em meu santuário profissional. A audácia era verdadeiramente ilimitada.

De repente, uma dor aguda e lancinante rasgou meu baixo-ventre. Minha respiração falhou. Minha visão nadou. O salão de festas cintilante embaçou ao meu redor.

"Elisa?" A voz de Guilherme era distante, abafada.

Meus joelhos cederam. Senti-me caindo, um tombo impotente na escuridão. A última coisa que ouvi antes que o mundo ficasse preto foram os sons abafados da orquestra, os suspiros chocados da multidão e o lamento agudo de uma sirene distante.

Nesse momento, as grandes portas do salão de festas se abriram com um estrondo. Uma falange de policiais uniformizados entrou, sua presença uma perturbação imediata e chocante para o evento elegante. Todos os olhos, que estavam em minha forma encolhida, agora se voltaram para os recém-chegados.

Os policiais marcharam diretamente em direção a Keyla, que estava perto do pódio, parecendo totalmente perplexa. Seu rosto, momentos antes radiante, empalideceu dramaticamente. Ela parecia um cervo pego nos faróis.

"Keyla Neves", um dos policiais declarou, sua voz calma, mas firme. "Você está presa por fraude, roubo de propriedade intelectual e espionagem corporativa."

Keyla ofegou, seus olhos arregalados de terror. Ela instintivamente se virou para Guilherme, sua mão estendida para ele, seus lábios formando um apelo silencioso. Guilherme, por sua vez, parecia completamente atordoado, seu rosto uma mistura de choque e descrença.

Eu estava deitada no chão de mármore frio, meu corpo atormentado pela dor, minha consciência se esvaindo. Minha visão tremeluzia, embaçando nas bordas. Eu podia ver Guilherme, uma silhueta contra as luzes brilhantes, de costas para mim. Ele estava correndo em direção a Keyla, seus braços estendidos.

"Guilherme", sussurrei, minha voz um apelo cru e desesperado. Minha mão, buscando conforto, estendeu-se em sua direção. "Guilherme, por favor..."

Ele estava lá, confortando Keyla, murmurando garantias. Ele se virou, bloqueando-a dos policiais, protegendo-a com seu corpo. E então, ele deu um passo para trás, seu pé pousando diretamente em minha mão estendida. Um estalo doentio.

Um grito rasgou minha garganta, cru e agonizante. Minha mão, já latejando, agora parecia estar em chamas. A dor era insuportável, uma agonia branca e quente que consumia tudo. Tentei levantá-la, afastá-la, mas meus músculos se recusaram a obedecer. O osso estava definitivamente quebrado.

Olhei para Guilherme, suas costas ainda viradas, sua atenção totalmente em Keyla. Ele nem havia notado. Minha esperança, a última brasa frágil dela, tremeluziu e morreu. Ele realmente não se importava. Não comigo. Não conosco. Ele sempre a escolheria.

Dias depois, eu estava em uma cama de hospital, o teto branco estéril um inimigo familiar. Meu pulso estava envolto em um gesso pesado, a dor uma pontada surda que espelhava o vazio em meu coração. Um laptop zumbia na mesa de cabeceira, sua tela iluminada com dados complexos. Eu estava de volta ao trabalho, mesmo daqui. Não havia mais nada a fazer. Nada mais a sentir.

Dr. Mendes, meu antigo mentor, agora meu assistente, estava ao lado da cama, seu rosto sombrio. "Elisa, temos um problema. Os dados... foram adulterados. Maliciosamente. Levará semanas, talvez meses, para desembaraçar tudo." Sua voz era baixa, cheia de preocupação. "E Guilherme... sua condição está progredindo mais rápido do que prevíamos. Sem a terapia genética corrigida, ele não terá muito tempo."

Nesse momento, a porta do meu quarto se abriu com um estrondo. Guilherme entrou furioso, seu rosto uma nuvem de fúria. Ele arrancou o laptop da minha cama, fazendo-o cair no chão. Papéis voaram por toda parte, um pousando diretamente no meu rosto.

