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Eu não sou interesseiro, mas pensa comigo. Vou ganhar comida de graça, "namorar" com meu crush que não sabe que eu o acho bonito, crush esse que é tipo o sonho de namorado e vou ter um amigo. Quero mais o quê?
Tá. Não é bem crush, mas é crush. Eu só o acho bonito. Não é como se eu tivesse uma paixonite. Não sei. Não me julgue. Eu sou péssimo em saber o que eu estou sentindo, mesmo sendo eu. Ou é uma paixonite, aí. Eu sou tão estranho.
Agora eu estou me perguntando. A mãe dele cozinha bem? Não quero ter que fingir que a comida está boa, se ele me levar para a casa dele. Tudo bem. Eu sou iludido. Ainda assim, vai que um dia eu resolva fazer uma visita?
- Acorda. – Lá veio aquele peste gritando. – Ah, já está acordado. – Ele riu de lado.
- Por que esse riso? – Olhei para ele temeroso.
- Nada, ué. – Ele riu de novo. O que esse garoto tem? Só pode ser um efeito colateral de nascer retardado.
Levantei e fui realizar toda a rotina higiênica habitual.
Nota mental: Lavar o cabelo. A última vez foi aquele dia. E não! Eu não sou porco. Ele fica arrumado, então pra que lavar ou molhar todo dia? Só gasta água e tempo.
Fui então para a cozinha e lá meu irmão estava.
- Se quiser eu arrumo hoje por causa da sua mão, mas vai ter que arrumar sozinho nos outros dias. – Sabia que tinha algo errado aí. Mas bem... nada demais em arrumar sozinho uns dias.
- Tá bom, então. – Falei e fui para o meu quarto.
Comecei a assistir uma série às oito e meia, acabando lá pelas 11:00 AM. Então fui para o banheiro. O machucado já estava melhor, mas tentei não molhar ele ao banhar. Como? Nossas maravilhosas invenções de brasileiros: Amarrei uma sacola na mão. Meu irmão achou bobagem, mas ainda assim, é melhor que correr o risco de demorar para cicatrizar.
Sabe qual o meu maior problema? Lavar e finalizar o cabelo só com uma mão. Só Merlin sabe o quanto foi difícil para conseguir. E o quanto meu braço dói.
Sai do banheiro enrolado na toalha. Depois de sofrer para poder tomar um banho, algo que deveria ser fácil e o universo complica para mim, fui para o meu quarto. Abrindo o guarda roupas, peguei meu uniforme e uma calça jeans preta. Coloquei a roupa e em seguida me sentei na frente do espelho do guarda roupas com o meu parceiro de todas horas chamado Pote de Creme e o amigo dele, o Pente. Lá vamos nós para a próxima hora de tortura, digo, uma hora arrumando o cabelo.
Pessoas de cabelo liso são sim privilegiadas por não precisar ficar no espelho por horas e vocês agradeçam por isso.
- Arrumando o cabelo e fazendo isso cedo? Hum... - Aquela coisa apareceu na porta rindo desconfiado.
- Pode não? É pecado? Se for eu não ligo também. – Respondi ainda me arrumando na frente do espelho.
- Pode, mas você nunca faz isso cedo. – Ele disse e depois pegou a toalha dele.
- Nada a ver.
- Luís já tá te fazendo mudar tão rápido?
- Oi? – Olhei para ele instantaneamente e ele já não aguentava mais segurar o riso.
- Fiquei sabendo que ontem até lanche ele levou. Só para você. – Eu vou matar aqueles fofoqueiros do colégio.
- Quem te falou isso? – Perguntei seriamente.
- Importa? – Debochou. – Mamãe disse que quer conhecer ele.
- Como minha mãe descobriu? – Gritei espantado.
- Ah... Eu que contei para ela. – Ah, mas ele vai morrer. Levantei rapidamente do chão e deixei tudo do meu cabelo no chão. Não liguei nem para o resto não arrumado dele.
- Eu vou te matar. – Falei, mas antes que eu corresse até a praga, ele correu. Persegui ele pela casa, que ria igual uma criança e ainda fazia pouco de mim. Infelizmente eu sou sedentário e ele para a minha infelicidade correu mais rápido que eu para o banheiro.
- Meu irmãozinho está namorando. – Ele cantarolou no banheiro. Voltamos para a quinta série?
