Paro meu alfa romeo conversível na minha vaga do estacionamento e vou na direção do elevador. Geralmente, nós, homens, estamos pouco nos importando para essas futilidades como decorações, mas Jill insiste que eu preciso manter uma boa aparência no meu consultório. Eu encontrei Candice por acaso há alguns dias e ela comentou algo sobre ter sociedade com uma designer. Pronto, nem precisei procurar. Só aceitei a reforma por causa das minhas pacientes, elas são bem exigentes. Penso na que estou tratando agora, uma atriz casada que não sabe como entreter o marido na cama. Todas sempre são assim, algumas nem têm problemas sérios, apenas querem se consultar com o terapeuta tão falado. E não consigo deixar de ficar lisonjeado em saber que tenho uma lista de espera de mais ou menos seis meses. Todas querendo uma trepada do paraíso. Ao chegar no oitavo andar, Eva me recebe com um sorriso. - Dr. Graham, a Srta. Cooper está à sua espera. - Ela indica discretamente uma jovem que se levanta com um sorriso nos lábios nem um pouco abalada ao me ver. Caralho! O bagulho aqui é sério. Quase fui nocauteado pela aparência da mulher, o jeito que ela deu o primeiro passo, o modo como os seios dela sobressaem na roupa, os cabelos bem arrumados, os olhos muito expressivos e a boca evidentemente sensual. Sei que parece presunçoso da minha parte esperar que as mulheres fiquem tensas quando me veem. Sou um terapeuta famoso e minhas artimanhas no consultório vão de elogios a boatos maldosos na alta sociedade. Visivelmente a srta. Cooper não me conhece. - Dr. Graham. - Ela pronuncia meu nome com um sorriso, anda até mim e estende a mão delicada em minha direção. É muito equilibrada, percebo. Como filho da mãe que sou, me recuso a mandar ela ir se foder. Definitivamente a palavra foder não teria bom resultado associada a essa mulher. Sinto um leve arrepio na nuca. - Sou Marianne Cooper. - A voz dela parece de uma garota da previsão do tempo tamanha é a solenidade. - Mary Anne? - pergunto. - Não. Junto, um só nome. Marianne. Balanço a cabeça assentindo. A roupa que ela usa não é nada sensual, um terninho, acho. Mas deixa uma pulga atrás da orelha dos homens que a veem. Os cabelos escuros estão presos em uma espécie de penteado e a maquiagem é mínima. Ela precisa de ajuda. Detecto nesse mesmo momento que ela é um caso de mulher mal comida. Não estou sendo arrogante, mas prático. Posso estar adiantando um diagnóstico, mas ela não parece ter uma vida sexual ativa. Eu lido com mulheres e sei separar as experientes das iniciantes. Ergo minha mão e seguro a dela. Não pude deixar de notar uma aliança de prata. Noivado? Compromisso? Não é casada, já que a aliança não está na mão esquerda e a secretária a apresentou como senhorita. Revendo meus pensamentos, decido que se eu fizesse algo por ela estaria ajudando na verdade o coitado do homem que, de algum modo, está preso a essa mulher gostosa para cacete e aparentemente frígida. - Esperava alguém um pouco mais velha. - Franzo a testa e revelo, mas não há frustração em minha voz. É mais um comentário avulso. Ela dá um sorriso encantador. - E eu esperava um homem de cabelos brancos. Tipo o Harrison Ford. Não deixei de rir desse comentário. Definitivamente ela não me conhece. Dou mais uma singela olhada no corpo gracioso a minha frente e falo com a voz de âncora do jornal da noite. - Por favor, me acompanhe, Srta. Cooper. - Meneio a cabeça, dou um passo para o lado e ela passa por mim exalando um aroma que parece algo comestível, doce, viciante. Quando vejo a bunda dela sinto vontade de jogar a civilidade para o alto. Meu pau parece gritar: "Vamos comê-la, Graham, por favor!" Faço um sinal e peço para Eva nos servir um café; espero Marianne entrar e fecho a porta. - Fique à vontade. - Indico uma poltrona em frente à minha mesa. Ela olha para a cadeira, mas não se move, então tiro meu casaco esportivo Diesel e penduro-o nas costas da minha cadeira executiva. Arregaço as mangas do suéter. - Como pode ver, o lugar precisa de uma nova roupagem. - Mostro em um movimento rápido todo o consultório. Ela não está olhando para mim, ainda de pé olha tudo ao redor. Os olhos não são de uma profissional estudando possíveis escolhas, é um olhar curioso. Percebo que ela ficou levemente ruborizada quando olhou para o enorme divã do outro lado. Divã, foder, srta. Cooper. Melhor deixar essas palavras bem longe uma da outra. - Não é preciso mudar muito. É um ótimo lugar - diz, meio sem jeito. - Obrigado.
