Capítulo 9 Tristan Slater

-Da situação.

Na primeira noite , você não me deu escolha a não ser mentir que concordava em dormir com você porque você disse só ficaria no colchão se eu também ficasse. -Ela sorriu sem graça e as suas bochechas coraram. - O colchão é pequeno. Um de nós dois ia acabar no chão de qualquer maneira. E além disso, eu ia acabar se batendo e machucando o seu ferimento.

-Sorriu pra mim. -Eu fiquei bem. Não se preocupe.

Oh , porra. Definitivamente, essa garota não pode ser real.

- E sobre me levar com você ,quer mesmo fazer isso ? -Ela pergunta ,meio cuidadosa com as palavras .

- Claro que sim. Achei que já tivéssemos resolvido isso.

-Você estava bêbado e drogado quando disse isso. Não achei que falasse sério.

- Não o bastante para não me lembrar do que eu disse ,fiz ,e principalmente do que você fez por mim. E por falar nisso, obrigado por tudo , pequena.

O rosto dela corou.

-Tudo bem, mas ,por que você quer tanto me ajudar?

-Por que você salvou a minha vida e eu quero retribuir o favor. E não aceito um não. -eu disse dando a ela um sorriso.

Ela ficou pensativa e após um suspiro fundo ,perguntou :

-Você quer mesmo que eu vá com você?

-Quantas vezes vou ter que repetir que estou falando sério ?

Incertezas e um pouco de tensão foi tudo que vi em seus olhos.

- Não estou dizendo para morar comigo pro resto da sua vida , Alyssa. Só pelo tempo que for necessário até eu arrumar um outro lugar pra você morar e um emprego.

-Vai me arrumar um emprego?-Ela abriu amplo sorriso e os seus lindos olhos brilharam de empolgação. Sorri.

-Claro que sim.

- Isso é muito bom. Obrigada.

-disse ela e em seguida , perguntou :-Posso fazer algumas perguntas ? - Ela evita olhar para mim e isso indica que ela não se sente confortável para fazer as perguntas.

-Claro , o que quer saber ?

Ela olha para as mãos.

- Que tipo de coisas ilegais você faz exatamente ?

-Vou tentar resumir o que faço sem encher a porra toda de confetes.

-Como assim ?- Perguntou ela franzindo a testa.

-Quer dizer que não vou tentar amenizar o que faço.

Vou direto ao ponto. Até porque, a essa altura , não tem porque ter segredos entre nós , não é?

Ela assente com um sorrisinho e diz : -Não mesmo.

- Bem , entre as minhas atividades estão , comércio de drogas , mortes por encomendas e lutas clandestinas.

-Caramba ! E bem mais do que imaginei que era.

- Mas nada disso afetará você. Eu garanto. - É uma garantia perigosa , mas uma vez que eu estou determinado a levá-la comigo vou fazer possível pra cumbrir com a minha palavra.

-Tem certeza que pode garantir isso ? Eu não quero ir pra cadeia.

-Depois de tudo que eu disse que faço é só em não ser presa que está preocupada ? -dou a ela um sorriso e ela revirou os olhos. - Claro que não. Eu ia chegar aos outros fatores que podem ser um risco.

- Não se preocupe. Você não vai pra cadeia e não estará em risco comigo.

Se eu digo que vou mantê-la segura é porque eu vou. -eu disse incomodado pela clara falta de confiança dela em mim. Mas trato de dispersar esse incômodo porque considerando o que ela sabe sobre mim , é normal que sinta um pouco de insegurança.

- Mais alguma pergunta?

Ela assente. Claro que ela tem.

- A tatuagem sinistra da morte no seu pulso e as iniciais debaixo dela ter alguma coisa haver com essa organização ? Ou é só mais uma tatuagem sinistra entre todas as outras que você tem ?-Perguntou ela. Sorri.

- Parece que alguém andou dando muita atenção ao meu corpo quando me deu banho. -Provoquei. Ela revirou os olhos novamente , mas as bochechas dela ficaram vermelhas pra caralho ,o que eu achei lindo e sexy pra inferno.

