- Desculpa, não quero falar mais sobre esse assunto, muito menos me lembrar desse maldito dia, não é nada contra você e, na verdade, eu ainda nem te agradeci por tirar aquele idiota de cima de mim, obrigada por me ajudar.
Nesse momento, Milena chega dizendo:
- Edu já chega, né? Fabrício já ganhou a aposta e você vai continuar com o jogo, não sabe perder não, baby?
- Hum, aposta? Que aposta? - perguntei com um olhar atravessando-o ao meio.
- Não é nada disso que você está pensando, Gaby. Milena, qual é a sua, está louca? - Eduardo tentou se defender, mas eu estava me sentindo uma tola em dar ideia a ele, é lógico que tinha alguma coisa rolando, por isso mesmo saí sem dar nenhuma chance de defesa.
- Para mim você deve ser igual a ele, não é à toa que são unha e carne - falei, passando por ele como um furacão, diante da minha indiferença após acreditar nas mentiras de Milena, mas percebi que Eduardo se chateou pra valer porque falou alto para que eu ouvisse.
- Ah, é assim, então? Além de matuta é marrentinha também? Tá bom, se quiser acreditar nela, problema seu!
Sequer olhei para trás, o que o deixou profundamente irritado. No dia seguinte, fui surpreendida com Eduardo à entrada da escola, parecia estar me esperando, o avistei ainda de longe.
- Nossa, que sorte a minha, Deus me livre! De cara tenho que ver esse playboyzinho metido a conquistador - respirei fundo, meu objetivo era seguir em frente, passei por ele ignorando-o completamente, já que ele estava ali de propósito.
- Oi, marrentinha, bom dia para você também, tá. - Eduardo dá o ar da graça.
Em seguida sai atrás de mim só para perturbar o meu juízo, tentando chamar a atenção com todas aquelas gracinhas, parecia um menino mimado que perdera o brinquedo. Enquanto subia as escadas com Eduardo perturbando, parei o encarando e disse:
- Você quer alguma coisa, garoto? Fala sério, vai ficar me seguindo agora? Acho que você está me confundindo com uma dessas desocupadas que vem à escola para ficar brincando ao invés de estudar. Faça-me o favor, vá procurar sua turma e vê se me esquece!
Quanto mais brava eu ficava, mais parecia que ele tinha prazer em me perturbar. Os meses foram passando, ele e eu, só brigávamos, não conseguíamos conversar decentemente nem por um minuto. Ele fazia aquelas brincadeiras bobas, parecia uma implicância, na verdade, para Eduardo, acho que eu era uma espécie de novidade, pois de todas que conhecia, só eu não ficava babando o tempo todo por ele, o diferente mexia com seu psicológico.
EDUARDO
Na real, não sei explicar o que é exatamente...
Mas desde o primeiro momento em que vi Gabriella na entrada do colégio, não consegui tirá-la da cabeça. Talvez seja seu jeitinho tímido, desprotegido ou o fato de ser meio marrenta, não sei, só sei de uma coisa, ela é diferente de todas as garotas que já conheci na vida, acho que estou completamente encantado com seu jeitinho difícil.
GABRIELLA
Chegando na sala sem olhar para trás, entrei indo direto para o meu lugar.
Sentei-me no meu lugar, apanhando meu livro e começando a ler, não demorou para o sinal tocar e mais uma vez ele entrou na sala em meio a uma grande algazarra, como sempre, e assim se deu o início da aula.
Após uma nova matéria passada pelo professor, senti algo cair sobre a minha cabeça, era uma bolinha de papel amassado, abaixei até o chão pegando-a para jogar no lixo, quando olhei direito, percebi que se tratava de um bilhete, fiquei curiosa para saber o que estava escrito, resolvi abrir para ver o conteúdo. Olhei para o lado e constatei que era Eduardo fazendo mais uma de suas gracinhas, falei em pensamento: 'Que idiota esse garoto!'. Em seguida, inclinei meu corpo para frente, após refletir. 'Será que ele acha que sou tão burra assim para cair nas suas cantadinhas baratas?'. O sinal tocou, chegando ao final de mais uma aula, arrumei as coisas e saí em disparada. Quando passava pelo corredor, ele veio correndo e me cercou.
- Agora você não vai fugir de mim, marrentinha! - disse.
- Quer fazer o favor de me dar licença? - respondi em alto e bom som.
- Não!
- Saia da minha frente, garoto.
- Não!