- Você vai sair. Mais cedo ou mais tarde, mas você vai sair. – Usei a minha melhor voz ameaçadora. Sei que é coisa do quinto ano a brincadeira do "Tá namorando" soando como ofensa, mas ainda assim, não me julgue.
Agora pronto. Minha mãe sabe de um namoro de mentira. E agora? Se eu disser que é mentira e ela ficar com raiva? O jeito é terminar o namoro de uma forma trágica daqui a um tempo, aí vai ser menos pior, não é?
O que eu faço? Agora eu sou obrigado a continuar isso ou não vai pegar bem para mim também. Obrigado, irmãozinho.
Hoje eu mudei um pouco a rotina e resolvi almoçar em casa. Tivemos um problema básico. Meu irmão começou a perguntar sobre o Luís e eu sinceramente queria bater nele. Não respondi as perguntas estou com raiva ainda. Quem deu o direito de falar para a minha mãe que eu estava namorando, mesmo que seja de mentira. Isso é algo que eu e exclusivamente eu deveria falar.
O que importa é que eu simplesmente não queria mais ouvir ele falando nada e comi o mais rápido possível. Sei que o conheço a bastante tempo para saber que ele não iria calar a boca.
Pra que ficar forçando um assunto? Tipo... Se eu não quero falar sobre algo, eu não irei falar, então para de me encher e vai caçar o que fazer. Desnecessário.
Voltando ao presente, eu tenho sorte de o diretor ser legal. Como assim? Bom, eu meio que cheguei meia hora mais cedo e eles sempre deixam os alunos entrarem para não morrerem torrados no sol brasileiro. Isso é tão bom, sabe? Único privilégio nosso, porque o restante é só tristeza.
Sentei na minha sala e fiquei lá ouvindo música de cabeça baixa.
- Oi. – Ele sorriu e senti o meu humor melhorar significativamente. Só pela voz sei que ele sorriu e sei que é ele. Isso é definitivamente estranho. Tenho que parar.
- Oi. – Sorri.
- Como você está? – Perguntou se sentando ao meu lado. Quando digo ao meu lado, é realmente na mesma cadeira. – Como está sua mão? - Ele falou pegando-a. Assim como havia feito ontem.
- Bom, estou bem e ela também. – Sorri. Mas eu não consigo raciocinar com essa proximidade. Antes ele mantinha uma certa distância e agora seu joelho encosta no meu. O contato foi breve, infelizmente, pois o mesmo sentou em cima da minha carteira depois de pouco tempo.
Então ele tirou de sua mochila um caixinha com gazes, esparadrapo e um liquido.
- Meu pai é médico. Não é aquele médico conhecido, mas ainda assim é médico. – Falou quando percebeu que eu olhava com interesse. – Ah, e isso é pra trocar a gaze que você colocou ontem, ou você não sabe que tem que trocar?
É. Eu não sabia, mas quem se preocupa? O machucado melhora depois de um tempo, então tá tranquilo.
Espera. Por que ele trouxe isso? Para. Porque eu sou emocionado e iludido. Não. Ele é um amigo meu e por isso se importa. Ele deve gostar de alguém. Eu só fui parte de algo que deu errado.
Ele retirou a gaze antiga com cuidado, mas não sem antes esterilizar as mãos com algo que creio ser álcool, já que senti aquele cheiro típico e inebriante. Porque aparentemente poderia infeccionar. Eu só fiquei parado assistindo isso. Ele é tão lindo quando está concentrado, sabe? Eu nunca tinha tido a chance de o observar de perto, então só percebi agora que ele é realmente bonito. Okay, talvez isso seja muito gay, mas não é todo dia que eu tenho esse ser lindo cuidando de mim.
Depois limpou a minha mão e esterilizou o machucado. Doeu? Não. Bom, não sei... Já falei que estava reparando em outra coisa. Logo em seguida ele colocou a gaze e prendeu com o esparadrapo. Depois olhou para mim e sorriu.
- Pronto. – Poxa. Assim fica difícil, moço. Emocionados como eu já criam uma fanfic nesses momentos, então pare de alimentar a minha imaginação. – Amanhã eu troco de novo.
- Seu pai que te ensinou? – Perguntei, mas por dentro estava com o coração batendo forte pelo fato de que ele ainda não havia largado a minha mão.
- Ah, eu disse do seu machucado e pedi para me ensinar. – Oficial. Eu não sei o que fazer. Quero chorar de vergonha.
- Ah... - Sorri, mas foi um sorriso sem graça.
