Capítulo 5 Fim de noite

O silencio se interrompe do outro lado da linha, e a voz de Francesca volta a falara, mais contida dessa vez.

-Já sabemos quem foi que vazou a sua localização para os inimigos.-isso era o suficiente para melhorar ainda mais a minha noite, quem quer que tenha feito parte disso pagaria com a vida.

-Estou ocupado nesse momento, mas quando eu retornar para casa quero todos os detalhes na minha mesa. -disse rispidamente e desliguei o celular antes mesmo de ouvir qualquer outra coisa.

Olhei pela varanda lá embaixo, buscando encontrar novamente Sophia, o que não foi difícil já que ela estava no meio da pista de dança encantando os olhos de todos ao redor.

Um samba brasileiro era tocado por um pequeno grupo de pessoas que ainda estavam no bar, os movimentos de Sophia eram tão graciosos e suaves que parecia estar flutuando, o seu vestido leve e dourado girava com o seu corpo, e em alguns momentos parecia estar voando pelo salão. Fiquei embasbacado com a sua leveza e luz.

Me aproximei lentamente de onde ela dançava empolgada ao som da musica contagiante, ao me ver seus olhos cintilaram, e quando ela me puxou para o centro da pista também, eu não tive escolha ao não ser me entregar e me envolver como ela.

A dança fluía entre nós enquanto nossos olhos não se desgrudavam nem por um minuto, diante de tanta conexão e tanta química, eu não podia entender como era possível sentir isso por alguém que mal havia conhecido.

As pessoas foram se dispersando com o tempo, e antes que pudéssemos perceber estávamos sozinhos com a Estella e um estranho que claramente estava mais com a Estella do que nós, e então aproveitamos a deixa para irmos embora dali.

Eu precisava de mais um tempo com a Sophia, toda a nossa interação na festa não fora o suficiente para mim, e ela também parecia se sentir assim. E depois de eu propor levá-la para casa pois ela já havia bebido um pouco de uísque demais, ela acabou me acompanhando até o meu carro e deixando o seu no estacionamento do bar mesmo, no dia seguinte ela o buscaria.

No carro a conversa entre nós fluiu naturalmente, sem muita intimidade, mas ainda assim eu sentia que a conhecia um pouco mais a cada coisa que eu deixava sair pela sua boca. Na frente da sua casa, com o meu carro estacionado na sua porta, ela parecia em conflito sobre me chamar para subir ou não.

E sinceramente, se eu não estivesse tão ansioso para saber o que me esperava em casa, e quem seriam os bandidos punidos pela emboscada de mais cedo, eu mesmo me convidaria para entrar na casa dela, no quarto, nela.

Mas eu precisava ser cuidadoso e proteger a nós dois.

Sua língua umedeceu os seus lábios, em um sinal claro de expectativa e excitação, e apenas esse gesto foi o suficiente para me fazer perder o controle e beija-la com desespero.

Seus lábios eram tão macios e doces quanto pareciam ser, e quando um pequeno gemido escapou de seus lábios, eu me afastei dela, eu não conseguiria me controlar se continuássemos com aquilo.

Sophia também pareceu perceber a nossa situação e saindo do carro e sem nem mesmo se despedir, ela me deixa sem nenhuma reação, tentando ainda associar todos os acontecimentos do dia.

Seu rosto angelical perturbaria os meus sonhos por muitas noites, eu tinha certeza disso.

Dirijo de volta pra casa com um novo foco e objetivo, com relutância desvio os meus pensamentos das horas agradáveis em que passei ao lado da Sophia. Toda a minha atenção estava voltada para a emboscada.

Francesca aguarda no escritório da minha casa com todos os meus subordinados em guarda, ao perceber a minha presença ela se dirige a mim.

-Todos os envolvidos na perseguição de hoje já foram eliminados.-ela diz isso com um sorriso nada angelical, e a sua frieza com a situação é algo com que já estou acostumado. Era assim que éramos, não tínhamos inimigos sobreviventes. Sempre que alguém se atrevia a cruzar o nosso caminho, era dizimado.

-Saiam.- digo sem cerimônias, em menos de um minutos o escritório está vazio, sobrando apenas Francesca e eu.

Minha amante se aproxima de mim, interpretando que o motivo para eu pedir privacidade seja para que nós dois façamos sexo, mas não hoje.

-A mulher que salvou a minha vida hoje se chama Sophia. -digo de repente, e Francesca se afasta abruptamente, entendendo que ainda estamos falando de negócios.-A vida dela deve ser protegida a qualquer custo. Caso aconteça qualquer coisa com ela, você pagará com a sua própria vida Francesca.

Os envolvidos na emboscada já haviam sido executados, mas eu ainda estava muito interessado em descobrir quem vazara as informações sobre onde eu estaria naquele momento. Como se lesse a minha mente, Francesca e meus homens entram na sala, trazendo entre eles um dos meus subordinados mais novos, o traidor.

-Esse é o responsável por vazar as informações, senhor.- Francesca empurra o homem até o centro da sala, onde ele cai de joelhos na minha frente.

Eu o encaro por um segundo, e então dispenso o restante das pessoas da sala.

-Saiam. - Francesca recua um pouco, mas decidi obedecer a minha ordem saindo junto com o restante dos homens.

Sozinho com o traidor jogado aos meus pés, eu estava pronto para arrancar cada detalhe sobre quem o mandara fazer aquilo, e porque ele tinha aceitado me trair.

- Você tem uma chance de dizer quem armou a emboscada, antes que eu comece a fazer você se arrepender de ter nascido.

A minha voz calma e impassível sempre deixava muito claro para as outras pessoas de que eu não brincava ou blefava, nunca. Abro a gaveta da mesa e retiro as minhas luvas brancas de lá, vestindo- as com cuidado.

O olhar apavorado do homem ajoelhado na minha frente é como um combustível para a minha sádica vontade de torturá- lo. Caminho até o traidor e desato o nó de sua gravata, seu rosto treme de pavor pela minha aproximação. Retiro sua gravata e a seguro em minha mão.

            
            

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