O fruto proibido
img img O fruto proibido img Capítulo 3 Menininha
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Capítulo 10 Canela img
Capítulo 11 Galope img
Capítulo 12 Posso ver img
Capítulo 13 Flutuando na superfície img
Capítulo 14 Sobre o convés img
Capítulo 15 Sinto falta de você img
Capítulo 16 Flagrante img
Capítulo 17 Show à parte img
Capítulo 18 Por pouco img
Capítulo 19 Até onde está disposta a ir img
Capítulo 20 Um banho para lavar a culpa img
Capítulo 21 Sou sua, agora img
Capítulo 22 É incrível img
Capítulo 23 Algo além img
Capítulo 24 Fardo img
Capítulo 25 Tucum img
Capítulo 26 Manancial img
Capítulo 27 Exposta img
Capítulo 28 Uma nova experiência img
Capítulo 29 No lago img
Capítulo 30 Vergonha img
Capítulo 31 Insinuações img
Capítulo 32 Pelúcia velha img
Capítulo 33 Após o jantar img
Capítulo 34 A página rasgada img
Capítulo 35 Fala de novo img
Capítulo 36 De ladinho img
Capítulo 37 Seremos sempre uma família img
Capítulo 38 Truque sujo img
Capítulo 39 Eu não sei img
Capítulo 40 Bon Jour img
Capítulo 41 Perdendo o foco img
Capítulo 42 Está com ciúmes img
Capítulo 43 Imaginação fértil img
Capítulo 44 Experimentando img
Capítulo 45 Íncubo img
Capítulo 46 Cacau e baunilha img
Capítulo 47 Você vai contar img
Capítulo 48 Entretendo um curioso img
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Capítulo 3 Menininha

Um olhar trocado e um breve sorriso sem mostrar os dentes.

Se o humor de Victoria já não vinha sendo dos melhores, o reencontro entre ela e o primo o havia deixado ainda pior. Certamente, de todas as possíveis reações durante o seu tão esperado reencontro, aquela estava realmente aquém, mesmo da pior hipótese dentre elas.

Ele a havia cumprimentado como se ela fosse uma completa estranha. Nem mesmo se havia dignado a mostrar os dentes enquanto sorria.

- O que foi, princesa? – Perguntou Bruno, enquanto tomava, da mão de Victoria, a mala pesada. Quando se tratava de consolá-la, sua voz se tornava inexplicavelmente terna e suave para uma voz, normalmente, tão grave e imponente.

Victoria suspirou, levando nos braços a bolsa na qual havia guardado a pelúcia que pretendia devolver para Matheus.

- Não é nada, pai. – Ela sabia que não acabaria com aquele diálogo antes de esclarecer o que a havia entristecido, mas explicar o que estava sentindo era quase impossível, uma vez que, nem mesmo ela, era capaz de entender. – Acho que só estou cansada da viagem.

Ele permaneceu em silêncio enquanto os dois atravessavam a casa em direção ao quartinho que ficava nos fundos, mas, quando ambos haviam entrado no quarto e estavam a sós, se aproximou, de frente para ela, segurando em seu queixo e a fazendo encará-lo. Ele a fitou como se explorasse calmamente os recônditos de seu jovem coração.

Se comparada à escura cor de ébano de seu pai, Victoria podia ser considerada um tanto mais clara, mas a semelhança entre os traços de ambos eram tantas que seria impossível dizer não se tratarem de pai e filha.

Resignada, ela suspirou mais uma vez.

- Ele nem me reconheceu. – Um beicinho ressentido surgiu na boca de Victoria.

Ela remoía o momento em que os olhares, dela e do primo, se haviam cruzado, por um brevíssimo momento enquanto ele passava direto para o interior da casa.

A boca do pai se torceu num sorriso de dentes muito brancos.

- Vem cá. – Ele a puxou em um abraço protetor. – Não ouviu a dona Rute dizendo que ele estava doido para te mostrar o lugar? É claro que ele te reconheceu.

- Mas então, por que ele nem me cumprimentou direito? – A voz de Victoria traía ressentimento.