- Então fala, afinal o que você quer de mim garoto? Por que você está me perseguindo? Poxa vida, você nem me conhece direito!
- É isso, marrentinha, eu quero conhecer você melhor, posso? Não fiz nada de mal pra você, Gabriella, tudo que fiz foi tentar te defender aquele dia, esquece as besteiras que Milena disse a meu respeito, vamos esquecer tudo o que passou e me dá uma chance de te conhecer de verdade, vamos começar do zero, como se fosse a primeira vez. - O engraçadinho não perdeu tempo. Antes que respondesse ele continuou: - Deixa eu me apresentar de novo. - Ele segurou a minha mão, a qual estava trêmula. - Meu nome é Eduardo, muito prazer! - Eu estava suando frio.
Ainda desconfiada de tudo e de todos, com muito medo de acreditar em Eduardo, tentei disfarçar a satisfação em tê-lo à minha frente praticamente se declarando.
- Era só isso? Então já se apresentou, agora deixa eu ir - falei, tentando sair, mas ele, em um impulso, segurou o meu braço.
- Calma, marrentinha, eu me apresentei, agora falta você! - disparou.
- Está bem, garoto, depois disso você promete que vai me deixar em paz? - O encarei séria.
- Ok.
- Meu nome é Gabriella, muito prazer, tá bom?
- Está ótimo! - ele respondeu, olhando para a minha boca. Sorriu e me liberou. Quando eu estava próxima à escada, ele me chamou. - Gabriella... - Olhei para trás, ouvindo sua voz encantadora. - Até amanhã, marrentinha.
Apenas esboçando um meio sorriso comecei a descer as escadas, encontrei Alice no portão e fomos para casa, infelizmente o que eu não queria, aconteceu; fui embora com aquele garoto na cabeça, chegando na minha casa me despedi de Alice, indo direto para o meu quarto.
- Como aquele garoto pode ser tão ridículo? - me perguntei em pensamento. - Por que não consigo tirar esse idiota da mente, por que mexe tanto comigo?
Lembrei-me do bilhete amassado dentro do bolso, peguei para ler e dei um breve sorriso pensando naquele idiota lindo, suspirei cheirando o papel amassado, a tarde passou e a noite também, chegando mais uma manhã corrida. Ao acordar atrasada, tomei uma ducha bem rápida e vesti a roupa correndo, peguei uma fruta saindo às pressas, com os berros de Alice no portão.
- O que aconteceu, amiga, dormiu mais do que a cama hoje? Corre, estamos mais que atrasadas! - falou, rindo da minha cara amassada de sono.
EDUARDO
Essa noite dormi planejando um novo encontro.
Mal podia esperar para que o dia amanhecesse só para ir até a escola vê-la, acordei cedinho, pulei da cama correndo, colocando minhas roupas, cheguei até a mesa de café, peguei uma torrada e saí, quando dona Maristela, minha adorável mãe, ao me ver naquela afobação, disse:
- Epa, epa, Epa, calma aí, filho, bom dia, primeiro.
- Bom dia, mãe!
- Posso saber qual o motivo dessa pressa toda? - perguntou.
- Não é nada, minha rainha, só quero chegar mais cedo hoje.
- Uhum, sei... tá bom, mas a escola não vai sair do lugar! Vamos, Edu, sente-se à mesa e faça seu desjejum como sempre fez, tome seu café direito, menino.
- Não posso, mãe, tenho que ir mesmo! - expliquei. Voltei sorrindo dando um breve beijo em sua testa.
Saí correndo em direção à escola e mal podia esperar para ver aquela marrentinha de novo, eu estava ansioso! Esperei... esperei e nada de ela chegar. Eu sabia que ela sempre chegava mais cedo, foi se aproximando a hora do sinal tocar e a aula estava prestes a começar, com o atraso de Gaby, fiquei ainda mais ansioso imaginando que ela não iria, olhava constantemente para o relógio, o sinal tocou, mas ela não havia chegado, cabisbaixo entrei na sala, só que dessa vez bem diferente das outras, entrei sério, com um olhar meio expressivo indo para o meu lugar, todos acharam estranha a minha atitude, lógico, eu nunca chego assim, mas não estava nem aí para o que os outros estavam pensando a meu respeito.
