Um CEO e a Sereia
img img Um CEO e a Sereia img Capítulo 4 Capitulo 4
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Capítulo 4 Capitulo 4

Depois de retomar o fôlego e nadar mais algumas vezes, enfim fui tirada da água, mas eu não iria tão rápido para casa, o dono do aquário inventou de montar um cenário e aos finais de semana, as pessoas podiam tirar fotos comigo. Depois de enxugar o cabelo com a toalha, Marcelo me colocou sentada na concha e eu quis chorar ao ver a volumosa fila que se formava. Respirei fundo e lá estava eu sorrindo, enquanto por dentro a

ansiedade dominava todas as células do meu corpo. Maldito zodíaco. Ser uma sereia pisciana era como nadar constantemente em uma piscina de emoções exacerbadas.

Uma hora depois e com as pernas dormentes, minha coluna ereta já estava querendo se curvar. Meu maxilar doía e minha pele implorava por uma banheira de óleo de amêndoas. Uma moça muito bonita se aproximou um pouco tímida e ao mesmo tempo, encantada, seus olhos brilhavam.

- A foto é com você ou... - olhei ao redor, procurando por alguma criança. - Seus filhos? Sobrinhas?

- Ah...é comigo, eu amo sereias! - Ela olhou para as poucas pessoas que ainda aguardavam. - Quer saber, deixa pra lá...eu já sou adulta...

- E daí? Venha! - Fiz sinal com a mão, a chamando para perto de mim. Ainda sem graça, ela se sentou ao meu lado. - Viva com os olhos de crianças! Elas sempre querem experimentar o novo, sem medos, não podemos perder isso só porque nos tornamos adultos! - cochichei.

- Obrigada...

- A foto você retira na saída! - pisquei e ela se afastou, parecia um pouco confusa.

Quando ouvi o último clique, relaxei as costas. Como de praxe, Marcelo, tão cansado quanto eu, me carregou até o camarim e depois de tirar a cauda, nem banho eu quis tomar, queria o chuveiro de casa. Peguei o celular e senti o sangue petrificar dentro das minhas veias. Tinha uma mensagem de Maurício e era um vídeo que obviamente, na minha percepção, levou horas para carregar.

"E aí, Ariel, espero que a sua apresentação seja linda! Cuidado com os tubarões, se cuide, garota! Beijos! "

Fiquei presa naquela imagem e no som de sua voz. Aquele homem era completamente diferente do que eu imaginei. Sua beleza era única e hipnotizava, ou talvez fosse a junção de sua personalidade com aqueles olhos verdes escuros. O maxilar acentuado e quadrado, combinava com seu nariz que se destacava em seu rosto. A maneira como ele umedecia os lábios despretensiosamente me deixou quente, como se eu tivesse sido acometida por uma febre repentina e quando Maurício piscou, jogando seus cabelos para trás, meus músculos vaginais contraíram.

- Vamos? - Marcelo apareceu na porta. - Só falta a gente, vem, eu te acompanho até o carro, está tarde demais.

- Claro! - levantei eufórica. Eu sabia que as maçãs do meu rosto estavam vermelhas.

- Micaela, vai me contar quem é o sortudo? - Ele abaixou um pouco e bateu com seu ombro no meu, sorrindo em seguida.

- Só se você me contar quem é a moça da motona! - O empurrei com meu corpo e Marcelo desiquilibrou.

- Tão baixinha e tão forte, folgada! - Nós dois rimos. - É só alguém que estou conhecendo!

- É só alguém que estou conhecendo! - Dei de ombros. - Ela não fica enciumada por você viver com uma sereia no colo?

- Quem te escuta falar pensar que só faço isso! - Sua gargalhada ecoou pelo corredor. - Mas não, Natasha confia em si mesma, vocês duas se dariam bem, um dia ainda vamos sair nós quatro, o que me diz?

- Gosto da ideia!

E eu gostava mesmo, ainda mais depois de conhecer o rosto por trás daquela personalidade que tanto me agradava. Marcelo foi comigo até o carro e logo vi a moto enorme de sua quase namorada encostando. Eu desejava que todos os homens fossem como ele, talvez como Maurício também, mas isso eu só poderia afirmar, depois de conhece-lo melhor.

" Oi senhor não tão misterioso mais, estou saindo agora, você deve estar dormindo e amanhã acho que será bem corrido por causa do casamento, mas espero que possamos ter uns minutinhos. Saudades. "

Esperei um tempinho, na esperança de que ele estivesse acordado, mas a única notificação que chegou, foi uma mensagem de Lupe, me lembrando do bendito contrato.

LETÍCIA

- Puta que pariu, puta que pariu, puta que pariu! E agora? Fala, Fumaça! - Eu andava de um lado para o outro, o chão do meu quarto já estava gasto. A única resposta foi um "miau" demorado e preguiçoso.

