Não Era Amor
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Capítulo 3 Capitulo 3

- Cara... - grunhiu. Ele estava em um leve estado de choque.

Demorou um pouco para se recompor.

- O que aconteceu? - Me aproximei e fechei a porta da frente que ainda continuava aberta dando uma breve olhada no corredor para ver se Megan se encontrava ali pelos elevadores, mas não estava mais.

- Por que Megan saiu daquele jeito? - Apontou em direção à porta.

- Cheguei em uma péssima hora, não cheguei?

- Claro que não, foi só uma briga idiota, mas e você? O que foi que aconteceu? - Eu meio que já sabia o que tinha acontecido, aquela não era a primeira vez que Ethan aparecia com malas em minha casa, mas esperei sua confirmação.

- Alicia me botou pra fora de casa. Mais uma vez - suspirou -, acho que agora é definitivo. - Tirou sua mochila molhada das costas e jogou no sofá. - Posso ficar aqui de novo? Até encontrar um apartamento?

Assenti. Era tudo o que faltava para completar esse dia mais do que estranho.

Capítulo 2

- Chega! - A voz de Tyler ecoou por toda a minha academia.

- Não! Eu ainda consigo mais uma meia hora se você me deixar! - respondi ofegante, olhando o relógio e a quantidade de calorias que havia gasto até então.

- Eu sei que você consegue, mas você tem o histórico de ser muito exagerada e paranóica então, eu estou te pedindo para parar. Agora! - meu personal gritou novamente.

Quando percebeu que eu não ia sair dali, ele se aproximou e diminuiu a velocidade da esteira com toda a audácia do mundo.

- Ei! - reclamei.

- Você é impossível. - Ele falou sério, mas com o resquício de um sorriso, finalizando a corrida definitivamente.

- Posso fazer meia hora de escada, então? - perguntei me olhando no espelho, ajeitando o rabo de cavalo.

- De forma alguma, o único lugar que você vai agora é para a sua cozinha, tomar o seu super café da manhã e iniciar o seu lindo dia! - disse, me puxando pela mão. - Vamos! Carmela está esperando.

Ao sair da academia, dei mais uma inevitável olhadinha no espelho, me avaliando de cima a baixo. Queria me certificar que tudo estava do jeito

que eu queria, sem gordurinhas ou nada extra.

Diferente do que Tyler falava, não era exagero ou paranóia. Eu havia lutado muito para chegar onde havia chegado com relação ao meu corpo e à minha auto estima. Graças a muito exercício e minha força de vontade, agora eu tinha o corpo que sempre havia desejado. Era gratificante poder caber em qualquer roupa, das mais recatadas às mais ousadas; pegar um avião sem as pessoas te olhando de lado ou sem se preocupar de ter que pegar um extensor de cinto de segurança, sentar em uma cadeira sem ter o medo que ela quebrasse... entre outras situações que só quem está acima do peso passa.

Durante toda minha infância e boa parte da minha adolescência, sofri muito preconceito por ser uma garota obesa. Não soube o que era ter um acompanhante no baile de inverno, sofria bullying de todo o colégio, não podia nem sequer comer uma batata frita no intervalo que já me olhavam com repreensão, entre outros milhares de julgamentos infundados e dignos de trauma.

Depois de muito conversar com minha terapeuta, decidi que minha ida para a faculdade seria o meu renascimento. Entrei para a Georgia Southern University, relaxei e tentei estabelecer relações sociais saudáveis com as pessoas.

Nos três anos que passei lá, fiz alguns amigos mas nenhum que você possa dizer que duraria para a vida inteira. Frequentava as festas das

fraternidades e irmandades, participava das viagens, ia aos jogos de futebol americano do nosso time, os Georgia Southern Eagles, e não posso dizer que não curti bem aqueles anos. Só que ao final de toda essa temporada, eu estava vinte e cinco quilos mais gorda. Vinte e cinco quilos além do que eu estava no colégio. A quantidade de estudos era enorme, eu descontava a minha ansiedade pelas provas na comida, e foi impossível conter as lágrimas quando ouvi a costureira de minha mãe falar que ela teria que fazer um número ainda maior para meu vestido de formatura.

Era um pesadelo.

Tinha planos para aquela festa.

Finalmente ia me declarar para o cara que eu estava apaixonada.

Ia usar de toda a coragem que havia reunido desde o dia que o vi pela primeira vez, em nosso primeiro ano de Criminologia. E tudo o que você menos precisa nesse momento é de um choque de realidade que abale a sua auto-estima.

