Capítulo 9 Ela é sua esposa

O rosto de Isabella estava tão inchado que era quase impossível reconhecê-la.

"Você está bem?", Nina, fingindo-se preocupada, perguntou enquanto a segurava pelo braço. Ela usava a manga da sua própria roupa para enxugar o seu rosto molhado de água suja e que exalava um cheiro horrível.

"Como você pode perguntar isso? Vou chamar a polícia. Vou pegar um por um! E vou matar todos eles!", abalada, Isabella gritou, rangendo os dentes e tremendo de raiva.

Ao ouvir o que ela tinha acabado de falar, Nina pegou o celular da mão dela e na tentativa de convencê-la, disse baixinho: "Você não pode chamar a polícia num momento como este. E se alguém espalhar que uma senhorita como você foi espancada por vários gigolôs? Receio que o único que isso acarretaria seria um grande escândalo e uma vergonha para sua família."

"Então você quer que eu aceite o que aconteceu e os deixe impunes?", exclamou a garota, sacudindo os pés de irritação. "Estou com dor em cada centímetro do meu corpo. Provavelmente, até meu rosto deve estar inchado e sangrando." Nunca na vida daquela garota a tinham tratado daquela maneira, uma vez que desde da infância todos a tinham sempre mimado. O único que ela queria fazer naquele momento era chorar.

O pior era que ela sequer poderia fazer a denúncia, porque se aquilo viesse à tona, o que ela faria para suportar a vergonha?

Naquele momento, não tinha mais nada que ela pudesse fazer a não ser olhar para o final do beco com o ódio que brotava dos seus olhos. O que fazia com que a situação fosse deprimente, era o fato de que ela não podia fazer mais nada além de olhar em silêncio.

"Ai, de verdade, estou sentindo muita dor. Já não aguento mais, vou ao hospital."

"Tudo bem, vamos, eu levo você", Nina ofereceu para acompanhá-la e servia de apoio para caminhar até o cruzamento e parar um táxi. Quando estavam prestes a pegar um táxi, Nina escutou um assobio seco e olhou a sua volta com indiferença.

'O quê? É ele de novo? O que está fazendo aqui?', se perguntou.

Um táxi parou bem em frente a elas e sem pensar por nem um segundo, ela empurrou Isabella para dentro do carro. Quando estava para entrar no carro, Nina pensou em algo.

'Bem, já que ele está aqui, preciso falar com ele.'

"Isabella, não posso ir com você agora, tenho uma coisa pra fazer. Por favor, a deixe no hospital central", disse ao motorista e em seguida, fechou a porta do carro.

Lembrando-se do seu acordo, Nina sorriu de orelha a orelha.

"Olá, Senhor Velho", ela o cumprimentou com um doce sorriso no rosto.

Durante aquele tempo todo, John tinha estado observando ela não muito longe. Ela mal tinha terminado de falar e ele respondeu: "Esta é a primeira vez que nos encontramos desde que fizemos o nosso trato."

"Isso mesmo", ela respondeu com entusiasmo, mas por quê?

Ele tinha uma atitude muito estranha.

"Bem, Senhor Velho. Voltaremos a nos encontrar em breve. Tchau!" Ela tinha que ir ao hospital cuidar de Isabella, pois afinal de contas, tinha que seguir fingindo até o final que estava preocupada com a amiga.

O mais importante de tudo era que ela queria descobrir qual era o motivo que tinha levado aquela garota a traí-la.

"O quê?", o homem respondeu irritado. "Você está pensando em ir embora agora?"

Ela saiu tão rapidamente que nem ouviu suas últimas palavras.

Henry balançou a cabeça em confirmação: "Sim, ela já foi."

O seu chefe olhava com tristeza na direção na qual a jovem tinha desaparecido, imerso em seus pensamentos maliciosos.

A verdade era que ele tinha ido ali de propósito para que eles pudessem se encontrar.

No entanto, ela o tinha deixado sem nem pensar duas vezes, dizendo somente "Olá", e isso o deixou enfurecido.

"Pare agora mesmo!", ele gritou com o rosto frio e autoritário para a garota que ainda não tinha ido muito longe. A sua voz agressiva fez com que o seu assistente tremesse de medo e que por sua vez, Nina se congelasse imediatamente.

Por que aquele homem sempre gostava de dar ordens a ela?

'Provavelmente cresceu com os pais sendo muito severos com ele', disse a si mesma.

Ela não era estúpida e não tinha nenhuma intenção de falar com ele mais do que o necessário, por isso seguiu em fuga, quando de repente escutou novamente a sua voz ameaçadora bem atrás dela: "Você vai se arrepender disso!"

Se arrepender? Definitivamente aquela palavra não fazia parte do dicionário dela.

Ela não tinha se arrependido nem mesmo quando fugiu de casa sabendo que a consequência poderia ser terminar presa num quarto pequeno e escuro, estar isolada de tudo e sem a menor chance de fugir.

O carro acelerou para alcançá-la e diminuiu a velocidade ao passar por ela. O homem bonito e diabólico sorriu maliciosamente enquanto estendia a mão para fora da janela do carro com o celular na mão, girando a tela para que ela pudesse ver.

Então ele acenou como um vencedor, com o intuito de provocá-la ou de dar uma espécie de advertência.

