Ele parou, a mão pairando no ar, trêmula. Ele fechou os olhos, respirando fundo e de forma irregular. Quando os abriu, a fúria crua foi substituída por uma calma arrepiante.
"Não vou discutir com você, Helena", disse ele, sua voz baixa e ameaçadora. "Você vai até Larissa e vai se desculpar. Você vai implorar pelo perdão dela."
Meus olhos se arregalaram de horror. "Pedir desculpas? Implorar? Pelo quê?"
Seu aperto em meu braço se intensificou, seus dedos cravando em minha carne. "Por ameaçá-la. Por perturbá-la. Por fazê-la ficar doente." Seus olhos eram como lascas de gelo. "Você vai se ajoelhar, Helena. Você vai implorar para que ela fique. Por tudo que ela sacrificou. Pela mãe dela."
Minha respiração falhou. Minha garganta se contraiu, um gosto amargo e metálico enchendo minha boca. Minha visão embaçou. Isso não era apenas humilhação. Era a aniquilação da minha alma. Rastejar diante da mulher que havia roubado minha vida, minha identidade, o coração do meu marido.
"Não", murmurei, minha voz mal um sussurro. "Nunca. Prefiro morrer."
Ele agarrou meus ombros, me sacudindo violentamente. "Você vai, Helena! Você vai! A mãe dela morreu salvando minha família, me salvando! Ela merece isso, e você vai dar a ela!"
"Você quer recompensá-la?", cuspi, minha voz rouca. "Então vá fazer isso você mesmo, Arthur! Não me arraste para o seu senso distorcido de obrigação! Estamos divorciados, lembra?" Afastei-me dele, meu coração uma pedra fria e dura.
Ele me encarou, depois suspirou, um som cansado e exasperado. "Não seja infantil, Helena. Isso não é um jogo. Você só está dizendo isso porque está com raiva." Ele ainda acreditava que eu o amava. Ele ainda acreditava que eu estava apenas fazendo birra. Ele acreditava que meu amor por ele era uma força intransponível, mais forte do que qualquer dor que ele pudesse infligir.
Corri para a mesa de cabeceira, procurando os papéis do divórcio. Minha raiva, minha dor, alimentavam meus movimentos. Eu tinha que provar a ele. Tinha que fazê-lo ver.
Ele agarrou meu braço novamente, seu aperto de ferro. "Onde você pensa que vai?", ele rosnou. "Você não vai sair desta casa." Ele olhou para mim, um brilho cruel em seus olhos. "Se você sequer pisar fora daquela porta, vou garantir que cada membro da sua amada 'equipe' seja colocado na lista negra desta indústria. Para sempre. As carreiras deles estarão acabadas."
Meu sangue gelou. Minha equipe. A única coisa que me restava. Ele conhecia minha fraqueza. Ele a usaria. Afundei de volta na cama, derrotada.
"Não vou me desculpar", sussurrei, minha voz mal audível.
Ele sorriu de canto, um sorriso cruel e triunfante. "Tudo bem. Você tem três dias para pensar sobre isso. Três dias para decidir se seu orgulho vale a vida profissional deles." Ele se virou para a porta. "Guardas! Levem-na para o quarto de isolamento. Sem comida, sem água, sem luz."
Meus olhos se arregalaram de horror. O quarto de isolamento. Um bunker frio e úmido no porão, usado por seus ancestrais para punir servos rebeldes. Eu o vira uma vez, brevemente, e a memória ainda me causava arrepios.
"Arthur! Não!", gritei, avançando para ele. Mas era tarde demais. Dois guardas corpulentos me agarraram, suas mãos como faixas de aço. Eles me arrastaram, chutando e gritando, pela escadaria sinuosa, passando pelos funcionários chocados da casa, para o silêncio escuro e opressivo do porão.
A porta bateu, me mergulhando na escuridão absoluta. O ar era denso com o cheiro de terra úmida e medo velho. Um terror primitivo me dominou. Eu odiava o escuro. Desde criança, o medo do escuro me assombrava. Arthur sabia disso. Ele costumava me abraçar, sussurrando promessas de que sempre estaria lá, que nunca deixaria a escuridão me tocar.
E agora, ele mesmo me jogou nela. A traição foi absoluta.
Gritei, um som cru e animalesco, até minha voz falhar. Então, encolhi-me em uma bola, tremendo, soluçando, meu corpo sacudido por tremores. Ele havia feito isso comigo. O homem que prometera me proteger.
Três dias depois, a porta rangeu ao se abrir. Uma fresta de luz ofuscante. Meus olhos, desacostumados a qualquer iluminação, arderam. Fui arrastada para fora, meus membros dormentes, meu corpo fraco e trêmulo, como uma boneca quebrada. Eles me jogaram aos pés de Larissa.
Arthur estava lá, as sobrancelhas franzidas. Ele olhou para mim, depois para Larissa. "O que aconteceu com ela?", ele perguntou, com a voz áspera. "Por que ela está tão fraca?"
Larissa desviou o olhar, um leve sorriso de canto brincando em seus lábios. "Eu não sei, Arthur. Ela só está sendo dramática. Tentando ganhar simpatia."
Os olhos de Arthur, um brilho de preocupação em suas profundezas, endureceram novamente. Ele se virou para mim, sua voz fria. "Peça desculpas, Helena. Agora."
Tentei falar, mas minha garganta estava em carne viva, minha voz um coaxar. Eu não conseguia formar as palavras. Eu não faria isso. Meus olhos, desafiadores, encontraram os dele.
Larissa, vendo minha recusa, sorriu docemente. "Arthur, querido, por que você não nos deixa? Helena e eu precisamos ter uma conversinha. De mulher para mulher."
Arthur hesitou, depois assentiu, uma expressão complexa em seu rosto. Ele olhou para mim uma última vez, um brilho de algo indecifrável em seus olhos escuros, antes de se virar e sair da sala.
No momento em que a porta se fechou, a fachada doce de Larissa desmoronou. Seus olhos, cheios de um ódio venenoso, se estreitaram. Ela agarrou meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, seu rosto a centímetros do meu.
"Sua vadia!", ela sibilou, sua voz pingando malícia. "Você acha que pode simplesmente chegar e roubar tudo de mim? O meu Arthur? A minha vida? Eu te odeio! Sempre odiei!" Seus dedos se fecharam em volta da minha garganta, apertando. "Ele era meu! Antes de você! Ele sempre me amou! Ele só estava com você porque você era conveniente! Uma distração! Não se atreva a pensar por um segundo que ele realmente se importou com você!"
Minha visão embaçou. Ar. Eu precisava de ar. Minhas mãos arranharam as dela, mas eu estava fraca demais.
De repente, um barulho alto. A janela se estilhaçou, vidro caindo como chuva. Figuras com máscaras pretas invadiram a sala.
Arthur! Ouvi seu grito, sua presença. Mas a sala já estava vazia.