Aquilo me irritou, odeio quando essas putas aqui do morro, se achavam no direito de me arranhar ou qualquer coisa. Terminei o banho, me troquei e fui pra sala.
Nem acreditei quando vi a Poly na minha sala, oque ela estava fazendo aqui? Tratei logo de pôr a Jaqueline pra fora da minha casa, ela já tinha me sido muito útil.
A Poly começou a falar que precisará falar comigo. Ela tava parecendo nervosa. Só oque me faltava ela só pode estar querendo se declarar para mim. Antes que ela começasse o assunto que ela tinha a me dizer. Comecei a insulta la, uma raiva me consumia, por amar tanto ela e não poder te-la a mim.
Foi quando ela começou a me xingar que eu perdi cabeça, fiz coisas que não deveria. O Jtê entrou em minha casa, me tirando de cima dela, para ela finalmente consegui respirar.
Ele me empurrou para a sala. Aí que eu pude perceber oque eu acabará de fazer, eu estava fora de mim. E depois de ter feito aquilo, com toda certeza ela nunca mais ia me perdoar. Ainda pude ouvir a porta da minha casa bater, ela se foi pra sempre. Eu fiz a maior merda da minha vida.
Jtê veio falar comigo, ele estava bastante preocupado.
- Mano oque foi isso?- Até ele estava assustado, pois nunca tinha me visto assim antes.
- Velho lembra que eu te disse que tinha uma mina na jogada, mas que eu não podia ficar com ela?
- Claro, essa era a mina ?
- É ela, essa patricinha que me tira noites de sono. - Me sentei no sofá e coloquei a mão na cabeça.
- Realmente a mina é uma princesa. Mais ela parecia querer te contar alguma coisa, porque não ouviu ela?
- Não podemos ficar juntos. Ela merece um cara que a dê o futuro que ela tanto deseja. E eu não sou esse cara. A única coisa que eu posso dar a ela é o risco. Eu sou agora um traficante. E ela é sé uma menina de dezesseis anos que ainda tem muita coisa pela frente.
- Mano isso é uma decisão tua. Mas eu acho que se você gosta dela, deveria lutar por ela, não ?
- Eu sei. Mas eu não posso correr o risco de perder ela, a favela é um lugar perigoso, com tantas invasões e tantas guerras aqui.
- As vezes você subestima de mais as pessoas.
- Tá suave jtê, eu sei oque eu faço. Pode deixar que eu já sou bem grandinho. Oque eu senti pela loira, eu não vou sentir por mais ninguém. Mas porra tenho vinte anos, quero curtir minha vida, quero pegar geral.
Polly
Antes de entrar na área de embarque, pedi para Melissa que nunca contasse nada para o Lucas, e pra não deixar o João saber de muita coisa também. Ela concordou dizendo que isso é uma decisão minha.
Dei o último abraço neles e enfim fui lara o avião. A viajem para BH é rápida, e foi bem tranquila, cochilei a metade do tempo, acordando a tempo de ver o avião aterrissar.
Saí do aeroporto já pedindo um táxi, e fui direto para o apartamento do papai que é pequeno mas tem espaço suficiente para nós três.
O apartamento tem duas suítes, sendo uma maior e com uma banheira de hidromassagem e o resto era tudo normal, uma sala que apesar de pequena era toda bem organizada o que deixava ela espaçosa, a cozinha é americana, tem uma área de limpeza e um banheiro social.
Escolhi meu quarto, o maior, eu precisava mais do que ele daquela banheira. Nem arrumei minhas coisas, tomei logo um banho relaxante e liguei para Mel e para meu pai.
Comi alguma coisa e me joguei na cama, para dormir a tarde toda.
...
O tempo foi passando e com ele coisas boas vem acontecendo, um exemplo é a minha gravidez, que tudo está ocorrendo maravilhosamente bem.
Meu pai já está morando aqui comigo, Melissa já veio me visitar algumas vezes e amou o apartamento. Consegui um emprego de secretária em um consultório a poucas ruas da minha casa.
Hoje eu tenho a ultra para saber o sexo do meu bebê. E eu tô cada vez mais apaixonada pelo meu bebê, é tão bom sentir ele mexer em mim.
Lucas
Já faz alguns meses que eu não vejo a Poly, ultima vez que vi ela, eu fui um perfeito babaca. Mais isso já não me interessava mais. Melissa disse que ela se mudou, mas não quis me dizer o por que e nem para onde. E também não fiz muita questão de descobrir.
Enquanto isso a minha vida deu uma volta completa. Com apenas quatro meses no tráfico, eu já sou o gerente da boca que eu trabalho, e o jtê disse que eu sou o cara que ele mais confia. Isso é bom, virei um dos caras mais desejados do Vidigal, todas as minas querem passar uma noite com o papai aqui. Apesar disso não fico com todas, apenas uma por semana, nunca me esquecendo de usar minha fiel escudeira a camisinha. Essas datas daqui tudo, deve ter DST.
Posso passar o rodo na favela toda mais nenhuma delas se compara a uma certa loirinha.
O joão e a Mel estão super grudados, ele ta trabalhando em uma empresa no grande lá do centro do Rio, já disse que ele não precisa trabalhar, mas ele insistiu, e não tá nada satisfeito com meu emprego, mas tá aceitando aos poucos.
Nos mudamos no mês passado, agora estamos em uma casa bem maior, com direito a piscina e dois quartos de hospedes, essa casa é mó bonita e geral não acredita que ela é na favela.
