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-Da situação.
Na primeira noite , você não me deu escolha a não ser mentir que concordava em dormir com você porque você disse só ficaria no colchão se eu também ficasse. -Ela sorriu sem graça e as suas bochechas coraram. - O colchão é pequeno. Um de nós dois ia acabar no chão de qualquer maneira. E além disso, eu ia acabar se batendo e machucando o seu ferimento.
-Sorriu pra mim. -Eu fiquei bem. Não se preocupe.
Oh , porra. Definitivamente, essa garota não pode ser real.
- E sobre me levar com você ,quer mesmo fazer isso ? -Ela pergunta ,meio cuidadosa com as palavras .
- Claro que sim. Achei que já tivéssemos resolvido isso.
-Você estava bêbado e drogado quando disse isso. Não achei que falasse sério.
- Não o bastante para não me lembrar do que eu disse ,fiz ,e principalmente do que você fez por mim. E por falar nisso, obrigado por tudo , pequena.
O rosto dela corou.
-Tudo bem, mas ,por que você quer tanto me ajudar?
-Por que você salvou a minha vida e eu quero retribuir o favor. E não aceito um não. -eu disse dando a ela um sorriso.
Ela ficou pensativa e após um suspiro fundo ,perguntou :
-Você quer mesmo que eu vá com você?
-Quantas vezes vou ter que repetir que estou falando sério ?
Incertezas e um pouco de tensão foi tudo que vi em seus olhos.
- Não estou dizendo para morar comigo pro resto da sua vida , Alyssa. Só pelo tempo que for necessário até eu arrumar um outro lugar pra você morar e um emprego.
-Vai me arrumar um emprego?-Ela abriu amplo sorriso e os seus lindos olhos brilharam de empolgação. Sorri.
-Claro que sim.
- Isso é muito bom. Obrigada.
-disse ela e em seguida , perguntou :-Posso fazer algumas perguntas ? - Ela evita olhar para mim e isso indica que ela não se sente confortável para fazer as perguntas.
-Claro , o que quer saber ?
Ela olha para as mãos.
- Que tipo de coisas ilegais você faz exatamente ?
-Vou tentar resumir o que faço sem encher a porra toda de confetes.
-Como assim ?- Perguntou ela franzindo a testa.
-Quer dizer que não vou tentar amenizar o que faço.
Vou direto ao ponto. Até porque, a essa altura , não tem porque ter segredos entre nós , não é?
Ela assente com um sorrisinho e diz : -Não mesmo.
- Bem , entre as minhas atividades estão , comércio de drogas , mortes por encomendas e lutas clandestinas.
-Caramba ! E bem mais do que imaginei que era.
- Mas nada disso afetará você. Eu garanto. - É uma garantia perigosa , mas uma vez que eu estou determinado a levá-la comigo vou fazer possível pra cumbrir com a minha palavra.
-Tem certeza que pode garantir isso ? Eu não quero ir pra cadeia.
-Depois de tudo que eu disse que faço é só em não ser presa que está preocupada ? -dou a ela um sorriso e ela revirou os olhos. - Claro que não. Eu ia chegar aos outros fatores que podem ser um risco.
- Não se preocupe. Você não vai pra cadeia e não estará em risco comigo.
Se eu digo que vou mantê-la segura é porque eu vou. -eu disse incomodado pela clara falta de confiança dela em mim. Mas trato de dispersar esse incômodo porque considerando o que ela sabe sobre mim , é normal que sinta um pouco de insegurança.
- Mais alguma pergunta?
Ela assente. Claro que ela tem.
- A tatuagem sinistra da morte no seu pulso e as iniciais debaixo dela ter alguma coisa haver com essa organização ? Ou é só mais uma tatuagem sinistra entre todas as outras que você tem ?-Perguntou ela. Sorri.
- Parece que alguém andou dando muita atenção ao meu corpo quando me deu banho. -Provoquei. Ela revirou os olhos novamente , mas as bochechas dela ficaram vermelhas pra caralho ,o que eu achei lindo e sexy pra inferno.
