Ela amava o marido e entendia que ele estava estressado com a mudança de sua vida.
Mas também teve que abrir mão de muitas coisas: Família, amigos e seu emprego maravilhoso. Mas sabia que em breve ela teria sua vida de volta.
E principalmente o amado.
Lucas estava distante e muito frio. E eles nem tinham um mês de casados.
A coisa já estava estranha no dia do casamento, quando ele insistiu que fossem dormir cedo, pois estavam cansados da festa. Era verdade, ela estava, mas também estava cheia de desejo por ele. E não queria dormir.
Queria fazer amor e ficou muito decepcionada, pois, ele só foi tocá-la no domingo a noite.
Havia saído no domingo pela manha e só retornara à tarde, dizendo que havia esquecido de fazer uma coisa no trabalho.
E então, enfim depois disso, eles fizeram amor. Porém Lucas estava distante e apático.
E ela se perguntava o porquê!
Teria ele se arrependido de casar com ela?
Ou era apenas uma coisa de sua cabeça?
Ela preparou rapidamente um café da manha e levou até o quarto. Ele estava no celular e quando ela entrou desligou o mesmo com um sorriso nos lábios:
- Ahh querida... Eu já ia levantar e vi uma mensagem do quartel!
Ela entrou e colocou a bandeja a sua frente.
- Mas antes de sair tome um café que preparei para você!
- Que coisa linda! – Ele beijou sua boca rapidamente e a chamou para sentar ao seu lado. – Querida eu tenho sido muito distante esses dias, mas queria que me perdoasse!
Débora abaixou o olhar segurando sua mão.
- Querido, seja o que for que esteja passando eu quero te ajudar... Nós ficamos tantos anos separados que talvez esteja sendo um desafio maior, convivermos juntos...
- Não, não... - Lucas cortou sua fala e a abraçou. – Conviver com você é a melhor coisa da minha vida! Eu tenho medo de não corresponder aquilo que você merece!
Ela o abraçou, emocionada.
- Que bom que a gente está conversando sobre isso! Eu quero muito que dê certo e sei que você também.
Ele a abraçou e fizeram amor.
Naquele hora Débora tinha a certeza que seu marido correspondia a ela. Ou não? Seria uma coisa do momento?
Amaram-se com todo vigor, diferente dos dias atrás, onde ele esteve sempre distante. Dessa vez, Lucas estava cheio de paixão e ela se entregou sem medo ou reservas.
Ficaram deitados nos braços do outro conversando sobre amenidades.
Ela estava animada, no outro dia iria matricular-se em alguma academia da Cidade e distribuir currículos. Queria trabalhar também.
Ela gostava da sua nova casa, mas sentia que seria mais útil ajudando o marido nas despesas da casa.
Os pais haviam insistido que ela tivesse sua própria escola, mas ela sentia que não estava preparada ainda para esse grande projeto.
Ela viu quando ele levantou e foi para o banheiro. Antes Lucas nunca havia se trancado, normalmente a porta ficava entreaberta e ela tinha acesso a entrar e sair. Havia sido assim durante o namoro, mas de um tempo pra cá ela estranhava quando ele fechava a porta e a trancava.
Ela tentou não criar coisas na mente!
Eles haviam acabado de fazer amor e ela já estava cismando com uma simples porta fechada.
Lucas ficou lá dentro cerca de cinco minutos e voltou beijando-a.
- Eu farei o almoço hoje! O que você quer comer?
Todas as dúvidas e incertezas dissiparam-se quando ela ouviu essas palavras. Ele era tão romântico e tão leal! Como ela podia imaginar que pudesse ser capaz de enganá-la?
Retribuindo o beijo ela disse em seguida:
- Quero aquele bife acebolado com batata frita que só você sabe fazer...
- Maravilhoso! Era exatamente isso que eu queria fazer para minha adorada esposa!
Ela riu feliz.
- Mas querida, mais tarde terei que ir ao quartel. Infelizmente fui chamado para resolver alguns problemas, ok?
Ela meneou a cabeça concordando.
Lucas saiu do quarto e ela deitou de novo feliz. Ela sentia-se insegura não podia negar, mas não tinha motivos para isso. O marido sempre havia se mostrado uma pessoa integra e honesta com ele. Lembrou dos meses que ficaram separados e que a insegurança batia forte nela. Mas Lucas sempre fez questão em m mostrar seu amor e dedicação. Todos os dias eles falavam-se por chamadas de vídeo. E finais de semanas ele sempre se esforçava em ir vê-la. Foram poucas as vezes que o então marido não movia céu e terra para ficarem juntos.
Mas ela sentia aquela insegurança. Aquela coisa no ar.
Débora suspirou lembrando de sua mãe, que sempre dizia para confiramos nas nossas intuições. O problema era que a intuição dela estava a atormentando demais.
Ela sempre fora uma pessoa discreta e tímida e havia conhecido Lucas em um dos restaurantes dos pais. Ele estava lá com um grupo de amigos. Eles haviam sido naquela semana promovidos para outra patente na marinha.
Apesar dos pais serem empresários, Débora amava a vida acadêmica. Amava estar no meio de jovens e ensinando.
E seus pais a apoiavam em tudo, desde sempre.
