Capítulo 7 Vendendo seu corpo

Isabella não podia acreditar quando viu Nina sã e salva sentada bem em frente a ela.

"Você deveria comer mais", ela sugeriu com um meio sorriso.

A outra observava atentamente a sua expressão facial, graças à sua formação em Psicologia, era capaz de entender as pessoas através dos seus gestos.

Então Nina abaixou a colher, tirou o perfume de Feromonas de sua bolsa e o colocou bem em frente a ela, a garota por sua vez sentiu o coração congelar-se. "O que é isso, Nina? Por que você trouxe o perfume que eu dei pra você?"

'Será que ela percebeu alguma coisa?', a garota se perguntou.

'Tem a boca ligeiramente aberta. Ela está surpresa, porém mais que tudo assustada.'

Depois de fazer essa análise mentalmente, Nina olhou para a amiga em silêncio e sorriu. "Isabella, você sabe do tamanho do perigo que este perfume pode me colocar?"

Suas palavras eram mais uma advertência que uma pergunta, deixando a culpada se encolher no banco.

Aquela era sua reação inconsciente sempre que estava em apuros e queria escapar.

"Do que você está falando? Não entendo." A garota tinha medo de olhar Nina nos olhos e ser descoberta, assim que, tomou um gole de água para disfarçar o quanto estava nervosa.

"Você sabia que quando alguém está mentindo, a garganta seca?", disse Nina para que a garota fosse consciente de que ela sabia que ela estava mentindo.

Um pouco incomodada com o comentário, Isabella disse: "Você não tinha dito que não aplicaria os seus conhecimentos de psicologia com os seus amigos?"

Toda a sua expressão indicava que ela estava claramente com raiva.

As pessoas que eram descobertas nas suas mentiras frequentemente transformavam a vergonha em raiva.

Se ficassem com raiva, na maioria das vezes estavam mentindo.

"Por que você está mentindo? Você sabe o quanto eu odeio ser traída."

"Nina, deixe-me explicar. Eu somente pensei que se tratava de um perfume com um cheiro bom e dei pra você. Por que iria querer machucar você? Somos boas amigas", disse chorando.

Ela conhecia bem Nina, que sempre foi muito arrogante porque sabia o quanto bonita era. Por causa disso, poucas garotas gostavam dela.

Isabella sabia que ela era a única amiga de Nina e que Nina não faria nada com ela, porque não podia se dar ao luxo de perdê-la.

Além disso, não tinha nenhuma prova que ela tivesse tido algo a ver com o que tinha acontecido naquela sexta-feira à noite.

Ao pensar em tudo aquilo, Isabella sentiu-se mais aliviada, secando as lágrimas e explicou: "Pense bem. Se eu tivesse feito de propósito, por que entregaria o frasco de perfume pra você? Seria como confessar a minha culpa. Pode acreditar em mim, eu nunca faria isso com a minha amiga."

A verdade era que tinha um pouco de lógica no que ela tinha acabado de dizer.

Ou seja, se Isabella queria ser discreta, deveria ter destruído a prova.

Considerando essa hipótese, a expressão de Nina suavizou. Afinal de contas, eram boas amigas e ela não podia ficar com raiva dela.

"Bom, no final das contas eu estou bem." Como ela decidiu dar por encerrado o assunto, Isabella sentiu que poderia respirar aliviada.

Ao mesmo tempo, ela estava furiosa porque não tinha acontecido nada com a amiga. Seu plano tinha falhado.

Em consequência, teria que preparar um plano infalível para destruí-la no futuro.

Elas continuaram conversando entre risadas logo e depois, se separaram e cada uma seguiu para sua classe.

Assim que se viu sozinha, Isabella trocou o sorriso por uma feição furiosa. E poucos minutos depois, explodiu em gargalhadas, ao se dar conta que ela tinha acabado de se livrar usando um dos seus truques.

Nina mal tinha acabado de sentar-se na sala de aula, recebeu uma notificação no seu celular que avisava que tinham transferido dez mil dólares para a sua conta bancária.

Antes de entender do que se tratava, ela recebeu uma chamada da amiga.

"Más notícias! Confira o fórum de alunos agora mesmo. Tem alguma coisa errada."

Ao fazê-lo, ela viu a última publicação, que na verdade, era bem difícil de ignorá-la.

