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Essa história vai ser algo bem difícil de manter. Especialmente para mim. Sabe de uma coisa? Eu odeio com toda a minha alma mentir para a minha mãe, mas poxa, eu já tinha dito e ela viu o menino. Eu esperava adiar isso por um tempo. Nem precisava ser muito tempo, só tipo uns dois ou três meses. É... Talvez eu tenha mentido para mim mesmo nesses dias me convencendo que ela nunca iria ver ele. Já que ele vinha aqui em casa todo dia agora.
Quando cheguei do colégio, fui fechar a porta e minha mãe brotou das profundezas da terra. Ela só podia querer me causar um infarto.
Ela disse que meu "namorado" é lindo. Não discordo nem um pouco. Eu ri sem graça para ela e tentei fazer o que sempre fazia, ou seja, fugir para o meu quarto fingindo que nada aconteceu, mas hoje ela estava decidida a conversar comigo. Meu pai amado. Que mulher decidida a me fazer passar vergonha. Bem que ela poderia se fazer de mãe que deixa os filhos tomarem a atitude. Seria bem melhor, assim não teríamos essa conversa e eu não teria a atitude.
Ela me convidou a sentar no sofá, sofá esse da minha casa e que não precisava de um convite. Depois de me dizer que hoje eu não fugiria para o quarto. Como eu dizia, por que não esquecer esse assunto? Um namoro nem é importante. Eu acho. Talvez isso seja pelo fato de eu não conversar com ninguém e ela estar animada que eu tinha alguém, amizades e que falava.
Enfim, nos sentamos e ela começou a perguntar sobre aquelas coisas do tipo "Como se conheceram?", "Você já gostava dele?", "Como foi o pedido?" e o que eu tive que fazer? Obviamente inventei tudo, ou quase tudo.
Disse para ela que Luís e eu nos conhecemos no colégio mesmo. Não inventei nada demais, só que ele se aproximou e fez amizade comigo e acabamos ficando próximos. Mal sabe ela que eu nem saia da sala pra andar. Ou sabe. Não sei dizer direito, já que sabemos que mães têm um sexto sentido quando é algo relacionado aos filhos.
E não é bem uma mentira ele ter se aproximado mesmo, já que nossa amizade começou assim, a única coisa é que ela não sabia que eu tinha algum amigo.
Disse que eu o achava bonitinho desde sempre. Mas quem não acharia? Os olhinhos pequenos típicos de descendentes de asiáticos. O seu corpo que não era nada demais e nada de menos. Pelo menos para os outros, porque para mim ele era tudo de tudo. A sua voz. O sorriso que ele ama esfregar na cara dos outros e essa é a coisa que eu tenho certeza que ele faz de propósito e eu nem reclamaria se ele passasse o dia todo assim. Seus cabelos pretos médios, que eram lisos e cheirosos, coisa que eu descobri depois de conversar com ele e ficar mais próximo. Tudo nele era perfeito. Não tem como achar ele feio ou achar algo ruim. Além de tudo ele é legal e inteligente... Tô lascado.
Falei também que na verdade o pedido foi bem simples. Só um "Você quer namorar comigo?" sem nada demais. Ninguém estava perto e resolvemos manter isso entre nós por um tempo. Nada demais para não chocar e ela dizer "Nossa, que novela das sete!" ela falou entediada e debochando.
Melhor resumindo. Eu contei a história que minha cabeça criou para o dia que eu iria contar sobre o meu namoro imaginário com ele. Ou pelo menos na minha cabeça seria isso. Se eu fosse interessante, mas na realidade eu não sou nada demais. Só sou eu e eu sei que isso não aconteceria. Sou só o estranho do colégio.
Como eu dizia... Sempre imaginei assim mesmo. Sem mais dramas ou uma história complicada, mas infelizmente o universo me deu um drama de novelas. Quando alguém não quer você não obriga, meu caro universo. Isso é errado. Quando eu queria as minhas coisas você não cooperou, agora só quer me fazer sofrer.
