Sigo seus passos, subo as escadas até chegar a um corredor, seguimos e fazemos a curva para outro corredor cheio de portas, em alguns havia uma placa escrito "reservado" e outros "livre".
- O que são essas portas? - Pergunto sentindo uma sensação ruim.
Ele olha para mim por cima do ombro rapidamente e já volta a olhar para frente.
- São clientes vip. - Fala ele.
Ele vira mais um corredor, paro em frente a um quarto escrito livre. Olho para o lado, vendo se ele estava perto, seguro a maçaneta e giro.
- Senhorita Charlie, é por aqui. -Fala me fazendo quase infartar de susto.
Solto a maçaneta ainda com a sensação ruim, dou um suspiro e o sigo novamente. Paramos em uma porta grande, totalmente preta. Olho para trás, sentindo uma sensação muito ruim.
- Pode entrar, senhorita. - Fala o homem dando um breve sorriso. Que me faz arrepiar.
Passo pela porta que ele segurava para manter aberta, dou de cara com um escritório mal iluminado, dando um ar cabuloso no lugar. O homem fecha a porta, me fazendo dar um pulo com ela batendo. Mordo meus lábios, nervosa, ando até perto da lareira, onde havia um homem parado, fico olhando para o mesmo.
- Senhorita Melissa Charlie Santino de Oliveira! É um prazer conhece-la. -Sua voz era muito grossa.
Como ele sabia meu nome inteiro? O seu tom em falar que foi um prazer me conhecer, é como se ele estivesse esperando por um tempo este momento. Não sei o que há aqui, mas minha consciência está gritando para que eu corra o mais rápido possível.
- Deve estar se perguntando porque insisti em conhecer minha nova funcionária. Alguma ideia? -Perguntou e andou até uma mesa cheia de bebidas.
O vejo pegar dois copos e encher de alguma bebida transparente.
- Creio que seja para conhecer quem irá trabalhar com você. - Respondo achando meio óbvio.
O mesmo vem até mim. Ele tinha uma aparência que chamava a atenção, olhos azuis, cabelos negros, uma barba bem cheia e desenhada, deveria ter por volta de vinte e nove a trinta anos. O homem (que ainda não sabia o nome) estendeu um dos copos para mim.
-Ah! Não, eu... eu não bebo. - Falo recusando o copo.
O mesmo deu de ombro e tomou de uma vez, o conteúdo do copo que iria me entregar. Em seguida andou até a poltrona, se sentando na mesma, mostrando a poltrona a sua frente.
Isso já estava ficando estranho. Ele só não queria me conhecer e pronto, começo a trabalhar?
- Vamos conversar sobre seu salário e o emprego. - Fala como se soubesse as dúvidas em minha cabeça.
Ando até a poltrona e me sento, engolindo um seco. Algo no olhar dele não me deixava confortável, minhas mãos estavam suando, minha mente só faltava gritar para eu correr dali.
- Você receberá mil por mês. Além de mais duzentos, nos dias que precisar fica até mais tarde. - Fala ele.
- Ok! -Concordo só querendo sair dali logo.
- Mais uma coisa! Você tem algum parente por aqui? Namorado, talvez? - Perguntou agora em um tom sério.
- Não! - Respondo brevemente.
Ele acena com a cabeça, apoia seu cotovelo na poltrona e seu rosto na mão, passando os dedos pelo seu queixo.
- Pode começar a trabalhar. -Fala.
Seu olhar me arrepiava de medo, me levanto rapidamente e vou para a porta.
- Senhorita Melissa Charlie. - Me chama.
Paro, mais não viro. Fico esperando ele falar o que tinha que falar.
- Espero que não seja curiosa. Não toleramos curiosos aqui. - Fala.
Aceno com a cabeça, passo pela porta e finalmente posso respirar novamente. Meu coração estava acelerado, minha respiração irregular, o que esse cara tem que me intimidou tanto? Vejo o mesmo homem que me trouxe aqui, ele fez um sinal para segui - lo a saída.
- Aqui! Seu crachá e uniforme. -Fala me entregando.
- Obrigada. -Falo dando um leve sorriso.
- Pode se trocar no banheiro ou no quartinho que temos para os funcionários. - Fala ele.
Aceno e vou na direção do banheiro. Percebo que o bar só tinha pessoas mais elegantes, homens e mulheres super bem vestidos, as dançarinas usavam roupas iguais, tudo bem organizado. Talvez por ser um bar novo.
Entro no banheiro, me olho no espelho e solto um suspiro.
Se acalma Melissa! Está muito nervosa!
Balanço a cabeça algumas vezes e vou trocar de roupa.
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Eram mais de nove da noite quando sai do trabalho, peguei o último ônibus da noite para a faculdade. Segurei-me para não dormir ali no ônibus, que logo para no ponto do lado da faculdade. Desço com minhas coisas na mão, vou até o portão e tento abrir, mais não consigo, penso que está emperrada.
Uma gota cai na minha testa, logo outra, e outra, formando uma chuva forte. Corro até o ponto, me protegendo da chuva.
Era só o que me faltava!
Só em uma parte do ponto protegia da chuva, o resto estava todo molhado. Sento-me ali e solto um suspiro, estava cansada, só queria um banho e capotar na minha cama, mas ao invés disso, estou aqui, no meio de uma chuva, em um ponto de ônibus, ficando com frio e com sono. Não podia ficar pior.
Coloco a minha mochila ali, me ajeito e deito ali mesmo, sem ligar para mais nada. Fico olhando a rua ser tomada pela chuva, enquanto meu sono começa a bater novamente. Meus olhos começam a ficar pesados, o sono começa a tomar conta do meu ser, mais antes de cair totalmente no sono, sinto meu corpo ser coberto por algo, assim o sono me faz desmaiar.