Minha Esposa De Luxo
img img Minha Esposa De Luxo img Capítulo 4 Jogo de Sedução
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Capítulo 6 Ataque de Víbora img
Capítulo 7 Assinatura img
Capítulo 8 Intuição img
Capítulo 9 Nova Vida img
Capítulo 10 O Começo img
Capítulo 11 Provocações img
Capítulo 12 Recusada pelo Marido img
Capítulo 13 Quarto Invadido img
Capítulo 14 Madame Bittencourt img
Capítulo 15 Esposa Troféu img
Capítulo 16 A Víbora do Jantar img
Capítulo 17 Vida de Aparências img
Capítulo 18 Massagem Quase Erótica img
Capítulo 19 Ressentimento Secreto img
Capítulo 20 Beijo Roubado img
Capítulo 21 Carinho Controverso img
Capítulo 22 Propriedades img
Capítulo 23 Familiares Desagradáveis img
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Capítulo 4 Jogo de Sedução

Abocanhei meu lanche com tanta voracidade que a maionese e o ketchup saltaram pelas laterais do pão e caíram em meu colo. Não me preocupei em limpar. A minha fome era tanta que eu nem podia acreditar que estava comendo algo quente e feito na hora, depois de quase um mês comendo restos ou migalhas deixadas em mesas alheias.

Por um momento, enquanto saboreava o hambúrguer da carne mais cara e dos temperos mais atraentes, me permiti sentir o prazer de comer algo realmente bom.

- Você tinha um cafetão - disse o homem bonito ao meu lado, parcialmente me arrancando daquele vórtex de prazer culinário. Eu o observei pelo canto dos olhos, ele estava com a cabeça inclinada, encarando-me. - Mesmo assim, estava passando fome. Por que diabos continuou nessa vida?

Eu dei de ombros.

Era muito fácil julgar onde eu estava no momento, sem saber que no passado eu estive numa situação ainda pior. Ruan tinha me dado uma oportunidade quando todas as portas se fecharam em minha cara. Ele me salvou. Literalmente. E a prostituição era a minha forma de retribuir.

Bem, não que eu tenha tido alguma chance de ir contra a ordem dele de sair com alguns caras e depois cobrar por isso, mas pelo menos eu me convencia de que estava devolvendo um favor que ele me fez nos meus primeiros anos de vida.

- Nunca me sobrou algum dinheiro para luxos desse tipo - falei com a boca cheia, sem querer deixando que algumas migalhas de pão mastigado caíssem no banco entre nós.

- Isso não é um luxo - disse o homem, numa expressão que misturava a pena e a empatia, mas aquela sombra de compaixão sumiu rapidamente do seu rosto lindo e impiedoso. - Um hambúrguer de esquina não é nada perto do que você terá se pegar uma caneta e assinar o contrato.

- Não posso me casar - respondi após uma engolida dolorosa num pedaço grande demais de pão. - Eu não posso ser comprada, senhor. Se quiser, pode me alugar. Apenas isso. Não sei qual acordo você fez com Ruan, mas ele não tem direito algum sobre mim.

- Sério? - perguntou o homem, num claro tom de deboche. - Ele me entregou todos os seus documentos, então, eu acho que ele tinha algum direito sobre você. Sem falar que não questionou o que eu faria depois da compra. Isso não é um aluguel, Dayane. Você é minha. Ponto final.

Eu fiz menção de continuar reclamando, mas me engasguei com o pão, tamanha era a minha vontade de acabar com aquela fome. Tossindo, peguei o copo de refrigerante que estava entre as minhas pernas, tomando cuidado para não deixar a pequena poção de batata fritas cair contra a porta do carro, e tomei um gole profundo.

Na pressa de desengasgar, não reparei que um molho de ervas e mostarda começou a escorrer pelo lanche, caindo diretamente no banco de couro chique em que eu e o homem bonito compartilhávamos. O homem franziu o cenho ao observar o que acabara de cair da minha mão, então pegou o guardanapo que veio na pequena caixinha do lanche e usou para limpar.

Nos bancos dianteiros, escutei quando o motorista deu risada e tentou disfarçar com uma tosse. O homem ao meu lado soltou uma risada bufada, como se nem ele acreditasse naquela loucura de comprar uma prostituta para se casar. Eu lambi meus dedos para limpar o molho que continuava escorrendo, e não pude evitar o suspiro de prazer pelo sabor maravilhoso.

Eu poderia comer aquilo por dias. Sem nunca enjoar. Qualquer comida fresca era melhor do que as sobras. Aquele lanche era o paraíso em forma redonda. O homem ao meu lado enrolou o guardanapo numa bola e colocou de volta na caixinha, afastando o contrato para longe, afim de evitar que eu deixasse alguma coisa cair no documento.

- Desculpe. Eu não tinha ideia do quanto estava faminta.

O homem esboçou um sorriso de canto.

- Faça o que quiser. Aja da forma que quiser. Apenas assine o contrato, Dayane.

- Por que eu? - perguntei, enrolando o resto do pão na própria embalagem e colocando na caixa. - Você é bonito, tem dinheiro suficiente para me comprar, e tem um carro com bancos que nem se mancham com mostarda. Por que eu?

