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Aaron baixa a arma ainda em dúvida se é mesmo a Annie quem está ali. Mas eu reconheço minha pequena.
O segurança finalmente se afasta dela. Ela continua lá caída. Eu a observo paralisado. Ela se encontra em um estado assustador. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Uma mistura de alívio por encontrá-la e empatia pela situação dela.
Annie está descalça. Seus pés estão inchados, com bolhas e alguns cortes. Além de sujos. Muito, muito sujos.
Nas pernas, usa uma calça de algodão, cuja barra termina acima das canelas. Parece parte de um conjunto de pijama. Há rasgos e sujeira em muitas partes da peça. Mas o que mais me chama atenção são as manchas. Urina, fezes e sangue. Ela está a quase um metro de distância e mal consigo respirar com o odor.
Preocupado por ela ainda não ter tentado se levantar, eu me aproximo a passos vacilantes. Continuo a observando.
A blusa que ela está usando, era uma peça cara, de veludo em tom rosado, uma gola alta na frente e uma abertura ousada nas costas. Eu dei essa blusa pra ela. Era linda e a vestia muito bem. Agora, no entanto, não passa de um pedaço de pano encardido grudado na pele dela, com manchas avermelhadas.
Ela também está com uma jaqueta azul, aberta, mas igualmente colada em seu corpo. Deve estar fazendo uns 35°. Por que ela não tirou a jaqueta?
Abaixo-me ao seu lado e toco seu cabelo, oleoso e cheio de nós, tirando-o cuidadosamente de seu rosto. Ela está muito quente. Meu primeiro reflexo é retirar minha mão, interrompendo o contato. Olho pra seu rosto. Já nem reparo mais na sujeira. Observo que ele está inchado. Ela tem vários arranhões com sangue seco, nas bochechas e perto dos olhos.
- O que aconteceu com você, meu anjinho? - murmuro enquanto faço uma carícia suave em sua face.
Ela abre os olhos e gruda eles nos meus. Parece tão frágil. Ela chama meu nome. Bem, ela tenta. Mas sua voz sai arranhada e as sílabas falham. Ponho meu indicador sobre os seus lábios.
- Shiii! Está tudo bem, meu amor. Eu vou cuidar de você, agora. Consegue levantar?
Apoio sua nuca e as costas, ajudando ela a sentar no chão. Assim que percebo que ela consegue ficar assim, eu me levanto e a pego pelos braços, segurando próximo aos cotovelos, antes mesmo que eu possa puxá-la pra cima, ela solta um grito de dor. Seu corpo vai indo pra trás, como se ela estivesse prestes a desmaiar.
Rapidamente, eu solto o seu braço e a seguro espalmando as minhas mãos em suas costas. Ela ofega de dor outra vez e tenta fugir do meu toque.
- Senhor. - Aaron me chama. - A senhorita parece estar ferida sob a roupa.
Olho de volta pra minha pequena que está fazendo um gesto de sim com a cabeça. Ela apoia a testa em meu ombro. Eu, com muito cuidado, acaricio seu cabelo.
- Você precisa levantar, Annie. Acha que consegue segurar na minha mão? - falo perto do seu ouvido.
- Sim. - Ela diz fraquinho.
Eu afasto meu corpo do dela e fico em pé. Ela apoia uma das mãos na calçada pra conseguir ficar sentada no chão. Estendo minhas duas mãos pra ela. Ela segura e eu a faço ficar em pé. Vejo outra careta em seu rosto. Olho para seus pés machucados encostando no chão quente e tenho vontade de xingar. Me contenho pra não a assustar.
Ela está apoiada em mim. Aproximo minha boca de seu ouvido.
- Você vai ter que ser forte e aguentar a dor por uns minutinhos, bebê.
Eu a levanto em meus braços antes que ela processe o que eu disse. Ela morde a própria boca pra segurar o grito. Eu paro por uns segundos analisando se eu deveria entrar no carro e levá-la a um hospital. Porém o cheiro dela me faz decidir que ela precisa de um banho antes, então eu entro na empresa com ela em meus braços.
