Vingança do Ceo
img img Vingança do Ceo img Capítulo 3 Três
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Capítulo 6 Seis img
Capítulo 7 Sete img
Capítulo 8 Oito img
Capítulo 9 Nove img
Capítulo 10 Dez img
Capítulo 11 Onze img
Capítulo 12 Doze img
Capítulo 13 Treze img
Capítulo 14 Quartoze img
Capítulo 15 Quinze img
Capítulo 16 Dezesseis img
Capítulo 17 Dezessete img
Capítulo 18 Dezoito img
Capítulo 19 Dezenove img
Capítulo 20 Vinte img
Capítulo 21 O Final. img
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Capítulo 3 Três

Diante do espelho, minha mãe fecha gentilmente o zíper do meu vestido de noiva, um longo vestido de seda branco com uma fenda na lateral que deixava a mostra uma de minhas pernas, e me olha pelo eapelho com ar suspeito.

- Ainda não entendi a razão desse casamento tão precipitado minha filha.

Apenas lhe dei um sorriso, tentando demonstrar felicidade.

- Nem ao menos tiveram tempo para ficar noivos - prosseguiu ela, desapontada. - Sempre sonhei com seu casamento numa bela igreja, cheia de flores, com músicas e muitos convidados...

Juntando as forças que ainda possuía, eu procurei não fraquejar. Eu tinha vontade de gritar que aquele casamento não passava de uma farsa para salvar a eles.

- Desculpe, mamãe. Sinto muito por ter estragado seus planos, mas Vincent e eu preferiamos uma cerimônia simples, no cartório.

Falei aquilo esforçando-me para conter as lágrimas.

- Que bobagem! - exclamou ela, me olhando de frente. - Você... não está grávida, não é? - ela perguntou, assustada.

- Ora, mamãe, que idéia! - rebati, indignada. - Como pôde imaginar uma coisa dessas?

- Não precisa ficar zangada. Eu só estava brincando - falou ela, ajeitando o meu lindo vestido branco. - Será que a irmã de Vincent vem de Joanesburgo, para assistir ao casamento?

- Vincent garantiu que sim - afirmei com naturalidade, como se eu participasse da intimidade familiar do meu futuro marido. Quando na verdade não faço ideia de quem seja a irmã de Vincent.

- Se não me engano, ela é médica e solteira - mamãe continuou.

- Isso mesmo. Disso eu sabia, pois Vincent comentou por alto.

- Lyanna... - mamãe falou baixinho, me segurando pelos ombros e me olhando nos olhos. - Tem certeza de que é isso mesmo o que quer?

"Não! Oh, mamãe, se você soubesse!", pensei comigo mesma, angustiada, controlando-me para que aquelas palavras não saíssem de minha boca. Precisava guardar meus sentimentos comigo, em sacrifício de minha família. Papai havia implorado que eu não contasse nada para mamãe.

- É claro que sim, mamãe - respondi, admirada com a calma que eu conseguia manter. - Agora é melhor você descer e fazer companhia ao papai. Enquanto isso, vou me maquiar. E pare de se preocupar comigo.

- Você é minha única filha, querida, e quero muito que seja feliz. Oh, acho que vou precisar de um lenço, pois vou acabar chorando igual uma manteiga derretida. - concluiu ela com os olhos marejados de lágrimas, dirigindo-se para a porta.

Sozinha no quarto, eu peço a Deus para não fraquejar olho novamente para o espelho. Os meus cabelos negros estavam presos num delicado coque no alto da cabeça, enfeitado por pequeninas flores silvestres. Comecei a pintar as pálpebras de meus olhos num tom azul claro, passei em meu rosto um pouco de base tentando esconder as olheiras que denunciavam as noites mal dormidas. Nunca mais voltaria a ser aquela mulher de antes, alegre, despreocupada, cheia de vida. Eu seria, a partir daquele momento, uma pessoa marcada pelo destino. Estaria eu cometendo um grande erro ao concordar com aquela farsa? Quem poderia garantir que, ao fim do novo prazo, o pai dela conseguiria, enfim, liquidar a dívida?

Por outro lado, jamais conseguirei esquecer o sofrimento estampado no rosto de meu pai, naquela noite, quando Vincent Stewart apareceu pessoalmente em busca de uma resposta? Ao mesmo tempo que temia pelo meu destino, ele parecia se sentir intimamente aliviado de um enorme peso.

Mais agora, era tarde demais para ponderações. Faltavam poucas horas para mim estar casada com aquele homem cruel, e só Deus sabe a quais humilhações serei submetida para satisfazer os caprichos dele.

