Droga, a voz da minha deusa da depravação grita alto como sinal de
alerta vermelho.
OKAY! Não precisa gritar, já entendi. Brian Garcia tem uma enorme
placa grudada nas costas com os dizeres: MANTENHA DISTÂNCIA.
Os convidados se agitam na escadaria da igreja dificultando a
passagem dos padrinhos, tento desviar das pessoas para me aproximar dos
noivos, mas só ouço gritos de mulheres desesperadas para pegar o buquê.
- Vai lá Cami. - Não sei de onde e nem como Ethan surgiu ao meu
lado me empurrando no meio da bagunça.
Empurra, empurra, pisam no pé, cotoveladas. Parece que estou em
uma zona de guerra, e a missão se chama AGARRE O BUQUÊ.
Determinada a fugir do olho do furacão, empurro algumas mulheres até que
algo acerta meu rosto. Involuntariamente ergo as mãos me defendendo, e
então, o vejo. Droga, envolto com uma fita de cetim vermelha e flores
brancas, o infeliz caiu diretamente em mim. Isso não é sorte, é azar puro e
simples.
Semicerro os olhos com vontade de jogá-lo de volta para Alyssa. E
como se entendesse minhas intenções, minha amiga balança a cabeça em
sinal de negativa. Sei o que essa noiva safada está pensando, e não quero
destruir seu momento de felicidade. Revirando os olhos, saio pela lateral da
igreja, pisando em todos os pés que estão no caminho. Pisando duro e
resmungando baixo, sigo em direção do carro. Chega dessa coisa, quero só
ir para festa, beber, comer e me divertir.
Enfio a chave na porta e sento no banco do motorista, encaro o buquê,
e o jogo no banco de trás, em casa seu destino será o lixo.
Procuro a mesa com meu nome, e como já esperava estou sentada com
Ethan, Brian e mais uma pessoa que não conheço. Puxo a cadeira e me
sento. Aos poucos os convidados entram no salão. Boquiaberta, vislumbro o
delegado caminhando com um pé na frente do outro. Uauuuu esse homem
podia ser modelo de cueca, ou talvez nu, mas só para mim.
- É aqui. Hum, legal. - Qual é senhor policial? Posso sentir a tensão
sexual emanando do seu corpo.
Apoio os cotovelos na mesa apertando meus seios com os braços
deixando o decote em evidência. Incomodado com a situação, ele se remexe
na cadeira afrouxando o nó da gravata. Posso ver seu pomo de adão subindo
e descendo enquanto engole em seco.
Levanto sensualmente ficando em pé. Deslizo as mãos esticando o
tecido do vestido mais ao mesmo tempo acariciando meu corpo para
provocá-lo. Como se não conseguisse desviar os olhos, ele me observa com
desejo estampado no rosto. Sorrindo maliciosamente, umedeço os lábios
com a ponta da língua.
Brian empurra a cadeira para trás com violência, derrubando-a.
Esfregando as mãos no rosto e de cabeça baixa, se afasta seguindo em
direção do banheiro.
Covarde! Sinto vontade de rir. Se soubesse que causa o mesmo efeito.
- Servida, senhorita? - Pego uma taça de champanhe com o garçom
e a viro de uma vez, devolvendo-a para a bandeja.
Por que esse homem foge de mim desse jeito? Eu sei por que fujo dele,
mas e ele? Alyssa me contou em uma de nossas conversas o quanto é
conservador, turrão. Agora quero saber, algo nele me instiga ao desafio e
gosto disso.
- Oh! Aonde você vai? - Esbarro em Ethan que chega à mesa.
- Já venho - respondo.
Encosto na parede da porta do banheiro masculino, e espero que abra a
porta. Ouço o som do trinco e logo Brian surgi na minha frente. Espalmo as
mãos no seu peito grande e largo, empurrando-o para dentro de novo. Sem
entender nada permanece calado. Giro a chave na fechadura, e a tranco.
- Camilly o que está fazendo? - Como até a voz desse homem pode
ser sexy. Grossa, máscula, firme?
- Shiii. - Coloco um dedo por cima dos seus lábios silenciando-o.
A cada passo que avanço me aproximando, ele recua dois até não ter
como fugir.
- Você está louca. - Sua mão grossa segura meu braço me puxando
para mais perto.
- Quer tanto quanto eu. - Ergo uma perna, e esfrego o joelho no
meio das suas pernas, roçando no seu pau.