Vou andando para o meu elevador privativo. Ignoro os olhares de meus funcionários. Aaron vem logo atrás de mim e entra com a gente no elevador. Ele aperta o botão para o meu andar, sem falar nada.
Annie está tremendo em meus braços. Mas não faz nenhum som. Encaro Aaron e lhe dou instruções.
- Eu acho que tem uma bolsa com roupas de Leila no porta-malas. Traga aqui. - O estômago dela ronca alto. - Mas que merda! Avise o Thomas.
- Sim, senhor. Ela precisa de um médico.
- Eu sei. Ela também precisa de um banho, roupas limpas e uma refeição.
O elevador chega ao meu andar. Eu saio dele e Aaron volta descer.
Minhas secretárias olham boquiabertas pra gente.
- Está tudo certo, senhor? - Eduarda pergunta. Eu obviamente a ignoro.
- Pode abrir a porta? - digo indicando meu escritório. Ela continua parada olhando pra minha menina em meu colo.
- Eu quero água. - Annabelle pede observando o copo cheio na mesa da Andressa.
- Claro, pequena. - eu respondo calmamente - A Andressa vai pegar água pra você, enquanto a Eduarda abre a porta.
Eduarda parece acordar de um transe e pegando a chave na gaveta vai destrancar meu escritório. Andressa pega um copo descartável e o enche no bebedouro atrás dela. Annie estende a mão para pegá-lo e engole tudo antes que eu possa piscar.
- Mais, por favor.
Minha secretária volta a encher o copo e eu espero Annabelle beber, antes de entrar em minha sala.
Eu a coloco sentada em uma poltrona e vou até o frigobar. Pego uma caixinha de água de coco pra ela. Imagino que esteja desidratada. Deixo-a bebendo . Entro no banheiro, tiro minha camisa, sapatos, meias e a calça. Fico de cueca apenas.
Separo duas toalhas limpas, ponho o shampoo e o condicionador no box, junto com meu sabonete líquido. Retorno pra sala e Annie está tomando o último gole da caixinha que faz aquele barulho de quando está vazia.
Eu a pego no colo novamente e a sento na bancada da pia. Faço um carinho em seu rosto e tento tirar sua jaqueta. Mal puxo um centímetro e ela grita. Eu largo a jaqueta na mesma hora.
- Você está ferida?
- Sim.
- No braço?
- É. No braço também. Meu corpo todo.
- Te atropelaram?
Ela não responde. Só abaixa a cabeça. Eu pego uma tesoura em uma gaveta da bancada e começo cortando uma das mangas, perto da costura. O tecido se abre revelando o braço dela cheio de hematomas, incluindo impressões da mão de alguém.
Fecho os olhos e respiro fundo pra me controlar. Eu quero matar o desgraçado que fez isso.
Continuo cortando a peça. Sigo a costura do ombro e a parte da frente cai. Ela fica tensa. Dou um beijo em seu cabelo e continuo cortando. A parte das costas está grudada na pele. Vou soltando delicadamente. Minha respiração trava na garganta quando vejo a pele dela, exposta pela parte aberta da blusa.
Há tons de roxo, amarelo e esverdeado. Muitas feridas inflamadas num vermelho escuro. Algumas estão meio abertas com pequenas larvas se movendo. Controlo a ânsia de vômito que me vem. Abraço-a delicadamente.
Com cuidado corto a blusa também. Tento ser rápido pra acabar logo com essa tortura. Reconheço as marcas. Chicote de couro longo, chibata, canne. Já usei todas pra deixar marcas em submissas. Mas nunca as feri de propósito. Minhas marcas sumiam no dia seguinte. No máximo uma semana. Quando feria alguma por acidente, tomava todos os cuidados pra não inflamar.
