A Madrasta e o CEO
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Capítulo 4 Capitulo 4

- Adoro quando você é assim espontânea, mesmo que não consiga atinar o motivo!

- Sua preocupação em pedir as coisas que gosto, o fato de você gostar de mim como sou, de ser tão diferente de sua irmã. O simples fato de você existir!

A voz sai embargada, minha amiga consegue extrair estas emoções que por tanto tempo guardei dentro de mim. Que por tempo demais sufoquei.

Antes que ela fale algo sobre este meu rompante emotivo, a porta é aberta e sei que passarei por uma provação, talvez a primeira nos domínios dos Martins.

Sei se tratar da mãe de Cibely, quando vejo a quantidade de joias que adornam o seu corpo, quando vejo a classe e a elegância que lhes são intrínsecas.

- Acho que ainda não conhecia esta sua amiga, minha filha! Sinto o deboche, o escárnio.

Sei que minhas roupas gastas e fora de moda entregam que não faço parte de seu ciclo social.

- Esta é minha amiga Clara, mamãe.

Cibely diz como se não tivesse percebido a forma como sua mãe me tratou.

- Você sempre teve gostos um tanto exóticos para amigos, Cibely. E mais uma alfinetada.

Espero, sem uma gota de otimismo, o desenrolar desta conversa.

Como ainda não me foi dirigida a palavra, abstenho-me de responder.

- O que você quer dizer, é que nunca demonstrei interesse em estreitar laços com as filhinhas fúteis das suas amigas!

Ela altera o tom, como se não suportasse me ver sendo alvo das indiretas de sua mãe.

- Fúteis ou não, mas que são do seu nível social! Fala firme, deixa claro o que pensa.

Pondero retrucar, dizer que não quero estar aqui, que não quero sequer respirar o mesmo ar que ela, mas minha amiga antecipa-se à minha fala.

- Estou de saco cheio deste seu jeito distorcido de encarar a vida! A ira no rosto de sua mãe é visível.

- Cuidado com suas palavras, Cibely!

A matriarca da família Martins diz. Sua voz demonstrando que está por um fio de perder a classe, que parece enraizada em seu ser.

- Essa nossa velha discussão não nos levará a lugar nenhum. Por isso mamãe, se você nos der licença, precisamos estudar para a prova de amanhã.

Parece até que Cibely falou alguma obscenidade, tamanho é o choque na face da sua mãe.

- Esta moça estuda com você? A surpresa, a descrença.

- Sim, Clara faz administração comigo e é a melhor aluna da turma. Percebo o orgulho com que minha amiga profere as palavras.

- E como você consegue estudar nessa faculdade, mocinha? Ela dirige-se a mim. Quem dera nunca o tivesse feito.

O menosprezo é perceptível. Tudo nela fala sobre como me acha indigna de conviver com sua filha.

- Na verdade conseguiria estudar em qualquer faculdade do país. Meu desempenho ao longo dos anos mostrou-me que poderia pleitear vaga em qualquer universidade, mas meu pai, que é quem paga a mensalidade, obrigou-me infelizmente a cursar uma que aparentemente não condiz com minhas posses.

Tenho garras e, por mais que sempre evite este tipo de embate, não me omitirei. A não ser que falar leve-me a ser castigada, como ocorre com Virgínia, do contrário, sempre que puder me posicionarei.

- E quem seria o seu pai, que pode pagar uma mensalidade tão alta, mas que não pode lhe dar roupas melhores, ou pelo menos mais apresentáveis?

Talvez pelo cargo que meu pai ocupe e pelo que recebe, certamente poderia sim vestir-me melhor.

Infelizmente isso seria aceitar suas atitudes, ser conivente com suas ações.

E pior, seria usufruir do dinheiro da megera, e isso não aconteceria nem mesmo se o inferno congelasse.

- Fernando dos Santos.

Outrora esse nome não diria nada para esse tipo de gente, agora como namorado da socialite, provavelmente fala mais do que gostaria.

E confirmo o que penso quando a mãe de Cibely abre a boca.

- Ah, então você é a coisinha que minha amiga adotou como filha. A quem ela de forma tão magnânima faz um gesto tão grandioso de caridade.

Sim, já conversaram sobre mim.

E sim, ela é farinha do mesmo saco que Virgínia.

Ela já tem uma opinião formada a meu respeito e eu já acabei de formar a minha.

Quero distância. Tão vazia e pobre de espírito como muitas que venho conhecendo e infelizmente abominando.

