Capítulo 7 Você é um bastardo!

"Talvez você pense que fico te devendo por hoje", Nina disse possessa. "E sim, você certamente me salvou pagando tudo aquilo para o senhor Jase. Mas você deve ser razoável! É..."

Bobby interrompeu Nina, tirando as mãos da porta do carro. "Você não revelou meu nome. O que é ótimo. Só por isso não vou cobrar sua dívida agora, mas chamarei você quando eu precisar, e é melhor que não tente fugir", exclamou o homem enquanto fechava a porta de seu carro.

"De jeito nenhum!", ela disse fervorosamente. "Como é que é? Não sou qualquer uma, não sou obrigada a estar sempre à sua disposição! Além do mais, não está esquecendo de um simples detalhe? Para começar, se não fosse por você me levando ontem, jamais teria aborrecido o senhor Jase. Tudo isso é sua culpa. Não é justo que eu tenha de pagar pelo dinheiro que você deu para ele como pedido de desculpas!"

Bobby a olhou da cabeça aos pés em desdém. "Você finge ser inocente por quê? Conheço várias mulheres como você e vocês são todas iguais", ele exclamou desviando o olhar em sinal de desprezo.

Nina se ofendeu. "Não! Você está completamente errado sobre mim!"

"Não é mesmo? Então, por que estava vestida assim ontem à noite? Você queria chegar àquele hotel rapidamente. Você acha que lhe julguei mal? Você que estava oferecendo seu corpo como produto. Eu perguntei a você se queria ir embora, e você decidiu ficar."

Nina pisou com força no chão em sinal de protesto. Aquela conversa não chegaria a lugar nenhum. "Você não me conhece!" Ela exclamou. "Sim, eu não me respeitei. Eu não liguei para o que aconteceria comigo. Mas quem é você, que tem tudo na mão, para me julgar? Você está longe de ser o ídolo que eu imaginei que fosse. Você é ... você é um bastardo!" Com ódio, retirou o chip do seu celular e o arremessou no rosto do homem. "Você trocou o chip do meu celular de propósito. Como teve a capacidade de fazer isso? E todo aquele dinheiro que você me entregou? Eu prometo que devolverei cada centavo. Nem que demore a minha vida inteira!"

E então Nina saiu rapidamente. Bobby, então, pegou o chip de celular que ela jogou em sua cara, não conseguindo sair. Ele fechou sua porta e olhou o retrovisor.

Vê-la ir embora daquele jeito causou um aperto no peito. Ele apertou os olhos em sinal de frustração e descartou o chip de celular. Então ele ligou o carro e decidiu ir atrás dela. Ele observou a garota secando as lágrimas de seu rosto enquanto ela tentava entrar em um ônibus.

No entanto, ele desviou o olhar e foi embora. Ela não era responsabilidade dele. Porém, mesmo dizendo aquilo a si mesmo, ele parou o carro bruscamente depois de alguns metros. Seu expressão era fria, porém determinada.

Ele segurou o volante e decidiu seguir o ônibus, mantendo uma distância segura. Inconscientemente, ele ficou triste.

Nina certamente já havia visto dias melhores, ela parecia horrível e tinha odor de bebida alcoólica. Quando ela finalmente desceu do ônibus, ele parou o carro.

Ainda havia muita gente na rua, e vestir as roupas que Daisy a emprestou tornava tudo aquilo ainda mais desconfortável. Ela sentia todos aqueles olhares queimando sua pele despida.

Ela saiu do ônibus e seguiu para o hospital. Ela não queria que seu irmão a visse com aquelas roupas provocantes, assim foi para o banheiro feminino não percebendo ser seguida.

Além de trocar de roupa, ela lavou os cabelos na torneira para se livrar do cheiro de cerveja.

A água fria acalentou seu couro cabeludo mas também arrepiou todo o seu corpo, a fazendo chorar.

Aquele foi um dia muito longo e cansativo. Ela queria segurar as lágrimas, mas foi impossível. Estava morrendo de medo. Chorou e soluçou até que notou mais pessoas entrando no banheiro. Foi então que secou as lágrimas e estampou um sorriso no rosto. Quando achou estar decente novamente, colocou as roupas usadas na bolsa e saiu do banheiro.

