Os pais da noiva eram pessoas extremamente simpáticas e boas. Eram ricos, mas nunca haviam tratado qualquer pessoa de forma diferente ou arrogante. Sempre alegres e amorosos com as pessoas. Por isso que Débora era a pessoa mais meiga e generosa que Amanda conhecera até então.
Ela tinha certeza que seriam felizes. Pois o irmão era um dos homens mais inteligente e romântico que existia na face da terra.
A festa estava bastante animada com pessoas dançando na pista.
Amanda se requebrava no meio do salão ao som de uma melodia sexy, sob os olhares de alguns rapazes.
Carlos olhava a amiga dançando e fazendo alguns passos sensuais junto com a noiva que parecia ter se soltado depois de algumas taças de champanhe.
Ele viu quando um rapaz se aproximou dela e lhe sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Ela pareceu não entender e ele repetiu. Amanda apenas sorriu e continuou a dança sexy. O rapaz pareceu conformado e ficou afastado apenas olhando.
Ele não recriminou o rapaz que se aproximou e nem muito menos os outros que olhavam para ela querendo devorá-la. Ele também não era imune aquele corpo, muito menos conseguia retirar os olhos dela. E ela poderia ficar parada em qualquer canto que ele repararia nela.
Ele tentava se convencer disso quando viu outro rapaz se aproximar com duas taças de champanhe. Carlos não aguentou e se aproximou deles.
O rapaz quando o viu arregalou os olhos e se afastou.
- Ah você está aí... Vem, vamos dançar!
Pediu Amanda o puxando para perto de si.
Ele tentava acompanha-la, mas a melodia exigia que eles ficassem mais pero e isso ele teria que evitar.
Amanda se requebrava e esfregava o corpo no dele de uma forma provocante.
- Ahh! Vamos Carlos! Você sabe dançar! Porque está todo duro aí?
Sussurrou ela em seu ouvido rindo. Ela parecia um pouco alta, por causa da bebida. Ele colocou as mãos em sua cintura e acompanhava seus passos, pedindo a Deus que se concentrasse apenas na dança.
- Isso aí! – Gritou ela passando os braços em seus ombros e se requebrando junto com seu corpo.
Carlos desviou o olhar do dela. Aquilo era demais!
Então era isso? Ela queria dançar e se esfregar nele? Pois então vamos lá...
Ele a puxou mais para perto de si enquanto seus corpos se embalavam no ritmo sensual e quente. Ela girava sem se afastar muito e ele a puxava de volta para perto também mexendo o corpo, aumentando a velocidade conforme o ritmo aumentava.
Quem os visse de longe diria que eram dois amantes ensaiando um jogo erótico?
Seus rostos estavam agora bem próximos e ela cantarolava a música.
E a letra não poderia ser pior, pensou ele com os sentidos aguçados:
"Veja como você me deixa louca! Até o vento que bate em meu corpo parecem seus dedos deslizando em mim... Vem baby e me faz tua! Eu sei que você também me quer".
Carlos conduzia Amanda naquele ritmo se perguntando se ela também sentia a mesma coisa que ele. Ele a encarou e seus olhos ficaram ali uns grudados no outro, enquanto eles continuavam na ritmo daquela melodia. Ele agora também cantarolava a música com os olhos grudados em sua boca...
Foi quando a música terminou e a magia do momento junto. Os dois ficaram se encarando, sem entender o que havia acontecido.
O Dj pediu para aplaudirem e eles aproveitaram para se recompor daquele momento cheio de tensão sexual.
Seria loucura ou Amanda também havia sentido o mesmo que ele?
Perguntava-se enquanto os dois se dirigiam mudos para a mesa.
- Vou pegar uma bebida, você quer uma?
Perguntou ele para Amanda tentando parecer calmo, mas estava a ponto de ter um ataque de nervos.
Amanda evitou encará-lo e respondeu:
- Ah não! Eu acho que já bebi demais por hoje! Vou ao banheiro e já volto!
Ele concordou e foram cada um para um lado.
Amanda chegou ao banheiro com o rosto pegando fogo. O rosto e outras partes do seu corpo.
O que havia acontecido?
Ela por pouco não havia beijado Carlos. Eles estavam tão mergulhados na magia do momento que quase haviam feito uma besteira na pista de dança.
Será que ele havia sentido a mesma coisa que ela ou apenas era coisa de sua cabeça?
Ela se olhou no espelho e seus olhos brilhavam mais que o normal.
Ela morreria colocando a culpa no champanhe que havia bebido. Foram mais de três taças e é claro que o álcool a fez ficar mais solta que o normal! Foi isso, calma menina! Dizia para si mesma.
Foi isso!
Ela abriu a torneira e deixou que a água caísse em seus pulsos numa tentativa frustrada em diminuir o fogo que a queimava por dentro.
Quando ela saiu do banheiro encontrou Carlos conversando com um grupo de pessoas, passou por eles acenando com a cabeça. Ele retribuiu o gesto e continuou o papo com as pessoas.
Carlos tentava concentrar-se no papo com as pessoas a roda. Mas tudo que ele conseguia era recordar os minutos em que esteve com Amanda na pista de dança.