- O que foi? – Perguntou.
- E que desde anteontem você só cuida de mim. Me sinto uma criança trapalhona.
- Ei! Pode parar. – Ele de repente ficou bravo. – Eu faço isso porque me importo. Você é meu amigo. Eu quero ajudar você. – Amigo... Ouvir isso doeu um pouco, sei que a gente é literalmente isso, mas ainda assim eu "gostava" dele e nem ligaria se ele usasse o "namorado" comigo. Mesmo antes de tudo isso eu já queria ouvir isso. – Fora que eu fiz você passar uma vergonha imensa. Tenho que compensar em algo. – Ele sorriu novamente. Joguei meu egoísmo para escanteio e sorri para ele. Assim ele não se preocuparia tanto comigo. Ele não precisa saber que eu me sinto mal com isso.
- É bom mesmo. – Sorri. – Acho bom você ir para a sua sala. Já vai começar a sua aula, não?
- É verdade. – Ele me olhou e se levantou rapidamente. – Até mais tarde
E assim ele se despediu de mim e eu pude perceber que estou sendo só alguém que o ajuda. É como ele disse, certo? Um amigo. Não posso reclamar. Eu que estava criando coisas em minha cabeça. Fiz isso por anos, então fazer mais alguns dias não é realmente uma novidade.
Não consegui mais focar nisso e eu nem queria. Logo os alunos começaram a entrar na sala de aula e depois de uns minutos o professor havia entrado. Não prestei atenção hoje. Eu preciso tomar uma decisão. Não sinto nada forte pelo Luís já tem um tempo, mas eu me conheço. Eu o acho legal, bonito, inteligente, fofo, bonito, legal. Já falei que ele é bonito? Enfim, entende? Eu sei que eu vou gostar dele novamente. Porque eu sou o tipo de trouxa que se apaixona rapidamente, e isso vai me machucar.
Ele não vai querer nada. Por que ele iria querer? Eu não sou bonito e nem especial, o que significa que no final vai ser eu chorando e ele rindo da minha burrice.
Meus fones tocavam músicas aleatórias, mas essas músicas estão soando extremamente melancólicas, o que me dá mais angustia. Será que não tem algo mais alto astral nessa playlist?
E depois de verificar, cheguei à conclusão que realmente. Eu não escuto músicas muito alegres. Percebi agora, quando tentei procurar algo mais alegre, ou menos melancólico.
Aproveitei que os professores hoje não estavam passando nada e dormi um pouco.
- Ei? – Acordei assustado. Percebi depois de dois segundos que se tratava de Luís. Ele tinha em suas mãos uma sacola com algo, mas pode ver o formato de uma mini pizza e uma garrafa pequena de refrigerante. Talvez aceitar a proposta não seja uma má ideia, não é mesmo?
- Desculpa. Estava com sono.
- Percebi. Você dormiu desde a primeira aula. – Como ele sabe disso? Olhei para ele meio desconfiado, quase perguntando como ele sabia. – Bom... Eu estou aqui do seu lado desde a segunda aula. – Oi?
- Por que você estava aqui?
- E que eu tinha duas aulas livres e vim te ver. – Ele riu. – Ai vi você dormindo e não queria te acordar. – Ele veio me ver? Para de dificultar, cara.
- Ninguém brigou não? Ai meu deus. E se algum professor achou ruim?
- Bom. Na verdade, o professor de biologia iria tentar te acordar, mas eu meio que dei uma desculpa e ele desistiu.
Aí que vergonha. Ele passou a tarde toda do meu lado? Tá. Não era bem a tarde toda, mas duas horas do lado de alguém é sem dúvidas muito tempo.
- Já é o intervalo? – Merlin amado. Tentei ao menos criar um assunto depois de ficar olhando para o nada com uma vergonha absurda. Será que ele seria daqueles namorados que não desgrudam? Enfim, minha cara deve estar toda marcada. Preciso ver isso.
- Sim. – Ele sorriu. Peguei o meu celular e fingi, é claro, que eu iria ver as horas, mas na verdade só queria ver a minha situação. Cabelo? Ok. Rosto? Ok. Nada de marcas de sono bom. Ao menos hoje o universo está de bem comigo.
- Vem comigo. – Nem deu tempo de raciocinar e o menino estava me puxando para a for a da sala.
