A STRIPPER
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A STRIPPER

RENATA PANTOZO
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Capítulo 1 -1

Termino de arrumar minhas coisas no escritório. Mais uma vez o Sr. Gregório foi embora mais cedo e tudo sobrou para mim. Prazos e mais prazos processuais. Estou me cansando disso. De estagiária estou me tornando escrava. Ganho mais em uma noite dançando para um cliente, do que em uma semana trabalhando aqui. Se o que eu faço, não fosse tão ruim aos olhos da sociedade, ficaria apenas como stripper. Se bem que eu não teria coragem de viver para sempre fazendo isso. Receber olhares desejosos de homens comprometidos é triste demais. Penso em suas parceiras.

Elas não fazem ideia do que seus homens cobiçam, longe delas.

Termino de arrumar minhas coisas e olho mais uma vez à mensagem do cliente de hoje. O nome dele é Ricardo e quer me enviar de presente ao seu irmão, que está sozinho em um hotel aqui na cidade. Ele quer dar uma noite interessante ao coitado isolado. Parece que minha entrada no hotel já está liberada, mas seu irmão não sabe. Acho que é minha primeira dança sem motivo. Não é aniversário, não me parece despedida de solteiro e tão pouco uma festa de amigos. É somente uma dança para uma pessoa sozinha. Isso me deixa insegura. Nunca dancei apenas para um. Ricardo não me pediu nenhuma roupa especifica. Isso significa que não quer fantasias. Vamos de roupa íntima matadora então.

*******************

Chego em frente ao hotel. Minhas mãos estão frias e meu coração acelerado. Nunca me senti assim antes. Dançar, tirar a roupa e ir embora, já havia se tornado algo normal em minha vida. Mas hoje me sinto como se estivesse indo para a minha primeira apresentação de dança. O mesmo nervosismo de quando dançava profissionalmente. Fecho meus olhos e respiro fundo, várias vezes. Entrar, dançar, tirar roupa, colocar roupa e ir embora. Só isso Alice! Nada mais do que isso. Não é algo horrível de se fazer. É apenas uma dança por dinheiro. Bufo, querendo rir. Uma dança quase nua. Tomo coragem, entro no hotel e sigo para a recepção.

- Pois não?

A recepcionista diz com cara de bunda, me medindo dos pés a cabeça. Odeio hotéis de luxo.

- Quarto 2034.

Ela olha o monitor, de seu caro computador.

- Srta. Lois?

Esse é meu nome de stripper. De manhã a estudante e estagiária Alice Fernandes. De noite a stripper profissional Lois Lane. Fanatismo por Superman gerou esse nome.

- Sou eu.

Ela digita algo em sua tela.

- Pode subir. É a cobertura.

- Obrigada!

Sigo para o elevador e um dos seguranças já aperta o botão de um deles para mim.

- Boa noite!

Diz com um sorriso gentil.

- Boa noite!

As portas do elevador se abrem e entro.

- Não precisa apertar nada. O elevador já a deixará na cobertura.

- Obrigada!

As portas se fecham e o elevador começa a subir. Meu coração sobe junto com ele e parece que entala na garganta. Um "pim" anuncia que cheguei e as portas se abrem. Saio do elevador e estou em uma bela sala.

- Ricardo...

Uma voz grossa surge do meu lado esquerdo. Viro e minha respiração falha ao ver o belo homem que surge.

- Achei que fosse meu irmão. Quem é você?

Pergunta irritado. Merda !!!! Ele não parece que vai curtir o presente do irmão.

- Ali... Lois.

Inferno! Quase falei meu verdadeiro nome.

- Lois mesmo?

Pergunta me olhando como se soubesse que é mentira.

- Lois, mas se preferir posso Ter outro nome.

Tomada por uma coragem e determinação, desconhecida por mim. Tiro meu celular do bolso, que já está na tela do repertório de músicas que uso e ando até uma mesinha, no centro da sala. Coloco o celular na mesinha e meu corpo queima. Sei que ele me observa.

- O que está fazendo aqui? Acho que errou de quarto.

- Não errei de quarto.

Aperto o play e Beyonce começa a tocar.

- Seu irmão me mandou.

Viro para ele e quando nossos olhos se encontram, esqueço por segundos o que tenho que fazer.

- Ele te mandou pra que?

Respiro fundo. Com seus olhos em mim, levo minhas mãos ao nó do meu sobretudo e desfaço ele lentamente.

- Ele me disse que estava sozinho.

Sussurro com a voz sexy e solto o cordão do sobretudo.

- Que precisava de uma distração.

Balanço meu corpo suavemente, focando o ritmo em meu quadril. Ele está hipnotizado em meu quadril.

- É garota de programa?

- Não...

Nego com a cabeça e ando até ele, que não se afasta quando quase colo nossos corpos.

- Não fodo com clientes.

Seguro sua gravata e o arrasto para o meio da sala, onde tem uma poltrona e um sofá.

- Vocês não me tocam.

Enrolo minha mão em sua gravata e o puxo pra mim, colando nossos corpos. Seu rosto próximo do meu, me faz ver o quanto esse homem é lindo. Ele é mais alto e está curvado para mim. Cabelo liso, um pouco cumprido, fazendo uma leve franja jogada de lado quase encobrindo um de seus olhos. Lábios e nariz perfeitos. Uma barba rala me faz coçar a mão com vontade de toca-la. Sua pele branca contrasta com seus olhos e cabelos escuros. Ele é lindo!

- Apenas me olham e me desejam.

- Stripper?

- Sim...

O empurro para a poltrona, que cai sentado.

- Lois... a sua stripper.

            
            

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