Eu ainda estava morrendo de fome. Mas, já que pretendia fugir no menor descuido dos homens, queria ter alguma coisa para comer mais tarde ou nos próximos dias. Eu conseguiria fazer o pão durar por uma semana, no mínimo. Jesus Cristo me ensinou a multiplicar muito bem em cada necessidade passada.

- Porque eu preciso de uma profissional - disse ele em tom firme, sincero. Os olhos castanhos, do tom de folhas de outono, fixaram-se nos meus. - Não posso me envolver com sentimentos, e não quero estar preso a uma mulher que tire minha liberdade.

Então ele queria ser casado e ter uma vida de solteiro.

- E quer tirar a minha liberdade? - retruquei com ironia.

O homem gesticulou com os ombros.

- Você nunca teve liberdade alguma, Dayane.

Ele estava certo, mas, ainda assim, me senti ofendida. Cruzei os braços e semicerrei os olhos em sua direção, no que eu esperava ser a minha pose mais ameaçadora. Pela forma com que os lábios dele quase se repuxaram num sorriso, foi bem óbvio que a pose não funcionou do modo que eu esperava.

- Bem, eu ainda posso escolher com quem eu quero ou não transar.

- E vai continuar escolhendo - disse ele, de modo despreocupado. Eu franzi o cenho. O homem se recostou na porta do carro, virando-se para mim. - Dayane, eu tenho uma proposta bem simples. Melhor do que um aluguel. Se quiser, entenda como um negócio que estamos fazendo. Eu quero você, e em troca disso, você terá o que quiser de mim. Não quero seu corpo, quero você. Apenas você.

- Sim, mas, por que? - insisti novamente. - Posso transar com quem eu quiser, sair para onde quiser, viver a vida que eu quiser, mas tenho de assinar um contrato com você. Por que?

- Porque tenho negócios que precisam desse passo inicial para dar algum lucro no futuro - explicou ele, do modo mais vago possível. Continuei confusa. - Dayane, eu não tenho interesse no seu trabalho. Mas eu me interesso pela sua profissão, pelo modo com que você leva a sua vida atualmente. Porque eu sei que você não me trará problemas. Eu sei que não se deslumbrará ao ponto de passar por cima de tudo. Eu estou dando tudo o que tenho para você, em troca do seu nome.

Mas ele continuava fugindo da resposta objetiva que eu esperava. Uma prostituta não tinha nada a oferecer além do corpo. Se ele não queria meus serviços sexuais, então não teria nada de útil. Meu nome era tão sujo nos serviços bancários que eu tinha até medo de passar na porta de algum banco e ser mantida refém até ter o dinheiro para pagar as dívidas.

Eu era tão mal falada em meu bairro, que evitava fazer amizades para não difamar ninguém. E ali estava uma pessoa que me aparentava ser muito mais do que deixava que eu visse, querendo que eu concordasse com algo que jamais passou pela minha cabeça.

E, o mais bizarro de tudo, se ele tinha me comprado, se eu não poderia voltar a trabalhar para Ruan, então ele nem mesmo tinha de pedir pela minha assinatura. Ele poderia ter me obrigado.

Poderia ter usado métodos que até homens com pouco dinheiro costumavam fazer para ter serviços dos quais não oferecíamos. No entanto, ele nada fez além de tentar me convencer. Bizarro, de fato.

- Vamos supor que eu aceite em algum momento - comecei a dizer, e o homem abriu um sorriso completo. Porra. Ele era bonito mesmo, principalmente sorrindo. Eu pigarreei. - Não estou garantindo nada. Estou supondo. Então, vamos supor, se eu aceitar o contrato, o que acontece depois disso?

- Você estará oficialmente casada comigo - disse ele, apoiando um dos braços no encosto do banco e deslizando os dedos contra os lábios. Era uma pena que ele não quisesse os meus serviços habituais, porque eu teria feito por menos do que ele oferecia. - Pode continuar vivendo no mesmo bairro em que está, naquele apartamento caindo aos pedaços, sem energia, sem comida. Pode continuar convivendo com seus odiosos vizinhos preconceituosos e correndo perigo com os homens mal intencionados daquele lugar desprezível.

- Ou? - incitei, arqueando uma sobrancelha.

O homem umedeceu os lábios, num gesto tão sensual, que eu quase pensei que ele sugeriria que teríamos de consumar o casamento ali mesmo. Deus que me perdoasse. Eu tinha ido do ódio ao desejo pelo homem em questão de poucas palavras. Eu estava na profissão certa. Ele me olhou de modo intenso.

- Ou você pode vir comigo.

Tentei manter minhas expressões bem neutras.

- Para onde?

- Primeiro, até o meu hotel - disse ele, abaixando os olhos para o papel ainda em seu colo. Uma das mãos foi até o bolso do terno e ele retirou uma caneta dourada dali. Com um clique, ele esticou a caneta em minha direção, já pronta para assinatura. - Para que aprenda como se comportar e viver em alta sociedade. Depois, virá para minha casa, e terá a vida de uma princesa. Uma vida da qual sempre sonhou.

            
            

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