- Só se eu fosse cega para não notar uma tatuagem tão sombria e sinistra. E pra sua informação , eu notei a tatuagem quando limpava o seu ferimento e não durante o seu banho. Eu nem olhei pro seu corpo. Então , não fique se achando. -disse ela. Mentirosa. Mas não a desminto porque não quero que fique envergonhada.
Sorri.
- É o nosso emblema. Tipo um código. - Informei.
-E o que quer dizer as iniciais escritas debaixo dela ?- Ela pergunta.
- Soldado sombrio da morte. Todos que fazem parte da família tem essa tatuagem tatuada no pulso.
- Soldado sombrio da morte. - Ela repetiu pensativa e em seguida, acrescentou. -Bem sinistro.
-Mais alguma pergunta?
-Sim , só mais uma. - ela olhou para os pés.
- Você tem uma esposa ou namorada ?-Ela perguntou e antes que eu pudesse responder ,ela justificou o motivo da pergunta. - É que ..., eu
não quero causar nenhum problema para você.
- Neste caso , você não precisa se preocupar.
Nenhuma esposa ou namorada.
-Tudo bem , então. - disse ela.
-Isso é um sim? Você vai comigo ? -Foi difícil evitar a ansiedade e outro sentimento que desconheço vibrando através da minha voz.
- É claro que eu vou , soldado!. -Ela sorriu pra mim e o meu coração comemorou nas batidas.
Ela pegou um comprimido e garrafa de água novamente e se aproximou. -Com dor ou sem dor , precisa tomá-los para ficar bom logo.
-Você é muito mandona , sabia ? -Sorri pegando o remédio da mão dela e o engoli de uma vez , bebendo um bom gole de água quando ela me entregou a garrafa já aberta.
- Você já me disse isso. -
ela rebateu com uma risadinha e foi até a sacola da farmácia. Tirou de lá duas cartelas de remédios que eu suponho que seja os que ela comprou para curar a gripe dela e uma garrafa de água.
- E você , se sente melhor? -Eu perguntei.
-Bem melhor. A febre foi embora e fraqueza também. Mas ainda preciso tomar os remédios. -disse ela e ingeriu dois comprimidos de uma vez com um pouco de água. E em seguida, ela olhou ao redor como se estivesse procurando alguma coisa até que os seus olhos pararam sobre mim.
-Você pode passar a minha mochila, por favor?
Está do seu lado. -ela pediu antes de se aproximar. Eu peguei a mochila e entreguei para ela. -obrigada. - ela se abaixou e revirou a mochila até encontrar um estojo. - Eu vou escovar os dentes e aproveitar pra tomar banho enquanto o clima está quente.
- Escovar os dentes sim, mas vamos deixar o banho para mais tarde. De jeito nenhum você estará tomando banho gelado quando mal começou a se livrar dos efeitos da maldita gripe. Deixe pra fazer isso no hotel.
-Os olhos dela se elevaram.
-Hotel ?
-Sim, nós vamos para um hotel. Mas antes ,vamos tomar um bom café da manhã. Eu preciso comprar um celular também para ligar para alguém vir nos pegar.
-E se homens que estavam atrás de você ainda estiverem por aí , rodando a sua procura? Não acho que seja uma boa ideia você sair daqui quando ainda não está completamente curado .-Ela disse, preocupada.
- Eu duvido que ainda estejam. - Num gesto súbito movido por uma vontade repentina e irrefreável de tocá-la ,eu seguro um lado do rosto dela. Ally parece ter congelado. Sua respiração se altera.
Mas eu não tiro a minha mão do seu lindo rosto enquanto falo :
- Mas , de qualquer maneira , se eles me encontrarem ,eu não deixarei que nada aconteça com você , pequena.
Ela meneia a cabeça lentamente, se afasta do meu toque e sorri.
-Está bem. Eu vou escovar os dentes e então podemos ir. -Ela disse ,e em seguida , se abaixou novamente e pegou algo do chão. Vi que se tratava da identidade dela. Ela guarda na mochila e vai pro banheiro.
Eu fiz tantas perguntas pra ela , mas não pensei em perguntar a sua idade . E agora ,eu estou muito curioso e meio tenso com a possibilidade de ela ser menor de idade.
