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A Apatia Dele, A Aurora da Liberdade Dela
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Capítulo 8

Ponto de Vista: Helena

Arfei, meus olhos se abrindo bruscamente. Minha cabeça latejava. Eu estava pendurada no ar, cordas cortando meus pulsos e tornozelos. Abaixo de mim, uma altura vertiginosa. Ao meu lado, balançando precariamente, estava Larissa. Seus olhos estavam arregalados de terror, seu rosto manchado de lágrimas.

Figuras mascaradas estavam abaixo, suas vozes abafadas. Uma voz familiar, tingida com um tom frio e calculista, cortou o barulho. "Arthur Montenegro! Sua escolha. Ela", a voz me indicou, "ou ela", apontando para Larissa. "Apenas uma sai daqui viva."

Meu coração batia forte. Era isso. O ato final. Ele escolheria Larissa. Ele sempre escolhia Larissa.

Mas a voz de Arthur, calma e uniforme, me surpreendeu. "Você não está em posição de fazer exigências." Ele nem mesmo reconheceu a escolha. "Soltem-nas agora, ou vocês se arrependerão."

Uma agitação de movimento abaixo. Os homens de Arthur, rápidos e brutais, cercaram as figuras mascaradas. Tiros. Gritos. Acabou quase tão rápido quanto começou.

Arthur estava abaixo de nós, seu olhar varrendo a cena. Seus olhos, por um momento fugaz, pousaram em mim. Então, eles dispararam para Larissa. Uma hesitação fracionária. Uma escolha, já feita.

Ele apontou para Larissa. "Desçam ela primeiro!"

Meu estômago se contraiu. Eu sabia. Até o fim, era ela. Sempre ela.

Enquanto Larissa era baixada, uma das figuras mascaradas, agora subjugada, soltou: "Ela nos contratou! A que ainda está pendurada! Ela nos pagou para sequestrar a Larissa e incriminar você!"

Meu sangue gelou. A audácia pura. A crueldade calculada. Eu tinha acabado de ser libertada de seu quarto de isolamento, meio faminta, meio louca. Como eu poderia ter arranjado isso? A ironia era tão amarga que quase me fez rir.

Mas Arthur acreditou. Eu vi em seus olhos. Um flash de certeza arrepiante. Ele nem mesmo questionou. Apenas aceitou, prontamente.

Ele pegou Larissa enquanto ela era baixada, embalando-a em seus braços. Ele olhou para mim, seus olhos cheios de um nojo frio e duro. "Você é realmente um monstro, Helena. Como pôde?"

Larissa, aninhada em seus braços, encontrou meu olhar. Um sorriso minúsculo, quase imperceptível. Um brilho de triunfo. Ela deu ao homem mascarado subjugado um aceno quase imperceptível.

As cordas que me seguravam foram subitamente cortadas. Caí, batendo no chão com um baque doentio. A dor, lancinante e intensa, percorreu meu corpo. Antes que eu pudesse registrar a agonia, uma enxurrada de chutes e socos choveu sobre mim. As figuras mascaradas, ainda enfurecidas por sua captura, descontaram suas frustrações em mim.

Encolhi-me em uma bola, os braços em volta da cabeça, tentando me proteger dos golpes. Eu não conseguia gritar. Não conseguia me mover. Tudo o que eu podia sentir era o peso esmagador de seu ódio, e o olhar silencioso e condenatório de Arthur.

Eu o odeio. Eu o odeio por tudo. O pensamento, cru e primitivo, ecoou em minha mente. Arrependo-me de cada segundo que perdi te amando. Acabou entre nós.

Pensei que ia morrer. Era isso. O fim de Helena Sampaio.

Então, uma fresta do amanhecer rompeu pela janela quebrada, pintando a sala suja com uma luz frágil e etérea. Eu estava viva. Ainda viva.

Meu telefone, milagrosamente ainda no meu bolso, vibrou. Uma notificação. Sua certidão de divórcio está pronta para retirada.

Uma resolução fria e determinada se instalou em mim. Eu não estava morta. E eu estava livre. Livre de Arthur, livre de Larissa, livre desta vida tóxica e sufocante.

Arrastei-me para um avião, deixando tudo para trás. São Paulo, Arthur, os Sampaio, os Montenegro – tudo era uma memória amarga. Meu destino: Lisboa. Uma nova vida. Um novo começo.

Meu telefone tocou. Arthur. Sua voz, tensa e irritada, perfurou minha paz frágil.

"Helena! Que diabos você está fazendo agora? Fugindo? Você está tentando piorar as coisas para a Larissa?"

Fechei os olhos. "O que você quer, Arthur?"

"Larissa te perdoou", disse ele, como se estivesse concedendo uma grande honra. "Ela está disposta a deixar o passado para trás. Ela até quer que você venha à cerimônia de inauguração do novo estúdio dela. Para mostrar solidariedade."

Uma risada histérica borbulhou na minha garganta. Solidariedade? Depois que ela roubou minha empresa, me trancou e me incriminou por sequestro?

"Você quer que eu vá à inauguração dela, Arthur?", perguntei, minha voz tremendo de raiva contida. "Você enlouqueceu? Ou está apenas tentando me humilhar ainda mais?"

Ele suspirou, um som longo e exasperado. "Helena, não seja dramática. É para o melhor. Mostra união. Você não gostaria de causar mais problemas, gostaria?"

"Por quê? Você tem medo que eu a exponha?", desafiei, um sorriso amargo nos lábios. "Você tem medo que eu conte ao mundo que vadia manipuladora e ardilosa ela realmente é?"

Um momento de silêncio. Então, sua voz, mais suave agora, quase suplicante. "Helena, apenas... fique em casa. Descanse. Não faça nada precipitado."

De repente, a voz do locutor do aeroporto ecoou pelo interfone. "Voo BA286 para Lisboa, embarque imediato no portão E3."

"Onde você está?", Arthur exigiu, sua voz afiada de alarme. "O que foi isso?"

"Apenas dando uma volta, Arthur", eu disse, minha voz leve, arejada. "Uma volta muito, muito longa."

Uma onda de pânico, crua e imediata, passou por ele. Helena? É você mesmo?

"Encontrem-na!", ele latiu para o telefone, sua voz tensa de desespero. "Encontrem-na agora! Antes que ela faça alguma besteira!"

Mas suas palavras foram interrompidas por um rugido súbito e caótico. Meu voo estava embarcando. Desliguei meu telefone.

De volta a São Paulo, a cena na cerimônia de inauguração de Larissa era um caos. Manifestantes. Dezenas deles, cantando, segurando cartazes. "LADRA!", "PLAGIADORA!", "MARIONETE DO MONTENEGRO!". As palavras ecoavam, altas e claras.

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