Ela começou a falar sobre seus namoros e foi até legal. Falou como conheceu o papai e sua história de novelas sobre fugir porque os pais não aceitavam o namoro. Mamãe, você sabe que não pode dizer isso aos filhos não é mesmo? Vai que um dia eu resolvo seguir seus passos? Não poderá me julgar. Risos mentais. Mas sabe aquele momento constrangedor? Aconteceu. Aquela palestra vergonhosa sobre sexo seguro. Mulher? Eu nem namoro de verdade e tenho que ouvir isso. Mesmo que eu namorasse de verdade, ainda assim é constrangedor.
Passamos a tarde conversando, comemos pipoca e ainda assistimos um filme ainda, só depois de quase duas horas o meu irmão chegou. Eu ainda queria matar ele naquele ponto do dia, mas estava de muito bom humor para isso. Fazia tempo que eu não interagia com minha família e lá eu estava. Sentado na mesa conversando sobre coisas banais e rindo do meu irmão, que era o palhaço do recinto.
Acordei hoje me sentindo tão leve. Olhei para o lado e meu irmão dormia ainda. Estranho. Olhei no relógio e eram 07:30. Estava relativamente cedo. Deve ser por isso que ele ainda dormia. Escovei os dentes e fui comprar o pão. Cabelo estava lindo e maravilhoso, então saí confiante. O machucado da mão já não me incomodava tanto, mesmo que ainda estivesse com a casquinha de ferida.
Andando pelas ruas pude perceber poucos olhares e foi até aliviante perceber que as pessoas do colégio já estavam esquecendo isso. Poxa vida. Eu estou ficando com raiva de ser notado e eu estou me achando um paranoico. Devo parecer super metido quando falo que me olham, mas essa é a realidade e eu não gosto disso. Preferia quando eu era esquecido.
Já disse que essa síndrome de Luísa é uma maldição? Sinceramente. Eu sentia que todos me encaravam, mas acho que era só por conta de uma fofoca fresca. Já que isso tem uma semana.
A moça da padaria fui super gentil comigo e nem demorei lá. Logo que cheguei em casa, meu irmão ainda dormia, já que não tinham se passado nem meia hora. Fui arrumar a cozinha, lavei as louças, limpei a sala, os quarto e o Banheiro.
Demorou um pouco por conta da mão machucada, mas hoje o meu dia estava tão bom. Nada tinha como estragar isso. Me sinto tão bem em finalmente ter um assunto para interagir com a minha mãe pela primeira vez em tempos.
Nesses dias ela sempre me perguntava sobre o meu romance e parecia interessada, acabou gostando bastante de Luís, provavelmente porque eu só falava bem dele. Principalmente dos lanches que ele me trazia. Bem que ela sempre disse que a pessoa deveria me conquistar pelo estômago.
Meu irmão acordou nove horas. Sabe por que? Porque aparentemente ele ficou no celular até tarde. Ele mal tinha acordado e quando viu a casa arrumada, começou com as piadinhas.
- Nunca termine esse namoro. – Chato como ele não há ninguém.
- Ridículo. Hoje eu estou de bom humor. – Revirei os olhos.
- Depois que esse namorado surgiu você ficou até mais alegre. – Ele começou a me dar aqueles soquinhos de brincadeira. Isso não é verdade. Eu sou o mesmo de sempre. A diferença é... tudo... parando para pensar, eu realmente não tinha contato com ninguém e odiava fazer as coisas em casa, agora olha para mim? Eu limpei a casa toda. Isso não tá sendo legal. Preciso voltar a ser chato e recluso. Como faz? Tem algum botão de "Desligar modo normal"?
- Eu vou terminar o meu trabalho do colégio que eu ganho mais. – Disse indo para o meu quarto. E assim eu passei o resto de minha manhã no quarto fazendo o meu trabalho, já que o prazo é grande, mas se eu deixar para depois, vou acumular tudo, porque eu sou desses.
- Chegou cedo também, namorado? – A risada dele no "Namorado" era tão fofa. Eu tenho que parar de achar tudo que ele faz fofo. Mas ele tão legal. Poxa vida.
- É. – Sorri para ele que se sentou em minha mesa.
- Como está a mão? – Perguntou já tirando as coisas da mochila para cuidar do machucado.
- Tá até bem. Daqui a pouco não precisa mais disso tudo. – Sorri. Bom... O machucado estava cicatrizando rápido demais. Vou ter que me cortar de novo, claro que sem querer.
