A Garota Da Caixa
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Capítulo 2 2

Pov Luke

- O que foi? Cansou, seu escroto - o porco começou a se debater e tentar a todo custo chamar minha atenção.

- Está com medo? O que você não quer que eu ache?

O ódio em seu olhar foi quase palpável, Spooky apareceu no parapeito do mezanino modular com uma expressão tão confusa que me deixou intrigado.

- Hei, Luke. Acho que vai querer ver isso.

- Eu juro que vou matar você.

- É, está se saindo muito bem. Segurei seu dedo recém arrancado e joguei contra o rosto dele.

Dei às costas ao porco que sangrava sem parar, a escada de ferro vibrou com meus passos e assim que entrei no mezanino pude ouvir o alvoroço mais atentamente. Além da porta por onde entrei, havia uma outra que havia sido aberta com um pé de cabra pelos meus homens, contei seis trancas nela, um garoto recém contratado apontava a pistola insistentemente para um alvo que eu ainda não conseguia ver.

- O que tem aí?

- Ainda não sabemos - respondeu Spooky revirando uma cama no mezanino que também contava com uma mesa repleta de grana e um sofá de couro velho.

- O que está fazendo?

O novato tinha um desespero tenso na voz que deixava bem claro sua inexperiência e misturada a dele, havia um som, uma voz com timbre mais agudo e sutil. Um pedido de socorro. Coloquei a mão em seu ombro e ele se afastou, mas mantendo a pistola apontada para uma caixa de madeira em pé.

- Estou procurando a chave - Spooky anunciou enquanto revirava a mesa no escritório, derrubando dinheiro para todo lado.

Tirei o revólver da mão do mais novo e mirei atentamente para o cadeado que prendia a caixa, disparei duas vezes e a tranca caiu.

- Abra - ordenei ao menino enquanto eu me mantinha em pé na frente da caixa. Ele puxou a tampa e pela primeira vez no dia, esqueci de interpretar um personagem.

- Mas que porra é essa?

Tinha uma garota em pé naquele caixão, mas não estava simplesmente em pé, ela era apoiada dentro da caixa de madeira artesanal que não dava nenhum espaço para que se virasse. Seu corpo claro e delgado parecia não se encaixar com aquela crueldade.

Fios de cabelo longo e preto escorriam de seu couro cabeludo, como uma cortina de contas pelo seu rosto e colo ofegante. Ela era bonita e inocente, como uma miragem.

Ela me encarou, o movimento de sua garganta quando engoliu em seco fez um som oco contra o silêncio do quarto, meus homens na porta pareciam prender até a respiração enquanto eu me aproximava dela. Inspecionei a parte de dentro da caixa e depois o corpo dela enquanto a garota ficava em silêncio, ela vestia uma saia longa que cobria até os pés e uma camiseta de malha de manga comprida que fazia o mesmo com o tronco e braços, mas havia algo estranho. Uma protuberância logo abaixo das costelas.

Levantei a barra da blusa e percebi que sua cintura era presa por um cinto de ferro que criava feridas abertas em seu corpo.

- Santo Deus, quem faria isso? É doentio.

- Meu pai - a voz dela era doce como açúcar.

O homem lá embaixo continuava gritando maldições para mim, fiz uma pequena menção com a cabeça.

- Ele é seu pai?

Ela assentiu, não havia nenhuma emoção em seu rosto.

- Posso atirar? – o garoto perguntou apressado.

- Não, por favor - ela implorou com a voz chorosa - eu não quero morrer aqui dentro.

- Consegue andar?

Ela assentiu.

- Senhor? - Spooky chamou minha atenção, mas ignorei.

Dei a mão a ela, seus dedos gelados tocaram nos meus calos sutilmente e ela deu um pequeno passo, uma distância extremamente curta que o cinto a deixava alcançar, a garota era ainda menor do que parecia.

- Posso atirar agora?

- Tira esse cara daqui - instrui Spooky que prontamente agarrou o novato pelo colarinho puxando para fora do mezanino - e me consiga uma serra, pelo amor de Deus.

Andei pelo quarto enquanto esperava, aquela merda tinha que acontecer comigo, eu só queria arrancar todos os dedos e a informação daquele cara, passar no drive-thru do Mcdonalds e ir para casa tomar um banho. Mas precisava ter uma garota bonita dentro de uma caixa, se algo não desse errado para mim eu até desconfiaria.

