Capítulo 9 Segredos a mostra e uma aventura inesperada

No dia seguinte, a tensão entre mim e James continuava. Ele fazia questão de me provocar a cada oportunidade, e eu não deixava por menos. Durante o café da manhã, ele comentou alto o suficiente para que toda a tripulação ouvisse:

- "Será que hoje a princesa vai tropeçar em outro mastro ou talvez em si mesma?"

- "Prefiro tropeçar do que ter que olhar para essa sua cara," retruquei, arrancando risos abafados dos marinheiros ao redor.

O capitão Edward, sempre atento, apenas balançou a cabeça, cansado da nossa troca constante de farpas.

O Segredo Descoberto

Mais tarde, enquanto ajudava na organização das cordas do convés, o calor do sol começou a incomodar. Eu me abaixei para ajustar a bainha da camisa emprestada, revelando parte de uma tatuagem que cobria minha costela e parte das costas: um dragão negro intricadamente desenhado, com detalhes que pareciam se mover sob a luz.

James, que estava próximo, parou de falar imediatamente. Seus olhos arregalaram-se, e ele gaguejou:

- "O que... é isso?"

Antes que eu pudesse responder, Edward apareceu, atraído pelo tom alarmado de James. Ele olhou para onde James apontava, e sua expressão, normalmente impassível, ficou tensa.

- "Essa tatuagem... Onde você a fez?" perguntou o capitão, a voz baixa e carregada de suspeita.

- "É só uma tatuagem. Qual o problema?" retruquei, cruzando os braços, irritada com a reação exagerada dos dois.

- "Essa marca... pertence a um clã de piratas do sudeste asiático," disse Edward lentamente. "Eles são conhecidos por suas táticas brutais. Ter isso no corpo significa algo sério."

- "Sério? Eu fiz isso numa viagem, num estúdio qualquer! Não sabia que vinha com uma ficha criminal de brinde!"

James soltou uma risada nervosa.

- "É claro que a princesa não faz ideia do que carrega no corpo. Típico."

Antes que eu pudesse socar seu nariz de novo, Edward interveio:

- "Basta, James. Sofia, se isso for apenas coincidência, ótimo. Mas tenha cuidado. Alguns homens aqui podem não ver isso como algo tão inofensivo."

Eu assenti, ainda sentindo meu rosto queimar de raiva.

Uma Descoberta Acidental

Mais tarde, decidi procurar um lugar para lavar o rosto e me refrescar. A cabine do capitão tinha um espaço reservado com um pequeno barril de água doce. Ao me aproximar, ouvi vozes abafadas.

- "Você não devia ter deixado ela aqui," dizia James.

- "Eu tomo as decisões neste navio, não você," respondeu Edward com firmeza.

Curiosa, abri a porta apenas o suficiente para espiar e, para minha total vergonha, os dois estavam sem camisa, lavando o rosto e os braços. A luz dourada do pôr do sol iluminava as cicatrizes em seus corpos, cada uma contando uma história de batalhas passadas.

Antes que pudesse me afastar, a porta rangeu, revelando minha presença. Os dois me olharam ao mesmo tempo.

- "Sofia!" exclamou Edward, puxando a camisa rapidamente.

James, por outro lado, apenas cruzou os braços, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

- "Gostou do show, princesa?"

Eu senti meu rosto queimar.

- "Eu... eu não queria interromper! Só queria água!"

- "Da próxima vez, bata antes de entrar," disse Edward, tentando manter a compostura.

Saí dali o mais rápido possível, jurando nunca mais espiar nada.

Uma Aventura Inesperada

Mais tarde naquela noite, enquanto o navio estava ancorado próximo a uma ilha para reabastecer, Edward pediu minha ajuda para buscar ervas medicinais que cresciam ali. James foi designado para nos acompanhar, muito para minha infelicidade.

A floresta era densa, e os sons noturnos eram inquietantes. Enquanto eu me abaixava para pegar uma planta, ouvi um estalo.

- "Cuidado!" gritou Edward, mas já era tarde. O chão cedeu, e nós três caímos em uma caverna subterrânea.

- "Droga! Estamos presos," murmurou James, sacudindo a poeira do cabelo.

A caverna era escura e úmida, com uma única saída visível: uma pequena abertura no alto da parede.

- "Eu consigo subir," disse, olhando para as paredes irregulares.

- "Você? Não seja ridícula," zombou James.

- "Cale a boca, James. Ela é mais leve e ágil," retrucou Edward, surpreendendo a todos, inclusive a mim.

Com a ajuda deles, consegui alcançar a abertura. Subi lentamente, meu coração disparado, mas determinada a provar que podia fazer isso. Uma vez lá em cima, amarrei uma corda e a joguei para os dois.

Quando finalmente voltamos ao navio, exaustos e cobertos de terra, a tripulação nos recebeu com olhares curiosos.

- "A princesa salvou o dia?" perguntou um marinheiro, rindo.

Antes que eu pudesse responder, Edward falou:

- "Ela salvou nossas vidas. Respeito por ela é o mínimo que espero de todos."

Olhei para ele, surpresa e, pela primeira vez, senti um fio de respeito mútuo entre nós.

James, no entanto, não perdeu a oportunidade:

- "Salvou, sim. Mas aposto que ela planejou tudo só para impressionar."

Revirei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. James era insuportável, mas talvez, no fundo, isso tornasse as coisas mais interessantes.

                         

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