E lá estava ele cuidando de novo do machucado, assim como ele fez a semana passada toda. Ele não falou nada enquanto isso e eu aproveitei para olhar para o mesmo que estava concentrado. Ele é tão lindo. Fazia expressões interessantes quando estava concentrado e isso é a coisa mais linda que eu vejo. Seu cheiro eu conseguia sentir de perto e era tão bom. Talvez eu possa roubar um moletom dele para guardar e ficar cheirando, não é? Já está um friozinho bom, mesmo.
- Sabe o que aconteceu? - Perguntei como se ele realmente soubesse da realidade.
- Não, ué. O que? Como eu iria saber? – Deu uma risada.
- Esqueci de comentar, mas minha mãe veio falar sobre você. Ela te viu pela janela.
- Sério? – Ele perguntou agora olhando para mim. Ele já tinha acabado de cuidar do meu machucado. Lindo.
- Sim. – Sorri. – Agora nós temos uma história de como nós começamos a namorar, porque que eu tive que inventar toda a história para ela.
- Sério que você mentiu para ela? – Ele parecia chocado.
- Sim. Infelizmente eu não podia dizer que era mentira. Ela parecia feliz demais por eu conversar com alguém e, de quebra, namorar.
- Então qual é nossa história de amor? – Perguntou se endireitando na cadeira.
- Disse que nós nos conhecemos no intervalo. Eu te olhei. – Olhei para ele dramaticamente. – E você me olhou. – Ele me imitou. – Então sentimentos uma conexão. Aquelas borboletas no estômago. – Ele começou a rir. – Começamos a conversar um tempo depois e um tempo mais, tipo anos, você me pediu em namoro. – Sorri. – Só nós dois sabíamos até o presente momento. – Terminei a minha declaração.
- Você conseguiu pensar só nisso naquela hora? – Ele riu. – Nossa história merece mais emoção. Não sou de ser do básico, prefiro drama. – Colocou as mãos na testa em uma pose dramática. Eu só ri dele dizendo isso. – Você pelo menos falou da sua ex amiga louca? – Perguntou.
- Se minha mãe desconfiar disso vai ficar magoada. Antes nós éramos como unha e carne e ela adorava. Eu conheço a Luísa por conta da minha mãe e da mãe dela que são amigas.
- E é? – Perguntou curioso.
- Pois é. – Sorri forcado. – Meu namorado destruiu minha amizade. – Agora eu ri de verdade. – Pra que contar esse drama para ela, se todo o colégio já sabe?
Antes que pudéssemos continuar a conversar o sinal tocou. Luís se despediu de mim e foi para a sua sala. Logo os alunos começaram a entrar na sala. Não deixei de notar que todos me olharam e não foi exagero. Algo de errado não está certo.
O tempo passou quase parando então o sinal tocou dando início ao intervalo e, em poucos segundos, Luís se materializou na minha sala. Com ele uma sacola e uma garrafa com suco de maracujá natural. Se ele quiser me conquistar, traz isso pra mim todo dia, vai dar certíssimo. O ruim é que eu fico meio sonolento com suco de maracujá. E sonolento eu digo qualquer coisa, mas vamos nos controlar dessa vez, não é mesmo?
- Vamos para a minha sala? Os meninos estão lá. – Perguntou.
- Por que temos que ir? – Perguntei fingindo ser manhoso.
- Estão com ciúmes porque só trago comida para você. – E para a minha mente só direi uma coisa, cala a boca, sua safada.
- Assim quem fica de mal sou eu. – Cruzei os braços. – A comida é só minha. – Inflei as bochechas, mas não aguentei e comecei a rir.
Saímos da minha sala e andamos pelo colégio em direção a sala dele. Já pressinto que tem algo errado, porque estão olhando mais que o habitual. O que diabos esse povo vê na gente? Não pode sair da sala que todos os olhos se viram para mim e Luís. Isso é definitivamente insuportável.
- Você também percebeu que hoje eles estão olhando diferente? – Luís perguntou baixo e hoje foi o primeiro dia que ele falou sobre a atenção que recebíamos.
- Achei que só eu tinha percebido isso.