Não posso nem imaginar a dor que ela está sentindo agora. Eu me afasto de seu corpo um pouco. Ela tem marcas de dentes nos seios e na barriga. E mais sinais de agressão. Marcas de tapas, chupões. Não me resta nenhuma esperança de ela não ter sido violentada.
Me ajoelho e corto sua calça rente a costura da perna. Mais marcas. O cheiro de fezes e urina é muito forte. Eu a ponho de pé. Ela pega a tesoura da minha mão e corta a costura perto da virilha. A calça cai no chão. Ela não usa roupa íntima.
Ela caminha pro box com o corpo tremendo de frio. Eu a seguro pelo braço, impedindo de avançar.
- A água quente vai agravar as feridas. O banho frio pode te causar um choque por causa da febre. Não sei o que seria pior.
- Eu queria a água fria. Minha pele está ardendo. - ela diz com os dentes batendo de tanto que treme.
Eu entro no chuveiro regulando a temperatura. Consigo deixar de um jeito que não vai queimar a pele ferida, mas sem ser muito gelado. Tiro meu corpo de sob a ducha e estendo a mão pra ela. Ela entra sob a água e tem uma vertigem. Eu posso apenas imaginar o impacto que ela está sentindo com a água tocando todos os machucados ao mesmo tempo.
Eu abraço seu corpo pra mantê-la em pé e tentar lhe dar algum conforto. Ela encosta a cabeça no meu peito e ficamos assim por um tempo. Eu começo a alisar suas costas com cuidado pra ir soltando a sujeira. Algumas larvas vão escorregando pro chão. Eu ligo a mangueirinha também, direcionando o jato de água entre as nádegas. Os resquícios de fezes escorrem por sua perna. Sinto ela murmurar algo com o rosto colado em mim.
- Eles disseram que podiam entrar os dois atrás. Que eu estava excitada o bastante pra aguentar. - Sinto algo quente deslizando pelo meu peito junto da água fria. Ela está chorando. - Quando eles terminaram e eu levantei sentindo algo escorrendo, pensei que era sêmen, mas também tinha coco. - ela soluça alto. - Eu tentei usar o lençol pra limpar, mas doeu tanto. Eu só queria sair de lá antes deles voltarem do banheiro.
Ela me abraça mais forte e soluça enquanto chora. Não consigo dizer nada. Pego uma esponja de tecido e despejo sabonete líquido. Vou lavar os machucados.
- Isso vai arder um pouquinho.
Ela se encolhe cada vez que toco nas áreas feridas. Não demora muito pra eu perceber que isto não está dando certo. A água que escorre de seu cabelo vem repleta de sujeira escorrendo por onde eu já limpei.
- Acho melhor lavar o cabelo primeiro.
Eu a puxo pra fora do jato de água, pego o shampoo e esfrego sua cabeça. Enxáguo e repito o processo mais duas vezes até o cabelo estar completamente limpo. Passo o condicionador massageando os fios e deixo no cabelo dela, colocando uma touca de banho por cima. Faço ela ficar de costas pra mim e a ensaboo, repito o processo na frente, evitando a região íntima. Ela tira a espuma do corpo e lava o próprio rosto.
Eu a faço sentar em um banco dobrável que tem no box. Até hoje não via utilidade pra ele. Eu me ajoelho e lavo os pés dela. Tiro alguns pedacinhos de vidro da pele, limpo as unhas e jogo bastante água neles antes de ela levantar. Retiro a touca e enxáguo seus cabelos.
A vagina e o ânus dela estão feridos e há larvas nessas feridas também. Eu tiro as que consigo, mas algumas são pequenas e entram na pele. Os pelos pubianos dela estão com piolhinhos. Vejo uns dois ou três por estarem cheios com o sangue. Mas sei que deve ter dezenas deles pequenos demais pra que eu possa enxergar.
A pele dela está mais fresca, a febre provavelmente cedeu um pouco no decorrer do banho. Eu me afasto dela e digo que vou deixá-la à vontade pra terminar o banho.