Seu pai, mais que sua mãe aspirava que ela um dia iria se interessar pela vida de empresária. Ele havia ficado decepcionado inicialmente, mas depois apoiou sua filha incondicionalmente.
E ela não se arrependia!
Trabalhou alguns anos na escola antes de se casar e mudar-se com o esposo. Eles haviam combinado isso e lá estava ela: Agora desempregada, mas feliz.
Essa semana ela iria enviar os currículos para alguns lugares e estava cheia de esperança que a nova vida ali naquela cidade seria com muitas experiências boas em todos os sentidos.
Ela ouviu o barulho na cozinha e começou a sentir também o cheiro gostoso da comida que o marido fazia.
Então decidiu levantar-se e tomar um banho.
Foi quando viu o celular de Lucas na cabeceira de sua cama.
Ela não queria, mas foi tomada por uma emoção forte. Um misto de curiosidade e desconfiança!
Pare com isso Débora! Pensou aflita e insegura.
Olhou para a entrada do quarto e sentia seu coração aos saltos... Nunca havia mexido no celular de Lucas... Nunca!
Como controlar agora essa vontade de olhar e tirar algumas dúvidas que teimavam em perturbá-la?
Sem se conter pegou o celular, olhando sempre para a porta para vigiar a entrada do marido! Seus dedos corriam ligeiros nos contatos e nas ultimas ligações que ele fez e recebeu. Quase todas eram direcionadas a ela.
Algumas ligações para Amanda e sua mãe e muitas para o seu local de trabalho.
Ela entrou rapidamente no WhatsApp e nada que pudesse compromete-lo.
Sentindo que estava perdendo tempo e fazendo papel de boba ela fechou o celular e o colocou de novo sobre a mesa de cabeceira novamente. Rapidamente entrou no banheiro e ligou o chuveiro. Estava com o coração acelerado.
Mas, o que você teria feito se tivesse encontrado alguma mensagem duvidosa?
Teria coragem de terminar um relacionamento que acabara de entrar?
Teria coragem de enfrentar Lucas e manda-lo sair de sua vida, mesmo amando-o loucamente?
Ela não sabia a resposta!
Só sabia que estava por hora satisfeita e feliz que nada havia sido descoberto por ela.
Precisava trabalhar, era isso!
Esses dias, tudo estava sendo muito novo para ela. Teria que acostumar a vida a dois ou enlouqueceria achando que o marido estava fazendo algo escondido.
Quando ela começou a desconfiar de Lucas?
Ele sempre fora atencioso com ela e amoroso, mas vivia constante no celular e muita das vezes tenso e irritado. E por mais que eles se falassem todos os dias por chamada de vídeo, ele queria sempre sair para resolver problemas de trabalho.
Ela entendia que ele precisava trabalhar, mas seu horário de expediente era bem mais flexível que o dela e mesmo assim Débora arrumava tempo para estar em casa na hora combinada para que pudessem se ver e conversar.
Lucas abria a câmera, mas tinha hora para sair, como se tivesse um compromisso muito mais importante que vê-la.
E isso a magoava bastante!
Ela já havia conversado com sua mãe a respeito disso e ela garantia que sentimentos como os dela eram normais e que a tensão devido a aproximação do casamento a estava deixando nervosa e vendo coisas onde não existiam.
A principio ela acreditou na mãe e relaxou. Mas algo não batia e ela só não sabia o que!
Saiu do banho e colocou um vestido que havia comprado. Combinava com o tom de sua pele e era bastante sexy.
Queria que o marido a desejasse e faria de tudo um pouco para que ele tivesse o mesmo olhar de desejo igual a das horas atrás.
Secou o cabelo, os deixou soltos e brilhando abaixo do ombro. Fez uma maquiagem rápida e discreta e saiu do quarto indo na direção do marido que cantarolava um musica na cozinha.
Assim que ele a viu disse que em quinze minutos o almoço estaria pronto.
Débora sorria encantada, esperando que ele dissesse alguma coisa sobre sua roupa.
Mas Lucas nada comentou e ela decepcionada sentou na cadeira, vendo-o dando os toques finais na comida.
Débora ainda estava ardendo de desejo por ele e ficaria muito feliz se seu marido fizesse amor com ela ali na cozinha.
A imagem dele sem roupa e ela em cima daquela mesa a fez fechar os olhos e um pequeno gemido saiu dos seus lábios.
Lucas olhou para ela sorrindo.
- O que foi querida?
Ela deu um riso nervoso e disse:
- Estava pensando, a gente ainda não estreou essa cozinha...
Sua voz saiu provocante e rouca.
Lucas a olhou parecendo não entender e depois riu comentando:
- Querida, hoje não... A gente acabou de transar! Temos tempo pra estrear todos os cômodos da casa... Só não pode ser hoje, ok? – Ele olhou ao redor e perguntou mudando de assunto.
- Você viu meu celular querida?
Lucas saiu da cozinha deixando Débora frustrada e cheia de desejo reprimido.
Ele voltou e deixou o celular em cima da mesa e puxou um assunto sobre ela estar colocando currículo nas escolas.
Débora respondia a tudo, mas sua mente estava longe dali. Muito longe!