"Assine isso!" ele rugiu, me entregando um documento. "E grave um vídeo, agora mesmo! Denunciando a Keyla, assumindo toda a culpa, limpando o nome dela!"

Olhei para o documento, depois para ele. Meu olhar estava calmo, inabalável. "Estou me divorciando de você, Guilherme", eu disse, minha voz baixa, surpreendentemente firme.

Ele me encarou, depois riu, um som áspero e sem alegria. "Divórcio? Você acha que pode simplesmente ir embora? Você acha que vai conseguir um centavo de mim? Você vai assinar isso, ou vai se arrepender." Ele apontou para o documento. "Assine, Elisa. Ou eu me certificarei de que você saia daqui sem nada. Nem mesmo sua preciosa reputação."

"Não", respondi, minha voz firme.

Ele zombou. "Ainda se fazendo de mártir? Tudo bem. Então me diga, Elisa. Você é tão inteligente, tão justa. Por que o nome da Keyla está ligado a todas essas acusações? Por que há um mandado de prisão para ela? O que você fez?"

"Pergunte à Keyla", eu disse, minha voz assustadoramente calma. "Pergunte a ela sobre os dados que ela alterou. Os dados para a sua cura. Os dados que podem te matar."

Seu rosto empalideceu. "Do que você está falando?"

"A terapia genética, Guilherme", continuei, minha voz ganhando força. "Aquela que deveria salvar sua vida. Foi comprometida. E você, em sua infinita sabedoria, autorizou o uso dos dados corrompidos dela."

Seus olhos se arregalaram em choque, depois se estreitaram em um olhar furioso. "Você está me ameaçando, Elisa? Você está brincando com a minha vida?"

"Estou apenas afirmando um fato", eu disse, encontrando seu olhar. "Um fato que você escolheu ignorar, porque estava muito ocupado adorando uma mentira."

Ele olhou para mim, seus olhos cheios de um nojo visceral. "Você é um monstro, Elisa. Um monstro frio e calculista." Ele se virou para sair, seus passos pesados.

"Guilherme", chamei, minha voz o parando na porta. "Você se lembra da noite do incêndio? No laboratório? Quando você pensou que tinha resgatado a Keyla?"

Ele parou, de costas para mim. Um lampejo de algo, uma sombra de emoção, cruzou seus ombros rígidos.

"Você me disse que não poderia viver sem mim", sussurrei, as palavras pesadas de memória, de dor. "Você disse que eu era diferente. Especial."

Ele ficou ali por um longo momento, imóvel. Então, um tremor percorreu seu corpo. Ele se virou, seus olhos frios, seus lábios curvados em um escárnio desdenhoso. "Sabe, Elisa", ele disse, sua voz escorrendo veneno. "Você não é nada como a Keyla. Ela é brilhante, apaixonada e real. Você é apenas... uma imitação pálida. Uma substituta pobre."

Ele bateu a porta, o som ecoando pelo quarto.

Por volta da meia-noite, um estrondo de vidro quebrado estilhaçou o silêncio inquieto. Acordei de um salto, meu coração saltando para a garganta. Gritos e xingamentos raivosos irromperam do lado de fora do meu quarto, seguidos pelo som de passos pesados. Minha mão voou para a mesa de cabeceira, tateando por meu novo celular.

A tela se iluminou, exibindo uma enxurrada de notificações. Tópicos em alta. Meus olhos percorreram as manchetes e meu sangue gelou. Um vídeo. Guilherme.

Ele estava ao lado de Keyla, seu braço protetoramente ao redor dela, seu rosto uma máscara de preocupação solene. "Quero esclarecer as coisas", ele disse, sua voz suave e controlada, irradiando sinceridade. "Keyla é inocente. Esses ataques cruéis são infundados. São obra de uma ex-esposa ressentida, Elisa Morton, que tem sabotado intencionalmente minha empresa e minha reputação."