- Só se eu fosse cega para não notar uma tatuagem tão sombria e sinistra. E pra sua informação , eu notei a tatuagem quando limpava o seu ferimento e não durante o seu banho. Eu nem olhei pro seu corpo. Então , não fique se achando. -disse ela. Mentirosa. Mas não a desminto porque não quero que fique envergonhada.

Sorri.

- É o nosso emblema. Tipo um código. - Informei.

-E o que quer dizer as iniciais escritas debaixo dela ?- Ela pergunta.

- Soldado sombrio da morte. Todos que fazem parte da família tem essa tatuagem tatuada no pulso.

- Soldado sombrio da morte. - Ela repetiu pensativa e em seguida, acrescentou. -Bem sinistro.

-Mais alguma pergunta?

-Sim , só mais uma. - ela olhou para os pés.

- Você tem uma esposa ou namorada ?-Ela perguntou e antes que eu pudesse responder ,ela justificou o motivo da pergunta. - É que ..., eu

não quero causar nenhum problema para você.

- Neste caso , você não precisa se preocupar.

Nenhuma esposa ou namorada.

-Tudo bem , então. - disse ela.

-Isso é um sim? Você vai comigo ? -Foi difícil evitar a ansiedade e outro sentimento que desconheço vibrando através da minha voz.

- É claro que eu vou , soldado!. -Ela sorriu pra mim e o meu coração comemorou nas batidas.

Ela pegou um comprimido e garrafa de água novamente e se aproximou. -Com dor ou sem dor , precisa tomá-los para ficar bom logo.

-Você é muito mandona , sabia ? -Sorri pegando o remédio da mão dela e o engoli de uma vez , bebendo um bom gole de água quando ela me entregou a garrafa já aberta.

- Você já me disse isso. -

ela rebateu com uma risadinha e foi até a sacola da farmácia. Tirou de lá duas cartelas de remédios que eu suponho que seja os que ela comprou para curar a gripe dela e uma garrafa de água.

- E você , se sente melhor? -Eu perguntei.

-Bem melhor. A febre foi embora e fraqueza também. Mas ainda preciso tomar os remédios. -disse ela e ingeriu dois comprimidos de uma vez com um pouco de água. E em seguida, ela olhou ao redor como se estivesse procurando alguma coisa até que os seus olhos pararam sobre mim.

-Você pode passar a minha mochila, por favor?

Está do seu lado. -ela pediu antes de se aproximar. Eu peguei a mochila e entreguei para ela. -obrigada. - ela se abaixou e revirou a mochila até encontrar um estojo. - Eu vou escovar os dentes e aproveitar pra tomar banho enquanto o clima está quente.

- Escovar os dentes sim, mas vamos deixar o banho para mais tarde. De jeito nenhum você estará tomando banho gelado quando mal começou a se livrar dos efeitos da maldita gripe. Deixe pra fazer isso no hotel.

-Os olhos dela se elevaram.

-Hotel ?

-Sim, nós vamos para um hotel. Mas antes ,vamos tomar um bom café da manhã. Eu preciso comprar um celular também para ligar para alguém vir nos pegar.

-E se homens que estavam atrás de você ainda estiverem por aí , rodando a sua procura? Não acho que seja uma boa ideia você sair daqui quando ainda não está completamente curado .-Ela disse, preocupada.

- Eu duvido que ainda estejam. - Num gesto súbito movido por uma vontade repentina e irrefreável de tocá-la ,eu seguro um lado do rosto dela. Ally parece ter congelado. Sua respiração se altera.

Mas eu não tiro a minha mão do seu lindo rosto enquanto falo :

- Mas , de qualquer maneira , se eles me encontrarem ,eu não deixarei que nada aconteça com você , pequena.

Ela meneia a cabeça lentamente, se afasta do meu toque e sorri.

-Está bem. Eu vou escovar os dentes e então podemos ir. -Ela disse ,e em seguida , se abaixou novamente e pegou algo do chão. Vi que se tratava da identidade dela. Ela guarda na mochila e vai pro banheiro.

Eu fiz tantas perguntas pra ela , mas não pensei em perguntar a sua idade . E agora ,eu estou muito curioso e meio tenso com a possibilidade de ela ser menor de idade.

