Mãe de Primeira Viagem - Especial das mães
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Capítulo 6 6

Lianne puxou as lapelas do aconchegante roupão de lã para mais perto e meneou a cabeça.

-Hoje não é um bom dia, Tray -ela declarou e começou a fechar a porta.

Com uma das mãos, Tray segurou a porta e facilmente entrou na casa.

-Você parece estar precisando de alguma ajuda.

-Mais do que você possa oferecer.

-O que quer dizer? -Ele a estudou com atenção e, ao ver que ela permanecia calada, prosseguiu: -Eu fui à casa da sua irmã, e ela me deu as direções de como chegar até aqui. O que agora parece uma boa coisa. Eu não sabia que vocês duas eram gêmeas. Foi um choque.

Lianne assentiu com a cabeça. Ela sempre mantivera a vida da família separada do trabalho.

-Estou surpresa até mesmo por você saber que eu tinha uma irmã, quanto mais onde encontrá-la.

-Ela está registrada como a pessoa a ser notificada em caso de emergência.

-E você considera isso uma emergência?

Tray fitou-a diretamente nos olhos.

-Você é quem deve me dizer isso. Por que não está na cama? Você está péssima.

-Obrigada. -ela respondeu com sarcasmo. -Na verdade, eu preciso voltar para a cama.

Tray ergueu-a em seus braços fortes e perguntou a direção do quarto. Lianne quase protestou, mas parecia tão bom abrir mão do controle apenas por um segundo. E estar nos braços dele aliviou um pouco o desconforto que ela sentia... Ou as pílulas estavam começando a funcionar.

-Fale comigo. -ele disse, enquanto subia as escadas em direção ao quarto dela.

Lianne não queria que ele soubesse tudo, mas sabia que lhe devia uma explicação.

-Duas cabeças são melhores que uma em resolver problemas. -Tray observou e, em seguida, repousou-a gentilmente na cama. Uma vez que ela se cobriu com o edredom, ele se sentou na beirada do colchão.

-Isso não vai acontecer de novo. -Liane lhe assegurou.

-O que aconteceu e não vai acontecer de novo? -ele quis saber.

-Eu não vou deixar o trabalho de modo tão inesperado como desta vez. Foi uma emergência particular.

-Ei, a Protection Ltda. é boa em emergências. Duvido que haja muitas coisas que não possamos cuidar. Além do mais, você me ajudou a solucionar a maior parte dos problemas da empresa, vamos tentar resolver esse também.

Lianne quase sorriu. Tray era tão orgulhoso da empresa... E com razão. -Infelizmente a empresa não pode ajudar nesta situação. -ela declarou.

-Mas podemos ao menos tentar.

Tray parecia seguro, firme e confiável. Lianne sabia que ele era tão honesto quanto qualquer outra pessoa que ela já havia conhecido. O vento havia desalinhado o cabelo espesso e escuro dele no momento em que ele saíra do carro e rumara para a casa, dando-lhe uma aparência de garoto. Lianne piscou. Ela o havia conhecido quanto ele estivera com 30 anos. Não existia nada de garoto sobre o homem severo que conduzia a Protection Ltda. Ele estava certo, os dois haviam trabalhado juntos por muitos anos. E poderiam muito bem compartilhar esse problema.

-Está bem. -Ela iria aceitar o desafio. -Ontem eu descobri que precisarei fazer uma histerectomia, e eu sempre quis ter uma família. Se eu não fizer algo logo, terei que esquecer o futuro que um dia planejei.

Tray não se moveu, nem mesmo piscou, mas Lianne sabia que o havia assustado.

-É um problema feminino e está piorando. Minha médica recomendou que eu fizesse a operação logo... Antes do próximo mês. Onde isso se encaixa no alcance da Protection?

Inesperadamente, ele estendeu uma das mãos e afastou uma mecha de cabelo que lhe caía sobre o rosto delicado. Lianne ficou chocada com a onda de excitação que a invadiu. Esse era Tray, seu chefe, mentor e amigo. Ela se recusou a ouvir o eco das palavras de Analise em sua mente sobre estar muito envolvida com Tray.

