Capítulo 4 Par ideal.

MATTEO MORETTI

Depois do ataque ao meu esconderijo eu havia perdido totalmente a vontade de comparecer a inauguração do bar da Estella, mas algo me inquietava e me fazia sentir a necessidade de ir até lá, uma força inexplicável. Então eu fui. Além do que, eu precisava me misturar e me enturmar com os alunos e demais professores da universidade, se essa era a minha nova vida eu deveria estar mais envolvido nela e não sendo perseguido pela máfia como nos velhos tempos.

Eu estava um pouco dolorido pela luta corporal, e alguns machucados discretos nos lábios e na testa, mas nada que me impedisse de sair de casa, até porque eu tinha certeza de que os responsáveis por esses pequenos ferimentos seriam punidos antes mesmo do fim da noite, eu me encarregaria disso.

Era coincidência demais que em minha frente estivesse a mesma mulher que salvou a minha vida há poucas horas atrás, eu não podia acreditar em como as coisas estavam se desenrolando nessa noite.

Ela era ainda mais linda do que eu havia reparado dentro do carro, seus cabelos cor de mel e seus lábios tão vermelhos e receptivos fizeram surgir em mim novamente o desejo primitivo que eu sentira no carro, eu queria arrasta-la dali e arrancar todas as suas roupas sem nenhuma espécie de gentileza.

Estella me levou até a mulher deslumbrante que estava parada em frente ao balcão tomando um copo de uísque. Tocando em seu ombro, Estella fez com que Julia nos percebesse.

-Sophia esse é o Dom M, o amigo de quem te falei mais cedo.

Sophia? Eu teria ouvido errado o seu nome no carro? Me recomponho rapidamente da surpresa de ouvir o seu verdadeiro nome e de descobrir sua pequena mentira.

-Belo nome Sophia, encantador. -pego sua mão e levo gentilmente aos lábios, o mesmo gesto que fiz em seu carro antes de despedirmos mais cedo.

O sorriso de Sophia se arregala em seus lábios, o que a deixa ainda mais bonita.

-Obrigada, mas Dom M não é o seu nome real, é?-ela era direta e parecia realmente não me reconhecer da perseguição, mas também, como poderia? Eu estava ensanguentado e destruído quando a vira mais cedo.

-Não, mas esse é o nome pelo qual a pessoas me chamam há anos, e eu prefiro esse apelido à meu nome verdadeiro. -digo com firmeza, não planejava revelar o meu nome para uma completa estranha, por mais gostosa que ela fosse.

Sophia assentiu. Estella como o esperado saiu sem chamar muita atenção, nos deixando sozinhos um com o outro.

-Dança comigo Sophia.-não esperei que ela aceitasse ou não e nos guiei até a pequena pista de dança, onde alguns poucos casais também dançavam.

Sophia pareceu surpresa pela minha proximidade abrupta, mas não recuou. Eu já tinha percebido que recuar, abaixar a cabeça ou demonstrar fraqueza não eram o seu forte.

Nossos corpos se encaixavam bem, era impressionante o quanto tudo parecia certo entre nós, mesmo que não nos conhecêssemos tão bem.

-Você é bom nisso.-ela diz com suavidade, sua voz extremamente feminina enviava pequenos arrepios para a minha nuca, onde os seus dedos seguravam firmemente.

Eu não estava disposto a manter por muito tempo o teatro de que não a conhecia, então em um ímpeto a confrontei sutilmente falando em seu ouvido, para que apenas só ela escutasse a minha voz.

-Porque você me enganou? -minha pergunta saiu mais como uma acusação do que qualquer outra coisa.

Sophia se afastou ligeiramente, parecendo surpresa e confusa.

-Não entendi, o que quer dizer com enganar você?-sua confusão era genuína.

Puxei novamente o seu corpo para colocar no meu e disse calmamente em seu ouvido.

-Tem certeza de que o seu nome não é Julia?-seu corpo ficou imediatamente tenso ao me ouvir, e então se afastou apenas o suficiente para encarar o meu rosto, buscando alguma familiaridade.

-É você.-as palavras mal saíram dos seus lábios ela parecia muito chocada.-Você me seguiu até aqui?

Ri da sua acusação.

-Você é a primeira mulher que não se lembra do meu rosto, querida. Ou que nega uma noite comigo, como eu te ofereci no seu carro, estou intrigado.

Ela parece desconcertada.

-Desculpe não me lembrar de você.-ela disse apenas isso e continuou dançando comigo.

Era uma piada? Ela havia me dado um falso nome, depois de ter me recusado, e agora apenas fingiria que nada daquilo tinha acontecido, apenas um pedido de desculpas sem nenhuma verdade por trás.

-Você não parece muito culpada por ter me dado um falso nome. E o seu pedido de desculpas não me convenceu nem um pouco.-digo com um pouco de irritação dentro de mim.

Sophia sorri, um doce sorriso inocente.

-Eu realmente sinto muito, mas não pode me culpar, leve em consideração a forma como nos conhecemos.

Ela tinha razão, mas eu não costumava me importar com isso, eu não aceitava ser rejeitado.

-Saia comigo amanhã.-eu esperava mais resistência de sua parte, mas ouvi-la concordar em sair comigo me surpreende.

-Tudo bem. -ela responde calmamente e sorri, um sorriso desarmante.

Peço o seu celular e digito rapidamente o meu numero no aparelho.

Estou preso em seus lindos olhos cor de mel, a mesma cor vibrante dos seus cabelos, é impossível que exista uma beleza mais natural e ao mesmo extraordinária como a da Sophia.

Meu celular vibra no meu bolso me puxando do encanto hipnótico em que me encontro, cogito não atender, mas diante da situação de mais cedo não posso me dar ao luxo de não ser informado o tempo todo.

-Preciso atender.- me afasto de Sophia e subo até o andar de cima do bar, onde há uma pequena varanda.

A voz de Francesca soa do outro lado da linha assim que atendo a chamada.

-Por onde você anda?-sua voz demonstra a sua irritação com a minha saída, Francesca sempre reagia assim quando não me via debaixo de seus olhos atentos.

-Isso não interessa, Francesca.-minha voz sai ainda mais irritada. Francesca fica em silencio por um tempo, certamente se arrependendo de seu rompante.

Francesca era um dos meus braços direitos na vida da Máfia, crescemos juntos com nossas famílias tocando os negócios de armas na Itália, desde que começamos a crescer e nossos corpos mudaram, começamos a nos relacionar sexualmente, mas nada além disso, não da minha parte.

Eu tinha um carinho por aquela mulher, mas não, ela jamais seria algo além do que minha amante e no fundo ela também sabia disso.

            
            

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