A Garota Da Caixa
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Capítulo 5 5

Pov Luke

Voltei da rua no começo da tarde, ouvindo sermões infinitos de Donald porque eu não quis fechar acordo com os alemães, mas o que ele queria? Eu não era um monstro.

- Perdemos quase um milhão se juntar os dois anos que eles pretendem atuar.

- Estão levando prostitutas para trabalhar em bordéis lá fora.

- Seria bom pra elas também.

- Tem razão, as que não morrerem no trajeto.

- Cada um sabe o que faz, se elas querem viajar em um container de carga até a Europa para se prostituir, escolha delas.

- Podem fazer isso aqui, qual é, Donald? – dei um empurrão com o ombro ao entrarmos no elevador – o dinheiro está mexendo com sua cabeça.

- Se lembra de como o encontrei? Sangrando em uma vala depois de ser espancado por dívida de droga.

- Não dá pra esquecer se você fala disso há quase vinte anos.

- Você era bom, não teria sido pego se dependesse de você, mas seu irmão... ah o Frank, ele era o problema. Seu coração te trai.

- O que aconteceu naquele dia não foi culpa dele.

- E a morte dele não foi culpa sua.

- Chega, não quero falar desse assunto.

A porta do elevador abriu e seguimos em silêncio até a porta do apartamento, mas fui segurado antes de entrar.

- Espere – Donald apoiou as duas mãos em meus ombros – eu sei que está sofrendo, perdeu a única família de sangue que tinha, mas essa garota não vai substituir seu irmão. Se não quer mata-la ao menos me deixe leva-la para algum lugar, um convento ou lar para mulheres.

Eu sabia que Donald só estava preocupado comigo.

- Eu vou pensar.

- Ótimo – ele sorriu – quanto ao Novato, seja lá o que decida fazer, peça que ele anote a receita do macarrão com castanhas em algum lugar.

- Estava bom, não é?! – concordei enquanto passávamos pela porta.

Spooky estava jogado no sofá com os pés para cima e uma cara de tédio que me deu pena, fora isso, tudo estava impecável.

- Onde ela está?

- Lá em cima com as costureiras. Deu uma camisa de linho egípcio para ela?

- Queria que ficasse confortável – ele levantou o tecido acima do rosto e o peguei, estava repleto de manchas no dorso e mangas - o que houve?

- Além de sangrar nela, a maluca limpou a boca de chocolate nas mangas.

- Bem, é só uma camisa.

- Uma camisa muito cara.

Eu não estava nem um pouco preocupado com a peça, a úbica coisa que passava pela minha cabeça era: "o que ela está vestindo agora?".

Subi as escadas até o andar de cima, pela porta aberta do quarto, vi que ela não usava nada demais, apenas um samba canção amarrado com um elástico de cabelo para não cair de seu quadril estreito e uma camiseta de baseball que caía de seus ombros.

Ao redor dela, duas costureiras tiravam medidas e faziam anotações sem parar, ela não parecia incomodada, na verdade, estava se divertindo.

Charlie estava se saindo muito, muito mal em segurar o riso. Ela tentava, o que fazia seu corpo chacoalhar inteiro.

- Por favor, fique parada – a costureira pediu, mas assim que essa encostou seus dedos na pele de Charlie, a garota se dobrou de rir.

- Desculpe.

- Se não se comportar, vou chamar seu pai.

A fala de Novato me chocou, olhei para ele sentindo meu sangue ferver, mas Charlie gargalhou, o que me surpreendeu mais.

- Desculpe, eu não consigo – ela respirou fundo.

Me aproximei devagar, sem parar de olhar para seu rosto corado, ela estava ofegante e linda.

- Está se divertindo?

Ela olhou para mim com um sorriso, então abaixou a cabeça envergonhada.

- Está levando mais tempo do que o necessário, sinto muito.

- Pare de se desculpar, vou recompensar as costureiras pela demora, não se preocupe.

Meu olhar cruzou com de Novato e ele fez uma pequena reverência com a cabeça. Parecia absolutamente a vontade sentado na cama de Charlie, balançando o revólver apoiado no joelho.

- Pronto, terminamos aqui – a costureira mais velha se levantou, apoiando as duas mãos na lombar – acho que tenho algumas roupas na mala, uma ou outra deve servir nela por enquanto.

- Ótimo, recebeu as referências?