Devagar, ela foi para o quarto do irmão e fechou a porta. Bobby observava cada movimento dela, anotando o número do quarto em que ela estava. Depois, ele entrou em uma das salas, pegou um jaleco e uma máscara. Quando ficou pronto, ele seguiu à enfermaria e pegou a prancheta referente ao paciente do leito 17.

"Irmã, você chegou!" Leon acordou com o som da porta se fechando; era sua irmã. Embora a cirurgia do garoto tenha sido um sucesso, ele ainda precisava de máquinas para que seu corpo franzino se recuperasse. Até dormir parecia uma missão impossível. "Você se lavou?"

Nina concordou com a cabeça. "Sim, muito calor. Eu estava com Daisy e fiquei toda suada."

"Irmã, o transplante de rim deu certo, assim eu não vou mais ser um peso para você. Quando eu tiver alta, vamos para casa juntos", o garoto disse cheio de esperança nos olhos. "Será que a casa ainda vai estar lá?"

"Sim, ela não saiu do lugar. Ganhei na loteria, lembra? Amanhã vou ao banco, pago o que devo e assim que o inquilino sair podemos morar lá novamente. Vamos conseguir a casa de volta, Leon!"

Aquelas palavras encheram o garotinho de esperança. "Estes últimos tempos foram muito duros para você, irmã. Se não fosse por essa doença, você não estaria morando naquele lugar horrível. Tudo é culpa minha."

Nina abriu um sorriso para o garoto. "Isso não importa mais. Você é meu irmão, eu faria todo o possível por você. Além disso, tudo vai passar e as coisas vão melhorar", disse ela, fazendo carinho no garoto. "Descanse, não vou mais incomodar. Na verdade preciso voltar para aquela casa, pagar o aluguel, pois eu esqueci."

Nina saiu do hospital e voltou para casa. Ela pensou em vários modos de obter dinheiro para arcar com os custos da cirurgia do irmão; ela colocou para alugar a casa que tinha para conseguir 2.300 dólares mensais. Enquanto alugava a casa que tinha, foi morar em uma casa caindo aos pedaços e pagando só 150 dólares por mês.

No cômodo que alugou, cabia apenas uma cama de casal.

Novamente, Nina entrou em um ônibus sem perceber que havia alguém a observando.

Dentro do carro esportivo um bipe foi ouvido. Bobby então atendeu à ligação com seus fones de ouvido.

"Senhor, Daisy me contou que a garota queria dinheiro para poder pagar o transplante de rim do irmão."

Bobby olhou para o ônibus em que a garota estava e sorriu. "Eu bem que desconfiei. Diga àquela velha para sumir dessa cidade, não quero mais ver a cara dela."

"Positivo, chefe. Mas será que ela é apenas ..."

"E eu pedi sua opinião?", Bobby interrompeu acabando com a ligação. Ele ainda olhava para aquele ônibus sorrindo.

"Tia Ellen, aqui está o pagamento dos últimos três meses e também o deste mês. Espero que não me despeje, pode ser?", disse Nina vendo suas coisas já do lado de fora. Sim, ela estava sendo despejada. Nina pagou o que devia e praticamente implorou para não ser mandada embora.

"Mas e depois nos próximos meses? Sei que você e seu irmão estão passando por dificuldades, mas preciso dos pagamentos, Nina. Eu também preciso de dinheiro para comer e viver. Liguei várias vezes para você durante o dia para informar do despejo, mas você não atendeu. O quarto já foi alugado para outra pessoa, fico com o que você me deve e o resto é seu. Infelizmente já é tarde. Vá para o hospital e vai ter de procurar outro lugar para morar."

A mulher simplesmente virou as costas e voltou para sua casa, batendo a porta no processo. E aquilo fora a última gota do dia de azar de Nina.

Ela não iria desistir tão facilmente, ela bateu na porta da mulher. Mas antes que ela conseguisse bater, uma mão surgiu e a empediu. Fora de surpresa, ela se virou e viu que a mão pertencia a Bobby. O belo rosto do homem estava coberto por uma expressão de mau humor. "Venha comigo", ele disse baixinho.