Na verdade, só queria uma coisa: ver Gabriella, queria apenas poder olhar para o outro lado da sala, e ver aquela menina marrenta sentada, lendo seu livro antes da aula começar como sempre faz. Enfim, começou mais um dia de aula, todos concentrados na matéria que o professor estava passando no quadro, de repente algo aconteceu para a minha felicidade, alguém bateu na porta, pedindo para assistir a aula, era ela! Então, abri aquele sorriso ao vê-la e ouvir a linda voz tímida dizendo:
- Desculpe-me pelo atraso, professor, posso entrar?
- Sim, Gabriella, entre logo, já começamos a aula.
- Hum... a marrentinha dormiu mais que a cama hoje, é? - disse, com o mais belo sorriso entre os lábios por ela ter finalmente chegado
Gabriella apenas deu uma olhadinha de banda e foi para o seu lugar.
GABRIELLA
- Após alguns minutos, mais uma vez sinto algo caindo sobre mim, olhei e vi que era Eduardo novamente, com mais um de seus bilhetes. Assim como fiz na primeira vez, abaixei-me pegando o bilhete, que dizia...
"Bom dia, marrentinha linda, olha pra mim quero ver esse rostinho perfeito, hoje vou te dar três opções para o nosso dia ficar ainda melhor. Primeiro: você fica comigo; Segundo: eu fico com você; Terceiro: nós ficamos juntos. Qual você escolhe?",
Li aquele bilhete sem acreditar no que meus olhos viam, ergui uma das sobrancelhas e fiquei séria, observei que ele estava louco para chamar a minha atenção, porque não satisfeito, lançou outro bilhete com mais uma gracinha escrita, dessa vez apenas olhei a bolinha de papel, ignorando-a para que percebesse. Passado um tempo, disfarçando, é lógico, coloquei um dos pés sobre o pequeno pedaço de papel amassado e puxei-o para mim lentamente, em seguida olhei para Edu, sem entender por que ele estava com aquele sorrisinho entre os lábios. Fiquei analisando-o, sem deixar que ele percebesse. Me questionava o porquê ele ainda estava com aquele olhar saliente, se viu que o ignorei completamente. No pequeno intervalo entre as aulas, peguei o bilhete rapidamente, saindo para o refeitório. Ainda no corredor, resolvi abrir e ler o que estava escrito:
"Aposto um beijo bem gostoso, nessa boca deliciosa, que vai me dar mais um fora".
Eduardo era tão terrível que conseguia realmente me tirar do sério, tanto que no momento em que o avistei, resolvi tirar satisfação.
- Escuta aqui, garoto... - Antes que terminasse de completar a frase, sapecou-me um beijo na boca de tirar o fôlego, fiquei completamente sem reação, e quando me dei conta o empurrei, totalmente desconcertada.
- Você está maluco, garoto? Você é mesmo um playboyzinho ridículo e sem noção, né? Você está achando o quê? Pensa que todas as garotas são iguais? Pensa que, por eu ser simples e vir do interior, sou uma boba? E que pode fazer o que quiser, seu maluco? - briguei e saí correndo à sala de aula. Apanhei meu material indo até a sala de Alice, suplicando para me levar embora! Alice estava fazendo umas questões de prova, e por esse motivo, se negou o meu pedido.
- O que aconteceu dessa vez, amiga? Desculpa, mas não posso sair daqui agora, tenho que terminar minha revisão. Vai para o terminal e pega o 264 que você chega em casa sã e salva.
Assim fiz, não estava nem um pouco a fim de ficar naquele colégio nenhum segundo a mais! Chegando em casa, ainda nervosa, entrei correndo, passei pelo meu pai na sala de estar e fui para o meu quarto, deitei em minha cama, ainda sem acreditar no que havia acontecido. Nesse meio-tempo, durante a minha ida para casa, terminava o recreio e todos voltavam para sala.
EDUARDO
Após o beijo roubado, fiquei no pátio viajando no gosto da boca daquela marrentinha. Um tempo depois percebi que todos haviam entrado, fui correndo pra sala e veio a surpresa com a ausência de Gabriella, foi aí que percebi a minha burrada.
- Poxa vida, o que eu fui fazer? Acho que dessa vez exagerei, agora mesmo que ela nem vai querer olhar na minha cara, não queria magoá-la com isso.
Resumindo acabei ficando chateado e vi que ir para minha casa era o melhor que eu poderia fazer no momento, no trajeto até pensei em procurar Gabriella e tentar me explicar, só queria que ela soubesse que não era só uma brincadeira, realmente é especial pra mim, na verdade, me dei conta que não quero mais ficar longe dela, e com isso fiquei diante do medo de perder de vez a única pessoa que realmente mexeu comigo. O beijo roubado de Gabriella foi muito rápido, mas o suficiente para eu perceber que, de todas as bocas que já havia beijado, aquele foi o melhor de minha vida.