- Sim, sim. Quer que sejam fantasias ou para o dia a dia.

- Fantasias para o dia a dia – Charlie disse timidamente – se eu puder escolher.

- Confortável e lúdico – complementei.

As costureiras deixaram algumas peças para Charlie, nenhuma do estilo que ela queria, eram apenas exemplos de modelos, mas serviriam no corpo delgado dela.

- Vista esse, acho que vai se sentir bem – disse colocando um vestido verde oliva curto e solto sobre a cama.

Novato se virou de uma vez, ficando de costas para Charlie e ainda colocando a mão na frente do rosto para evitar olhar. Virei para ela e a visão me espantou, mas fiz o possível para ela não notar.

Charlotte havia tirado a camisa e a samba canção, seu corpo era absolutamente perfeito, curvas delicadas, pele lisa, seios maiores do que parecia sob a roupa, os mamilos redondinhos me chamavam para chapá-los, mas tudo isso era quebrado pelo ferro em sua pélvis.

Toda a beleza que ela carregava, destruída pelo elemento de sua tortura.

Peguei o vestido e andei até ela, Charlie levantou os braços para cima, como uma criança faria, deslizei a peça pelo seu corpo, o vestindo jogando-o sobre seu quadril.

- Obrigada.

Levei minhas mãos para o alto de suas coxas e a lateral do quadril, acariciando devagar até chegar no cinto de castidade.

- Vamos nos livrar disso hoje a noite, o que acha?

Charlie levantou o rosto para mim e deu mais um passo encostando o corpo no meu, estremeci com esse gesto, seus lábios estavam bem próximos ela sussurrou "obrigada". A peguei pela cintura e a beijei.

O que mais eu podia fazer.

Não queria deixá-la sozinha mais uma vez em um dia, mas eu tinha negócios a tratar, Donald achava que se eu fosse visto com frequência seria mais difícil perder clientes do que me enfiar na torre a aceitar a derrota, além disso precisava cobrar algumas dívidas.

***

Pov Charlie

O balcão da cozinha era o melhor lugar da casa para se sentar quando tinha alguém cozinhando. Adam estava, então me sentei ali.

- Ilha. Chama-se ilha, não balcão – ele explicou, sobre a diferença das duas superfícies – mas pode ficar aí. Está com fome?

- Sim.

- Eu diria que ela pegou gosto pela comida – Spooky se debruçou ao meu lado na ilha levando uma das uvas que eu beliscava á boca – o que você comia? Sabe, dentro da caixa?

- Carne, frango, arroz, purê de batatas. Mas tudo vinha em bandejas de plásticos, dessas refeições prontas que esquenta no micro-ondas.

- Por isso não consegue parar de mastigar – Spooky riu.

- Não é só ela.

Spooky olhou sério para Adam que estremeceu e endireitou o corpo, pela expressão, parecia assustado.

- Desculpe, senhor – Adam esperou até que o outro se virasse para voltar a mexer a panela.

- Eu gostaria de aprender a cozinhar – disse baixinho, tinha vergonha de pedir qualquer coisa.

- Posso te ensinar a fazer bolo, gosta de bolo?

Assenti rapidamente, Adam além de ótimo cozinheiro, estava sendo muito gentil comigo. Até Spooky passou a me tratar melhor naquela tarde.

A porta da frente abriu sem aviso e Luke passou por ela, me ajeitei na ilha tentando descer, mas o cinto de castidade prendeu no vestido, me impedindo de encostar no chão.

- Vem cá garota – Spooky me pegou pela cintura, suas mãos grandes pressionaram minhas feridas, aguentei a dor, ele me colocou no chão e agradeci.

- Olá – sorri para Luke.

- Vem cá – ele se sentou no sofá e estendeu a mão para mim.

Enquanto andava até a sala, vi Donald dar a volta no sofá e se jogar na poltrona mais afastada, fiquei em pé em frente a Luke esperando nova ordem. Ele colocou uma mão atrás do meu joelho me fazendo chegar mais perto. Sua mão subiu até meu quadril.

- Pronta para tirar isso?

- Sim.

Ele pegou uma caixa de uma sacola ao seu lado e tirou um objeto estranho com uma roda de ferro, desenrolou o fio e ligou em uma tomada no braço do sofá.

