O terapeuta - Livro 1
img img O terapeuta - Livro 1 img Capítulo 3 O terapeuta
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Capítulo 3 O terapeuta

- Claro, ele já me deixou a par disso. Estava esperando sua resposta. - A que horas eu posso ir dar uma olhada no lugar? - Se tiver um tempinho, nesse momento seria uma boa hora, já que ele não tem paciente agora. Penso um pouco. Abro a aba da minha agenda no computador e vejo que dá para eu arrumar uma brechinha aqui. - Estou a caminho. - Decido rápido. - Muito obrigada. Desligo o telefone e aperto um botão. - Gaby, peça a Alan para vir aqui até minha sala. Enquanto espero, guardo os óculos, visto o paletó e ele chega. - Alan, estou de saída.

Sei que você está cuidando das coisas de Candice, então deixo você tomando conta de tudo. Gaby ainda não consegue sozinha. - Vai sair? Acabou de chegar. - Ele me olha com um pouco de revolta. - Não vou dar conta de dois escritórios. Alan é assistente exclusivo de Candice, é primo dela e está no último ano da faculdade de engenharia civil, vai ser um ótimo construtor. Gosto muito dele, da sua eficiência e já tentei várias vezes roubá-lo para mim. Candice é uma egoísta. Sorte a minha que Alice está chegando para ser minha assistente. - Não precisa cuidar. Gaby vai transferir as ligações importantes para meu celular, você precisa ficar apenas... gerenciando. Até mais, meu querido. - Ando depressa até ele, dou um beijinho em seu rosto lívido, pego casaco, bolsa, chaves e saio rapidamente. Passo pela sala e aviso a Gaby que estou saindo. *** Sei que aqui é vida real, mas não deixo de pensar no que posso encontrar nessa tarde. A imagem de um grande clichê que sempre encontro em livros cobre minha mente: Um homem muito rico, gostosão, que tem sérios problemas resultantes de algum trauma e agora só consegue se relacionar de modo estranho. Por que ricos não conseguem lidar com problemas e qualquer coisa os deixa traumatizados? Uma questão para ser estudada com calma. Olha só quem fala de trauma. Bem, todo mundo tem essas vozes antipáticas soprando no ouvido, né? Broadway? Essa área de Manhattan é mesmo um bom lugar para se montar um consultório para mulheres famosas e desequilibradas. Na recepção, uma jovem me informa que o consultório do Dr. Graham fica no oitavo andar. Uma placa de metal atrás do balcão dela também informa isso. Ao chegar noto que, quase como eu, o Dr. Graham é dono de um andar inteiro daquele prédio. Eu disse quase. O ponto positivo para ele é que o espaço fica no Upper West Side, o meu é no Brooklyn. Estou diante do lugar mais luxuoso e aconchegante que já vi. O homem tem muito bom gosto. E fico me perguntando, com tantas designers famosas, por que ele foi atrás justamente da minha agência, no Brooklyn? Deve ser mesmo muito amigo de Candice. Isso tudo, toda essa riqueza e opulência, combina bastante com a imagem do homem que vi na internet. Com uma análise rápida e perspicaz, pondero mentalmente que ele não precisa de muita mudança na decoração. Mas quem sou eu para discutir com uma celebridade possivelmente birrenta? Na primeira sala, bem espaçosa com sofás modernos brancos e carpete chumbo, eu encontro uma mulher muito bonita e bem vestida sentada atrás de uma mesa de vidro. Ela sorri para mim e retribuo o sorriso. - Oi, telefonei mais cedo. Sou Marianne Cooper, a designer. - Estendo a mão e a cumprimento. - Claro, o Dr. Graham já está vindo. Sente- se e aguarde. Aceita alguma coisa, Srta. Cooper? - Uma água, por favor. Ela sai com um sorriso nos lábios, eu me sento olhando tudo ao redor e faço algumas anotações mentais. Se todo o andar for redecorado, eu terei muito serviço pela frente e no fim uma boa quantia em minha conta. O que tenho que fazer agora é me concentrar para parecer muito equilibrada quando o deslumbrante terapeuta chegar. Fico me perguntando como Candice tem esses amigos gostosos e nunca me disse nada. Traidora. Acho que chegou a hora de colocar meus nervos à prova. DOIS SAWYER A reunião foi um sucesso. Tenho vontade de dar um salto mortal de alegria. Eu consegui! Meus advogados fizeram um bom trabalho e acabo de adquirir o Mercury Hotel. Foram meses de negociações, vínhamos nos reunindo e não chegávamos a um consenso, foram meses cobiçando aquele lugar. Agora é só jogar na imprensa, com certeza meu nome vai ajudar a reerguer o lugar que tem tanto valor sentimental para mim. Cumprimento os dois herdeiros, antigos donos, com apertos de mãos. Peço licença e saio rapidamente da sala, pois preciso contar as boas novas a Jill. Ela estava ansiosa como eu. Não quis vir comigo para assinar o contrato de venda, pois não gosta dessas firulas. Saio da sala de reuniões, desço de elevador, passo pelo enorme hall de entrada e saio do, a partir de agora, meu hotel. Já está tudo combinado para que o lugar seja fechado hoje e sejam iniciadas as reformas de reabertura, com um novo nome. Ainda quero manter segredo para todos.