Não que isso vá mudar qualquer coisa na minha decisão de levá-la comigo. Por que não vai. Mas o velho Jacob jogaria uma tonelada de merdas sobre mim se uma menor de idade for morar no clube.
Jacob é o membro mais velho dos sombrios. Também o meu melhor amigo que eu respeito pra caralho.
O único de quem acato qualquer conselho e às vezes, também ouço as merdas em forma de broncas que ele joga sobre mim sem questionar.
Quando Ally retornou ,eu perguntei.
-Quantos anos você tem , pequena?
- Vou fazer dezenove daqui a dois meses. Por que ? -Franziu a testa.
-Você me fez tantas perguntas , é justo que eu faça algumas também , não acha ? -sorrio de canto.
Ela também sorri .
-Sim, é justo ,mas não é a primeira pergunta que você me faz. Não se lembra ?
- É ,você está certa. Não é. Eu só disse isso pra justificar a minha curiosidade , mas você me pegou. -eu disse e me levantei do colchão . Senti dor ao me movimentar , mas nada comparado com antes.
- Tome mais cuidado, Tristan . Se ficar se movimentando tão abruptamente desse jeito, os pontos vão se romper ! - disse
Ally , meio sobressaltada, se aproximando rapidamente para ficar do meu lado quando fiquei de pé. Ela não me toca ,mas sua linguagem corporal e o ar atento dos olhos dela enquanto acompanham os meus movimentos, é
como se ela acreditasse na chance de evitar a minha queda caso eu perdesse o equilíbrio.
Ela não pode . Eu sou grande e pesado demais para uma coisinha tão linda e fofa como ela ,cuja cabeça, chega na altura do meu peito . Mas só pelo fato de ela estar disposta a tentar me segurar caso aconteça , como fez quando me ajudou no banho ,significa que ela se importa muito comigo. E isso faz com que aquele mesmo sentimento estranho apertando o meu peito venha com força. Sentimento esse que só passei a sentir depois que coloquei os meus olhos nela. O meu coração dispara e o meu estômago se agita também e isso também é estranho pra caralho. Não de um jeito estranho ruim. Pelo contrário , de um jeito estranho bom.
-Eu estou bem , pequena. Quase novo em folha. -eu digo.
Ela olha para mim e parece não confiar muito nisso. -Tem certeza ?
Sorrio.
-Absoluta, pequena. Agora, vamos logo .. -Interrompi-me quando rugidos de motos chegaram aos meus ouvidos. Muitas motos.
Ainda estavam longe , mas não por muito tempo. Merda. Só podia ser os fodidos de Lorenzo.
Peguei a minha arma que tinha deixado do lado do colchão tão rápido e ágil como um raio e ao fazer o movimento , senti como se uma lâmina tivesse me cortado no estômago de novo. Porra de dor do inferno!. Eu me esqueci dessa merda.
-Tristan? -Alyssa me olhava apavorada. -Você está sangrando. Algum ponto se rompeu. -disse ela. Ela tinha razão. O meu movimento brusco , rompeu alguns pontos e o sangue umedeceu a minha camisa. -Eu vou costurar de novo. Mas antes, preciso salvar a nossa pele. Fique aqui e se esconda.
- Acha que essas motos estão vindo pra cá?
-Sim. Agora, vá se esconder. E se eu não voltar em trinta minutos , pegue todo o dinheiro que está na minha mochila no compartimento da moto e fuja.
-Como assim ,fugir ? E você ? -ela mal conseguiu falar.
-Vou encontrá-los antes que eles cheguem até nós.
- Acha que são os mesmos que feriram você ?
-Provavelmente.
-Mas como eles sabem que você está aqui ?
- Eu não sei. Mas isso não importa agora , pequena. Faça o que eu disse , se esconda. -Me apressei na direção da porta.
- Ter certeza que não , irmão ? - A voz conhecida veio de algum lugar de dentro da casa.
Eu olhei para trás, e suspirei de alívio por ser um dos meus irmãos ali e não os homens de Lorenzo , mas logo o alívio se foi e fui tomado por fúria de novo. O idiota está segurando Alyssa por trás , enquanto ela me olha assustada , congelada. O idiota está assustando ela. O idiota tá machucando ela.
Filho da puta.