GABRIELLA
Já mais calma, suspirava fundo cada vez que me lembrava do calor daquela boca.
Era difícil admitir, mas eu estava completamente apaixonada por aquele Playboyzinho!
E é exatamente por isso que não podia me render aos seus encantos, foi amor à primeira vista, disso não tenho nenhuma dúvida, já que desde o primeiro instante em que o vi me vi mexida, o problema era admitir essa paixão e depois vê-lo brincar com meus sentimentos, pois tenho medo de sofrer com esse amor, pois há a fama de mulherengo dele.
Eduardo não sabia, mas eu nunca havia beijado nenhum outro garoto antes, aquele beijo roubado fora o meu primeiro beijo. A noite passou e ao amanhecer, acordei ainda mais cedo do que o normal, me arrumei correndo, mal tomei café e saí para a escola, fiz o percurso todinho com pensamento ainda naquele beijo tão inesperado, sentia que minha vida não seria mais a mesma daquele dia em diante. Durante a chegada, quando o avistei, eu fiquei praticamente sem ação, minhas mãos gelaram na hora e fiquei meio sem graça, e ainda mais tímida do que já sou.
EDUARDO
Quando avistei Gabriella, senti algo que jamais havia sentido antes, fiquei por algum tempo admirando-a. 'Como é linda! Sua timidez a deixa ainda mais encantadora com esse jeitinho delicado e sereno'. Nós estávamos cara a cara.
GABRIELLA
Eduardo parecia completamente hipnotizado olhando para mim, fiquei totalmente desconcertada ao vê-lo bem na minha frente. Apesar de estar completamente rendida aos seus encantos, me virei rapidamente e continuei em direção às escadas, meu coração parecia querer pular do peito. Percebi que ele acelerou os passos e veio atrás, chamando meu nome, mas continuei andando.
- Gaby, Gabriella, espera, por favor, eu preciso falar com você! - disse. Ignorando, acelerei os passos, fingindo não ouvi-lo. - Ei, Gabriella desculpe por ontem, foi mal, não era minha intenção magoar você! Gabriella, por favor, para e me escuta, me dá apenas uma chance de me explicar, só quero conversar com você.
EDUARDO
Tendo em vista que ela não queria parar e me ouvir, não vi outra alternativa a não ser segurar seu braço a obrigando a parar.
GABRIELLA
Ao sentir sua mão me segurando firme, perdi o chão. Parei o olhando sério.
- Quer fazer o favor de me soltar? Pelo que eu saiba, não tenho nada para falar com você. Me solta agora, senão vou gritar - esbravejei.
Ele me surpreendeu com seu olhar direcionado ao meu, o seu jeitinho de me olhar era o mais lindo que já havia visto.
- Calma, eu só quero falar com você.
Mesmo me pedindo calma, foi inútil! Respirando fundo, soltei um tremendo berro, interrompido por outro beijo seu, na tentativa de me fazer calar e dessa vez não consegui ter forças para empurrá-lo, por alguns minutos fui me perdendo completamente em sua boca quente, sem pensar em mais nada. Quando me dei por conta do que estava fazendo, disse já sem a mínima vontade de sair dali:
- Me solta, por favor.
- Então calma, vou te soltar, mas só vou te soltar se você prometer que vai me ouvir, vai prometer? - sussurrou. Ainda me segurando, diz com os olhos fixos nos meus: - Me dá uma chance, só quero alguns minutos.
Eu estava extremamente nervosa, mas não era porque estava me segurando, era porque eu sabia que a presença dele tão perto me deixava sem ação, não conseguia nem me comportar diante dele, muito menos falar, então abaixei a guarda e resolvi dar a ele esses tão famosos minutos pelos quais insistia tanto.
- Está bem, garoto, então fala o que você quer por que faz tanta questão de falar comigo?
- Vamos até o pátio, assim podemos sentar e conversar direito.
- Hum, não sei, pode falar aqui mesmo! Não quero ir para lugar nenhum com você.
- Relaxa, marrentinha, não vou fazer nada que você não queira além de simplesmente conversar - sorriu.
- Hum, não sei se isso é uma boa ideia, mas tendo em vista acabar com essa sua perseguição, vou aceitar, mas ainda tem uma condição. - Olhei sério nos seus olhos.
- Pode dizer seja qual for, eu já aceitei.