Ele queria acreditar que tudo havia sido fruto de sua cabeça e que a amiga não estava no mesmo grau de tesão que ele.
Ele viu quando ela saiu do banheiro com a cabeça erguida e um sorriso nos lábios.
Sim, tudo não passara de um momento comum para ela. Amanda apenas dançava e divertia-se e ele achando que ela poderia ter sentido algo a mais naquele momento.
Ele precisava parar de pensar assim. Precisava parar de enxergar a amiga como uma mulher desejável.
Ela era e sempre foi uma de suas melhores amigas e ele não poderia estragar aquele relacionamento por que ele queria transar com ela.
Sim. Era isso!
Ele queria transar...
Ele precisava transar!
Olhou em volta e seus olhos encontraram com a de Letícia, que o olhava cheia de desejo.
Ele sorriu de volta.
Bem, não seria ruim se permitir conhece-la. Ele precisava beijar alguma boca e sentir algum corpo feminino em seu corpo.
Era isso! Muitos meses sem transar.
Ele pediu licença para o grupo e se aproximou da moça, que o olhava encantada.
- Olá! A gente nem se falou direito hoje.
Letícia sorriu e ajeitou o cabelo por trás da orelha. Diferente de Amanda, ela tinha longos cabelos.
Amanda, Amanda... Raios... Pensou ele olhando para a mulher a sua frente e recriminando-se por fazer tal comparação.
- Eu ia dizer o mesmo! Mas que bom que nós resolvemos mudar isso! Você agora está aqui...
- Sim estou...
Ela começou a falar sobre seu trabalho e em como estava louca para tirar férias em algum lugar especial, com alguém especial. Carlos ouvia a tudo, mas sabia dentro dele que não gostaria de estar ali.
Queria sair dali na verdade e sair com Amanda. E irem a qualquer lugar longe e se amarem.
- Ah que bom, então vou avisar que irei embora com você...
Ele apenas ouviu a ultima parte do que ela dizia, antes dela virar entusiasmada na direção de algumas pessoas.
Droga!
Ele nem mesmo prestou atenção no que ela havia falado, mas pelo que entendeu havia marcado de levá-la embora.
E agora?
O que diria para Amanda?
Ele a buscou com o olhar e a viu conversando e tirando fotos com algumas pessoas.
Droga pensou ele de novo!
Letícia aproximou-se de novo, com seu sorriso no rosto.
- Pronto, já avisei ao pessoal que irei embora contigo...
- Só tem uma coisa que não falei: Eu vim com a Amanda, então, eu a deixarei em casa e depois e deixo na sua ok?
Ela pareceu um pouco aborrecida, mas falou:
- Tudo bem! Vocês são amigos e eu super entendo. Eu também tenho um melhor amigo, mas ele é gay...
Ela riu do seu comentário e recomeçou a falar dela, de seus sonhos e outras coisas que ele jamais lembraria.
- Olá! Tudo bem com vocês?
Amanda surgiu no meio deles com um sorriso nos lábios. Seus olhos eram de alerta. Ele sorriu de volta e respondeu:
- Tudo sim!
- A gente estava mesmo falando de você. - Letícia parecia que havia ganhado na loteria e Amanda olhava para Carlos tentando entender o que se passava.
- É mesmo? E porque seria?
- Nada de mais querida... -Começou a outra alegre e Amanda queria esmurrá-la. Querida?
- É que Carlos combinou de me levar para casa, mas tem você não é? Daí nós decidimos deixa-la em casa e depois ele vai me deixar na minha, não é Carlos?
Amanda encarou Carlos aguardando a resposta dele.
- Sim, sim... Se não for ruim para você!
Ela queria gritar que sim, que ele tinha marcado deles comerem um cachorro quente, porem não disse isso, apenas respondeu sorrindo:
- Claro que não tem problema, problema algum... Se você quiser, eu peço mamãe para me levar para casa...
A outra deu um gritinho de felicidade:
- Mesmo? Olha que ideia ótima! Não é Carlos?
Amanda encarou o amigo sorrindo, tentando parecer alegre e despreocupada.
- Ok então... Se para você está tudo bem...
- Sim. Como eu disse: Não me importo, acho até que irei dormir na casa de mamãe. Um tempo que ela me pede isso.
- Pronto! Viu? No fim tudo se ajeitou! – Gritou a outra alegre, segurando o braço de Carlos.
Amanda pediu licença e se retirou de perto deles.
Ela estava servindo-se de alguns salgados quando ouviu a voz dele atrás de si:
- Tem certeza que ficará tudo bem? Afinal a gente havia combinado se comer um cachorro quente e...
Ela o cortou irritada:
- Agora não tem importância! A outra lá teria um troço se não for embora contigo.
Ele acompanhou o olhar dela na direção de Letícia que conversava com algumas pessoas perto da pista de dança.
- Eu não tive como negar... -Ele começou a falar.
- Relaxa amigo! A gente come o cachorro quente outro dia! Vá se divertir! Acho que ela está afim de você!
Ele estava irritado.
Não queria ouvir isso dela.