- Sabe o que é isso? – neguei – uma mini serra disco, vou colocar um pouco de espuma entre sua pele e o cinto, assim, vou sentir quando o ferro for partido. Preciso fazer quatro cortes, dois de cada lado, para conseguir tirar.

- Tá bom.

- Você confia em mim.

- Santo Deus, Luke. Faça logo essa merda – Donald bufou.

- Hei, estou tendo um momento romântico com minha garota.

- Quer que eu pegue a espuma?

- Sim, comprei umas esponjas de maquiagem que vão servir.

Novato vasculhou a sacola e tirou algo parecido com uma gota rosa, Luke a pegou e colocou onde disse, entre minha pele e o ferro.

Spooky parou atrás dele com um copo com bebida marrom escura, deu um gole grande e ofereceu o resto a mim, recusei.

- É melhor pegar, pode ser que ele erre e atravesse a espuma, se estiver bêbada vai sentir mesmo.

Luke lançou um olhar de reprovação para Spooky e sorriu para mim.

- Eu não vou errar, mas é um bom rito de passagem.

Peguei o copo e levei a boca, senti ânsia de vomito com o cheiro fazendo os quatro rirem, devolvi o copo intacto.

Luke ligou a mini serra, não fechei os olhos ou recuei, segurei a barra do vestido e levantei, notei que Adam tinha virado de costas enquanto Spooky olhava o cinto com atenção. Luke aproximou a serra, ele prendia a respiração e com uma precisão cirúrgica o ferro começou a se partir sob a lâmina circular, ouvi um treck quando atravessou e Luke parou na mesma hora, fazendo caminho contrário e desligou a serra.

- Um já foi, está nervosa?

- Não.

Ele pegou a esponja e avaliou, havia um corte nela que nem chegou a metade.

- Você foi muito bem – encorajei.

- Vamos continuar.

Luke colocou a esponja do outro lado, passou a serra para a outra mão, onde manteve a mesma precisão, a mesma firmeza, outra vez o ferro se partiu em pouco tempo.

- Estamos na metade, docinho. Mas preciso trocar a serra.

Assenti, ele passou a ferramenta para Spooky que parecia seu valete ou escudeiro, agindo rapidamente e com concentração de guerra. Luke acariciou minhas pernas com delicadeza, senti arrepios apesar do calor que fazia.

- Aqui, chefe.

- Respire fundo.

Ele se esqueceu a esponja sobre o sofá, não me importei, confiava nele, me virei de lado, Luke aproximou a serra do lado de trás e ainda na lateral, a encostou no ferro, ele olhou para mim e fiz o possível para não expressar nenhum medo, ele continuou até que o ferro se partisse, sem dizer nada, me virei para o outro lado.

- Senhor, a esponja – Adam sussurrou.

- Acho que ela não precisa mais.

Eu sorri em resposta, de novo o som da serra, de novo o ferro sse partindo e o treck, ele parou, eu estava intacta.

- Terminamos? – perguntei ansiosa.

Dois pedaços de metal já haviam caído, Luke me virou de frente e segurou o restante, forçando para baixo até que estivesse fora de mim, doeu, meus olhos se encheram d'agua, eu estava aliviada, confusa, feliz, machucada, por dentro e por fora.

- Agora, tenho um presente para você.

- Mais? – perguntei aos prantos.

- Sempre vai haver mais para você – Luke pegou outra sacola do sofá, rosa com letras cursivas douradas, ele abriu e tirou um tecido delicado.

Uma calcinha, levantei um pé e depois o outro, ele levantou a peça até meu quadril e beijou o limite do tecido.

- Olha só, já pode transar – Spooky realmente não parava de mastigar, voltou para a sala carregando um pacote de biscoitos – quer um?

Assenti e peguei, Luke me puxou para seu colo, olhei o biscoito de bichinhos.

- Tenho muita sorte.

- Pegou o que? – Luke virou o biscoito para ele – um elefante.

- Era meu animal preferido no zoológico. Era o favorito da mamãe também.

Percebi que todos os homens na sala se entreolharam, até mesmo Donald franziu a testa.

- Mãe? Você tem mãe? – Luke perguntou surpreso.

- Eu tive – pensar na mamãe me deixou profundamente sentida, aquele era um dia bom, ganhei presentes e Luke tinha tirado o cinto, a única tortura que sobrara, não sei porque quis chorar.

Deitei o rosto no pescoço de Luke e deixei que as lágrimas corressem.

                         

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