Capítulo 3 03 - Projeto no Morro

Quando abriu a primeira escola no morro, foi demais, acabou aquele sofrimento de se levantar de madrugada pra atravessar o morro para ir ate a escola.

Foi um sonho realizado das crianças e dos Pais, a anos políticos falavam que iam criam um projeto no morro, mas isso nunca acontecia.

Graças a um grupo de pessoas comuns, com força de vontade, enfrentaram toda dificuldade para trazer aquela ideia para morro.

Tínhamos a aula pela manhã, com café da manhã, almoço e depois a gente tinha aula de computação.

Tinha muitos tipos de curso no projeto, tinha aula de violão, piano, capoeira e cada dia aparecia mais voluntários abraçando a ideia. O projeto foi criando força e foi crescendo, até os manos que trabalhava no tráfego, começou a frequentar o projeto.

Começou ter aula de dança, zumba, as famílias começaram a si reunir na quadra improvisada com cobertura de bambu e lona.

Pra você ver, um barracão de lona, era onde a gente se encontrava, e ali surgia sonhos na gente, de ser alguém na vida, de ter uma chance de crescer.

Nossa diversão era o projeto, de pois dá aula, e logico do almoço ne, a gente corria pra quadra, mas demorou pouco tempo para o projeto ser conhecido e começar a receber ajuda de todo lado.

Artistas, políticos, ongs, foi coisa de um ano, começaram a construir uma quadra tipo de rico, de verdade, igual à da escola da cidade que a gente ia.

A obra acho que demorou uns seis meses, enquanto isso a gente continuou a si encontrar na quadra improvisada.

Era só alegria, brincava o dia todo, porque a gente só fazia as coisas que gostava, eu fazia computação.

Adorava pesquisar coisas sobre saúde, beleza, essas coisas, porque minha mãe vivia com dor de cabeça e não tinha dinheiro pra pagar um médico e nem podia faltar do serviço pra tentar conseguir um de graça, eu ficava triste por ela trabalhar tanto e não conseguir tratar da saúde.

Daí então nasceu uma vontade tão forte de ser um médico.

Um médico que atendesse aquele povo de graça o dia todo, criança, adultos e idosos.

Eu tinha 13 anos já, mas o desejo que eu tinha era de gente grande.

Eu brincava, fiz outros cursos no projeto, como dança, violão, teatro...

Oque aparecia eu ia fazendo, mas sempre focado, eu fazia questão de estar entre os melhores da classe.

Um dia, apareceu um moço na minha casa, procurando meu pai.

Eu fiquei logo pensativo.... Será que fiz algo de errado e não estou sabendo?

Falei para o moço que iria encontrar meu pai no sábado, porque dia de semana ele chegava tarde.

Quando foi no sábado... Olha o moço em casa!

Disse para meu pai:

Seu Antônio, O pessoal do projeto vem acompanhando o Ryan e notamos nele a grande vontade de ser alguém na vida.

E por isso estou aqui, sou professor de uma escola técnica, não muito longe do morro, e gostaria de presentear seu filho com esse curso.

Meu Pai perguntou:

Qual é seu nome amigo? Meu nome é Carlos de Andrade e sou um dos professores da escola que lhe falei...

Pai - Seu Carlos, qual curso é esse que o senhor está oferecendo a meu filho?

Carlos - É um curso de farmácia seu Antônio, mas não é um cursinho básico não, quando ele terminar eu garanto que ele será um profissional diferenciado, se ele continuar sendo aplicado como ele é no projeto do morro.

Enquanto eles conversavam eu ficava viajando em meus pensamentos. Acho que meu sonho vai si realizar, vou mudar minha história e da minha família, vou cuidar da minha mãezinha e de todos que não tiver condição de pagar um médico.

Então eu Pai disse para o Senhor Carlos que iria falar com minha mãe, e mi levaria para conhecer a escola.

Eu não conseguia si conter de alegria, parecia que eu ia explodir por dentro, uma sensação que jamais senti.

Quando minha mãe chegou em casa, pois tinha ido ao mercado, meu pai falou com ela e ela concordou, disse a meu pai:

Toim, essa é a oportunidade que sempre pedi pra Deus, tanto que esse menino gosta de estudar e ajudar as pessoas, só pode ser algo divino na vida dele.

Meu pai então concordou...

Eu não via a hora de chegar segunda feira, pois eu queria conhecer a tal escola, falei pra minha mãe que iria na casa da minha avo contar a novidade.

Minha mae disse

Calma Ryan, você nem sabe si vai da certo ainda, si essa escola é longe, como vamos fazer pra você ir lá todo dia, você sabe que o que ganhamos da mal pra comer e pagar nossas contas!

Mas mãe! Eu tenho certeza que vai da certo, eu sinto mãe é meu sonho si realizando....

Tabom menino, vai lá e fala pra vó que a noite eu vou lá, batom....ta mãe...fui

Cheguei na casa da minha avo, feito um furação, doido pra contar aquela novidade,

Minha avo, perguntou:

Oque foi menino, que você chegou feito um doido?

Vó eu ganhei um curso técnico de farmácia vó, um curso muito caro e ganhei de graça!

Avó - Ué! Como isso aconteceu meu neto? - Não faço a mínima ideia vó, só sei que estou muito feliz, o meu sonho vai se realizar vó, eu tenho fé nisso!

Passei o dia ali com minha avo, quando foi a tardezinha minha mãe chegou com meu pai, e começaram a falar sobre esse curso que eu tinha ganhado.

Comeram a pensar nos contras, que pobre mesmo quando ganha alguma coisa ainda tem os contras ne.

Meus pais falavam pra minha vó, como vamos pagar o ônibus pra ele ir e voltar todos os dias? s

Sem dúvida essa escola não é perto, eu não tenho carro e nem tempo pra levar e buscar.

Minha avo, com paciência falava:

Calma Toim, vai segunda conhecer a escola primeiro, deixa Deus agir, si foi Deus que esta dando essa oportunidade pra ele, tudo vai si ajeitar.

Então meu pai si aquietou, mas meu coração, ficou palpitante de alegria e de medo e duvida, tudo ao mesmo tempo.

Feliz por ter ganho, mas preocupado com a condição dos meus pais.

Então, agora não tem o que fazer, preciso espera a segunda chegar e ver o que vai acontecer!