A garota estreitou os olhos e viu que se tratava de um vídeo.

Embora o carro estivesse em movimento, ela podia ver claramente que a pessoa naquele vídeo era ela, o que a fez congelar da cabeça aos pés, ela sentiu um calafrio de repente.

'Por que ele gosta tanto de fazer vídeos? Por acaso era seu hobby?'

Sentindo-se indignada, zangada e arrependida, Nina cerrou os punhos e os lançou no ar.

Quando finalmente estava calma, o Maybach já tinha desaparecido da sua vista.

Dentro do carro, John assistia ao que tinha gravado. No vídeo, ela aparecia escondida num canto assistindo calmamente à surra que aqueles homens estavam dando numa garota. Ao ver o vídeo com muita atenção, John se perguntou: "Quem era aquela garota que eles estavam batendo?"

"Ah, aquela é Isabella Zhang", Henry respondeu. Felizmente, ele se preparava muito a cada dia e tinha anotado o nome de todas as pessoas importantes e influentes de Cidade de Lexingport.

"A família Zhang tinha se desenvolvido bem de forma progressiva nos últimos anos. E como acabei de voltar, devo mostrar a minha consideração com um lindo presente."

'Nina, este presente é especialmente para você por sempre ser tão desobediente e teimosa. Além disso, você fica bem engraçada quando está com raiva', refletiu o CEO.

"Um presente?" Confuso, o assistente deu uma breve olhada pelo retrovisor e viu John que não tirava os olhos do celular com uma expressão maliciosa.

Isso o deixou surpreso considerando o que o seu chefe provavelmente tinha gravado.

'Qual seria o seu plano?', incrédulo, o assistente se perguntou.

"Faça uma cópia deste vídeo e envie para a família Zhang." 'Eu disse a Nina que ela ia se arrepender', pensou John.

"Senhor John, tem certeza?" Desconcertado, o rapaz gritava por dentro: 'Pense melhor! Ela é sua esposa! Você deveria ser bom para ela ao invés de traí-la.'

Naquele momento, o assistente estava num grande dilema, porque tinha muita vontade de revelar para ele a identidade de Nina. Porém era certo que o seu chefe ficaria irritado se soubesse a verdade, uma vez que odiava as mentiras. Embora pensando bem, o seu casamento não poderia ser considerado um casamento de verdade. Por sua vez, John estava pensando que Nina era uma garota interessante. Porém era bem verdade que se soubesse que tinha sido com ela que tinha se casado em segredo, definitivamente iria querer se divorciar dela.

'Maldição! O que devo fazer agora para consertar a situação?', pensou o assistente.

"O quê?" O homem levantou a cabeça irritado e olhou para Henry com um olhar frio e penetrante.

Na mesma hora, Henry calou-se sentindo-se impotente, pois o único que poderia fazer naquela situação era pensar em silêncio. 'Senhor John, temo que no final se arrependerá do que quer fazer.'

No hospital central, a família de Isabella correu para cuidar dela assim que souberam que ela estava lá.

Uma vez que Nina viu que ela estava sendo bem cuidada e que o seu teatro não se fazia necessário, ela decidiu ir embora para cuidar de outras coisas.

Sua prioridade agora era o fórum do campus.

Pouco depois que os pais de Isabella tranquilizaram a filha, sua mãe, Amelia, recebeu uma ligação de seu assistente.

"Senhora Amelia, aconteceu uma coisa ruim. Alguém publicou no fórum do campus umas fotos da senhorita Isabella sendo espancada e os comentários estão cheios de palavras terríveis. Apesar de ter sido publicado poucos minutos atrás, já é um dos tópicos mais comentados", informou o assistente.

"O quê?" Amelia tinha a sensação de que sua cabeça ia explodir. Ela tinha muitos assuntos para resolver na empresa e agora ainda tinha que lidar com aquela notícia, de que todos sabiam que sua amada filha estava no hospital porque tinha sido espancada.

Aquilo era uma vergonha tanto para família Fang como para os Zhang.

"Você não serve para nada! O que está esperando? Encontre alguém que possa eliminar tudo isso de uma vez por todas!"

"Senhora, assim como não podemos rastrear a publicação, também não podemos excluí-la. Discutimos sobre o fechamento do fórum, mas também não é possível."

A voz trêmula do assistente do outro lado da linha deixou a mulher ainda mais furiosa. "Vocês são um bando de empregados inúteis! Não conseguem atuar rápido diante de uma situação crítica. Se você não puder, encontre alguém que possa, não importa o quão caro que seja."

Ela não importava o quanto teria que pagar para eliminar aquela publicação.

Confusa com a indignação da sua mãe, Isabella soluçou e perguntou em pânico: "Mãe, me diga o que está acontecendo."

Ela estava preocupada que aquilo pudesse criar algum tipo de problema para a empresa.

"Não é da sua conta. Não use o seu celular nos próximos dois dias. Seu pai cuidará de você. Tenho algo urgente para fazer", disse Amelia, afastando-se depois de avisar o marido.

"Tá bom, não vou", a garota prometeu obedientemente, embora não muito satisfeita. Ela estava confusa e decidiu ignorar as ordens que a mãe tinha lhe dado, então assim que ela saiu, Isabella pegou o celular.

Alguém tinha enviado uma mensagem para ela checar o assunto mais comentado no fórum da escola.