Instintivamente balançei a cabeça, como se com isso pudesse afastar aqueles pensamentos, que só serviam para aumentar ainda mais minha agonia. Ficar me lamentando não resolveria nada. O que eu precisava agora era me preparar para representar o papel de mulher apaixonada diante dos poucos convidados.

Esatava terminando de passar batom nos lábios quando alguém bateu à porta. Abri e dei de cara com meu pai que foi entando no quarto.

- Já está pronta, minha filha?

- Quase papai... - murmurei um pouco, tensa, colocando umaa luvas que combinavam com o vestido.

Estava sentindo a garganta seca e as mãos começaram a suar, tamanho era o meu medo.

- Esta talvez seja a nossa última oportunidade de conversarmos a sós - começou papai, pegando as minas mãos.

- Papai, por favor, é melhor não. . . Papai me interrompe, nervoso:

- Preciso falar, minha filha. Quero que saiba o quanto lamento tudo isso. Se por um lado estou aliviado por estarmos salvos da ruína, por outro jamais me perdoarei por ter permitido que você se sujeitasse a tamanho sacrifício.

Ele disse aquilo com amargura, e eu não quis dizer mais nenhuma palavra. Estava decidida a ir até o fim e não queria piorar ainda mais o sofrimento do meu pai. Naquele instante ouvi a voz de mamãe, chamando do andar de baixo.

- Ei, vocês dois! Vamos Jogo ou chegaremos atrasados ao cartório.

- Já estamos descendo - respondeu papai, dando o braço para que eu segurasse.

Era uma bonita e ensolarada tarde de outono, mas para mim o céu estava cinzento, triste, como se fosse acontecer uma desgraça. Sentia-me como uma prisioneira que, condenada, deixava-se levar, sem direito a protesto, submissa, ao carrasco implacável. As folhas secas das velhas castanheiras cobriam o chão ao longo das ruas de Murrayville, formando um tapete dourado. A cidade tinha crescido muito, desde a construção da primeira siderúrgica. Havia muitos edifícios, construídos da noite para o dia, sem contar o grande número de casas que surgiam rapidamente na periferia, para acomodar os trabalhadores e suas famílias. Conseqüentemente, o ar saudável e puro de antes aos poucos iam se tornando poluído devido à fumaça das chaminés das fábricas. Os mais velhos assistiam, impotentes, à transformação das calmas e ensolaradas tardes, que, davam lugar à agitação e ao barulho.

Sem dúvida, um dos grandes culpados por aquela situação caótica era ninguém menos que o seu futuro marido, o grande Stewart, homem ambicioso e obstinado, que estava determinado a vencer. Naturalmente ele se achava o "todo-poderoso", dono de tudo.

Silencisamente parecíamos que estávamos a caminho de um funeral, mãe, papai e eu. Pouco depois, quando meu pai estacionou o carro ao lado do cartório, eu tremia incontrolavelmente.

Imediatamente Vincent apareceu, acompanhado da irmã, para receber-nos assim que descemos do automóvel. Vanessa Stewart era uma mulher atraente, alta e esbelta, tinha negros cabelos curtos e com os mesmos traços marcantes do irmão. A Pele tambem era de cor morena e altamente hidratada pelos cremes mais caros, dava para perceber pelo brilho de sua pele. Quando Vincent apresentou a moça para meus pais, eu esforçei-me para parecer tranqüila. Após as apresentações, todos nos dirigimos à ante-sala do cartório, onde o casamento seria realizado.

O noivo, muito elegante, vestia um terno cinza-chumbo, gravata preta e camisa branca, contrastando com o bronzeado da pele. Ao observá-lo discretamente, eu não pude deixar de reconhecer que ele era muito bonito e atraente.

Por um instante, nossos olhos se encontraram então ele segurou forte minha mão, como se quisesse impedir que eu escapasse.

- Vamos, meu bem, sorria ou todos vão pensar que não está feliz - ele pediu, baixinho, então comecei a sorrir tímidamente, sufocando o impulso de sair correndo daquele lugar.

Foi naquela pequena sala, diante do juiz que falava em tom solene o contrato nupcial, que eu senti algo morrer dentro de mim: meu próprio "eu". Daquele momento em diante, eu não seria mais simplesmente Lyanna, mas sim a Sra. Stewart, e o que o futuro me reservava ao lado daquele estranho só Deus poderia saber, ninguém mais.

- De acordo com as leis atribuídas a mim, eu vos declaro, marido e mulher. - Finaliza o juiz.

Vicent tenta pousar um beijo em minha boca, discretamente viro o rosto fazendo com que o beijo seja dado na bochecha.