Lá fora, um carro preto me espera. O homem de terno ao lado dele abre a porta e eu entro. Agradeço com um rápido gesto de cabeça. Ele se afasta e eu arranco. - Jill, consegui. O hotel é oficialmente meu! - Anuncio assim que ela atende minha ligação. - Ah, Sawyer! Estou feliz por você. Mas sabe que ainda mantenho um pé atrás com essa sua decisão. - Tem que me entender, Jill. O hotel representa muito para mim e o consultório está me dando problemas. - Problemas que você criou. - Mas não se preocupe. Vou contornar esse problema e continuar com as terapias. - Poxa, Sawyer, vai virar um empresário? Logo você? - Não. Esse assunto de novo, não, já falei com você. - Tudo bem. Vem me ver? - Sim. Vou passar aí agora para almoçarmos. Mesmo Jill reprovando minha nova aquisição, estou muito feliz. Feliz demais, como nunca estive. As coisas que os homens mais adoram: mulher, bebida, farrear com amigos e um bom carro. Vou agora fazer um filtro. Disso tudo, aquilo que os homens mais amam: mulher. Eu, por exemplo, tenho o emprego que muito homem mataria para ter: sou pago, muito bem pago para comer mulheres. E não sou um garoto de programa. Sou terapeuta e uso meu pau para curar as loucuras delas. Há mais de sete anos, isso funciona perfeitamente. Nunca tive reclamações. Quero dizer, já tive. Elas reclamaram que não queriam acabar as consultas. Essa minha vida não foi planejada, aconteceu por acaso, se espalhou como câncer, a notícia correu e cada vez mais a fila de mulheres aumentava em minha porta. Em um estalar de dedos, eu estava estampando capas de revistas. Para marcar uma consulta comigo, a mulher deve passar quase por um processo seletivo. Minha secretária faz uma entrevista prévia e depois me passa os dados, com todas as informações possíveis. E aí eu decido se aceito ou não. Geralmente passo as gostosas na frente, não sou bobo. Seguindo arduamente minhas próprias regras, consegui transformar meu consultório em um dos mais famosos. Foram anos satisfatórios e muito gostosos. E o melhor de tudo, é que a maior parte da sociedade não sabe o que rola porta adentro do consultório. Às vezes fico me perguntando quantos litros de porra já gastei nesse consultório, quantas camisinhas já foram usadas e quantas lágrimas já tive que suportar. Sim, lágrimas. Algumas choram enquanto contam os problemas e outras choram por não querer se libertar do consultório. Mas jamais posso reclamar de nada, minha vida é perfeita do jeito que é. Além de tudo, sou livre, bebo quando quero, saio quando quero, sou rico, e o melhor: a cada dia traço uma mulher diferente. Algumas vezes, como duas por dia. Olhem meu sorriso largo de satisfação, enquanto analiso minha vida. Eu fiz muita coisa de procedência duvidosa até chegar onde estou, nada que tenha me deixado traumatizado, graças a Deus. Eu não tenho traumas, sou um cara tranquilo e apesar de agora ver minhas escolhas passadas como um erro, elas foram necessárias para me dar essa vida de luxo e me fazer amadurecer em relação ao ser humano. Hoje entendo melhor a mente de um ser humano - principalmente das mulheres -, não tenho vergonha ou resignação, qualquer um pode saber o que eu fui, basta saber procurar o nome certo e associar as duas pessoas. Apesar de muitos julgarem vulgar o que eu fiz, eu acho algo normal e Jill sempre me disse que se eu revelasse tudo em praça pública ajudaria a catapultar minhas novas escolhas de carreira.

            
            

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