Não que isso vá mudar qualquer coisa na minha decisão de levá-la comigo. Por que não vai. Mas o velho Jacob jogaria uma tonelada de merdas sobre mim se uma menor de idade for morar no clube.

Jacob é o membro mais velho dos sombrios. Também o meu melhor amigo que eu respeito pra caralho.

O único de quem acato qualquer conselho e às vezes, também ouço as merdas em forma de broncas que ele joga sobre mim sem questionar.

Quando Ally retornou ,eu perguntei.

-Quantos anos você tem , pequena?

- Vou fazer dezenove daqui a dois meses. Por que ? -Franziu a testa.

-Você me fez tantas perguntas , é justo que eu faça algumas também , não acha ? -sorrio de canto.

Ela também sorri .

-Sim, é justo ,mas não é a primeira pergunta que você me faz. Não se lembra ?

- É ,você está certa. Não é. Eu só disse isso pra justificar a minha curiosidade , mas você me pegou. -eu disse e me levantei do colchão . Senti dor ao me movimentar , mas nada comparado com antes.

- Tome mais cuidado, Tristan . Se ficar se movimentando tão abruptamente desse jeito, os pontos vão se romper ! - disse

Ally , meio sobressaltada, se aproximando rapidamente para ficar do meu lado quando fiquei de pé. Ela não me toca ,mas sua linguagem corporal e o ar atento dos olhos dela enquanto acompanham os meus movimentos, é

como se ela acreditasse na chance de evitar a minha queda caso eu perdesse o equilíbrio.

Ela não pode . Eu sou grande e pesado demais para uma coisinha tão linda e fofa como ela ,cuja cabeça, chega na altura do meu peito . Mas só pelo fato de ela estar disposta a tentar me segurar caso aconteça , como fez quando me ajudou no banho ,significa que ela se importa muito comigo. E isso faz com que aquele mesmo sentimento estranho apertando o meu peito venha com força. Sentimento esse que só passei a sentir depois que coloquei os meus olhos nela. O meu coração dispara e o meu estômago se agita também e isso também é estranho pra caralho. Não de um jeito estranho ruim. Pelo contrário , de um jeito estranho bom.

-Eu estou bem , pequena. Quase novo em folha. -eu digo.

Ela olha para mim e parece não confiar muito nisso. -Tem certeza ?

Sorrio.

-Absoluta, pequena. Agora, vamos logo .. -Interrompi-me quando rugidos de motos chegaram aos meus ouvidos. Muitas motos.

Ainda estavam longe , mas não por muito tempo. Merda. Só podia ser os fodidos de Lorenzo.

Peguei a minha arma que tinha deixado do lado do colchão tão rápido e ágil como um raio e ao fazer o movimento , senti como se uma lâmina tivesse me cortado no estômago de novo. Porra de dor do inferno!. Eu me esqueci dessa merda.

-Tristan? -Alyssa me olhava apavorada. -Você está sangrando. Algum ponto se rompeu. -disse ela. Ela tinha razão. O meu movimento brusco , rompeu alguns pontos e o sangue umedeceu a minha camisa. -Eu vou costurar de novo. Mas antes, preciso salvar a nossa pele. Fique aqui e se esconda.

- Acha que essas motos estão vindo pra cá?

-Sim. Agora, vá se esconder. E se eu não voltar em trinta minutos , pegue todo o dinheiro que está na minha mochila no compartimento da moto e fuja.

-Como assim ,fugir ? E você ? -ela mal conseguiu falar.

-Vou encontrá-los antes que eles cheguem até nós.

- Acha que são os mesmos que feriram você ?

-Provavelmente.

-Mas como eles sabem que você está aqui ?

- Eu não sei. Mas isso não importa agora , pequena. Faça o que eu disse , se esconda. -Me apressei na direção da porta.

- Ter certeza que não , irmão ? - A voz conhecida veio de algum lugar de dentro da casa.

Eu olhei para trás, e suspirei de alívio por ser um dos meus irmãos ali e não os homens de Lorenzo , mas logo o alívio se foi e fui tomado por fúria de novo. O idiota está segurando Alyssa por trás , enquanto ela me olha assustada , congelada. O idiota está assustando ela. O idiota tá machucando ela.

Filho da puta.

            
            

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