Com os lábios apertados de raiva e os olhos injetados de desejo. Brian
toma minha boca em um beijo desesperado e ardente. Minhas mãos abrem
os botões da camisa dele de forma desesperada, então, decido fazer algo
diferente. Posso tornar esse jogo bem interessante, vou amaciar primeiro.
Rapidamente abro os botões da calça. Afasto-me dos seus braços
musculosos, posso ver a expressão confusa no seu rosto. Ergo a barra do
vestido para cima ganhando mobilidade. Ajoelho-me no pequeno espaço.
Puxo a cueca para baixo liberando seu membro duro e excitado.
Seguro seu pau entre as mãos, aperto os dedos envolvendo-o
fortemente. Lentamente começo fazer movimentos subindo e descendo.
- Camilly? - ofegante, me chama.
Sem se importar com o que está ao redor, coloco ponta da língua para
fora e lambo a cabeça rosada, descendo suavemente. Seus gemidos me
instigam a continuar. Substituo as mãos pela boca, engolindo seu pau.
Grande, grosso, sinto batendo no fundo da garganta. Mãos fortes agarram
meus cabelos entrelaçando os dedos no emaranhado do penteado.
Meus lábios envolvem o membro com força, chupo devagar, rápido,
com força. Com uma mão acaricio suas bolas inchadas. A cada sugada
Brian remexe o quadril arremetendo minha boca.
- PORRA! Boca gostosa do caralho - resmunga alto.
Quem diria que o senhor puritano sabia falar palavrões. A cada
estocada fico mais excitada, molhada, imaginando seu pau me fodendo.
Mais algumas sugadas e ouço seu alerta, mas ignoro sentindo seu líquido
quente jorrando na garganta. Engulo até a última gota. Antes que possa
esboçar qualquer reação, mãos fortes seguram meus braços me levantando.
Brian gira nossos corpos pressionando meu rosto contra o azulejo frio.
Excitado, esfrega seu pau na minha bunda por cima do vestido.
- Quero você - ronrona.
- Estou aqui, não é - respondo ofegante.
Empurrando meus joelhos com os seus, afasta minhas pernas. Como
um animal feroz prendendo sua presa, Brian ergue a barra do vestido,
deslizando as mãos na bunda. Sinto o ardor de uma tapa na minha pele.
Molhada, excitada e querendo muito transar com ele, empino o quadril
contra o seu. Enrolando a mão nos meus cabelos, puxa minha cabeça para
trás deslizando a língua por meu pescoço.
- Tem alguém aí?
Batidas na porta nos traz de volta a realidade. Afastamo-nos
rapidamente trocando olhares, enquanto arrumamos nossas roupas.
Outra pancada impaciente na porta me traz de volta a realidade. Por
que deixei isso acontecer? Como pude manchar a memória de Sheron desse
jeito, pior ainda, com Camilly. Deixei-me levar por desejos primitivos, mas
porra como resistir a essa diaba provocadora? Com as mãos tremendo, ergo
o zíper da calça ajeitando meu pau duro dentro da cueca.
- Brian, é o brinde cara anda logo. Está com dor de barriga? - Ethan
bate novamente enquanto gira a maçaneta tentando abrir a porta.
Camilly permanece calada com um sorriso vitorioso nos lábios. Encaro
dentro dos seus olhos e balanço a cabeça negativamente demonstrando o
quanto me arrependo do que aconteceu. Na mais pura ousadia, ela ergue sua
mão e toca meu rosto acariciando com as pontas dos dedos. Agarro seu
braço com força e a puxo para mais perto, Ethan nos ver saindo juntos do
banheiro já é suficientemente ruim.
- Nunca mais faça isso - digo entredentes.
- Você gostou senhor delegado puritano. - Piscando, desliza a
língua nos lábios carnudos e deliciosos.
- Já avisei. - Esbarro no seu corpo para destrancar a porta, e sinto
que Camilly encostar nas minhas costas roçando os seios fartos,
provocando-me. Ela não cansa desses joguinhos?
Abro de supetão a porta. Ethan me encara de boca aberta, mas quando
nota que atrás de mim tem uma mulher, melhor ainda Camilly, seus olhos se
arregalam como se fossem saltar da órbita. Até mesmo alguém desatento
como ele sabe o que um casal pode fazer dentro de um banheiro privado.
