- Bom, com sua bolsa seu pai adicionou balé para você fazer. Fora essa, você pode fazer qualquer outra coisa que quiser. - Explica ele passando a mão em seus cabelos.
- Eu fazia balé quando era criança, meu pai queria me ver dançando novamente. - Falo lembrando das inúmeras vezes que ele me pediu para entrar em uma escola de dança.
-Queria? -Perguntou ele.
- Ele se foi, há um tempo. - Falo engolindo um seco.
- Ah, sinto muito! Foi muito indelicado da minha parte.
Balanço com a cabeça, sinalizando que não.
- Tudo bem! Bom, fora o balé, nada aqui combina comigo. - Falo olhando em volta.
Jonathan parece pensar por um tempo, dá um sorriso de orelha a orelha, toca em meu ombro parecendo orgulhoso de si.
- Acredito que tenho algo perfeito para você.
Seguimos para fora da quadra, entramos em uma porta, me deparando com uma grande biblioteca de dois andares. Ali era o paraíso para os amantes de livros.
Dou um leve sorriso.
- Qual seu gênero literario preferido? - Perguntou ele.
- Romance policial. -Falo sem pensar duas vezes.
- É o meu favorito também! Está na sessão de cima, pode ficar a vontade. Qualquer coisa, fico perto da sala dos diretores. - Fala.
Antes de começar a andar, me viro e chamo Jonathan que olha para trás.
- Não sei onde fica a sala dos diretores. -Falo lembrando desse detalhe.
- Fica perto dos dormitórios, está em destaque escrito sala dos professores. Vai saber na mesma hora.
Aceno e assim ele sai. Olho pela biblioteca, tinha alguns alunos estudando, outros andando pelos corredores e uns, nos computadores que tinham ali. Solto um suspiro, começo a andar pelos corredores, tentando avaliar todos os livros. Subo as escadas, ali não tinha ninguém, só eu mesmo. Ando, olhando tudo em volta, dou um sorriso quando vejo a sessão de romance policial.
Pego um que me chamou atenção "possessivamente sua", ando até as mesas da área de cima, me sento em uma delas, deixo minha bolsa do meu lado e abro o livro.
Meus olhos saem do livro e voam para o canto da sala, havia um garoto ali. Percebo na mesma hora que se tratava do garoto que portava os olhos verdes intensos. O mesmo estava distraído escrevendo algo em um caderno de tamanho médio. Parecia estar viajando em seu próprio mundo, isso me faz perceber que nunca vi ele falar, ou perto de alguém, sempre no canto dele em silêncio. Ou me olhando. Nunca entendi também, o porquê dele sempre estar me observando, mais o mistério que ele deixar no ar é quase impossível não querer desvendar.
Distraída nem percebo que ele havia erguido o olhar em minha direção, seus olhos verdes me avaliavam seriamente. Ele parecia conseguir ler todos os meus segredos, parecia conseguir ler meu passado. Seu olhar era tão intenso, minha respiração até falhava com a intensidade, meu coração batia em um ritmo de uma música desconhecida.
Quem era esse garoto?
Com a coragem que finjo ter, fecho o livro, marcando onde parei, me levanto do lugar e ando em sua direção. Seu olhar determinado não desviava de mim, avaliando todos os meus movimentos, estava me sentindo intimidada. Quando paro em sua frente, mordo meus lábios, fazendo seus olhos descerem até o mesmo.
- Eh! Oi! - Falo acanhada.
Ele simplesmente não responde, mais ainda me observa. Era impressionante como ele me olhava como um livro completamente aberto.
- Sou Melissa! E você? - Pergunto tentando puxar algum assunto.
Sem resposta novamente. Ele desvia o olhar para o nada, em uma expressão pensativa. Ele não sabe o nome dele? Faço um barulho com a garganta, tentando fala "cara, me responde!".
Olho para o caderno, o título o que ele estava escrevendo me chama a atenção" Poema: "Estou sozinho".
- Você escreve poemas? Que lindo! Geralmente os garotos estão mais preocupados em aumentarem sua lista de quantas garotas ficaram. - Falo dando uma risada que até eu não acreditei, de tão falta que foi.
Assim, ele pega seu lápis, fecha seu caderno e se levanta, ficando bem a minha frente. Ele era bem alto, minha cabeça era da altura do seu peito. Outra coisa que me chamou a atenção foi seu cheiro, como mais cedo, forte no começo e suave no final. O garoto me olha pela última vez e sai dali, me deixando plantada sem respostas.
Ok! Definitivamente ele teve ser mudo!
Volto a minha mesa, pego minha bolsa e o livro, saindo da biblioteca.
- Você está aí! Te procurei por toda parte, sua fugitiva. - Fala Lavínia correndo até mim.
- Percebeu o modo estranho que um dos meninos age? - Pergunto passando a mão pelo meu rabo de cabelo.
- Todos os meninos agem estranho! Mais cedo um menino super gato, veio dar em cima de mim, mais falaram que ele gosta de garotas na lista. Tive que recusar, o que foi uma pena. - Fala ela
Solto um suspiro e arrumo minha bolsa que estava caindo do meu ombro.
- Deixa para lá! Vamos, já vai bater o sinal. - Falo assim que olho meu relógio.
- E por que você acredita que eu ia te chamar? Temos que marcar de fazer uma festa do pijama, conheci umas garotas incríveis. - Fala e passa o braço pelo meu.
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Saio do banho, enquanto secava meus cabelos. Estava pronta para meu primeiro dia no emprego, mesmo que seja o pior emprego que eu poderia ter, era melhor que ter que pedir ajuda a minha madrasta. Coloco meus brincos, confiro minha bolsa.
Celular ✔
Fones de ouvido ✔
Documento ✔
Pego rapidamente as chaves do dormitório, destranco e saio. Vejo folha caída no chão, era pequena, mais da cor amarela para chamar atenção. Abaixo-me e pego, olho em volta, agachada mesmo, abro o papel.
" Me chamo Adam Andrews"
Estava escrito somente isso. Olho para o meu vizinho, por que não me falou pessoalmente? Levanto-me, indo bater na sua porta, mais quando vou bater, o doce som do piano começa. Minha mão fica parada no ar, mordo meus lábios, abaixo minha mão, solto um suspiro e vou para meu mais novo emprego.