Minha moral aqui cresce a cada dia, sou bom com geral e nunca desrespeitei morador nenhum. Jtê me ensinou tudo sobre armas e hoje sou um dos melhores atiradores daqui.
Polly
Me arrumei e marquei de encontrar com meu pai direto no consultório. E ele estava lá já sentado na sala de espera.
- Oi querida, como você está? - Doutora Carmen me recebeu super simpática.
- Estou bem! - Disse sorrindo. Ela era muito simpática com todos os pacientes.
- Oi senhor Carlos. Como vai?
- Estou bem doutora, e a senhora?
- Vou bem obrigada, preparados para saber o sexo?
- Estou tão ansiosa que não consegui nem dormir a noite. - Falei e ela gargalhou.
- Esse bebezão esta se escondendo de mais, mas hoje ele não me escapa. - Ela tirou todas as minhas medidas e me pesou e depois fomos para a sala da ultrassom.
Me deitei na maca levantando a camisa e a doutora foi passando o gel sobre a minha barriga. Ela ficou passando o aparelho e depois ela olhou pra mim com um sorriso malicioso no rosto.
- Olha só oque temos aqui. - ela disse com a maior empolgação do mundo.
- Então doutora. Me diga por favor.
- Parabéns mamãe é um lindo garotão - Não me contive com tanta emoção e as lagrimas iam descendo do meu rosto. Eu estava tão feliz, finalmente tão realizada, satisfeita.
Meu pai não conseguia esconder o sorriso, ele parecia satisfeito, e eu mais do que feliz.
Terminamos de fazer minha consulta, e meu pai teve que voltar para o trabalho. Então eu peguei um táxi para casa.
Fui direto para a banheira e tirei o tempo para pensar.
Esses meses foram bons, mas não ótimos, estou saudades da Mel, do João e até mesmo do Lucas.
Independente do que ele fez ele é o pai do meu filho, e não ter ele aqui é horrível, tentar esquecer ele é praticamente inútil, penso nele quase todos os dias.
Pode não parecer o certo a se fazer, esconder dele a gravidez, porém não me arrependo, sim ele merece saber. Mas ele me feriu. Pode dizer que é egoísmo, mas aquele que eu vi da ultima vez, não era o cara pelo qual eu me apaixonei, aquele não era o Lucas.
E eu não me arriscaria, ele estava fora de si, se o cara não tivesse chegado eu ia desmaiar.
Não sei se voltarei ao Rio mais se eu voltar espero não ver ele.
Hora de ligar pra Mel a dindinha vai amar saber que é um meninão. Saí do banho e me deitei na cama apenas de toalha.
- Melzinha?
- Poly, amor da minha vida. Hoje foi a consulta, e ai? menino ou menina? - Do jeito que eu conheço a Mel, imagino como ela deve está morrendo de curiosidade nesse momento.
- Oi Mel, to bem sim obrigado por perguntar. - Falei só para instiga ela.
- Ai Poly para de me enrolar eu sei que você está bem.
- Nossa feriu meus sentimentos. -
- Vai Poly fala pra mim, por favor. Não dormi a noite toda pensando nisso. Ou melhor, quase não dormi né!?
- Então se prepara que você será a madrinha do príncipe mais lindo.
- Principe? menino? ai meu Deusssss polyyyyy... - Ouvi o barulho de algumas coisas quebrando. Mas antes de eu perguntar o que aconteceu, ela voltou a gritar. - Eu vou ser madrinha de um meninoo aaaah obrigadaaaa. - Ela estava aos berros no telefone, acho que nada descreveria a sua animação.
- Calma muier vai me deixar surda. - ouvi sua gargalhada nada escandalosa.
- Ai amiga que felicidade, ai adorei saber disso, prometo que vou te visitar e passar um mês ai na sua casa, só preciso organizar minhas coisas aqui em casa, e daqui a uns meses eu estarei aí, do seu ladinho. E ao lado do meu pequeno.
- Ta bom Mel vem sim que eu to louca de saudades.
- Mas amiga e o nome dele? Já pensou em algo?
- Eu até tenho um em mente, mas só vou te dizer qual é pessoalmente. - provoquei.
- Ah não amiga vai me matar de curiosidade.
Eu e a mel ainda conversamos por umas meia hora ai eu decidi ir para casa.
No jantar me sentei com meu pai, começamos a fazer planos para o bebê, até que meu pai tocou no assunto que ele tanto queria saber.
-Ta bem Poly, eu acho que já esta na hora de você me dizer a verdade.. Quem é o pai desta criança? E não adianta me enrolar, porque eu já não aguento mais isso. - Meu pai disse com palavras firmes, e já estava mais do na hora de eu contar toda a história.
- Então pai. Um tempo antes de eu engravidar, eu conheci um cara, o nome dele é Lucas, ele trabalhava em um quiosque que tinha em frente ao nosso antigo prédio, nos começamos a nos falar sempre, e um dia ele me levou para o baile do Vidigal, nos acabamos por beber de mais, ele me levou para sua casa, e lá que tudo aconteceu.
- Minha filha..
- Aconteceu pai, eu nunca imaginei que acabaria gravida e sozinha.
- Você não esta sozinha eu estou aqui com você. Vá descansar, amanhã nós vamos almoçar juntos e sair a tarde preciso ter uma conversa com você.
-Tá bem papai. - Ele beijou minha testa e saiu.