- Que grande merda mole! - sentei na beirada da cama e joguei meu corpo contra o colchão, tampando os olhos com o antebraço.

Fumaça, meu gato cinza e branco subiu na minha barriga, ronronando, enquanto puxava mais alguns fios da camiseta velha que eu usava para dormir. Não bastava eu ter mandando o vídeo do Luca para Micaela, eu fui lá e tirei uma foto com ela. A intenção era esperar todas aquelas crianças barulhentas irem embora com suas mães e contar a verdade, mas como já sabem, falhei.

Eu tinha ido longe demais. Vi que chegou mensagem dela para mim, ou melhor, para o Maurício, mas não abri o aplicativo. Viva com olhos de crianças! Como alguém ousava magoar uma pessoa dessa? A minúscula esperança de que eu ainda poderia ir para o céu, evaporava ao pensar nisso. Minha vaga no inferno acabava de se tornar VIP. Eu seria a primeira a mergulhar no mar de labaredas e descer pelo escorregador gigante de lâminas.

- É Fumaça, eu sei, pensei nisso hoje...mas poderia ser catastrófico...

Quando perguntei ao Luca sobre conhecer alguém legal, foi justamente pensando em arranjar um encontro entre ele e a Micaela, mas por mais simples que isso possa parecer, não era. Duas pessoas incríveis, mas opostas em vários aspectos, enquanto a mulher sereia acreditava em uma colônia paz e amor no fundo do oceano e consultava seu signo todo santo dia, meu primo era o ser mais racional e teimoso que eu conhecia. Colocar esses dois em um quarto, seria como uma rinha de galos.

No fundo, eu sabia que ambos poderiam aprender muito um com o outro, mas para isso, eles teriam que ser obrigados a conviver por vários dias, sem terem para onde fugir. Talvez se eu sequestrasse o novo jovem CEO milionário e a sereia do maior aquário do México, ninguém notaria. Eu quero morrer, mas não quero magoar Micaela. Minhas pálpebras começaram a pesar, virei de lado e adormeci.

"Bom dia, flor exuberante! Acorda, garota! "

Esse era o áudio do Luca de uma hora atrás. Cocei os olhos, limpando as ramelas endurecidas que sempre juntavam nos cantos e vi que tinha um bom dia da Micaela também. Eu não podia e nem queria mais deixá-la no vácuo. Ouvi de novo a mensagem do meu primo e um bebezinho satânico muito fofo sentou no meu ombro com as pernas cruzadas. Se você editar o áudio, dá pra mandar só a parte do "bom dia, flor exuberante...".

Enviei e soltei o celular como se ele estivesse pegando fogo. Levei as duas mãos na boca e corri até a varanda, eu morava no décimo primeiro andar, olhei para baixo, pensando se deveria me jogar de cabeça ou de barriga, mas eu não queria perder a grande festa de lançamento do Red Expansion e quem sabe encher o cu de cerveja, agarrar o Leo no banheiro e acordar no dia seguinte enrolada no seu lençol do Guerra nas Estrelas. Certo, eu nem sei se ele tinha um lençol assim, mas algo me dizia que sim. Os travesseiros com certeza eram enormes consoles do Playstation 5 e eu não duvido que um Darth Vader tamanho real, não ficasse de sentinela atrás de sua porta.

Minha nossa, a imagem de nós dois trepando, debaixo dos olhos do senhor Vader, enquanto minha bunda balançava e eu gritava o nome do Leo bem alto, era bizarra. Voltei para o quarto, Luca havia respondido, Micaela havia respondido e eu só pensava em ser milionária e construir um foguete. Certo, um problema por vez, respira. Liguei para o meu primo, que nesse momento, estava surtando.

- Já tomou seu remédio? Luca, senta e respira.

- Eu tô sentado. As horas não passam e eu realmente acredito que um evento grande assim, pode dar muita merda e porra, vai ser notícia, tá ligada, né? A internet só fala disso. E se encher de gente sem convite e aquilo virar uma baderna? Sei lá, morte, tiro, armas...

- Luca! - gritei.

Ficamos em silêncio, mas sua respiração pesada indicava que ele ainda estava do outro lado da linha. Esse era outro ponto que me fazia recuar quando pensava em apresentar Luca para Micaela. Meu primo era uma bomba de ansiedade ambulante, o TDAH contribuía muito para isso e nem sempre o desgraçado tomava o remédio da forma correta.

- Vou tomar o remédio.

- Por favor. Vá, fique na linha comigo. - Ouvi o barulho característico das pílulas sendo remexidas e a água preenchendo o copo. - Sua mãe apareceu, né?

            
            

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