- Pois é. Desde que eu cheguei estão fofocando baixo. – Isso não vai dar em coisa boa.
Chegamos e os meninos estavam em uma rodinha vendo algo no celular. Quando nos viram se sentaram e nos olharam.
- O que aconteceu? Pode falar. – Luís já falou sem cerimônia. Quase mandando.
- Nós mentimos. – Sério? Nem tinha percebido. - Não estamos com ciúmes. É que vocês precisam ver isso. – Gabe, falou com o celular nas mãos. Ele era o que mais falava comigo no grupinho, depois de Luís.
- Não quer dizer que não queremos comer mesmo. – Thiago rapidamente falou, nos fazendo rir por uns instantes.
- Então por isso que era todo esse drama? – Luís perguntou se sentando em uma cadeira que alguém havia retirado da sala. Me sentei na que estava do seu lado, já não estava entendendo mais nada. Ele começou tirando um bolo da sacola, copos descartáveis e uma faca. Como ele entrou com ela? Não sei. Mas conseguiu. Talvez seja a bajulação que ele fazia com os professores. Ele fazia tudo que quisesse por ser o "queridinho". Eu chamo de "Puxa-saco" mesmo.
- Olhem. – Gabe nos deu o celular. Os outros dois ficaram nos olhando.
Na tela do celular tinha uma página intitulada "Luerme". Olhamos a foto da capa e tinha uma montagem de uma foto minha e uma foto dele aí lado. Primeiro, como eles conseguiram uma foto minha? Eu quase nem tiro fotos e praticamente ninguém desse colégio tem meu número pra ver minha foto de perfil.
Descemos mais a página e eu dei uma mordida no bolo que um dos meninos me deu. Agradeço e continuei olhando o celular. A última foto postada da página éramos Luís e eu na minha sala. A foto foi tirada da porta da sala. Como eu me sentava ao lado das janelas, no caso o lado oposto, na foto conseguíamos ver perfeitamente que éramos nós. Luís estava sentado na mesa segurando minha mão machucada. Sentado na cadeira estava eu, o olhando atentamente e com um pequeno sorriso, quase imperceptível.
A legenda da foto dizia: "Não adianta. Sabemos que esse casal é sem dúvidas o mais bonito e que mais combina". Alguns comentários diziam coisa como "O Guilherme olhando apaixonado é tão fofo", "Luís se preocupando em cuidar do namorado. Meu sonho" e outro foi "Coitada. Mal sabe ela que nunca iria combinar tanto quanto eles". Sabemos quem é o "ela" daí, né?
Abrindo os comentários, pudemos perceber que não eram só três pessoas. Eram mais. A foto tinha muitas curtidas e isso era o pior. A página tinha mais de 400 seguidores. A maioria dos seguidores eram contas sem foto e com nomes aleatórios. Depois de perceber que isso estava ficando estranho demais, então eu parei de comer e Luís o fez também, ele se mantinha concentrado em ler os comentários. Os meninos ainda se mantinham calados e não disseram absolutamente nada. Provavelmente estavam reparando em nossas expressões.
As foto foi postada hoje e a página parece ter sido criada hoje, então eles literalmente ganharam mais seguidores com um shipp meu do que meu perfil sozinho.
Descemos mais e vimos uma segunda foto. Só queria saber quem tirou essa foto. Na segunda foto, Luís e eu estávamos sentados na mureta do corredor. Luiz estava com o braço estendido me olhando e eu estava com os olhos fechados.
Na legenda dizia: "O Guilherme todo entregue e a minha religião.". Alguns dos comentários diziam que também achavam que o Luís iria me beijar. Essa parte eu não foquei tanto. Estava com vergonha demais para isso. Na foto dava para perceber claramente que eu esperava outra coisa.
Quem foi que tirou essa foto? Era vergonhoso demais nas minhas lembranças. Em foto e bem pior. A primeira foto não tinha eu ou Luís como centro, era um aviso sobre como a página foi criada e o intuito. Na foto estava escrito. "Página com o intuito de enaltecer o casal mais bonito dessa escola e lhes provar isso com fotos." O post era na realidade muito recente e não tinha nem três horas da sua publicação. Logo, a página também deveria ser recente, já que essa foto também é. Abaixo estava escrito "That beach is a loser" e já sabemos que não era a praia que era a perdedora.
