Capítulo 8 Trabalho novo, vida nova! 3.0

>>>>FERNANDA<<<<<

Acordo com um som forte de batida na porta do meu quarto, coloco o travesseiro em minha cabeça tentando voltar a dormir.

"Só mais cinco minutos"

Murmuro para quem quer que seja que esteja tentando me acordar mais as batidas continuam insistentemente. Desorientada levanto com o cabelo todo bagunçando parecendo um ninho de passarinho e vou abrir a porta. Felícia, minha irmã mais nova entra saltitante, mesmo que ela se esforçasse mil anos não conseguiria ser tão insistente e me perturbar tanto.

- O que quer Fefe?

- Mamãe, mandou te chamar disse que você vai perder a hora. - Me olha com um sorriso contagiante em plena oito horas da manhã em seguida sai me deixando sozinha.

Minha vida está uma loucura, comecei a trabalhar no pub do seu Rogério a uma semana e eu estou achando simplesmente incrível. A única coisa ruim é ir dormir tarde e acordar cedo pois tenho minhas responsabilidades em casa também, mas me livrar de Tadeu e seu Zé não tem preço.

Seu Zé era um chefe insuportável daquele que passava vistoriando o meu serviço todo os dias, passando o dedo sobre as prateleiras para conferir se não havia ficado nenhum vestígio de pó ou sujeira, eu mentalmente afogava ele na garrafa de água que ele sempre levava na mão, porque o homem era ridículo, eu devia ser um poço de santidade para aturar um chefe assim ou estar muito necessitada.

"Pensando bem, acho que estava muito necessitada de trabalho mesmo."

Pior de tudo era eu ter reclamado das abordagens absurdas de Tadeu para ele e ele ter me falado que não faria nada!

"Você é bonita, fazer o que? Da próxima saia com ele, vai que você gosta"

Acreditem foi isso mesmo que ouvi além de toda aquela balela de trate ele muito bem, pois o cliente sempre têm razão.

Então chegou um dia que Tadeu tentou me beijar a força e eu simplesmente lhe dei uma joelhada nas bolas.

Nem fodendo que eu ia me deixar ser beijada a força por esse traste. O que esse cretino estava pensando?! Que iria me assediar em plena loja e ia ficar por isso mesmo, só porque ele é cliente especial do seu Zé.

"Já passou da hora de homens inconvenientes aprenderem a receber NÃO"

Seu Zé como previa me despediu no dia seguinte. Disse que os clientes ficaram assustados com meu jeito violento e que eu deveria fazer uma aula de luta livre para gastar toda essa fúria que vive dentro de mim!

"É mole ou quer mais!"

Tentei explicar que Tadeu vinha me assediando a algum tempo, que tinha me agarrado a força e ele simplesmente disse que era para não ligar, que cliente é cliente e que eu estava fazendo drama por causa de algumas cantadas.

Enfim descobri que atender mesas é definitivamente muito melhor do que arrumar prateleiras infinitas de sapatos, atender clientes escrotos e ser assediada. Claro que esse não é o futuro que almejo pra mim, nem de longe. Meu sonho é ser uma futura advogada respeitada e tenho certeza que serei, mas por enquanto esse é o trabalho que tenho e até que eu consiga meu objetivo ele está bom pra mim.

Troco de roupa e sigo para cozinha vou tomar café com a minha família.

- Bom dia, família.

Me sento a mesa com eles, dou um pequeno beijo no meu pai e em minha mãe e escuto Felícia e Flávia conversarem sobre algo que tenho certeza que tem haver com TikTok.

- Mãe, cadê a Flora? - Questiono pegando um pão.

- Já foi para casa de dona Olga.

- Ha sim! Bom, marquei de ir na aula de dança com a Suzi agora tarde. A senhora precisa sair?

- Não filha, pode ir fazer suas coisas. Vai trabalhar hoje ou está de folga?

- Ok mãe. Vou trabalhar, minha folga é amanhã. - Sorrio.

Tomo café com a minha família. Em seguida incorporo a empreguete aquela da novela das oito e faço uma faxina geral em casa porque puta que pariu, Felícia vale por mil crianças para fazer bagunça.

- Nanda!! - Grita meu nome enquanto eu passo a vassoura na casa.