Foi traumático. Com a confiança abalada a coragem virou pó e não consegui me aproximar dele a noite inteira da festa. Quando já estava perto de terminar, pedi a uma amiga que finalmente perguntasse à ele se estaria disponível para conversar comigo e ela voltou cabisbaixa, pedindo para que eu não ficasse triste pois eu provavelmente não fazia o tipo dele.

E naquele momento, esperando o motorista do meu pai me buscar,

tendo que ouvir minha cabeça me julgando e falando que ele jamais ficaria com uma garota gorda feito eu, jurei para mim mesma que aquela seria a última vez que alguém me rejeitaria pelo meu peso.

Depois da Georgia Southern, passei para a Emory University Law School, uma das melhores Universidades de Direito de Atlanta, e junto a muito estudo, fiz o que poderia ser chamada de a maior reeducação alimentar já vista na face da terra. Não foi nada fácil e sim, extremamente desafiador. Durante o meu acompanhamento, os médicos não acreditavam que eu pudesse conseguir, uma vez que a maioria indicava a cirurgia de redução de estômago para o meu caso. E em meio a tantas incredulidades, resolvi me dar aquela única e última chance.

E eu consegui.

Foi nessa época, ao procurar por ajuda, que conheci Tyler e o mundo fitness. Foi quando criei amor por me exercitar, uma paixão que até então não conhecia, e principalmente, amor por mim. Dei tudo o que pude e tive a determinação de ser uma pessoa saudável. E desde então, meu desejo era esfregar na cara daquele idiota que me fez sofrer que eu era perfeita. Que ele certamente agora ficaria com uma pessoa como eu.

Mas os anos, muitos deles, se passaram e aquela lembrança e vontade de vingança eram apenas uma mancha motivacional.

- Amanhã, mesma hora. - Tyler disse pegando sua mochila e seu

celular.

- Ok. Podemos aumentar a série?

- Não acho necessário, Caroline. - Franziu a testa.

- Por favooor! - Fiz uma carinha que certamente ganharia do

gatinho do Shrek.

Ele riu.

- Não. Até amanhã, Caroline.

- Até amanhã, Ty.

Desliguei o som da sala de ginástica e desci as escadas do meu triplex, indo em direção à cozinha. O café da manhã já me esperava e junto ao meu prato, o New York Times e o meu celular.

- Buenos dias, Senhorita Parker.

- Bom dia, Carmela. - Peguei o jornal e me sentei no longo banco anexo à ilha.

- A señorita quer que eu ligue no noticiário?

- Por favor. - Foi a vez de pegar o celular e checar se tinha alguma ligação não atendida.

Após um breve gole em meu café, abri o jornal para ler as notícias, quando a televisão me fez prestar atenção.

"Hilden Jull, famoso empresário do ramo industrial de Michigan foi absolvido das acusações de fraude do Imposto de Renda. Sua advogada,

Caroline Parker Williams, filha do famoso advogado Stanley Parker Williams, falecido no trágico acidente aéreo, foi a grande responsável pela liberação do réu, que saiu livre de todas as acusações, depois de uma audiência de mais de seis horas."

Dois anos haviam se passado do acidente e sempre que mencionavam o nome do meu pai, lembravam daquela maldita queda do avião.

- Nossa Senhora de Guadalupe, Srta. Parker! Seis horas de reunião?

- Carmela exclamou enquanto trazia meu Iogurte natural.

- Se chama audiência, Carmela... - Ri. - Seis horas sim. Que pareceram seis dias. Por isso que cheguei com tanta dor de cabeça em casa.

- Mas a senhorita conseguiu. E da melhor forma. Seu pai deve estar muito orgulhoso lá no céu! - Ela uniu suas mãos e me fitou com carinho.

- Eu prometi que não iria decepcioná-lo.

Desde que meus pais faleceram, dois anos atrás, eu fui a responsável por tomar as rédeas de pouco mais da metade da Parker Williams, o escritório de direito de minha família. A outra parte, pertencia a meu tio Richard, pois fora acordado no testamento. Meu avô foi o fundador e meu pai amava aquele lugar mais do que tudo em sua vida. Stanley Parker Williams foi o grande responsável por me passar todos os princípios da ética da advocacia e me ensinar que o trabalho engrandecia o ser humano.

Qua

            
            

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