Tinha muita gente no pátio, mas ele ignorou todos e eu segui atrás, tentando não me incomodar com os olhares. Credo. Até parece que eu fiz algo ruim. Nem amigo daquela menina eu era mais, mas ainda peguei fama de "fura olho".
Ele seguiu para a cantina do colégio e entrou sem nenhuma cerimônia.
- Lúcia, meu amor? Você pode esquentar para mim? – Uma mulher que eu creio ser a Lúcia olhou mortalmente para ele. – Sabe que eu te amo, não é? – E a abraçou. Ela riu e foi em direção ao micro ondas. Dentro da cozinha tinham umas mulheres, que muitos aqui chamam por "tia". – Oi, gente. – Ele entrou e se sentou em um banco.
Elas responderam e eles começaram a interagir? Eu? Bom, fiquei parado na porta com cara de trouxa.
- Quem é ele, Luís? – A tal Lúcia perguntou. Depois se abaixou perto do seu ouvido para lhe dizer algo baixinho e ele assentiu. Pude perceber algum rubor em sua bochecha. Safada. Só por que ela é a mais nova pode dar em cima das pessoas? Não gostei dela. – Oi. Eu sou a Lúcia. – Veio toda simpática, mas o ranço que eu tomei de primeira não me deixa sentir verdade nela.
- Olá. Sou o Guilherme. – Falei apertando sua mão.
Depois de uns dois minutos ela trouxe o que havia colocado no microondas. Eram alguns mini salgados e um pedaço de pizza. Acho que ele está tentando me engordar para o abate.
Nos despedimos da Lúcia (me imagine com uma cara debochada infantil e saberá como eu estava realmente) e fomos para as muretas do pátio. Lá tinha muita gente andando e conversando. No começo olharam, mas depois pararam e continuaram suas vidas.
Luís pegou uma garrafinha com o refrigerante, aparentemente natural, e nós comemos os salgados e a mini pizza.
Se ele fosse se candidatar a deputado com certeza iria ganhar, porque nunca vi alguém tão conhecido. Todo momento alguém aparecia para falar com ele. Uns eram para conversar e outros pediam um salgado brincando e o bobo dava um.
Certo momento no meio da conversa ele parou e começou a me olhar. Mais especificamente para a minha boca. O Gay panic foi surreal. Eu olhei pra ele assustado e temeroso, mas nem sei se ele percebeu.
Foi aí que ele se aproximou mais de mim. Então olhei para ele e ele também me olhou imediatamente. Foi chegando mais perto e eu instintivamente fechei os olhos. Foi quando senti. Seus dedos passando perto de minha boca. Abri os olhos e ele me olhou. Nesse momento eu estava pensando seriamente em sair correndo de vergonha. Por que eu achei que ele iria me beijar? Eu sou ridículo mesmo. Tentei disfarçar o meu incômodo e vergonha absurda.
- Estava sujo. – Se eu sair correndo agora vai ser ruim?
Sorri e terminamos de comer em silencio. Mas eu gosto de passar uma vergonha, hein? Não posso ver uma que quero ir cumprimentar e pedir para ela se apossar de mim.
Poxa. Como será possível que eu não paro de passar vergonha? Olhei para o lado, mas aparentemente ninguém reparou nisso. Terminamos de comer pouco tempo depois. Luís me chamou para andarmos pelo colégio e então ele encontrou seus amigos.
- Esse é o Guilherme? – Como assim "O Guilherme"? Ele falava de mim? Eu tenho que parar com isso de tirar conclusões, já que faço isso e no final só sofro.
- Oi. – Sorri para eles. Começou uma leve brincadeira entre eles. Eu não entendi muito bem o que estava acontecendo, mas fiquei rindo para eles. Eles deixavam o clima tão bom. Nem pareci que eu era um intruso no grupo.
Gabe era o padrão do grupo e o mais animado deles, seu sorriso era belo e seu jeito chamavam atenção. Já ouvi falarem dele vez ou outra, mas a beleza dele era sem dúvidas maior pessoalmente. Até às pessoas dos últimos anos concordavam nesse ponto.
Ele em certo momento me abraçou de lado e acabou brincando com minha altura, só porque ele era poucos centímetros mais alto que todos, menos Luís que parecia ter a mesma altura. Fingi que me senti ofendido e fiz o meu melhor drama.
- Ei! – Falei colocando a mão no coração. – Bate nele Luís. Me chamou de baixinho. – Falei inflando as orelhas e Luís riu, fingindo brigar com ele.
