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Daniel me leva na casa dos meus pais, pois preciso pegar umas coisas pessoais minhas e ele quer aproveitar para dar a outra metade do dinheiro que foi combinado para a compra da minha liberdade.
Entrando no meu quarto, eu não sei o porquê, mas lágrimas apareceram em meus olhos e vestiram minhas bochechas, observo a cama que eu deixei, as toco com minhas mãos, vejo a estante de livros que deixei organizada e o meu certificado pendurado na parede me faz reviver o ano passado inteiro, eu me levanto e vou para o meu guarda roupa, digo a mim mesma para ter força e que esse pesadelo vai acabar alguma hora, secou minhas lágrimas e vou atrás das coisas que me faltam e as guardo em uma mochila. Ainda no meu quarto, eu fecho meus olhos e faço uma prece curta, mas precisa.
Assim que desço as escadas, eu encaro meus pais abraçados de um lado, vejo o cheque na mão do meu pai, do outro lado, observo meu marido com a porta aberta me esperando para irmos embora juntos, eu fico com o coração apertado e sem nenhuma palavra aceno minha cabeça para meus criadores e vou na direção do meu esposo, assim que a porta se fecha e eu me vejo para fora dela, eu volto a chorar, um choro contido e que faltou ser derramado no dia em que deixei tudo para me tornar mulher do Daniel.
No carro -
Daniel: Peço desculpas
Olho em seu rosto - Bianca: Pelo o que?
Daniel: Por destruir o relacionamento seu com os seus pais.
Bianca: Não fez isso sozinho, eles tiveram parte nisso.
Daniel toca minha mão, mas eu desvio, não estou pronta para deixá-lo entrar, não importa o quão bom ele seja o quão duro a vida foi para ele, não consigo deixar de olhar em seus olhos e enxergar o homem que me comprou por 2 milhões de euros.
Chegando na casa, eu vou para o meu quarto e Daniel me segue até lá, me pergunto se ele não entende que eu quero ficar sozinha, um pouco de sutileza seria muito bom para esse homem que não é acostumado com uma mulher de verdade em sua casa.
Bianca: Ok, o que quer?
Daniel: Quero garantir que está bem?
Bianca: Quer sentir menos culpa?
Daniel: Também.
Fecho a porta e de dentro grito - sai daqui.
Duas horas depois ele voltou, mas não pela porta, mas do lado de fora, ele contratou alguns cantores que fizeram uma serenata para mim, eu assisto tudo pela janela e preciso admitir que eu achei bastante atencioso de sua parte, mas ainda assim, não é o suficiente para mim.
Amanhece e eu retribuo levando café da manhã em sua cama, eu não o aceito como o meu amor, mas sei reconhecer quando um homem está sendo atencioso e Daniel foi ontem.
Daniel: E isso?
Bianca: Obrigado por ontem.
Daniel: Gostou?
Bianca: Sim... foi muito atencioso da sua parte.
Daniel: Você estava tristinha.
Bianca: Não mais, faria um favor para mim?
Daniel: Só me dizer qual
Peço uma ajuda para que ele me coloque em alguma clínica, pois eu quero exercer minha profissão de cuidadora, é sobre isso que se tratava o certificado na minha parede, estou com muita vontade em fazer que ele valha a pena.
Daniel fez que fez para me arrumar um emprego e conseguiu em um orfanato, isso mexeu comigo, eu deveria ser uma cuidadora e não uma tutora, mas eu aceitei esse emprego da mesma forma que a diretora me aceitou lá, de coração aberto.
Me arrumo para ir conhecer o lugar e é agora que me lembro de todas as histórias que ouvi das pessoas que visitaram um orfanato, sinto medo de me apegar às crianças e sentir meu peito pesar todas as vezes que sair pela porta e deixá-los para trás.
Cada um passo que dei naqueles corredores foram transformadores para o ser humano que eu sou, a mulher que sou e a que eu quero ser, olhar naqueles olhos infantis e poder vê um sorriso surgindo em seus lábios, me fez reclamar menos da vida que tenho e da que quero ter, olho para a porta que esconde um mundo dessas crianças e isso me causa dor, queria poder tirar todas essas crianças de uma vez por todas desse lugar que ao mesmo tempo que cuida, é um lugar escuro que nenhuma pequena borboleta merece ser presa, eu queria poder romper essas correntes que seguram os seus sonhos e os limita todo dia e toda noite, eu queria tanto que me prometo algumas coisas e essas coisas são adotar uma dessas crianças quando o meu casamento com Daniel não for tão doloroso e as coisas estiverem funcionando.
Em casa, eu sou procurada pelo o meu marido.
Daniel: E aí? O que achou de lá?
Choro - Bianca: É um lugar tão triste.
E pela primeira vez, eu me consolo em seus braços.