O quarto era pequeno, muito pequeno, mas tinha uma cama arrumada, mesmo que aquela garota parecesse estar presa na caixa há muito tempo. Uma escrivaninha sem cadeira e uma estante de livros abarrotada completavam a mobília. Peguei um dos livros e o folheei apenas para passar o tempo, mas havia tantas palavras e frases censuradas com caneta preta que seria impossível ler.

- Por sorte, sou bem criativo com castigos - brinquei ao ver Spooky e o novato voltarem com uma serra automática que provavelmente encontrou no porta-malas.

Spooky ligou a ferramenta na tomada e o som encheu o quarto, a garota não se assustou, os olhos dela focaram em mim, inocentes, calmos, negros como dois discos de hóquei, enquanto Spooky mexia em seu corpo sem cuidado e cerrava o ferro bem perto da sua pele, a concentração dela estava em mim.

Aquilo foi sexy pra caralho e até pensei em foder ela dentro da caixa. Um desejo que mostrava o quanto eu estava ferrado.

- Tire todos daqui - ordenei assim que ouvi o peso do cinto cair no chão - fica de olho nela - devolvi a pistola para o novato que se apressou em apontar para a cabeça da moça.

Dei as costas, mas fui parado por Spooky ainda no mezanino, normalmente ele não me questionava durante um trabalho, embora não fosse apenas um capanga que obedecia a ordens, entendia que na rua precisava ser.

- Luke, o que está fazendo? - ele sussurrou.

Olhei para a mulher ainda no quarto pequeno, imóvel como uma boneca esperando para ser tirada para brincar.

- É desumano.

- Ótimo, você a libertou, agora me deixa acabar com o sofrimento dela e volta lá pra baixo.

- Ainda não, ela parecia importante para aquele cara, vou usá-la para conseguir as informações que eu preciso.

***

Pov Luke

O homem não parava de gritar, estava louco para arrancar a língua dele. Me sentei na sua frente outra vez e apenas quando Spooky colocou o pé nas costas do homem e o brutamontes que o segurava antes saiu sob minha ordem, que o novato desceu com a garota, a colocando ao meu lado, mas ainda no meu campo de visão e apontava, insistentemente a pistola para a cabeça dela.

- Filhinha, não se preocupe, o papai vai resolver tudo.

- Ah claro - brinquei - diz pra ela que vai ficar tudo bem. Que vai me contar o que eu preciso saber e então vocês dois podem voltar lá pra cima e jogar esse jogo incestuoso nojento.

- Seu desgraçado, eu juro que vou matar você.

Spooky fez sinal para mim e já sabia o que queria dizer, estávamos ficando sem tempo.

- Onde estávamos? Ah, é verdade. Quem te pagou e o que pediu?

- Vai a merda - o olhar dele variava de mim para a filha, eu sabia o que fazer, aliás a peguei para isso.

- Traga ela aqui.

- Não - o porco se debateu - se você tocar nela...

- Suas ameaças não me dizem nada - me levantei enquanto o novato a empurrava, seus passos lentos e olhar vazio me fizeram ter uma compaixão que nunca senti antes - fique parada - pedi ao colocá-la na minha frente, seu bumbum disfarçado com a roupa larga quase encostou em mim, peguei a faca novamente no terno e segurei a mão da garota mantendo a lâmina em seu dedo mindinho - quem?

- Eu já disse que não sei nenhum nome.

- Ah, mas a outras formas de dizer quem são - apertei a lâmina e ela estremeceu um filete de sangue escorreu do dedo dela sem que o porco expressasse uma preocupação maior, não foi difícil notar que a dor dela não significava muito para ele.

Soltei a mão dela e a senti suspirar em meu peito, passei a faca pela frente do seu corpo e segurei a barra da blusa, a rasgando com um movimento rápido, um triângulo abriu mostrando sua barriga através dele.

- O que vai fazer?

- Me desculpar com ela - coloquei minha mão em seu ventre, a pele macia se arrepiou com o toque, ela meneou a cabeça, quase olhando para mim atrás dela, esfreguei meus dedos devagar circulando seu umbigo e logo abaixo dele, encerrei dando um breve beijo no topo da sua cabeça.

Porra, meu pau já estava duro a essa altura e eu mal tinha encostado nela.

- Tá bem, tá bem. Eu falo - ele respirou e para aliviá-lo momentaneamente eu parei minhas carícias - tem um cara, ele atende na Royal Party, ele... ele sabe de alguma coisa.

Subi a mão lentamente pelo corpo dela, passando pelo meio dos seios.