A cerimônia acabou e, olhando para a minha mão esquerda, vi o anel de ouro todo trabalhado. Não havia mais remédio. . .

Naquele momento, enquanto eu admirava aquele anel senti os lábios gelados de Vincent sobre os meus, me pegou de surpresa me esforçei para não o empurrar. Vi ele sorrir vitorioso pois conseguiu me pegar desprevenida e beijar em meus lábios. Em seguida, sorrindo radiante, voltei-me para abraçar mamãe e papai. O rosto de meu pai estava marcado pelo sofrimento.

"Pobre papai...", pensei comigo, amargurada, enquanto me dirigia a Vanessa, que me cumprimentou com frieza.

Pouco depois eu estava assinando o livro do cartório. Finalmente, todos fomos para a mansão de Vincent, onde haveria uma recepção simples oferecida aos parentes e amigos mais chegados.

Perdida em meus pensamentos, não notei a chegada das empregadas que, adequadamente vestidas num uniforme de linho branco, serviam aos poucos convidados bolo e champanhe. Aceitei uma taça, mal sentindo o gosto daquela bebida, de tão nervosa que estava. Para tentar me acalmar, resolvi participar da conversa animada dos convidados, sempre me esforçando para parecer feliz e descontraída.

Vez por outra eu via o olhar de Vanessa, que estava a me observar. Será que minha cunhada desconfiava de alguma coisa? Estaria a par de tudo ou se tratava de uma simples curiosidade em razão do casamento do irmão?

- Façamos um brinde - propôs Vincent, aproximando-se e segurando-me pela cintura.

Imediatamente eu estremeci ao toque de suas mãos fortes. Senti o ar me faltar, mas, com muita classe, ergui o rosto corajosamente e sorri para o meu marido. Os olhos dele brilhavam como os de um guerreiro vitorioso diante do inimigo derrotado.

- Um brinde à minha jovem esposa! - sugeriu Vincent, sem despregar os olhos do meu rosto pálido e visivelmente amedrontado.

As taças tilintaram e eu absorvi um longo gole do champanhe, como se estivesse acostumada a beber.

- Acho que... vou chorar - murmurou mamãe, a poucos passos dali.

Aproveitando a oportunidade para se desvencilhar do meu marido, eu corri para o lado de minha mãe. Porém papai, chegou primeiro:

- Ora, pare com isso, mulher - ele a censurou, com brandura, olhando para o relógio de pulso. - Vamos, está na hora de irmos embora.

Mamãe bebeu o resto de champanhe que havia no copo e voltou a me olhar.

- Cuide-se, meu bem... - disse ela, abraçando-me, com os olhos cheios de lágrimas.

- Quem vê pensa que estou partindo para a guerra, por Deus mamãe- respondi, brincalhona, tentando tranqüilizar-la. - Tudo será como antes. Continuarei trabalhando na biblioteca e prometo visitá-la sempre que puder!

Em seguida me despeço do meu pai, cuja expressão sombria demonstrava claramente o quanto lhe custava deixá-me ali, naquela casa, à mercê do seu pior inimigo.

Vi o carro dos meus pais desaparecer pela alameda florida e fiquei ainda algum tempo ali, parada, contemplando os últimos raios de sol, que desaparecia no horizonte. Uma tristeza imensa invadiu meu coração e, levando a mão aos olhos, eu enxuguei as lágrimas que teimavam em escorrer borrando a maquiagem. Passados alguns instantes, decidi entrar, antes que Vincent fosse a minha procura.

O clima estava carregado quando eu voltei à sala, principal. Todos os convidados já haviam partido, mas felizmente Vanessa ainda se encontrava ali. Na presença da minha cunhada, seria fácil para enfrentar meu marido

- Acho que vou tomar um banho para me refrescar. Está fazendo um calor. - falei, no intuito de me afastar dali.

- Suba a escada, à direita - informou Vincent, indiferente. - Nosso quarto fica bem no meio do corredor. As empregadas já guardaram suas coisas no armário.

Dito isso, ele voltou a atenção para Vanessa.

Ao ouvi-lo dizer "nosso quarto", senti um arrepio percorrer meu corpo. Não podia acreditar que ele fosse tão ordinário, a ponto de exigir que nós fizéssemos amor.

- Obrigada - respondi, com naturalidade, e com o coração aos saltos subi as escadas apressada.

Várias portas davam para o enorme corredor. Indecisa, eu abri uma delas e me deparei com um pequeno e aconchegante aposento. Havia ali uma cama de solteiro encostada à parede e um armário laqueado de branco. As cortinas de babados iam até o chão, proporcionando ao ambiente um toque romântico.

            
            

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