- Sem beijos surpresas dessa vez, pode ser? Ou isso ou nada! - Pela primeira vez, tive que expressar um ar de riso antes de falar.
- Ok, vou tentar - respondeu. Retribuindo o meu sorriso com outro.
E assim saímos à procura de um lugar reservado para finalmente conversarmos mais à vontade, enquanto andávamos pelo pátio da escola, apesar de ainda me encontrar bem apreensiva com a presença de Eduardo ao meu lado, quebramos um pouco o gelo e começamos a conversar sobre um pouco de tudo.
EDUARDO
Após vencê-la pelo cansaço, Gaby baixou um pouco a guarda e assim pude conversar mais abertamente com ela, fiquei muito interessado em saber tudo sobre a vida de minha primeira paixão, estava completamente encantado com aquela marrentinha, totalmente hipnotizado olhando cada gesto que fazia durante o tempo que estávamos juntos. Mal conseguia disfarçar aquela paixão avassaladora que tomava meu coração por completo de tal forma que poderia ficar ali ao seu lado por todo o tempo do mundo, só ouvindo-a falar... Agora mais do que nunca estou certo de que quero essa garota em minha vida! Sua voz soava como música para meus ouvidos, cada palavra que saía da sua boca aumentava a certeza que ela era exatamente a pessoa que eu queria para ser a minha namorada.
GABRIELLA
Dei uma breve parada ao perceber o olhar fixo de Eduardo para mim, abaixei a cabeça por alguns segundos, em seguida, ergui novamente esboçando um leve sorriso.
- O que foi? Por que me olha tão intensamente, eu disse algo errado?
Eduardo continuava olhando fixo para mim, parecia não saber o que dizer ao certo naquele instante.
EDUARDO
Quando ela me perguntou o que foi, eu até queria falar, na realidade, tinha muitas coisas que gostaria de dizer, mas por causa do orgulho, acabei ficando completamente travado para me declarar e dizer tudo o que estava sentindo. Contudo, deixei um pouco o orgulho de lado, respirei fundo, e disse:
- Não, pelo contrário, você é perfeita, eu passaria horas aqui, te ouvindo, sem pensar em mais nada.
GABRIELLA
- Por que eu? Por que escolheu a mim para suas brincadeiras? - perguntei, surpresa com o que acabara de ouvir. - Aqui nesse colégio têm tantas garotas interessadas em você; em suas gracinhas, tantas meninas que fariam qualquer coisa só para chamar a atenção, e você quer brincar logo comigo... Por quê?
Ele com seu jeitinho safado e cafajeste dá uma pequena gargalhada.
- Nem tantas assim, dentre todas, não dá para ficar com nenhuma, é difícil, é muito difícil, porque tem um grande problema em relação a elas - disse.
- Qual é o problema? Não entendi o porquê do problema? Não vejo esse tal problema como você diz, não sei onde pode estar à dificuldade, pelo que vejo são exatamente do jeitinho que você gosta, além de ser cada uma mais linda do que a outra, está na cara que elas têm o perfil que te atrai, é só escolher, não vejo dificuldade nisso! - questionei, sem entender nada.
EDUARDO
- Quer mesmo saber qual é o problema? - Não consegui me segurar.
Cheguei bem pertinho dela, frente a frente, me aproximando até seu ouvido, sussurrei:
- Nenhuma delas é você! Nenhuma delas tem esse seu olhar, seu jeitinho meigo, doce e, ao mesmo tempo, temperamental, ou seja, marrentinha, dona da razão, você entendeu agora, marrentinha?
GABRIELLA
Sentindo um arrepio dos pés à cabeça com aquela voz deliciosa dizendo exatamente o que, no fundo, eu queria ouvir, desvio rapidamente meu olhar, fingindo não entender o que quis dizer e, apesar de fingir, dar uma de desentendida, simplesmente amei tudo que ouvi, gostei tanto que fiquei curiosa em saber mais, agora já com um olhar atento em cada gesto dele, continuei com as perguntas com ar de risos questionando por que eu? Nesse momento o sinal tocou interrompendo a resposta de Eduardo, a aula já ia começar e Eduardo me disse:
- Juro responder todas as suas perguntas na saída, o que você acha da gente marcar para continuarmos esse assunto?
Ainda caminhando juntos para a sala, eu já estava doida para dizer sim, só dou uma olhadinha de banda.
- Acho melhor não! Mas vou pensar até o final da aula e te falo, pode ser? - respondo.