Minha respiração falhou. Ele estava distorcendo tudo. Mentindo descaradamente.

"Ela me gravou, sim", ele continuou, olhando diretamente para a câmera, seus olhos cheios de falso arrependimento. "Mas foi uma gravação manipulada. Editada para pintar Keyla sob uma luz falsa. Elisa está obcecada por mim, incapaz de aceitar nossa separação. Ela até inventou uma gravidez para tentar me prender."

Minha visão embaçou. Inventou uma gravidez? Ele estava negando nosso filho. O filho que eu havia perdido.

"Nosso casamento", ele concluiu, sua voz pesada de falsa tristeza, "foi um erro. Um engano calculado da parte dela. Ela me perseguiu, me manipulou, e agora que as coisas não estão indo do jeito dela, ela está atacando. Estou pedindo a anulação, citando fraude e sofrimento emocional. Garanto a vocês que estou fazendo tudo ao meu alcance para proteger minha inocente nova esposa, Keyla, e minha empresa desta... mulher venenosa."

A tela mostrava comentários chegando, uma enxurrada de vitríolo. Meu nome estava sendo arrastado pela lama, minha própria existência reduzida a uma série de mentiras maliciosas. Meu coração, já estilhaçado, parecia estar sendo despedaçado. A dor era física, tangível.

A porta do meu quarto se estilhaçou, arrombada com força bruta. Dois homens grandes de terno escuro invadiram, seus rostos sombrios. Eles agarraram meus braços, me arrastando da cama, ignorando meus gritos de dor. Fui jogada no corredor, meu corpo batendo no chão frio com um baque doentio.

Keyla estava no final do corredor, um sorriso triunfante em seus lábios. Seus olhos brilhavam com alegria maliciosa enquanto ela os observava me arrastarem.

"Sabe, Elisa", ela ronronou, sua voz doce e venenosa. "Guilherme só se casou com você porque você se parecia muito comigo. Você era apenas um tapa-buraco. E agora, você não é nem isso." Ela gesticulou para os homens. "Certifiquem-se de que ela nunca mais se pareça comigo. Livrem-se de tudo que a fazia se parecer comigo. Especialmente aquele cabelo. E aqueles olhos. Façam com que esqueçam o rosto dela."

Meu corpo foi jogado contra a parede, minha cabeça forçada para trás. Pude sentir o brilho frio do metal contra meu couro cabeludo, o puxão agudo de dor enquanto meu cabelo era rudemente cortado. Meus ouvidos zumbiam com o som de risadas. Eu não gritei. Eu não chorei. Meus olhos, abertos e sem piscar, encaravam o abismo. Sangue escorria pelo meu rosto, mas eu não sentia nada. Apenas um vazio vasto e ecoante.

Mais tarde, consegui me arrastar de volta para o meu quarto, meu corpo dolorido, meu espírito quebrado. Meu reflexo devastado me encarava no espelho quebrado. Peguei meu celular, meus dedos tremendo enquanto discava o número de Guilherme.

"Guilherme", eu disse, minha voz um sussurro oco. "Vou fazer um pequeno evento no instituto na próxima semana. Uma apresentação final para a equipe de pesquisa. Pensei que você talvez quisesse comparecer. Pelos velhos tempos."

Houve uma longa pausa. "Um evento?" ele zombou, sua voz desdenhosa. "Que tipo de evento você poderia estar organizando?"

"Um científico", respondi, minha voz desprovida de emoção. "Diz respeito à sua cura. E ao seu futuro."

Outra pausa. "Tudo bem", ele finalmente disse, uma pitada de curiosidade em seu tom. "Estarei lá. Mas não pense que isso muda alguma coisa, Elisa. Não pense que ainda pode me manipular."

Desliguei, um sorriso arrepiante tocando meus lábios arruinados. Ele estaria lá. E ele finalmente veria.

            
            

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