- Felícia, já viu o tamanho da nossa casa?! Se você der três passos grandes você a atravessa ela de ponta a ponta. Precisa gritar e me deixar surda de um ouvido? Precisa?!

- Desculpa irmãzinha. Eu queria saber se você pode me emprestar dez reais queria levar para escola. - Rio. Apoio minhas mãos sobre a vassoura.

- Fefe me diz aí. Você arrumou um emprego?

- Não. - Responde confusa.

- Ok. Então você está fazendo algum bico, vendendo alguma coisa?

- Não também.

- E por acaso apostou na mega da virada e ganhou algum prêmio? - A encaro.

- Claro que não!

- Então por Deus, como você vai me devolver o dinheiro?! - Digo a ela.

- Fácil vou emprestar de Flora e pagar você. - Dá com os ombros.

- E como pagará Flora?

- Empresto de você de novo e pago ela. - Abre um sorriso malandro. Puta merda! Felícia é mais experta que eu e Flora juntas.

- Vamos fazer o seguinte Fefe. Eu dou o dinheiro para você contanto que você arrume tudo que bagunçar. - proponho. - Afinal nada mais justo que todas nós mantermos a casa organizada você não é mais um bebê, Fefe, já está com oito anos. - Fica sem graça.

- Tudo bem, Nanda. Me desculpe pela bagunça.

- Está bem, então comece tirando seu material escolar que ficou largado por aí.

Termino de arrumar a casa e minha mãe faz o almoço, então logo o começo da tarde chega e eu saio para me encontrar com Suzi.

***

- Amiga você dança muito bem. - Minha amiga diz enquanto nos requebramos não aula de dança.

- Você acha?! - Requebro meu quadril enquanto imitamos os passos da professora.

- Lógico! E este corpo então... - Rimos.

- Ai Suzie, queria entrar na academia. Sabe igual aquelas musas fitness que postam no insta "ta pago" "no pain no gain" mas o valor está um absurdo e pagar caro para não ir, prefiro pagar em comida que pelo menos eu como. - Suzi Ri.

- Nem fale. Eu também dei uma engordada esse mês, acredita que a vizinha veio me falar que engordei. Como se eu não tivesse espelho em casa.

- Ah! Mas é sempre assim! Você emagrece e ninguém percebe. Você engorda, apontam o dedo, colam cartaz, distribuem panfletos, mandam até fazer a porra de uma faixa pra colocar num avião. -Bufo irritada, mas logo em seguida nós duas rimos.

- Podíamos falar com Léo. Ele sempre vai, quem sabe não nos ajuda. - Minha amiga revira os olhos.

Conheci leozinho, na escola, ele e Suzi são meus melhores amigos. Sempre me defenderam, estavam junto comigo nos piores momentos. Quando meu pai teve o AVC e minha família precisou de apoio foram os primeiros a vir me oferecer ajuda sou imensamente grata a Deus por me enviar amigos fiéis como eles.

Léo é um cara extraordinário e apaixonado por Suzi, só a lerda da minha amiga que não percebe, além de lindo demais ele tem um coração enorme. Eu já vi olhares de Suzi pra ele principalmente quando ele fica com outras garotas, o jeito que ela o encara não é nada amigável, não é como se ela fosse cega também, afinal um homão daqueles é difícil não notar. Mas ela simplesmente não dá nenhum indício de que sabe que ele sente algo ou que quer algo além da amizade com ele.

Torço para que os dois se peguem logo e acabem com essa palhaçada, porque ficar no meio dessa tensão sexual é foda! E sendo amiga dos dois é mais foda ainda!

- E atrapalhar as paqueras dele na academia. Duvido que ele queira. - Se irrita e pelo visto esses dois vão se acertar logo.

Continuamos a conversar até a professora retornar com as aulas. Depois de mais uns quarenta minutos de dança, a aula enfim termina, eu e Suzi estamos exaustas. Saímos do estúdio a pé passando por perto do centro da cidade.

- Olha amiga! A Festa Feira começará amanhã. Vai ter uma banda de pop rock super boa. O que acha irmos?

- Acho que vai rolar sim! Amanhã estou de folga. Vou só ver com a minha mãe se ela não vai precisar de ajuda.

- Combinado.

Seguimos até o ponto de ônibus Suzi vai para sua casa e eu sigo para a minha me ajeitar para ir para o trabalho.