A raiva por ter cedido aos meus desejos me consome. Trêmulo,
suando, sinto que estou sufocando. Lembranças dos momentos íntimos com
Sheron invadem meus pensamentos. Minha esposa perfeita. Pisando duro,
caminho rápido para a saída. Ouço vozes chamando meu nome, mas só
ouço zumbidos.
Afasto-me do salão indo em direção ao estacionamento. Procuro por
meu carro e uma maldita coincidência, o carro dela está ao lado do meu.
Paro em frente ao híbrido branco, encarando através do para-brisa escuro.
Apoio às mãos no capô do carro, deixando minha cabeça baixa. Fecho os
olhos, e só vejo os olhos ardentes de desejo de Camilly ajoelhada na minha
frente. A maciez dos lábios, a garganta aveludada e gulosa sugando cada
centímetro do meu pau. A fragrância do perfume suave.
- PORRA! - Fecho as mãos em um soco, mas antes que possa socar
o carro dela, chuto o pneu várias vezes tentando descontar minha raiva e
frustração.
Respiro fundo recobrando o pouco de sanidade que ainda me resta
dessa noite, aperto o alarme do carro destravando a porta. Sento atrás do
volante, e acelero desviando dos carros estacionados, e saio fora daquele
lugar, fugindo de mim mesmo.
Inconscientemente dirijo até o cemitério. Preciso estar com minha
esposa, não importa como. Estaciono o carro de qualquer jeito, talvez
pegando duas, ou três vagas, não importa. Não é como se as pessoas
viessem ao cemitério às nove horas da noite. Como esperava os grandes
portões dourados da entrada estão trancados. Dou a volta no quarteirão
procurando um espaço mais baixo no muro, e sem pensar nas
consequências pulo para dentro.
Percorro o caminho de tijolos cinza contando somente com a
iluminação da lua. A paz, e o silêncio é como um bálsamo para a dor que
estou sentindo. Mais alguns passos e paro em frente à lápide com nome de
Sheron Garcia. Minhas pernas fraquejam me colocando de joelhos. Sinto
lágrimas descendo e molhando meu rosto. Engasgado com as palavras não
consigo achar um jeito de pedir perdão por tudo. Principalmente por não a
ter salvo daqueles bandidos.
- Perdoe-me, por favor. Prometi cuidar de você, amá-la e não cumpri
minha promessa. Desculpa Sheron, me desculpa. Por favor. - Debruço o
corpo apoiando as mãos no gramado. - Desculpa.
Sinto algo aquecendo meu rosto, levo as mãos até os olhos cobrindo-os
e com dificuldade, os abro. Os primeiros raios de sol da manhã despontam
no meio das árvores. Estava tão atordoado que não percebi quando cai no
sono ali mesmo. Levanto passando a mão pela calça, camisa, me livrando
da sujeira do gramado. Enfio a mão no bolso, e confirmo que carteira e
celular permanecem intactos. Abaixo para pegar a chave do carro que está
jogada no gramado. Lanço um último olhar na direção do túmulo, e com
pesar me despeço.
- Como entrou aqui? - Sou surpreendido pelo coveiro e sua pá
ameaçadora.
- Longa história, senhor. Já estou de saída, não sou ladrão. Minha
esposa é a dona dessa lápide, e sou delegado. - Enfio a mão no bolso e
puxo o distintivo. Empurro o distintivo e confirmo que não estou mentindo.
- Certo, é proibido, devia chamar a polícia. Espera você é a polícia.
- Posso ver a confusão em seus olhos cansados e com marcas de idade.
- Sim - respondo com o esboço de um sorriso.
Gentilmente o senhor se prontifica para abrir o portão lateral de
funcionários para que eu possa sair sem precisar pular o muro de novo.
Trocamos algumas palavras no percurso e ouço atentamente o seu relato de
quantos casais jovens se perdem para a morte. De uma forma estranha e
egoísta saber disso me traz certo consolo.
Despeço-me sem delongas, e fico indignado como deixei o carro
estacionado. No mínimo levaria três multas por infrações diferentes.
- Porra! - resmungo, abrindo a porta do motorista.
Sentado e desperto para mais um dia de trabalho, ligo o rádio de
comunicação da delegacia. Sonoramente os códigos e ocorrências tomam o
espaço do silêncio. É isso, essa é a minha vida, ajudar pessoas que precisam
e nada mais.
- Só meu trabalho - repito baixo.