Capítulo 5 Esse cara Capítulo 5º Tate

- Que espécie de amigo e padrinho é você que sequer apareceu nos ensaios da cerimônia?

Agora já estavam acomodados em uma mesa ostensivamente decorada, dividida com outros dois casais:

- Trabalho, baby! - Diz, atacando as torradas com patê, dispostas sobre a mesa. - Eu expliquei isso ao Noah. E ele entendeu.

- E no que estava trabalhando - por que estou tão curiosa sobre o homem, é um mistério -, se é que posso perguntar?

- Você pode me perguntar o que quiser, princesa. - Sorri de canto de lábios, de um jeito desavergonhado e pisca de um olho. - Eu estava finalizando um álbum. Álbum musical - acrescenta.

- Você é cantor? - o examino, desconfiada.

Dominic comprime os lábios e estreita os olhos:

- Se eu disser que sou, vai te deixar propensa a ir para a cama comigo?

Reviro os olhos e cruzo os braços. Estranhamente, não fico horrorizada com as palavras dele:

- Quantos anos acha que tenho? Pareço uma adolescente, que se impressiona com essa de caras de bandas?

- Nesse caso... - ele dá de ombros - não, não sou cantor. Ao menos não profissional. Tenho um estúdio musical em casa, lá em Los Angeles e estava acabando de produzir o disco da banda que está tocando lá no palco. E, a propósito, fui eu quem os indicou a Noah. Os caras mandam muito bem! Podemos estar presenciando o nascimento da próxima banda de sucesso desse ano.

- Então, é produtor musical?

- Sim, é o que tenho feito nos últimos anos.

- Diga-me, como conheceu Noah?

- Fizemos faculdade juntos.

- Hum, mas então você não seguiu o caminho da advocacia?

- Sim, até dois anos atrás. Eu trabalhava na empresa da minha família, com meu pai e meu irmão - fala rapidamente, em seguida, emenda uma pergunta e eu percebo sua manobra. Ele não quer falar sobre si. - E quanto a você? Como conheceu o noivo?

Suspiro e sorvo um gole do vinho branco de minha taça:

- Eu... fui sua namorada por cerca de um ano e meio e depois sua noiva, por alguns meses.

- Ah! - Dominic meneia a cabeça. - Isso explica muita coisa! - gesticula amplamente com as mãos.

- Tenho certeza de que sim.

- A troca de olhares, o desespero dele no altar... Parecia em pânico, claramente louco para fugir com você desse lugar... - ri, meneando a cabeça.

Como presumi, o comportamento de Noah não passou despercebido para olhos mais atentos. Sei que somos observados. Em poucos meses, ocorreu o término entre nós, logicamente o cancelamento daquele que todos dizem que seria o casamento do ano. E logo o homem estava se casando com a filha do chefe. Obviamente que há o burburinho, mas tento ficar alheia a tudo isso. Mesmo sabendo que minha presença nessa bendita festa pudesse soar como provocação ou... que pensem o que quiserem! Não vou me submeter a julgamentos!

- Você o chutou, certo? - Dominic deduz.

- Algo do tipo.

- E como terminou sendo madrinha desse casamento?

- Outra longa história, que até mesmo eu estou tentando entender... - resmungo. - mas, e você? Como terminou como padrinho do Noah? No tempo em que estivemos juntos, ele nunca mencionou você.

- Bom, foi meio que uma promessa de bêbados, ainda na faculdade. Juramos que nunca íamos nos amarrar. Mas, se um dia acontecesse, um seria padrinho do outro na cerimônia. - Dá de ombros. - Eu não achei que ele levaria essa promessa a sério, no entanto... aqui estou!

- Hey, Dom, seu cachorro! - é o vocalista da banda quem grita do palco. - Eu sei que você está por aqui.

Dominic baixa a cabeça, meneando-a de leve:

- Meus amigos são muito carinhosos!

- Que tal subir aqui e dar uma palhinha com a gente, cara? - o cantor prossegue.

- Eu devia desconfiar que eles fariam isso!

- Cara, cadê você? Vamos lá, pessoal! Ajudem-me aqui! Comigo: Dom! - o vocalista incita a multidão a gritar e logo é acompanhado. - Dom! Dom! Dom!

- Ok! - Ele se levanta do lugar e ergue os braços em rendição. - Vocês venceram!

Noto que ele é ovacionado por alguns, enquanto caminha para o palco. Outros torcem o nariz e comentam entre si, parecendo não muito confortáveis. As garotas mais saidinhas que beiram o palco, demonstram com prazer sua empolgação. Só faltam pular no pescoço dele.

Já lá em cima e bem à vontade, Dom troca algumas palavras e cumprimentos com os caras da banda e logo os primeiros acordes de Emperor's New Clothes, de Panic! At The Disco, começa a soar. Alguns convidados explodem de entusiasmo, começando a se amontoar em frente ao palco.

Curiosa, tenho de me levantar e aproximar-me também para poder ver o show. Fico muito surpresa com a desenvoltura dele. A gravata ainda frouxa no pescoço, o colarinho aberto... Os cabelos estão soltos agora e indomáveis, caindo por seu rosto. Ok, ele é sexy, muito sexy.

E, não é que canta muito bem? A letra é arrogante, casando muito bem com o jeito dele. Não é uma música fácil de interpretar, contendo vários falsetes que ele domina. Mesmo com todo aquele tamanho, tem um gingado másculo. É muito seguro de si e sabendo que está agradando. As mulheres em volta do palco faltam se jogar aos seus pés. Aquilo é patético! Mas, quando ele baixa frente a elas, cantando, dando pequenas piscadelas... tenho de admitir que seu estômago se contrai.

Todos dançam à minha volta, mas, como que hipnotizada, não consigo me mover. Só sei admirá-lo.

Então os olhos dele me encontram. Me vejo prendendo a respiração, como uma adolescente embasbacada por um ídolo. Comportamento que há pouco eu disse não ter mais.

Apontando para mim, canta esse trecho da música:

"Se a sensação é boa, se o gosto é bom, tem de ser meu"

Não contenho um riso nervoso, pegando o tom possessivo dele. Caramba, reconheço. Esse cara mexe comigo.

Ele, então, volta-se para as desesperadas perto do palco e sinto falta de ser o centro de sua atenção.

A música é animada, mas não estou no clima para dançar, por isso volto para a mesa e continuo a assistir ao show dele. A banda toca mais algumas músicas de pegada rock e, ao término, quando desce do palco, é cercado por um trio de damas de honra que quase o comem vivo. Pela maneira que o tocam, a forma como ele sorri de volta, a conversa está muito animada.

Reviro os olhos e cruzo os braços. Que elas se fartassem com ele! De repente, noto que estou com ciúmes. Quase solto uma exclamação ao chegar a essa conclusão, mas a verdade é que desejo que Dominic volte a sentar-se do meu lado de novo e me endereçe toda sua atenção, com seu jeito provocativo.

                         

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