Queria que ela fizesse uma cena de ciúmes e que impedisse dele sair com a outra.
- Ok, se é isso que quer...
- Você precisa se divertir...
- Você já falou isso! Mas eu estava me divertindo com você também!
- Eu quis dizer outra coisa...
Ele a olhou incrédulo.
- Ahh é isso! Você quer dizer transar! Eu preciso transar!
- E não?
- E você não?
- Eu estou tranquila meu amigo
- E quem disse que eu não estou?
- Você é homem Carlos e...
Ele começou a rir e se aproximou mais dela. Ela recuou. Não curtiu o que viu em seus olhos. Era um olhar quase assassino.
- Pois eu te digo uma coisa: Eu vou sair com ela sim. E se ela quiser fazer amor comigo é isso que farei: a noite toda! Sim eu estou doido para uma noite perfeita de sexo e sabe? Eu não tenho vergonha de dizer isso!
Amanda engoliu em seco sustentando seu olhar.
- O que foi? Você marca com a bonita ali, me dispensa mesmo sabendo que tínhamos marcado uma coisa depois...
- Tá, mas eu mudei de ideia! Quero transar! É isso! E com você eu não posso transar! Você é minha amiga, certo?
Ouve um silencio entre eles. Carlos a olhava buscando alguma coisa em seu rosto.
Ela estava exausta.
Cansada de ficar ali tentando adivinhar o que estava sentindo.
Imagina-lo fazendo amor com Letícia a enchia de raiva e desgosto.
Porem respondeu:
- Sim... É isso! Nós somos amigos! E quero que se divirta... De coração...
Ele balançou a cabeça e respondeu sério:
- É o que farei minha amiga...
Depois disso eles não se falaram mais a festa toda. Amanda conversou com a mãe e combinou de dormir em sua casa. A mãe achou estranho, mas não disse nada.
Era quase uma da manha quando Carlos e Letícia foram embora. Ele a cumprimentou de longe e saiu.
A festa para Amanda também havia terminado. Não tinha mais graça.
Porem ficou mais uma hora com a mãe, até que exaustas foram embora também.
Sua mãe dirigia o carro em silencio, mas em dado momento falou:
- O que aconteceu com você e Carlos?
Amanda a fitou espantada.
- Nada ué... Porque pergunta?
- Por que vocês pareciam bem aborrecidos agora a pouco. Ele parecia que estava indo para um abatedouro...
A mãe riu do seu próprio comentário.
- Deixa ele mãe... Ele precisa sair e conhecer uma mulher...
A mãe a olhou de soslaio:
- Eu acho que ele já encontrou essa mulher minha filha!
- Mesmo? Melhor para ele...As vezes eu acho que o atrapalho!
Mary encarou a filha penalizada.
- Eu as vezes acho que você e ele dificultam muito as coisas...
- Não entendi mamãe!
- Eu acho que vocês dois tem algo... Um lance muito forte!
Amanda riu.
- Não se diz mais lance, mamãe!
- Ah é? Engraçadinha... E não mude de assunto.
Amanda se consertou na poltrona do carro sentindo-se incomodada com o rumo daquela conversa.
- Nós somos amigos é isso! E passamos muito tempo juntos. Talvez eu deva dar mais espaço para ele sair e conhecer outras pessoas e eu idem.
- Sei...
- Ah mamãe, por favor! Você viu? Hoje ele saiu com a Letícia! Quem sabe os dois não se acertem!
A mãe a encarou de novo, estudando seu rosto:
- É isso mesmo que você quer?
Amanda mexia nervosamente os dedos e respondeu rápido demais:
- sim... É o melhor!
A mãe concordou, e mudou de assunto para alivio de Amanda.
Amanda tomou banho e foi para o quarto que havia sido seu durante quase sua vida toda. Deitou na cama olhando as estrelas do céu. A noite estava quente e estrelada e ela sentia-se melancólica e triste.
Queria sair andando e gastar as energias acumuladas naquela noite. Revirou na cama, agitada.
Droga!
Onde Carlos estaria?
Com Letícia?
Pegou o celular e não tinha nenhuma mensagem dele no WhatsApp.
Claro que não sua besta! Ele deveria estar fazendo amor com a outra.
Aquilo doía nela.
E mais que isso: Ela queria estar no lugar de Letícia. Recebendo as caricias, sendo beijada!
Implorando que ele a possuísse!
Ela apertou o travesseiro sobre seu corpo sentindo-se aflita.
Por fim foi vencida pelo cansaço e adormeceu.
No dia seguinte ela amanheceu com forte dor de cabeça. Seu celular não tinha nenhuma ligação de Carlos.
Ela deu de ombros indo para o jardim ajudar a mãe.
Era domingo e elas combinaram de cozinharem juntas e depois assistirem um filme. Há muito tempo que ela e a mãe não faziam nada juntas. No fim da noite, ela sentia-se melhor. A mãe estava tão feliz com sua presença que fez a sobremesa que tanto gostava. Por mais que estivesse chateada com a falta de noticias de Carlos, ela podia dizer que teve um final de semana maravilhoso com sua mãe.