-Não é uma das nossas situações mais comuns. -ele murmurou.

-Você queria saber. -ela o lembrou. Liane o respeitava mais do que qualquer um que ela conhecia. Mas mesmo Tracy, não poderia resolver esse problema. -Não se preocupe, esse é um problema meu e não seu. Eu não vejo nenhuma solução para isso... Quanto mais uma solução rápida.

-Você trabalha para mim, então isso se torna um problema meu também. -falou Tray.

-Estou começando a lidar com a situação. -ela declarou, sentindo-se desconfortável em discutir isso com o seu chefe. A relação deles sempre fora profissional. Agora ele estava em seu quarto e a havia tocado de uma maneira não condizente com sua posição de chefe.

-Mas isso não resolve o caso. -ele observou.

-Cedo ou tarde, eu vou precisar da operação. Eu apenas queria ter um bebê primeiro. -Sua voz soou levemente embargada. Lianne deu um profundo respiro. Ela estava cansada de chorar.

-Que irônico. -Tray murmurou.

-O quê?

-Nada. Você não tem um namorado que possa dar o próximo passo? -ele indagou.

Lianne meneou a cabeça.

-Quando eu tenho tempo para namorar e construir algum tipo de relacionamento? Caso não tenha notado, meu chefe é um feitor -ela provocou, tentando suavizar o clima. Ele não precisava assumir seus problemas.

-Ei, o que for preciso para conseguir que o trabalho seja feito.

-O que você precisa é de duas ou três pessoas que possam acompanhá-lo. -ela devolveu.

-Você nunca se queixou. -Tray observou.

-Você sabe o quanto o trabalho pode ser estimulante. Eu adoro. Mas acho que preciso fazer algumas mudanças. Eu detesto ir sozinha em casas noturnas, mas, se eu quiser uma família... E eu quero... Eu terei que começar a sair.

Tray tocou-lhe um dos ombros, e novamente ela sentiu uma onda de calor se espalhar pelo seu corpo.

-Eu tenho alguns amigos que poderia lhe apresentar. Eu sei que Mark Watt ficou casado por um tempo e gosta da vida de casado.

-O que aconteceu?

-Aparentemente, a esposa não gostava. De qualquer forma, eles se separaram há um ano. Ele pode ser exatamente o que você está procurando. Ele tem a mesma idade que eu e ainda não tem filhos. Talvez ele fique interessado.

-Isso não soa nada romântico. -ela confessou.

-Ei, se quiser romance, você precisa ir com calma. Se quiser um doador de esperma, você tem que aceitar o que conseguir.

-Tray, não posso acreditar que você tenha acabado de dizer uma coisa dessas. Eu não quero apenas um doador, quero alguém para criar a criança comigo, ir a festividades da escola, reuniões familiares. Eu gostaria de me casar se eu puder encontrar o homem certo. E, mesmo que isso não aconteça, eu ainda quero um pai que irá estar presente quando a criança se formar na faculdade, se casar e nos tornar avôs.

-Em que século você pensa que está? -ele indagou.

-O que quer dizer? Isso não é pedir muito.

-Atualmente é pedir muito sim. Quem você conhece que ainda está casado quando os filhos se formam na faculdade?

-Meus pais, por exemplo. Meus avôs estão vivos, todos os quatro. Houve apenas um divórcio em nossa família em três gerações -ela declarou. -Mas um casamento não é necessário. O principal é que eu quero alguém empenhado em ser pai. Alguém que irá amar nossa criança tanto quanto eu.

-Pese as chances e os parâmetros com os quais você tem que trabalhar. Veja qual nível de conforto você pode sustentar e persiga esse objetivo. Talvez ser mãe solteira seja o custo dessa criança.

-Acho que terei que pensar muito sobre isso.

-Gostaria de se alimentar um pouco enquanto pensa sobre isso?

-Você sabe cozinhar?

-Eu posso fazer uma omelete com torradas. -ele disse.

-Acho que há apenas cereais e flocos de aveia.

-Eu cuido disso, vá descansar. -E, dizendo isso, Tray se ergueu da cama e abandonou o quarto.

Lianne soltou um suspiro de alívio.

            
            

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