A manzorra do pai se pousou sobre seus caracóis em um afago de acalento.

- Pelo mesmo motivo que você não o cumprimentou direito. – Ele explicou, paciente. – Deve ter ficado com vergonha. Ele acha que você não é mais a menininha que costumava brincar com ele.

- Mas eu sou. – A garota proferiu, como se precisasse se explicar. – Sou a mesma menininha.

Bruno se afastou de Victoria, voltando em direção à porta para continuar a descarga.

- Vocês vão ter tempo para perceber isso.

*

A tarde se havia passado com Victoria a remoer aquilo que lhe havia dito seu pai. Seu ânimo havia melhorado consideravelmente, mas, o cansaço da viagem parecia, então, ter começado a fazer efeito.

Quando ela e o pai terminaram de ajeitar todas as coisas em seus respectivos quartos, sem a ajuda de Sara, que se havia desembestado a andar pelas terras da fazenda tendo os cachorros a lhe fazerem companhia, duas batidas soaram à porta, que se encontrava aberta.

- Oi gatinha. – Victoria se virou para olhar. – Meu Deus, menina! Olha só como você cresceu.

Antônio era muito parecido com Bruno, tanto na fisionomia, quanto nos trejeitos. O tio, no entanto, talvez por conta do trabalho pesado na fazenda, havia envelhecido de maneira muito mais aparente. O homem que a observava sobre o umbral da porta ostentava uma proeminência na barriga e, os cabelos já se acinzentavam nas têmporas e na barba hirsuta.

- Tio Toni! – Ela correu para abraçá-lo. – Aonde estava?

Ele a envolveu com os dois braços que mais se pareciam toras. Ele exalava um cheiro de suor que se misturava com vários outros aromas estranhos ao olfato da garota e ela percebeu, talvez tarde demais, que suas roupas estavam encardidas por conta do trabalho.

- Oh! Me desculpe. Estou fedendo. – Ele gargalhou enquanto a apertava mais contra si. – Uma vaca decidiu dar à luz no meio do pasto e estive até agora auxiliando o veterinário.

Aquilo tudo soava tão surreal aos ouvidos de Victoria que, por um momento, ela cogitou a possibilidade de ele estar apenas tentando enganá-la, como fazia quando era uma criança.

- Aonde está o seu pai? – Perguntou.

Victoria deu de ombros.

- Deve ter ido atrás da namorada, que saiu por aí fazendo vídeos para postar naquela página idiota dela.

Ele levou a manzorra até o ombro miúdo de Victoria e ela pôde, mesmo por sob a blusa de lã que vestia, sentir os endurecidos calos que ele possuía na palma da mão.

- Dá um desconto para ela. – Ele sorriu, tentando ser conciliador, mas percebendo a própria falha quando os olhos negros de Victoria rolaram nas órbitas. – Bom, eu vou tomar um banho para poder comer alguma coisa. Fique à vontade, pequena.

Quando ele se virou e caminhou pelo corredor, Victoria cheirou sua própria blusa, constatando que o cheiro que o tio carregava, havia-se impregnado ali.

Ela voltou até o guarda-roupas, que ficava na parede oposta à porta e pegou um moletom. Atirou-o sobre a cama e se despiu da blusa de lã. O frio do inverno úmido fez com que sua pele se arrepiasse da barriga até os pequenos seios, contidos pelo sutiã de bojo e ela admirou o próprio corpo em um velho espelho. Seus olhos se arregalaram em um susto quando percebeu através do reflexo que Matheus a observava, boquiaberto estacado à porta.

Ato reflexo, Victoria deixou um gritinho escapar de sua garganta, levando a mão até o moletom e puxando-o contra si, à tento de esconder sua nudez parcial.

- Me desculpa. – O primo conseguiu articular, mas, sem fazer menção de sair de onde estava. – Eu não vi nada.

-Sai daqui! – Gritou.

Victoria correu em direção à porta e a esbarrou com força, fazendo com que as tábuas da casa reverberassem.

Ela sentiu as maçãs do seu rosto se aquecerem violentamente enquanto ouvia os passos do primo soarem sobre o assoalho.

            
            

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