"Surpreendente! Nina Lu, a rainha do nosso campus, vende o corpo!"

Tinham duas fotos que acompanhavam o texto, numa delas se podia ver Nina saindo desarrumada do Four Seasons Garden Hotel, e na outra, um comprovante de depósito de dez mil dólares na sua conta bancária.

O que estava acontecendo?

A publicação tinha sido compartilhada dez mil vezes em apenas alguns minutos, diante disso era óbvio que a maioria dos seus colegas de classe já a tinha visto. Quase todos reagiram com repugnância. Muitas garotas a insultavam, enquanto alguns garotos assobiavam para ela de forma grosseira.

Como ela sempre fora uma jovem arrogante, poucas pessoas se atreveram a cruzar o seu caminho. Já os homens do campus a viram como uma espécie de deusa e boa parte deles sequer falara com ela, pois eles se sentiram intimidados. Porém, naquele momento eles não somente assobiavam, como flertavam com ela sem nenhum pudor.

Com sarcasmo, uma garota comentou: "Não precisa fingir tanta arrogância porque agora sabemos que você vende o seu corpo. É inútil continuar fingindo que você é inocente."

"Isso é um problema meu. Não preciso do julgamento de vocês", Nina respondeu olhando para ela com indiferença, fazendo com que ela ficasse em silêncio imediatamente.

Ignorando os olhares surpresos e comentários ao seu redor, Nina se manteve firme e tirou o notebook da bolsa.

Ela abriu o site e viu vários comentários depravados.

"Veja, a vadia finge ser pura e inocente." Eram principalmente de garotas que a desprezavam, uma vez que Nina esteve em boa posição durante muito tempo e agora, elas finalmente tinham a oportunidade de humilhá-la.

"Só dez mil por uma noite? Venha comigo e pago dez mil e um centavo", comentou um garoto. Todos deixaram de ser amáveis e bondosos, e era evidente que não tinham o menor remorso em insultá-la.

"Olá, sou estudante do curso de Ciência da Computação. Você quer que eu consiga o endereço do IP do computador que saiu essa publicação?" Esse comentário também passou a ser muito popular, porque muitos insultavam a pessoa que o escreveu.

Ao ler aquele comentário da pessoa identificada como "MiMiMichelle", Nina sorriu e respondeu: "Obrigada, porém sei como conseguir por minha conta."

Com essa atitude, Nina começou a buscar o IP sem deixar de aparentar tranquilidade e sorrir.

"Pronto." Bastou um segundo e ela tinha o endereço do IP da pessoa que tinha publicado aquela mensagem, mostrando que ela estava na escola.

Assim como todos os detalhes.

'Isabella? Foi ela quem publicou isso!'

Agora Nina entendia tudo.

A sua suposta amiga tinha espalhado o perfume nela de propósito, o que a levaria perder a virgindade com qualquer homem que estivesse próximo.

'Ela também tinha tirado as duas fotos?'

Relutante em aceitá-lo, ela revisou novamente com atenção todas as evidências, incluindo o modelo de celular do autor da publicação, e não tinha jeito, tudo indicava que tinha sido a sua amiga.

'Por que ela tinha feito isso?

Qual era o seu objetivo?

Será que ela me odeia por causa da minha aparência?'

Por um momento, Nina sentiu como se tudo fosse uma mentira.

De repente, ela escutou uma voz suave e tranquilizante.

"Você está triste?"

Ao virar-se, se deparou com um garoto vestindo um uniforme de branco de basquete e de cabelo curto castanho, que tinha as roupas empapadas de suor.

Ele estava claramente cansado por ter jogado e mesmo assim, parecia bem.

Albert Song sentou-se ao lado dela, baixou a cabeça e disse: "Eu já vi."

Nina ficou transtornada, não por causa dos comentários ou da publicação, mas pelo fato de sua amiga estar por trás daquilo.

"O que aconteceu? Você está triste por causa disso?" Ele sabia muito bem que Nina não dava a mínima importância para o que as pessoas falavam. Pelo contrário, se fosse assim, já a teriam destruído com os rumores dos últimos anos.

"Sim", ela respondeu enquanto fechava o notebook e se recostava na cadeira. Com um tom derrotado, Nina acrescentou: "Foi uma amiga que fez isso."

'Uma amiga?', ele se perguntou, franzindo a testa.