- Esse cara me ofereceu um acordo, disse que me daria desconto nas taxas de importação se eu passasse a fazer com negócios com outra pessoa.

- Foi quem colocou a droga para dentro? - perguntei ainda subindo e descendo os dedos pelo vale entre os montes.

- Acho que sim, só sei que depois de aceitar e fazer a transação bancária as drogas chegaram.

- Qual o nome dele?

- Eu não sei, a conta no banco era fantasma, o destinatário era Stuart Keen. Eu juro, não sei de mais nada. Por favor - ele implorou - tire suas mãos da minha menininha.

Ele até podia estar dizendo a verdade, mas eu precisava ter certeza, desci a mão a passando para dentro da saia, claro que percebi que estava diferente, ela murmurou um 'não' quando passei pela calcinha rígida, mas foi quando toquei onde devia estar a boceta deliciosa dela que senti meu dedo sendo cortado profundamente.

- Porra! - a soltei enquanto o porco ria de se acabar - a merda de um cinto de castidade, seu doente?

Acertei o punho no queixo dele com tanta força que senti o osso se partir, empurrei a garota até próximo a ele e o novato me passou a pistola, apontei direto para a cabeça dela, eu queria que ele a visse morrer, sofresse com isso antes de ter o mesmo fim.

Mas eu sabia o que era ter um pai de merda, coloquei a pistola na mão delicada e a cobri com a minha, ela não estremeceu, no lugar disso segurou mais firme.

- Olha pra mim - sua voz baixa foi direcionada ao homem que ainda no chão com a bota de Spooky nas costas, virou o olhar para a filha.

Não dei tempo a ele de dizer que sentia muito, puxei o gatilho e descarreguei três tiros nele. Ela soltou a pistola, estava feito, com o homem morto o corpo frágil dela relaxou e de alguma forma isso também me fez sentir vingado.

- Luke, acaba logo com isso - Spooky chamou minha atenção mais uma vez.

- Posso fazer, senhor.

- Não, eu faço - apontei a pistola para a cabeça dela e a garota me surpreendeu ao virar de frente para mim em um giro rápido.

Ela agarrou minha camisa dentro do terno com os punhos fechados e enfiou o rosto em meu peito, o primeiro instinto foi de abraçar e proteger, mas então me lembrei de quem eu era. Ela respirou fundo e virou o rosto para mim, sua boca quase encostando na minha enquanto falava.

- Nos livros, os executores sempre dão ao abatido um último desejo - seus olhos se encheram de água e sua voz embargou tanto que mal a entendi - você vai me conceder um último pedido?

E como eu iria negar? Ela estava ali, frágil e tinha sofrido muito. Eu era um assassino mercenário e não um carrasco sem sentimentos. Além disso, eu não gostava de matar.

- O que você quer?

- Eu nunca fui beijada.

- Luke? - esse era o limite para Spooky e seu tom urgente me dizia isso, ainda assim, fiz sinal para que ele se detivesse.

- Quer que eu a beije?

Ela assentiu, curto e rápido. Levantou seus lábios e esperou que eu cruzasse o resto do caminho, eu morreria por aquela boca e ela estava oferecendo a mim.

Me abaixei lentamente, encostando nos lábios dela devagar, ela apertou mais e suspirou. Porra, a cabeça dela estava tão ferrada. Meu braço doeu e precisei abaixar a arma, quando sentiu o cano de ferro se afastar, a garota segurou meu rosto com as duas mãos e apertou mais o beijo, abrindo a boca de leve, minha língua passou entre os seus lábios encontrando o vazio do outro lado, ela realmente não sabia o que fazer.

Quando me afastei, a garota permaneceu de olhos fechados.

- Luke, acaba logo com isso. A gente tem que ir.

- Senhor, eu posso...

- Você tá louco pra meter bala em alguém, não é? - perguntei ao novato que assentiu, me fazendo rir - coloca ela no carro.

O novato agarrou o braço dela com muita força a puxando para fora do galpão.

- Não precisa fazer isso.

- O que está fazendo? - Spooky me olhou desconfiado.

- Eu posso ter o que quiser - dei de ombros - você me diz isso o tempo todo. Eu quero ela.

- Porque não fazemos assim, eu mato o cara e a garota e te compro um peixe.

- Mas eu quero ela - bati o pé.

- E o que fazemos com ele?

- O novato? Vamos ficar de olho nele, enquanto ele estiver na torre, estaremos bem. Agora vamos embora, estou com fome.

            
            

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