E fica na Broadway. - Ela dá um breve gingado eufórico. Meus lábios repuxam e eu estou vidrado. Como uma mulher de terninho pode me deixar assim? - É - concordo, admirando-a. Eva chega com a bandeja de café, nos serve e sai. Marianne senta-se e me encara. Coloca uma mecha de cabelo imaginária atrás da orelha, afinal, não tem um fio fora do lugar. Por que mulheres fazem isso de colocar mecha imaginária atrás da orelha? T.O.C ou psicopatia mesmo? - O que o senhor deseja afinal? Fico meio confuso com essa pergunta, pois meus sentidos mais pervertidos me dizem o que eu desejo: jogá-la em cima dessa mesa e satisfazê-la até ver um brilho nos olhos, até poder ver esses cabelos tão arrumados ficarem muito despenteados com minhas mãos. Faz muito, muito tempo mesmo, que eu me senti atraído por uma mulher. Não que eu esteja atraído por essa, apenas curioso para saber como uma pessoa tão reservada reagiria a uma boa pegada de macho. Marianne Cooper é como um bônus, quando a vi senti uma vontade incontrolável de fazer dela a minha paciente. Se ela ao menos estivesse com algum problema amoroso... Olhando para ela toda comedida, sei que mesmo se tiver problemas, jamais admitirá a um estranho. - Bem, eu estive pensando que talvez você pudesse redesenhar todo o ambiente. - De propósito elaboro uma voz rouca, baixa e bem sensual. Ela olha para mim e continua indiferente. Será possível que essa mulher não vê como eu sou carne de primeira? Não estou sendo um arrogante cretino, mas as mulheres costumam ficar deslumbradas comigo, estou começando a ficar preocupado. É minha reputação em jogo aqui! Um pensamento me ocorre: talvez ela não goste de homens. Sim, essa é a única explicação para ela me ignorar. - Pensa em mudar os móveis? - Ela pergunta, passando a mão pela mesa, admirando o material. Queria que passasse a mão em mim, admirando o material. - Sim, menos essa mesa. Gosto dela. - Claro, é muito bonita. Vou fazer umas anotações e te mostrar nosso portfólio. Com as mãos plantadas sobre a mesa, fico parado olhando ela tirar um bloco e caneta de dentro da bolsa. Ela os coloca lado a lado sobre a mesa bem alinhados. Eu recosto para ver o que ela pretende. Depois tira uns óculos de uma caixinha, passa uma flanelinha pelas lentes e os coloca ao lado do bloco. Guarda a caixinha dos óculos, fecha a bolsa, pega os óculos, coloca, e, em seguida, pega o bloco e a caneta. Ela olha e percebe que eu estou presente e que assisto entediado o ritual que ela fez. - Óculos de leitura. - Explica. Os lábios se abrem em um sorriso de desculpas e o dedo empurra a haste de metal no nariz. E agora eu quero foder você com esses óculos para que aprenda a ser mais espontânea e a reparar em mim. Droga de ego masculino ferido por uma palerma. - Perdoe minha indiscrição, Srta. Cooper, mas quantos anos tem? - Continuo recostado na cadeira observando-a. - Vinte e cinco. Farei vinte e seis no fim de maio. - Hum... - Faço um gesto anuindo e continuo secando-a com meus olhos. Ela já está vermelha como um pimentão. Sim... Enrubescida pelos meus olhos nada discretos. Estou conseguindo alguma coisa afinal. -