Luís e Gabriel eram amigos de anos atrás, mas eram somente eles e eles não eram bem populares, ou Gabriel não era popular. Porque, segundo Gabriel, todos queriam ser amigos do Luís que passava raiva com tudo e tinha síndrome de não me toque.
Foi quando ele conheceu Thiago e Pietro, que depois de um tempo se juntaram a dupla e formaram o grupinho conhecido no colégio de séculos, já que aprontavam todas no ensino fundamental. Eles nunca tiveram segredos, menos quando Luís começou a falar comigo, ele não queria que eu e os meninos nos conhecêssemos.
- Segundo o excelentíssimo Luís, nós iríamos fazer ele passar vergonha. – Thiago comentou.
- Já estão me fazendo passar vergonha. – Luís falou e eu tive que rir dele.
- Eu estou adorando. – Falei.
Eu também passava raiva com tudo, mas acho que a síndrome de não me toque eu nunca tive. Isso era alçada da Luísa. Já sobre a vergonha alheia, eu não duvido que realmente iria sentir, mesmo que eu não tenha achado vergonhoso.
O sino tocou novamente e então Luís se despediu deles falando que voltaria logo. Então seguimos até a porta da minha sala.
- Até a saída. – Ele sorriu e foi embora. Assim não vai dar bom.
Na saída do colégio vi que ele estava com sua mochila, me esperando. Estava lindo e fofo como sempre, seus amigos estavam conversando do lado dele e eu sorri.
- Vamos? – Olhou em meus olhos e sorriu. Eu odeio contato visual, mas eu não consigo odiar o olhar dele. E isso tem tanto tempo que já virou algo normal. Bom, acredito que vou aceitar esse pedido e se dessa vez não for no amor, vai ser no tambor.
Nos despedimos dos meninos e então veio atrás de mim e tirou a mochila de minha costa. Tentei reclamar, mas ele nem quis me ouvir.
Virei para o olhar para o portão, em um passe de mágica meu sorriso se desfez. Lá estava Luísa com o seu bando. Um olhar mortal direcionado a mim, me deu um arrepio. Luís também percebeu isso. Creio que esse foi o motivo dele me puxar e irmos andando.
Tentei seguir meu caminho tranquilamente, mas o sentimento de estar sendo observado me corroía e me fazia pensar que cairia a qualquer momento.
- Ela não está mais olhando. Já pode soltar a respiração. – Ele riu.
- Não brinca com isso. Eu tenho pavor de uma Luísa brava ou magoada. – Traumas do passado, mesmo que na época ela não estivesse de nenhum dos dois jeitos.
- Esquece ela. Vamos falar sobre nós. - Ele falou e olhei na hora. – Digo, sobre o nosso trato. – Menos mal. Ou pior. Não sei. – Pensou sobre o assunto?
Pensei até demais. Criei todas as fanfics possíveis e descartei por ser o mundo real.
- Olha. – Me virei para ele que me olhava atentamente. – Eu e Luísa não tínhamos uma amizade forte mesmo. E o que ela pode fazer demais? – Dei de ombros. – E eu não posso mais sair dessa mentira. – Que contém um total de uma.
- Como assim você não pode? – Perguntou.
- Bom... digamos que a minha mãe descobriu também. Agradeça ao seu novo cunhado falso.
- Sério? Como ela reagiu? – Parou e me olhou. Tenho certeza que ele estava feliz por dentro, mas a pergunta é: Por que?
- Não sei. Meu irmão que me contou. – Estava ocupado demais correndo atrás dele para saber como foi a reação dela.
- Espera... cunhado? Você aceitou? – E o prêmio de maior lerdo vai para... Luís. Como ele só repara nisso agora? Mas o estranho é que ele parece estranhamente feliz, se eu não estivesse ali ele poderia pular de felicidade. Quanta preocupação em agradar os pais, não é mesmo?
- Aceitei, ué. – Comecei a andar novamente.
- Ai. Já tenho planos maravilhosos para convencer todos. – Oi?
O resto do caminho nós falamos mais sobre como foi quando os pais deles descobriram. Eu acho muito fofo isso. Me sinto até querido.
Chegamos em casa e ele me entregou minha mochila.
- Até amanhã, namorado. – Sorriu e foi embora. Sorri bobo e entrei. Tentando respirar normalmente, já que ele realizou uma das minhas fantasias me chamando de namorado.
- Meu genro é lindo, não é?