Não! Não! Não! Por que assinaram uma sentença de morte no meu nome? Porque a Luísa não vai deixar barato. E tenho até medo do que pode acontecer. E quem vai estar na mira da Luísa vai ser eu.
- Quem foi que fez essa página? – Foi a minha primeira pergunta. Depois e claro de ficar olhando pro nada e querendo chorar.
- Cara. Não liga para isso. – Gabe falou.
- Desculpa, mas não usaram a sua imagem e sim a minha. E usaram sem a minha permissão. – Disse grosseiramente. Mas não é isso que realmente me estressa. Eu não quero ser o centro das atenções. Passei muito tempo sem lembrarem de mim e agora toda a atenção volta. E garanto que das primeiras vezes não foi algo legal.
- Eu sei. Mas não é como se vocês fossem desconhecidos. Vocês namoram, não é? Qual o problema? – Qual o problema? Bom. O problema e que esse relacionamento é uma fachada. O problema é que a Luísa sabe de todos os meus pontos fracos. Ela sabe como me destruir se quiser e ninguém vai me ajudar.
- O Gui não gosta de toda essa atenção, Gabe. Por isso ele não queria revelar, não é? – Ele falou me abraçando de lado, enquanto estava na cadeira ao meu lado. – Justamente para não virar um circo, mas a Luísa estragou tudo, como sempre.
Apenas balancei a cabeça. Luís tentou mudar o assunto. Eles conversavam e eu fiquei lá pensando, enquanto mordiscava o lanche. Terminei depois de uns longos minutos. Eles tentavam não lembrar do assunto, mas não consigo pensar em outra coisa a não ser isso. Eu estou ferrado.
- Você pode me levar pra casa? – Perguntei a Luís sussurrando em seu ouvido. – Não me sinto bem. – Continuei.
Ele balançou a cabeça sorrindo docemente.
- Gente. Tô assando meio mal, acho que vou pra casa e o Gui vai comigo, okay? - Ele falou se levantando. Os meninos brincaram um pouco sobre sairmos sozinhos, depois nos despedimos. Fomos até a minha sala. Tentei andar o mais rápido possível e segurar as lágrimas. Não quero essa atenção de novo. Todas as vezes que eu fui o centro, quem sofria era eu.
Peguei minha mochila e caminhei para fora da sala. Luís como sempre pegou ela de mim antes que eu pudesse reclamar e seguimos para a coordenação, para avisar que ele estava passando mal e o Luís iria me deixar em casa. Não teve muito questionamento. Aparentemente o Luís era um aluno exemplar e tudo que pedia era prioridade.
No caminho para casa, ele não falou nada. Não por uns dois minutos. Quando estávamos na metade do caminho ele tentou conversar.
- Você ficou realmente incomodado por dizerem do namoro?
- Eu só não quero ser o centro das atenções. As últimas vezes não foi uma atenção legal. - Segurei as lagrimas e continuei andando. Ele não disse mais nada depois disso.
Pouco tempo de caminhada depois, estávamos na minha casa. Peguei minha mochila e me virei pra entrar em casa.
- Gui? - Me virei e olhei para ele. – Esquece. Eu esqueci o que ia dizer. – Isso é tão Luís, sabe? A memória mais curta que eu já vi.
- Até. - Me esforcei para parecer melhor e aparentemente funcionou. Ele sorriu de volta e disse "Até, namorado" se eu não estivesse estressado teria sorrido como bobo. Entrei em casa e minha mãe estava na cozinha, então passei direto para o quarto evitando contato com ela. Quando peguei meu celular abri a página do shipp. Entrei na aba de mensagens. Tinham algumas, mas não consegui ler muitas. Li somente umas três. Todas sendo de contas fake dizendo o quanto éramos fofos.
Resolvi somente torcer mais uma vez para Luísa esquecer daquela página, mesmo que soubesse que ela não ia levar o insulto na esportiva.
Minha mãe quis conversar um pouco, mas eu disse que estava meio cansado, então ela simplesmente relevou e me deixou em paz. Sabe? Eu só quero viver solitário igual antes, mas agora só parece que isso está ficando mais difícil.