Olho-a com seriedade, deixando claro que não vou me submeter e parece que ela decide que não valho a pena.

Felizmente ela parece mais satisfeita em saber onde moro, e quem é meu pai, mesmo que em momento algum estas informações me qualifiquem para ter qualquer tipo de envolvimento com sua filha.

E isso pouco me importa. O que ela pensa, o que outros pensam.

No momento apenas a minha vida e meu bem-estar me interessam.

Apenas a amizade de Cibely me basta.

- Talvez para você seja também um caso de caridade, não é mesmo minha filha? Mas até mesmo o amor ao próximo tem limites!

Ela vira-se para sair e caminha até a porta, pois sabe que Cibely retrucará.

Mesmo que demore um pouco, mesmo que esteja passada demais com o modo de pensar de sua mãe para retrucar rapidamente.

- Mamãe, odeio que seja assim! Odeio...

E ela bate a porta, pouco se importando com que sua filha ache sobre ela. Pouco se importando de ter despejado tanto veneno.

- Arg! Odeio, odeio, odeio...

Cibely dá pequenos murros no colchão. Tenta extravasar a raiva que parece lhe consumir. Tenta se acalmar despejando na cama sua ira.

- Tudo bem Cibely, tudo bem.

Tento a conformar. Tento mostrar-lhe que isso não mais me atinge. Que jamais me sinto diminuída porque um punhado de gente que tem dinheiro, acha que esse fato é motivo para me achar inferior, para achar que pessoas pobres são inferiores.

Mesmo com pouca idade já identifiquei este desvio de caráter, já alcancei sabedoria e fortaleza para que essas coisas não me machuquem tanto, pelo menos não mais.

- Você não tá com raiva? Não vai desistir da nossa amizade por eu ter uma mãe que mais parece uma bruxa?

Ela tenta dar um tom de humor, mas percebo a fragilidade em suas palavras.

Percebo o temor que sente ao imaginar que as ações de sua mãe possam sim nos afastar.

- Parece que você não me conhece, Cibely. Eu pago para não entrar em uma briga, evito discussões e qualquer tipo de embate. Mas se isso for inevitável, certamente pagarei é para não sair da briga. Com esses comentários ela apenas atiçou a minha vontade de ser sua amiga, de estar junto de você. Só me afastarei se essa for sua vontade, do contrário gêmea boa, você vai ter que me engolir.

Ela ri, aliviada. Feliz por nossa amizade ter passado neste teste e resistido.

- Graças a Deus! Só acho uma pena que talvez você não queira mais vir aqui, não depois das atrocidades que minha mãe sem noção falou.

Diz triste, já tendo como certo que não voltarei aqui.

- Não vou fingir que foi agradável, pois não foi. Mas quero que saiba que sempre que me convidar e for bem-vinda por você, virei, mesmo que tenha que engolir este tipo de sapo.

Ela parece não caber em si de contentamento.

- E mais, sua mãe não tem o poder de me machucar, então vir à sua casa não me fará mal algum, muito pelo contrário.

Um dia saberia que eu não poderia estar mais enganada. Infelizmente somente o futuro para mostrar meu engano.

Muitos achariam minha rotina estressante, extenuante.

Muitos certamente haveriam de querer os benefícios que o sobrenome e o fato de ser herdeiro de um império trariam, mas jamais queriam ter que ralar como eu, dia após dia.

Sim, eu trabalho duro.

Eu faço da Láctea do Brasil uma empresa de sucesso, a maior do país neste ramo, e isso jamais aconteceria sem que colocasse até mesmo o meu sangue em tudo o que faço.

Com apenas 25 anos tornei-me o CEO do grupo, assumi a empresa antes que meu pai a colocasse em uma situação irreversível.

Assim que concluí meu curso superior ocupei um cargo diretivo no grupo e logo meu desempenho foi reconhecido, até mesmo por meu progenitor, que assumiu não levar qualquer jeito para administrar e de bom grado cedeu-me seu cargo, ficando mais do que satisfeito em curtir seus jogos de golfe e suas corridas de cavalos.

Ele recebeu o cargo de meu avô, que hesitou por anos a se aposentar, já prevendo que talvez seu filho Gilberto não fosse a pessoa mais indicada para substituí-lo.

Mas como não tinha outros filhos e também não quisesse um estranho em sua cadeira, resolveu correr o risco, mesmo que suas suspeitas fossem fatalmente confirmadas pela péssima gestão que meu pai fez à frente do grupo.

            
            

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