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-Sabe que dia é hoje, não é? -ele coloca o jornal fechado sobre a mesa e volta toda a sua atenção pra mim.
Eu balanço a cabeça em afirmação.
-Sim, é exatamente sobre isso que eu gostaria de falar.-eu decido não rodear muito e já deixar claro a minha posição, sempre agi assim com tudo na vida.
Aldo aguarda que eu prossiga, e então eu digo exatamente o que vou fazer.
-Como você sabe, Matteo não apareceu e não consigo encontrá-lo em lugar algum, hoje se encerra a vigência do nosso contrato, eu não vou esperar nem mais um minuto para iniciar o processo de divórcio.-digo com firmeza.
Aldo me encara por longos segundos, e depois de respirar fundo ele diz:
-Sophia querida, eu realmente gostaria de pedir para que ficasse, o tempo que passei com você nos últimos 3 anos foram adoráveis, mas eu compreendo a situação.-sua voz é compreensiva, o que me assusta. Aldo era sempre muito impositivo, e pensei que sua reação ao meu divórcio do seu neto fosse ser mais negativa.
-Compreende?-mal consigo esconder a surpresa em minha voz.
Aldo assente suavemente.
-Sim. Uma mulher como você não merece passar os dias presa à um casamento sem amor, o meu neto sequer apareceu para o casamento, e eu não posso impedi-la de ser feliz. Queria muito poder mudar a situação e mantê-la por perto, mas não creio que seja justo com você.-suas palavras soam carinhosas, e algo dentro de mim se aquece ao ouvi-lo falar dessa forma, jamais havia testemunhado esse seu lado.
-Obrigada Aldo, eu realmente lamento que tudo tenha terminado assim, mas estaria sendo falsa ao dizer que estou triste por estar indo embora.-Aldo admira a minha honestidade, na verdade esse sempre foi um ponto que tivemos em comum.
Eu me preparo para sair da mesa, mas Aldo me chama novamente.
-E quais são os seus próximos passos agora? O que pretende fazer?-ele parece genuinamente interessado nos meus planos.
-Eu consegui um ótimo apartamento próximo à faculdade, já pretendo iniciar a mudança hoje. Mas, eu queria pedir um último favor.-eu digo com receio.
-O que precisar, filha.-sua boa vontade em me ajudar me tranquiliza.
-Eu sei da sua influência e da influência da Máfia, eu posso demorar muito tempo para encontrar Matteo sozinha, mas com a sua ajuda eu sei que vou conseguir resolver esse problema rapidamente.-digo com confiança e Aldo concorda.
-Ele ficará sabendo de pedido de divórcio o mais rápido possível, darei um jeito para que ele saiba.-Aldo diz com firmeza e então chama Mina novamente até a sala de jantar.
-Mina, faça com que meu neto receba o pedido de divórcio ainda hoje, não sei onde ele está escondido, mas sabemos das pessoas que tem acesso à ele, peça para que a amante entregue.-ouvir a palavra amante deveria fazer com que algo se revirasse dentro de mim, mas não, eu só conseguia sentir alívio por estar escapando daquele pesadelo.
Depois de me despedir brevemente de Aldo e Mina, eu peguei os poucos pertences que tinha ali e me mudei para o meu novo apartamento perto do campus da faculdade.
De certa forma a minha vida estava começando agora.
Uma noite de sábado comum, era apenas isso que eu precisava desde que estava finalmente livre do casamento com Matteo, claro que o divorcio ainda não havia sido negociado entre nós pois eu ainda não vira, mas eu sabia que ele não se oporia pois de certa forma também queria se livrar daquele casamento tanto quanto eu.
Eu tinha poucos amigos, e depois do meu casamento com um mafioso eles se tornaram ainda mais escassos, pra ser bem sincera a única amizade que eu possuía de verdade era com a Estella Garcia, minha melhor amiga e colega do curso de Psicologia da Universidade de Palermo.
Estella era uma mulher desinibida e confiante, de quem eu me orgulhava muito de ser amiga. Seu mais recente ato de coragem foi abrir um pequeno bar próximo da Universidade, para inaugurar o local, ela planejou uma festa enorme. Assim era a Estella, forte, badalada e confiante.
Eu não era muito festiva, mas se tem uma coisa que eu nunca consegui foi contrariar os planos da minha amiga, e hoje esses planos incluíam me arrastar para a festa de inauguração do seu bar. Eu queria muito recusar, e ficar em casa, mas não tinha como dizer "não" para a Estella.
Eu estava pronta para dirigir até o bar da Estella quando uma movimentação estranha na minha rua chamou a minha atenção, eu demorei muito tempo para perceber do que se tratava aquilo, até ouvir os primeiros disparos, meu coração acelerou quando vi um homem tentando fugir e se esconder da Máfia. Eu não tive duvidas, acelerei o meu carro em sua direção e o resgatei.
Eu não sabia o que estava fazendo, mas sentia que estava fazendo o certo, o homem que estava sentado no banco do meu carro estava sangrando e machucado, e só de imaginar o que a Máfia poderia fazer com ele caso o pegassem me dava arrepios. Eu havia me envolvido e agora já estava nisso também.
Não demorou muito para que carros da Máfia começassem a nos seguir, a adrenalina no meu corpo estava a mil, e eu nem mesmo temia pela nossa segurança naquele momento, eu apenas queria fugir daqueles Mafiosos e atrapalhar os seus planos de acabar com o homem que eu havia resgatado, pouco me importava o que quer que ele tivesse feito. Eu apenas queria ser um problema para a Máfia, já que ela havia me causado problemas durante toda a minha vida. O estranho apenas observava com interesse enquanto eu nos livrava da situação.
Eu dirigia muito bem, meus pais adotivos sempre prezaram muito pela minha segurança e educação, então não foi muito difícil conseguir me desvencilhar da perseguição daqueles carros, em pouco tempo estava misturados em meio a outras dezenas de carros em uma via movimentada da cidade. Rodei por mais um tempo enquanto me certificava de que não estávamos mais sendo seguidos, e então enfiei o meu carro em um pequeno beco escuro para nos esconder até que a poeira baixasse.
O carro estava um pouco escuro, o que não facilitou muito o trabalho de tentar reconhecer o homem que estava ao meu lado, e o sangue em seu rosto também não ajudava. Eu tinha muitas perguntas para ele, por que estava sendo perseguido pela máfia, o que queriam com ele? Mas sinceramente, eu já tinha me envolvido demais, quanto menos eu soubesse seria melhor.